Daphne O clima no trabalho parecia pior agora. Ninguém direcionava a palavra a mim e viviam se escondendo na dispensa para suas rodinhas de fofocas. O assunto principal durante aquele dia era eu e os benefícios que recebi do novo CEO. Estava na hora de não mais me preocupar com essas coisas e focar no meu trabalho ou em uma maneira de forçar Haiden a me tirar dele. Eu estava apenas pensando no tipo de encontro que ele teria e como eu poderia usar isso a meu favor. Talvez eu devesse fazê-lo perceber o erro que estava cometendo ou deixar Haiden continuar sua procura, enquanto eu estragava tudo. Peguei meu celular de dentro da bolsa para tentar me distrair com qualquer outro assunto que não fosse meu chefe, afinal, não havia muito o que fazer na empresa por aqueles dias, ao menos não para mim, já que minha missão era diferente de qualquer coisa que eu já havia feito na vida. Franzi a testa assim que vi uma ligação perdida de Rosália. Suspirei e pensei se eu deveria retornar a ligação.
Daphne Haiden deu um passo adiante. Não era como se ele estivesse preocupado com os ferimentos da Penélope, mas buscando uma maneira de me castigar mais. Eu recuei, agora com o meu corpo tremulo. Estava cansada da sensação de viver na corda bamba, qualquer passo em falso eu poderia cair em um abismo. — O que aconteceu? – A pergunta foi direcionada a mim, mas um maldito nó me impediu de responder. — A Daphne arrancou o anel da minha mão e me feriu com ela – agora ela estava chorando enquanto me empurrava para o olho do furacão. — Anel? – os olhos de Haiden se estreitaram, curiosos e ansiosos pela minha resposta. — Me desculpe, senhor, por me intrometer – vi Evangelina rompendo a multidão e invadindo o lugar, se colocando à minha frente – mas a Penélope estava mexendo na bolsa da Daphne sem a permissão dela. A Daphne só se defendeu. Lancei um olhar curioso para Evangelina. Ela estava empenhada em me defender, mesmo eu sendo rude e grosseira com ela nos últimos dias. Me fez lembrar
Daphne Eu havia terminado de contar todo o meu segredo para Evangelina e eu preferir ficar no trabalho, almoçando solitária na minha mesa, sem ver rostos ou ouvir vozes. Ela não insistiu, pareceu entender o problema que eu havia arrumado e que a solidão era meu melhor companheiro nesse momento difícil. Eu pedi o meu almoço, mas nem mesmo apetite eu tinha. Me dê forças! Todo mundo já tinha ido almoçar, então estava todo silencioso, a não ser o aspirador de pó e a funcionária da limpeza que desfilava alguns metros de mim para lá e para cá. Trinta minutos depois, Haiden apareceu, se virando e fixando seus olhos claros em mim, o tipo de olhar que faria qualquer um se atirar aos seus pés. Os olhos do homem, que tinha sentimentos de raiva por mim, eram óbvios. Desviei o olhar e soltei o ar dos pulmões assim que ele passou e entrou no escritório. Por que ele tinha que aparecer tão cedo? Eu esperava ter mais alguns minutos sozinha para não pensar nele. Descansei atrás da minha mesa com o
Daphne Depois de um dia exausto ao lado do meu chefe, eu caminhava pela calçada em direção à minha antiga casa. O clima estava amargo, tão amargo que eu sentia meus dedos congelarem com o frio do inverno. Eu não tinha nem mesmo um casaco para me proteger. Bati na porta, sentindo uma enorme tristeza ao imaginar que provavelmente aquele seria o último dia em que eu pisaria os pés naquela casa. Rosália estava cometendo um erro, mas eu não a impediria de seguir com o seu plano. Minha mãe instalou a língua no céu da boca ao perceber que era eu. Se afastou em silêncio, deixando a porta aberta. Nenhum calor humano para me confortar nesse frio, nada veio dela além de uma carranca e seu péssimo mau-humor. Entrei vagarosamente, fechando a porta atrás de mim. O ambiente estava escuro, iluminado somente pela TV ligada, que Rosália desligou em seguida antes de acender a luz. Ela estava assistindo ao programa favorito do meu pai e isso fez os meus olhos encherem de lágrimas. Embora parecesse
Daphne Era a noite do meu noivado. Eu estava animada, após esperar oito anos, eu e Vincent finalmente iriamos marcar a data do nosso casamento. Francamente, eu teria me casado com ele imediatamente, assim que o conheci. Ele era o homem mais bonito que eu já coloquei meus olhos, inteligente e destemido, mas Vincent instituiu para fazermos as coisas no tempo certo. Concordei e os anos se passaram, tantos que eu já não suportava mais esperar. Estava parada em frente ao espelho e me admirava, confiante de que essa seria a noite mais importante da minha vida. Eu estava pronta para me comprometer para sempre com o homem que eu amava. Soltei meus cabelos negros e ajeitei minha franja. Dei uma última conferida no vestido marrom que eu vestia. Ele era justo e mostrava minhas pernas, mas Ember, minha irmã mais velha, disse ser a roupa ideal para um momento como aquele. — Você está tão sexy nessa roupa, Daphne – Ember disse quando me encontrou na sala. – O Vincent não vai resistir quando te
Eu não fazia ideia de como eu havia chegado nesse lugar e como eu havia conhecido aquele homem e ido parar em um hotel com ele. Eu precisava sair daqui o mais rápido possível. O vibrar insistente do meu celular me fez parar. Centenas de mensagens e chamadas perdidas. Percebi que todo mundo queria fazer parte da minha vergonha. Ignorei, coloquei o telefone na bolsa e entrei no táxi. Depois de um momento de hesitação, parada em frente à porta de casa, eu ainda tentava puxar na memória o rosto do homem com quem passei a noite, mas minhas memórias não passavam de um borrão. E eu ainda tinha que entrar em casa e encarar meus pais. Quando abri a porta, minha mãe veio correndo em minha direção. — Onde você estava Daphne? – A voz dela parecia tão alta que precisei tampar os ouvidos – estávamos preocupados com você. Eu queria uma aspirina que pudesse acabar com a dor de cabeça que eu sentia, então decidir não prolongar aquela conversa. — Estou bem, mãe – menti, tentando desfazer
A beleza de Haiden quase me fez esquecer a merda de vida que eu tinha, quer dizer, ele parecia ter saído de uma revista, de tão lindo que ele era, até Vincent se colocar na minha frente, impedindo minha passagem e dizer em um sussurro: — Precisamos conversar – ele segurou meu braço e eu me afastei tão depressa que um grito escapuliu dos meus lábios. — Como ousa tocar em mim? Todo mundo parou e olhou para mim. Eu senti meu rosto esquentar quando a atenção do CEO ficou voltada para meu comportamento. Hainden me olhava tão profundamente que eu até achei que ele desnudaria minha alma. — Peço desculpas – gaguejei e abaixei a cabeça, torcendo para não ser tarde demais. Mas Vincent não parecia disposto a desistir. E ele não desistiria, eu sabia disso. Convivi com aquele traidor por oito longos anos. Fechei os olhos com força e desejei que todos esquecessem o que havia acontecido e se dirigissem à sala do novo CEO, mas não foi o que aconteceu. — Por que você está incomodando a fun
Minhas mãos começaram a suar. Franzi a testa e a confusão se instalou em minha mente. Ele queria que eu encontrasse a esposa dele? Ela estava perdida ou estava se escondendo? Que tipo de homem Haiden era para que a esposa não quisesse ficar ao lado dele? Eu tinha muitas perguntas, mas nenhuma capaz de atravessar meus lábios e ganhar vida. — Senhor, eu… – gaguejei, fracassando na minha tentativa – o meu trabalho não é investigar casos, aliás, eu nem sei como fazer isso. Haiden se virou para me olhar e sua expressão era tão sombria que precisei abaixar a cabeça, deixando minha franja cair sobre o meu rosto. — Contratei um detetive particular para esse serviço – ele declarou e eu fiquei ainda mais confusa – mas preciso de uma mente feminina para entender um pouco a maneira como as mulheres pensam. Como um homem bonito como ele não sabe como as mulheres pensam? Haiden deveria ser especialista nesse assunto, já que era bonito e sedutor. Aquilo não fazia o menor sentido para mim.