Capítulo 02

Eu não fazia ideia de como eu havia chegado nesse lugar e como eu havia conhecido aquele homem e ido parar em um hotel com ele. Eu precisava sair daqui o mais rápido possível. O vibrar insistente do meu celular me fez parar. Centenas de mensagens e chamadas perdidas.   

Percebi que todo mundo queria fazer parte da minha vergonha. Ignorei, coloquei o telefone na bolsa e entrei no táxi.   

Depois de um momento de hesitação, parada em frente à porta de casa, eu ainda tentava puxar na memória o rosto do homem com quem passei a noite, mas minhas memórias não passavam de um borrão. E eu ainda tinha que entrar em casa e encarar meus pais.  

Quando abri a porta, minha mãe veio correndo em minha direção.  

— Onde você estava Daphne? – A voz dela parecia tão alta que precisei tampar os ouvidos – estávamos preocupados com você.  

Eu queria uma aspirina que pudesse acabar com a dor de cabeça que eu sentia, então decidir não prolongar aquela conversa.  

— Estou bem, mãe – menti, tentando desfazer a carranca em meu rosto, enquanto me afastava dela em direção ao meu quarto.  

— A sua irmã chorou a noite toda – meus pés travaram com a melancolia exposta na voz da minha mãe - ela está incomodada com tudo o que aconteceu.  

— A Ember está incomodada? – eu ri, quando me virei para olhar nos olhos marejados da minha mãe. Ela deveria estar feliz, agora vai se casar com o meu noivo.  

— Não eleve sua voz para mim – ela rosnou – eu não tenho culpa se você é incapaz de segurar os homens ao seu lado. Oito anos, Daphne e você não conseguiram se casar com o Vincent?  

— Desculpe, se eu não consigo me colocar como o papel de culpada – girei os calcanhares e comecei a me afastar – parabenize a Ember por mim depois.  

Minha mãe ficou resmungando logo atrás de mim. Era claro que ela colocaria a culpa em mim e colocaria Ember como a pobre coitada. Mas eu não era obrigada a ouvir aquilo, não depois de minha irmã mais velha arruinar todos os meus sonhos.  

Abri a gaveta da cabeceira e tirei de lá um comprimido. Tomei e fui ao banheiro tirar toda a sujeira do meu corpo. Enquanto me limpava, notei que havia um anel estranho no meu dedo. A pedra brilhava e o anel estava no dedo onde os casados colocavam alianças.   

Meu coração disparou. O que diabos eu havia feito na noite passada e, porque eu não me lembrava de nada? Sai do banho rapidamente, arranquei o anel do meu dedo e o joguei no fundo da gaveta.   

Aquilo só podia ser uma brincadeira. A ideia de eu ter me casado com um desconhecido invadiu minha mente. Além de ter me deitado com ele, eu também me casei com ele? Sacudir a cabeça para esquecer isso. Se eu fingisse que nada aconteceu, as coisas logo ficariam bem, eu pensei.   

Não saí do quarto durante todo o dia, eu estava de ressaca e dormi a tarde inteira. Eu não queria olhar nos olhos dos meus pais e vê-los defendendo Ember com tanto empenho, e pior ainda, eu não queria encontrar Ember porque dessa vez eu não sabia do que eu seria capaz de fazer.  

Quando acordei no dia seguinte com o despertador sacudindo meus pensamentos, bufei quando me lembrei de que precisava ir trabalhar. Como eu poderia fugir da maior decepção da minha vida se minha irmã morava na mesma casa que eu e o meu noivo traidor trabalhava ao meu lado na mesma empresa?   

Me arrastrei para fora do quarto, mas quando ouvi a voz de Ember me apressei e passei pela porta tão rápido que ela não teve tempo para olhar o meu rosto abatido. Eu estava péssima, eu não queria ver minha irmã se casando com o homem que eu amava, era doloroso demais para mim, mas eu também não a deixaria me ver derrotada.  

Cheguei ao trabalho e mantive minha cabeça baixa até chegar à minha mesa. Foi inevitável não perceber o olhar de todos recaindo sobre mim. Era claro que todos os meus colegas já sabiam que eu havia sido trocada na noite do meu noivado, pela minha irmã mais velha. Eu jamais perdoaria Vincent por me tornar a piada do momento.  

Uma xícara de café foi colocada na minha frente e, quando ergui os olhos, Evangelina estava ali, sorrindo para mim.  

— Sorria, amiga – ela piscou – tenho certeza de que você vai superar essa também.  

Soltei o ar pelos pulmões, quando um nó se formou em minha garganta. Evangelina sempre tinha um jeito muito peculiar de me tirar do abismo direto para a luz. Eu sabia que encontraria Vincent a qualquer momento, mas eu não estava pronta para isso. Abri meu e-mail para começar a trabalhar e esquecer tudo isso, quando Evangelina soltou uma bomba.  

— Vamos trabalhar com um novo CEO e ele chega nessa tarde – arregalei os olhos para ela – a Penélope está eufórica com a possibilidade de ser a nova assistente-administrativa dele. Ela acha que vai conseguir devido aos seios fartos dela.  

— E eu não duvido que ela consiga.  

Com o canto do olho, vi Penélope se arrastando em minha direção. Ela era linda e podia fazer tudo o que quisesse, qualquer vaga e qualquer emprego e eu tinha que disputar com ela aquela vaga, sabendo que ela a tiraria de mim, não me restando mais nada.  

— Sinto muito pelo que aconteceu entre você e o Vincent - ela disse e eu quis enfiar minha cabeça em um buraco – pense pelo lado positivo, o novo CEO pode despachá-lo para bem longe de você.  

— Não a perturbe com esse assunto, Penélope – Evangelina se colocou entre nós duas – deveria estar se preparando para a chegada do novo CEO. Não é você que quer a vaga de assistente?  

Evangelina mal havia fechado os lábios, quando passos se aproximaram e, quando eu me virei, levei um susto. Primeiro porque Vincent estava na minha frente com aquele olhar arrependido e depois porque ao lado dele estava o homem mais bonito que eu já havia visto em toda a minha vida. Ele era tão lindo que eu até me esqueci da traição de Vincent. Era como se ao lado dele meu noivo traidor nem existisse.  

— Sou o Haiden, o novo CEO – toda a atenção estava agora voltada a ele – e temos uma reunião na minha sala. Quero todos na minha presença em dez minutos.  

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