Capítulo 06

Penélope não era tão cruel quanto Ember, mas ela ainda conseguia me irritar. Ela era um pouco menos e mais volumosa do que Ember, com os cabelos loiros cumpridos e os seios sempre saltando para fora. Eu a vi se aproximar assim que me viu, revirei os meus olhos porque sabia que nada de interessante poderia vir dela.  

— Por que voltou tão depressa do almoço? 

Por que, afinal, ela queria saber?  

Quando Penélope percebeu que eu não daria atenção a ela, correu atrás de mim com os seus saltos barulhentos como pedras caindo no chão.  

— Vou saber o que o novo CEO pediu para você fazer – ela parou bem na minha frente – eu não costumo perder oportunidades assim, e ele precisa saber que eu ainda não desistir.  

Nenhuma palavra sairia da minha boca, nem mesmo se Penélope se ajoelhasse em meus pés, eu contaria a ela a minha missão. Quando estava pronta para deixá-la comendo poeira, Evangelina se aproximou e trouxe com ela todos os outros funcionários.   

Fantástico, era tudo o que eu precisava, o conjunto completo de funcionários irritantes. Eles falavam todos ao mesmo tempo, fazendo perguntas às quais eu não podia responder. A tensão em mim era palpável. Eu só queria poder sentar-se na minha mesa e trabalhar em paz, mas percebi que enquanto eles não soubessem o que o novo CEO pretendia, não me deixariam em paz.  

— Eu aposto que ele te ofereceu um aumento? – Evangelina disse, – afinal, você merece, é a melhor funcionária que a empresa tem.  

— Não seja uma puxa saco só porque ela é sua amiga – Penélope se meteu pela segunda vez. – Um homem bonito como ele precisa de uma assistente mais bonita ao seu lado. A Daphne é sem graça, mal sabe se vestir.  

— Tenho certeza de que as mulheres caem aos pés dele – comentou outra funcionária – você deve estar caidinha por ele, não é Daphne?   

A tensão em meus ombros ia aumentando conforme as palavras deles se intensificavam. Fizeram uma roda ao meu redor e me bombardeavam com as perguntas, enquanto eu mantinha minha boca fechada sem saber até quando suportaria tanta pressão. Se elas soubessem que Haiden era casado e que estava procurando loucamente sua esposa perdida, elas calariam a boca imediatamente.  

De repente, todo mundo ao meu redor ficou calado e as expressões em seus rostos indicavam que eles haviam visto um fantasma. Era pior do que isso e eu só entendi quando ouvi a voz que ecoou logo atrás de mim.  

— Por que vocês estão importunando a senhorita Daphne? – O sangue parou de circular assim que me virei e olhei nos olhos de Haiden.   

Era um olhar gélido e repreensível.  

— Desculpa, senhor, nós só queríamos saber o que de tão importante ela foi designada a fazer para o senhor?  

Penélope estava cometendo outro enorme erro, ainda mais usando aquelas palavras para falar com Haiden. Lancei um olhar curioso para Penélope. Ela ergueu uma sobrancelha e deu de ombros. Além de complicar a situação dela, agora Penélope queria complicar a minha também. Eu não podia acreditar na coragem de Penélope em revelar aquilo.  

— Meu assunto com a senhorita Daphne é confidencial, sendo assim, eu não quero ninguém perguntando a ela sobre o seu trabalho.  

Penélope abaixou a cabeça e seus ombros caíram para frente. Já era a segunda derrota em um dia? Ela me lançou um olhar pedindo socorro, sabendo que havia cometido um enorme erro. Balancei a cabeça, negando. Eu não a ajudaria depois dela tentar me ferrar de novo. Eu me virei para olhar para Haiden, mas ele já havia virado as costas e se afastado. Quando achei que estava livre daquele problema, ele parou e olhou para mim. Era difícil ler, com o seu comportamento frio, o que ele estava pensando ou o que pretendia fazer.  

— Venha até o meu escritório agora mesmo, senhorita Daphne.  

Arregalei os olhos. Ele entrou no escritório e eu sabia que precisava caminhar até lá e me explicar para ele, mas minhas pernas travaram. Pensei que não me encontraria com Haiden tão cedo depois que conversamos.   

Todos os olhares estavam congelados em mim e, quando dei finalmente o primeiro passo em direção ao escritório, os murmurinhos começaram logo atrás de mim.   

Meu coração saltou e minhas bochechas coraram assim que entrei no escritório dele e o encontrei a poucos centímetros da porta, me fazendo quase esbarrar nele.  

— O que você disse a eles? – A expressão fria de Haiden se intensificou.  

Dei um passo atrás, mas não havia para onde fugir.  Fui impedida de me afastar quando encontrei a porta fechada logo atrás de mim.  Fiz uma pausa, as palavras fugindo da minha mente. Porque parecia tão difícil conversar com aquele homem.  

— Eu não disse nada, senhor – limpei a garganta quando percebi haver insegurança na minha voz – fiz um acordo com o senhor e gosto de cumprir minha palavra.  

Haiden me analisou, parecia um raio-x passando por cada osso do meu rosto. Eu não consegui disfarçar o quanto o olhar dele me deixava desconfortável. Finalmente, ele se afastou e eu pude soltar o ar preso em meus pulmões.  

— Espero que você já tenha começado a pensar em um plano para encontrar minha mulher - a tensão se tornou palpável e eu me afundei no medo novamente.  

— Ainda não, senhor – minha voz falhou quando ele virou para me olhar – eu não posso começar a procurar por ela se não sei exatamente sobre quem estou procurando.  

— Essas são informações confidenciais.  

Mas o que diabos aquele homem estava dizendo? Como ele queria que eu o ajudasse, procurou uma mulher que eu nem conhecia o rosto?   

— O senhor pode me dizer pelo menos o nome dela?  

Fui corajosa e insisti um pouco mais. Seus olhos verdes pareceram mais escuros assim que ele me ouviu e se encheram de fúria. Desviei o meu olhar, sabendo que eu não conseguiria arrancar nada do Haiden além da sua raiva por eu ser tão intrometida, mas ele precisava saber que a missão a que ele me destinava era quase impossível.  

— Vou pensar em algo, senhor – eu já havia me convencido da derrota naquele momento e me preparei para partir.  

— O nome dela é Ember – ele disse, quando arregalei os olhos e o encarei – é tudo o que posso te dizer.  

Não, eu pensei, isso é loucura. Não há como Haiden ter se casado com a minha irmã. Aquilo era só uma infeliz coincidência. 

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