Jonas OliveiraEu estava nervoso, não podia negar. A cabana no meio da floresta era um refúgio que poucos conheciam, um lugar onde eu sempre encontrava paz. Hoje, no entanto, queria compartilhar esse espaço com Luana, queria que ela visse como esse lugar era especial para mim e como ela era especial em minha vida.— Está tudo bem? — perguntei, olhando para Luana enquanto dirigia pela trilha de terra. Ela sorriu, aquele sorriso que sempre fazia meu coração acelerar.— Estou ótima. Só curiosa para saber onde você está me levando.Dei uma risada leve, tentando esconder meu nervosismo. Queria que essa noite fosse perfeita. Quando chegamos à cabana, parei o carro e saí, indo abrir a porta para ela. A lua iluminava o lugar, criando uma atmosfera mágica.— Bem-vinda ao nosso refúgio, Luana. — disse, estendendo a mão para ela. Ela aceitou e saiu do carro, olhando ao redor com admiração.— É lindo, Jonas. Como você descobriu esse lugar?— Meu avô construiu isso há muitos anos. Era o lugar favo
O inverno chegou com força total, muito mais rigoroso do que eu esperava. A paisagem, que antes era viva e verde, agora estava coberta por uma espessa camada de neve. A cada passo, o som de meus pés quebrando a crosta gelada ecoava pela fazenda. Eu olhava ao redor e via o esforço nos rostos dos trabalhadores, que lutavam para manter tudo funcionando.— Jonas, a bomba de água congelou de novo. — disse Pedro, um dos funcionários mais antigos da fazenda, com o rosto vermelho do frio. — Maldito inverno — resmunguei, puxando o gorro para cobrir melhor as orelhas. — Vamos precisar de água quente para descongelar isso.Pedro assentiu, e juntos nos dirigimos ao barracão onde mantínhamos os equipamentos. Enquanto esquentávamos a água, o vento uivava lá fora, sacudindo as paredes de madeira. A porta se abriu de repente, trazendo uma rajada de ar gelado e Luana, coberta de neve.— Precisamos reforçar o abrigo dos animais. A tempestade está piorando. — disse ela, ofegante.Seu rosto estava pálido
Luana DutraO inverno chegou na fazenda com toda sua força. As árvores ao redor estavam cobertas por uma camada fina de neve, e o frio cortante fazia todos buscarem o calor das lareiras. Eu e Jonas havíamos terminado as tarefas do dia e agora estávamos na sala, aconchegados no sofá com uma manta grossa cobrindo nossas pernas.— Quer mais chocolate quente, Luana? — Jonas perguntou, segurando a caneca e me olhando com aquele sorriso que me derretia por dentro.— Quero, sim. Obrigada. — respondi, sentindo o aroma do chocolate quente que ele havia preparado.Ele se levantou e foi até a cozinha, e eu o observei enquanto mexia nas panelas com destreza. Jonas tinha uma habilidade especial para transformar momentos simples em algo mágico. Quando voltou, entregou-me a caneca fumegante, e eu segurei o copo entre as mãos, sentindo o calor se espalhar pelo meu corpo.— Aqui está, feito com todo o carinho. — disse ele, sentando-se ao meu lado novamente.— Está perfeito, como sempre. — sorri, toman
Saí cedo da fazenda naquele dia. O sol ainda estava nascendo, pintando o céu com tons de rosa e laranja, e o ar estava fresco. Dirigi até a cidade, decidida a comprar algumas roupas de frio. Era uma sensação nova, estranhamente agradável, estar preocupada com algo tão mundano como roupas.As ruas da cidade já começavam a se encher de pessoas apressadas, cada uma cuidando de suas próprias vidas. Estacionei o carro e caminhei até a loja de roupas que vira na última vez que estive aqui. As vitrines exibiam casacos grossos, cachecóis coloridos e botas robustas. Entrei na loja, apreciando o calor que envolveu meu corpo assim que passei pela porta.Enquanto eu percorria as araras, sentia uma espécie de tranquilidade, quase como se o peso do meu passado tivesse finalmente começado a se dissipar. Escolhi alguns casacos e fui até o provador. Ao me olhar no espelho, quase não reconheci a mulher que vi. Havia uma luz nos meus olhos que não via há anos, uma esperança renovada.Saí do provador com
Jonas OliveiraO sol estava se pondo, tingindo o céu com tons de laranja e vermelho. Era um fim de tarde, eu estava no celeiro, ajeitando algumas ferramentas, quando percebi que Luana estava quieta, mais do que o normal. Ela sempre tinha um sorriso para mim, mesmo nos dias mais difíceis, mas hoje havia algo diferente em seu olhar. Ela parecia distante, perdida em seus pensamentos.Caminhei até ela, tentando não fazer muito barulho. Quando cheguei perto, vi que ela estava olhando para o horizonte, mas seus olhos estavam vazios, como se estivesse olhando para um ponto além do que qualquer um de nós poderia ver.— Luana, está tudo bem? — perguntei, tentando soar casual, mas minha preocupação era evidente.Ela se virou para mim rapidamente, forçando um sorriso que não alcançou seus olhos.— Claro, Jonas. Está tudo bem. Só estou um pouco cansada.Não acreditei nela. Conhecia Luana o suficiente para saber que havia algo mais. Aproximei-me mais um pouco, tentando encontrar seus olhos.— Tem
Luana DutraEu estava perto do estábulo, sentindo a brisa suave da tarde. O cheiro da grama recém-cortada e do feno seco era reconfortante. Aquela fazenda tinha se tornado um refúgio, um lugar onde eu podia esquecer, ao menos por alguns momentos, os fantasmas do passado. Estava distraída, acariciando o focinho macio de um dos cavalos, quando ouvi passos atrás de mim.— Cadelinha... — a voz era familiar, mas não a reconheci de imediato. Virei-me, confusa, e meu coração parou quando vi Fernando.Ele estava parado ali, a poucos metros de distância, com um olhar que misturava raiva e determinação. A última vez que o vi, foi aterrorizante e parte de mim queria que ele tivesse desistido de mim com o passar dos dias, porém, ele não havia desistido.— O que você está fazendo aqui, Fernando? — minha voz saiu mais firme do que eu esperava. Eu não queria mostrar medo.— Vim te buscar, Luana. — disse ele, avançando em minha direção. — Você achou que podia fugir de mim para sempre?Meu coração ace
Chegamos à delegacia de mãos dadas, um reflexo automático da necessidade de apoio mútuo. A sala de espera estava quase vazia, o que tornava o ambiente ainda mais opressor. Cada ruído parecia amplificado, como se o silêncio quisesse nos engolir.— Pronta? — Jonas perguntou, apertando minha mão um pouco mais forte.— Vamos lá. — respondi, tentando soar mais confiante do que realmente estava.Um policial de expressão séria nos conduziu até uma sala pequena, onde sentamos de frente para uma mesa cheia de papéis desorganizados. Ele começou a digitar no computador, sem olhar diretamente para nós.— Nomes e datas de nascimento, por favor. — disse ele, a voz monótona.— Luana Dutra, 21 de maio de 1995. — respondi, minha voz soando estranhamente distante aos meus próprios ouvidos.— Jonas Oliveira, 12 de agosto de 1987. — completou Jonas.Enquanto o policial preenchia o boletim de ocorrência, expliquei em detalhes o que havia acontecido com Fernando. A cada palavra, revivia o medo, a dor e a i
Jonas OliveiraPlanejei tudo com cuidado. Queria que essa noite fosse perfeita para Luana. Ela estava preocupada demais com Fernando, e isso estava nos afastando. Decidi que precisava mostrar a ela que, independentemente de qualquer coisa, estávamos juntos e que tudo ficaria bem.Passei a manhã preparando tudo. Limpei a área perto do rio e montei uma pequena tenda, decorada com luzes suaves e pétalas de rosas. Coloquei uma mesa para dois, com um jantar simples, mas feito com carinho. Era importante que ela se sentisse especial e amada.Quando o sol começou a se pôr, fui buscá-la. Ela estava na varanda, olhando para o horizonte com uma expressão preocupada.— Vem comigo, Luana. Tenho uma surpresa para você.Ela me olhou, curiosa, mas hesitante.— Surpresa? O que você aprontou, Jonas?Sorri, tentando transmitir confiança.— Só confia em mim. Você vai gostar.Peguei sua mão e a levei até o rio. Quando chegamos, ela parou, boquiaberta.— Jonas, isso está lindo! Você fez tudo isso para mim