Luana DutraEu andava pelas ruas da cidade, observando vitrines e respirando o ar fresco de um dia ensolarado. Meus olhos se fixaram em um par de botas exposto na vitrine de uma loja. Eram robustas, de couro marrom, com detalhes que lembravam a vida na fazenda. Imediatamente pensei em Jonas. Ele estava sempre calçando suas botas surradas, que claramente já haviam visto dias melhores. Entrei na loja, sentindo a excitação crescer dentro de mim.— Posso ajudar? — perguntou a vendedora, com um sorriso amigável.— Sim, gostaria de ver aquelas botas ali na vitrine.Ela pegou o par e me mostrou de perto. Eram ainda mais bonitas ao toque, macias, mas resistentes. Sabia que Jonas as amaria. Sem pensar duas vezes, comprei as botas e me apressei a voltar para a fazenda.Quando cheguei, o sol já começava a se pôr, tingindo o céu de laranja e rosa. Jonas estava na varanda, uma figura imponente contra o céu alaranjado do entardecer. Sua robustez era evidente, com ombros largos e braços fortes que r
Eu nunca imaginei que teria coragem de fazer isso. As palavras estavam presas na minha garganta há tanto tempo, que já não sabia mais se conseguia soltá-las. A noite estava quente, e o céu estrelado parecia um lençol bordado de luzes, cobrindo a fazenda com uma calma que contrastava com a tempestade dentro de mim. Jonas estava ao meu lado, seu olhar fixo no horizonte, onde as sombras das árvores dançavam sob a luz da lua.— Jonas, preciso falar com você. — minha voz soou frágil, quase um sussurro.Ele virou a cabeça lentamente, seus olhos encontrando os meus. Havia um calor ali, um conforto que sempre me fez sentir segura. Mas hoje, eu estava tremendo por dentro.— O que foi, Luana? — ele perguntou, a preocupação tingindo seu tom.Respirei fundo, tentando encontrar a força que parecia fugir de mim. As palavras estavam na ponta da minha língua, lutando para sair.— Eu... — comecei, mas minha voz falhou. Fechei os olhos por um momento, tentando reunir coragem. — Eu preciso te contar alg
Jonas OliveiraEu estava nervoso, não podia negar. A cabana no meio da floresta era um refúgio que poucos conheciam, um lugar onde eu sempre encontrava paz. Hoje, no entanto, queria compartilhar esse espaço com Luana, queria que ela visse como esse lugar era especial para mim e como ela era especial em minha vida.— Está tudo bem? — perguntei, olhando para Luana enquanto dirigia pela trilha de terra. Ela sorriu, aquele sorriso que sempre fazia meu coração acelerar.— Estou ótima. Só curiosa para saber onde você está me levando.Dei uma risada leve, tentando esconder meu nervosismo. Queria que essa noite fosse perfeita. Quando chegamos à cabana, parei o carro e saí, indo abrir a porta para ela. A lua iluminava o lugar, criando uma atmosfera mágica.— Bem-vinda ao nosso refúgio, Luana. — disse, estendendo a mão para ela. Ela aceitou e saiu do carro, olhando ao redor com admiração.— É lindo, Jonas. Como você descobriu esse lugar?— Meu avô construiu isso há muitos anos. Era o lugar favo
O inverno chegou com força total, muito mais rigoroso do que eu esperava. A paisagem, que antes era viva e verde, agora estava coberta por uma espessa camada de neve. A cada passo, o som de meus pés quebrando a crosta gelada ecoava pela fazenda. Eu olhava ao redor e via o esforço nos rostos dos trabalhadores, que lutavam para manter tudo funcionando.— Jonas, a bomba de água congelou de novo. — disse Pedro, um dos funcionários mais antigos da fazenda, com o rosto vermelho do frio. — Maldito inverno — resmunguei, puxando o gorro para cobrir melhor as orelhas. — Vamos precisar de água quente para descongelar isso.Pedro assentiu, e juntos nos dirigimos ao barracão onde mantínhamos os equipamentos. Enquanto esquentávamos a água, o vento uivava lá fora, sacudindo as paredes de madeira. A porta se abriu de repente, trazendo uma rajada de ar gelado e Luana, coberta de neve.— Precisamos reforçar o abrigo dos animais. A tempestade está piorando. — disse ela, ofegante.Seu rosto estava pálido
Luana DutraO inverno chegou na fazenda com toda sua força. As árvores ao redor estavam cobertas por uma camada fina de neve, e o frio cortante fazia todos buscarem o calor das lareiras. Eu e Jonas havíamos terminado as tarefas do dia e agora estávamos na sala, aconchegados no sofá com uma manta grossa cobrindo nossas pernas.— Quer mais chocolate quente, Luana? — Jonas perguntou, segurando a caneca e me olhando com aquele sorriso que me derretia por dentro.— Quero, sim. Obrigada. — respondi, sentindo o aroma do chocolate quente que ele havia preparado.Ele se levantou e foi até a cozinha, e eu o observei enquanto mexia nas panelas com destreza. Jonas tinha uma habilidade especial para transformar momentos simples em algo mágico. Quando voltou, entregou-me a caneca fumegante, e eu segurei o copo entre as mãos, sentindo o calor se espalhar pelo meu corpo.— Aqui está, feito com todo o carinho. — disse ele, sentando-se ao meu lado novamente.— Está perfeito, como sempre. — sorri, toman
Saí cedo da fazenda naquele dia. O sol ainda estava nascendo, pintando o céu com tons de rosa e laranja, e o ar estava fresco. Dirigi até a cidade, decidida a comprar algumas roupas de frio. Era uma sensação nova, estranhamente agradável, estar preocupada com algo tão mundano como roupas.As ruas da cidade já começavam a se encher de pessoas apressadas, cada uma cuidando de suas próprias vidas. Estacionei o carro e caminhei até a loja de roupas que vira na última vez que estive aqui. As vitrines exibiam casacos grossos, cachecóis coloridos e botas robustas. Entrei na loja, apreciando o calor que envolveu meu corpo assim que passei pela porta.Enquanto eu percorria as araras, sentia uma espécie de tranquilidade, quase como se o peso do meu passado tivesse finalmente começado a se dissipar. Escolhi alguns casacos e fui até o provador. Ao me olhar no espelho, quase não reconheci a mulher que vi. Havia uma luz nos meus olhos que não via há anos, uma esperança renovada.Saí do provador com
Jonas OliveiraO sol estava se pondo, tingindo o céu com tons de laranja e vermelho. Era um fim de tarde, eu estava no celeiro, ajeitando algumas ferramentas, quando percebi que Luana estava quieta, mais do que o normal. Ela sempre tinha um sorriso para mim, mesmo nos dias mais difíceis, mas hoje havia algo diferente em seu olhar. Ela parecia distante, perdida em seus pensamentos.Caminhei até ela, tentando não fazer muito barulho. Quando cheguei perto, vi que ela estava olhando para o horizonte, mas seus olhos estavam vazios, como se estivesse olhando para um ponto além do que qualquer um de nós poderia ver.— Luana, está tudo bem? — perguntei, tentando soar casual, mas minha preocupação era evidente.Ela se virou para mim rapidamente, forçando um sorriso que não alcançou seus olhos.— Claro, Jonas. Está tudo bem. Só estou um pouco cansada.Não acreditei nela. Conhecia Luana o suficiente para saber que havia algo mais. Aproximei-me mais um pouco, tentando encontrar seus olhos.— Tem
Luana DutraEu estava perto do estábulo, sentindo a brisa suave da tarde. O cheiro da grama recém-cortada e do feno seco era reconfortante. Aquela fazenda tinha se tornado um refúgio, um lugar onde eu podia esquecer, ao menos por alguns momentos, os fantasmas do passado. Estava distraída, acariciando o focinho macio de um dos cavalos, quando ouvi passos atrás de mim.— Cadelinha... — a voz era familiar, mas não a reconheci de imediato. Virei-me, confusa, e meu coração parou quando vi Fernando.Ele estava parado ali, a poucos metros de distância, com um olhar que misturava raiva e determinação. A última vez que o vi, foi aterrorizante e parte de mim queria que ele tivesse desistido de mim com o passar dos dias, porém, ele não havia desistido.— O que você está fazendo aqui, Fernando? — minha voz saiu mais firme do que eu esperava. Eu não queria mostrar medo.— Vim te buscar, Luana. — disse ele, avançando em minha direção. — Você achou que podia fugir de mim para sempre?Meu coração ace