Nikola.A brisa fresca bateu contra o meu rosto e eu encarei a lápide intacta da minha mãe. As flores o cercavam, junto com alguns quadros posicionados.Me ajoelhei ao seu lado e encostei a testa nele, sentindo a tensão me tomar por dentro. Eu sentia que estava traindo o meu sangue.Tudo podia ter sido diferente, mamãe.As lágrimas vieram a tona, mas as segurei, prendendo o ar e encarando o céu. Alguns pássaros passaram por ele, piando a alegrando o céu, enquanto o sol batia fraco sobre a grama verde.Uma borboleta azul se aproximou e pousou na minha mão, a encarei por alguns segundos, antes que ela batesse as asas e pousasse no meu ombro. Ela me rodeou uma última vez, antes de pousar sobre a lápide e permanecer ali.Fui tomado pela nostalgia, e sorri. Ela estava comigo, eu sabia disso. Ela estava me dizendo que estava tudo bem.— Nikolai. — Minha mãe me gritou e eu nadei até a borda da piscina.Ela segurava uma bandeija entre os dedos, e posicionou na mesa.— Venha comer, querido. —
Nikolai.A porta rangeu, a luz se alastrou pela sala — iluminada por uma única lâmpada amarela, a silhueta de duas pessoas atravessaram a porta e pararam na minha frente.Dimitry abriu um sorriso debochado e apoiou as mãos na cintura, Mikhail enfiou as duas mãos no bolso e se encolheu um pouco. Eu o entendia, foi assim que eu me senti na primeira vez que pisei aqui, sufocado.A sala não era um dos lugares mais confortáveis, o teto descascava um pouco, e um cabo apoiava o projetor — apontado para a parede. Uma grande mesa de madeira maciça ficava em seu centro, os riscos de faca mostravam que já havia sido muito usada — o meu próprio nome havia sido escrito em algum lugar com um canivete, enquanto Vladmir falava com os outros.As paredes eram pintadas de preto, mantendo o ambiente escuro e se não fosse pelo aparelho ar-condicionado, não teríamos uma saída — ou entrada — de ar. O piso liso do chão era preto, algumas partes rachavam aos poucos, enquanto outras permaneciam intactas.As po
Nikolai.As duas mãos de Ava rodearam o seu corpo frágil em sinal de nervosismo, ela passou a mão uma última vez em seus cabelos lisos e soltos e soltou um suspiro alto. Ela estava nervosa.Seria o primeiro jantar junto com algum familiar meu, ela tinha em seu íntimo o desejo de impressioná-los de alguma forma, queria se sentir parte de tudo isso e eu a entendia. Ava era uma mulher adorável e não entendo como podem haver pessoas nesse mundo que não a adorem. Era estranho saber que seu pai se desfez dela assim, tão facilmente.Esse assunto podia ser resolvido depois, afinal, precisávamos comemorar a nossa primeira vitoria.Toquei seus ombros levemente, beijando-o e sorrindo para o nosso reflexo no espelho. Ela sorriu fraco e pressionou os lábios uns nos outros.— Acha que eu estou bonita? — Ela tomou a cabeça para o lado.— Você está linda, meu amor. — A virei, selando nossos lábios.Ava se afastou, passando a mão nos meus cabelos e rosto, seus olhos percorriam cada parte da minha feiç
Nikolai.Me olhei no espelho e passei a mão nos meus cabelos úmidos, torcendo para que tudo terminasse hoje, quando Vladmir, finalmente, seria julgado.Me virei, encarando Ava deitada sobre a cama, em um sono profundo. Me aproximei e beijei sua testa, ouvindo-a ressoar ao meu lado e se encolher um pouco. Acariciei seus cabelos, antes de me levantar e percorrer o trajeto até a sala.A mesa estava sendo posta por Victória, me sentei na cadeira e aproveitei a refeição, comendo devagar e apreciando o alimento. Podia ser a última vez.Minha cabeça trabalhava com todas as possibilidades, inclusive, torcia para que eu pudesse relaxar e que a minha vida voltasse aos eixos. Eu só precisava me sentar de frente para algum lago, sentir o sol bater no meu rosto e imaginar que a minha vida fosse diferente.Já dentro do carro, olhei para dentro da casa uma última vez e dei ré, ainda incerto do que fazer. Eu nunca me senti inseguro, mas pela primeira vez, eu queria desistir de tudo.As ruas pareciam
Contem cenas impróprias para menores de dezoito. Nikolai.Ava sorriu fraco assim que entrei, ela apertou um pouco mais os dedos nos braços e respirou fundo. Ela mordeu a ponto dos lábios e se aproximou com os braços abertos.Meus braços rodearam a sua cintura e eu apoiei o rosto na curvatura do seu pescoço, puxando o ar com um pouco mais de força. Mordisquei devagar e me afastei, encarando os seus olhos escuros. Acariciei seus fio negros na cabeça e ela sorriu.— Você quer conversar sobre isso? — Ela perguntou, enquanto acariciava os meus cabelos, ainda sem me soltar.Ela sabia de tudo, eu tinha feito questão de contar e, por mais que doesse, eu abri o meu coração, eu expus para todos as merdas que eu fiz, todas as merdas que ele fez. Expus os meus traumas e os meus demônios e sobre o como eu me sentia vazio e perdido.— Não.. — Ele fez uma pausa. — eu só preciso estar com você.— Tudo bem, querido. — Ela beijou o meu rosto. — Vamos subir, eu faço uma massagem em você.— Eu quero faz
Nikolai.O dia amanheceu nublado e chuvoso, coloquei os pés para fora da cama e soltei um suspiro alto e cansado. Eu estava realmente sobrecarregado. Passei a mão no rosto e andei a passos arrastados até o banheiro.Escovei os meus dentes, fiz as minhas necessidades e voltei para o quarto, ajeitando a calça de moletom no meu corpo. A porta se abriu e Ava entrou sorridente, com uma bandeja nas mãos e se aproximou da cama, a depositando ali.— Não acredito que já acordou. — Ela disse, se aproximando e me dando um beijo casto. — Era pra ser surpresa.— A que devo a honra? — Perguntei, me sentando na cama e encarando os alimentos.Pães, torradas, geleia, sucos e salada de frutas, frios, Parece que alguém, realmente, gravou os meus gostos.— Feliz um mês de casamento. — Ela disse e sorriu.— Nossa, só isso? — Segurei ela pela cintura.— Pois é, parecem meses, não é? — Ela disse, e saiu do meu colo, se sentando no centro da cama.Ela pegou uma das torradas e passou a geleia, levando até a b
Nikolai.As horas haviam passado, eu estava trancado dentro do meu escritório com o caderno aberto em mãos. Dei um gole longo no meu café e virei a folha entretido com as palavras escritas em letras redondas e bonitas.Aparentemente, os meus pais se conheceram quando ela completou quinze anos, Vladmir se apaixonou por ela e ela, bem.. se apaixonou por Andrei, o meu tio. Era bonito de se ler o amor que ela nutria por ele e os pequenos poemas escritos em guardanapos que me tio a entregava em segredo.Teria sido uma bela historia de amor, mas, Vladimir enciumado, mostrou interesse ao meu avô que arranjou a mão de Amélia em casamento, por pura conveniência. A essa altura ter a minha mãe, para Vladmir, era questão de honra.Era estranho como a minha mãe detalhava a vida dos Pavlov, como se sempre estivesse dentro dela e quem sabe não estivesse?Andrei era o caçula, roubara a atenção de sua mãe e quando mais velho, a de seu pai. A primeira paixão de ambos se apaixonou justamente pelo meu ti
Qualquer mulher que tenha sido vítima de violência doméstica e familiar, independente de sua idade, pode procurar as delegacias de polícia mais perto de sua casa para registrar uma ocorrência policial. Caso não seja possível, ligue 180!Se conhece alguém que passe por esse tipo de situação, denuncie!***Nikolai.O carro parou pela segunda vez na frente do enorme galpão, bati a porta do carro e andei a passos largos até a enorme construção velha. Empurrei o portão de ferro que rangeu, me dando a ampla visão de Vladimir e uma enorme poça de volta em sua volta.Ele levantou a cabeça com dificuldade e me encarou, engolindo o seco antes de soltar um sorriso fraco.— O que achou da historinha, Nikolai? — Disse com dificuldade e cuspiu um pouco de sangue no chão.— Por que? — Murmurei me aproximando dele. — Por que todo esse teatro? Por que você fez tudo isso, Vladimir? Hãn?— Eu queria ver a dor nela, Nikolai.. — Ele disse. — Assim como ela fez comigo, quando ela jurou que me amava e foi s