Prólogo - página 02

6 anos depois...

- Eu te amo, Niko. - Dmitry deu um beijo no meu rosto e me abraçou.

- Eu também amo você. - Beijei seu cabelo e puxei o endredom.

Um vidro foi quebrado no andar debaixo, franzi a testa. Um grito agudo foi escutado e uma suplica em seguida. Era minha mãe.

- Não saia daqui, Dmitry. - Mandei.

Eu já tinha dezesseis anos. Nesses últimos anos, Dmitry e Mikhail nasceram. Com seis e três anos, respectivamente, eu os protegia sempre que meu pai voltava para casa agressivo.

Em dias normais, meu pai apenas entrava para dentro de seu quarto e chamava minha mãe. Passavam a maior parte da noite trancados, as vezes, trazia flores, chocolates, joias.

Sabíamos que meu pai não era um homem correto e que muito provavelmente, traia a minha mãe. Eu queria poder juntar todas as provas para que eu mesmo o matasse, mas a minha mãe o amava a ponto de nunca, jamais fazer mal a ele.

Ela não enxergava o monstro que ele era.

Mikhail dormia na cama ao lado a Dmitry, sereno e quieto. Sugava a chupeta, enquanto abraçava um pequeno urso.

- Só abra quando eu ou a mamãe pedirmos. - Ordenei.

Ele me encarou com seus olhos grande e segurou o edredom. Seu corpo pequeno tremia agora, seus olhos estavam brilhantes pelas lágrimas. Dmitry estava com medo.

Peguei a chave sobre a cômoda e encarei os dois lados do corredor, sai e fechei a porta, trancando-a em seguida. Joguei a chave pela brecha da porta e então escutei seus passos.

- Protegendo esses inúteis de novo, Nikolai. - esbravejou.

- Você não vai tocar neles. - Me aproximei dele, empurrando seu peito.

- Eles são meus, eu tenho todo o direito. - Ele me segurou pelos ombros e me empurrou no chão.

Suas mãos foram até a porta, e ele empurrou. Trancada.

- Dmitry, abra a porta. - Ele gritou.

- Dmitry, não faça isso, por favor. - Eu berrei.

Vladimir socou a porta com força, enquanto berrava para que Dmitry abrisse a porta. Seus olhos me fitaram, estavam vermelhos e sua feição era o mais puro o ódio. 

- Você é um filho da puta. - Ele gritou.

- Não vou te deixar tocar neles, Vladimir. - Eu disse calmo.

- Quem vai sofrer as consequências é você. -Ele gritou e me puxou pelo braço.

Me deixei ser levado para o lugar de sempre. Encontrei minha mãe na sala, Giovana estava pressionando um pano molhado na sua testa. Alguns fios de sangue seco estavam espalhados pelo seu rosto.

Ela estava chorando. Seus olhos demonstravam medo e culpa.

- Não faça isso com o meu filho, Vladimir, não de novo. - Ela se levantou e veio até nós.

Meu pai a olhou com ódio. Senti todo o meu corpo se arrepiar e engoli o seco.

- Mamãe, cuide do Dmitry, eu vou ficar bem. - Sorri fraco.

Meu pai voltou a me puxar novamente. Percorremos todo o trajeto até o outro lado do jardim. Olhei para cima, para a sacada de Dmitry e o encontrei me encarando da sacada, fiz não com a cabeça e desviei os olhos.

Meu pai destrancou a porta do pequeno quarto e me empurrou para dentro. A única lâmpada iluminou o local, Vladimir me encarou com um sorriso diabólico no rosto. Senti meu corpo estremecer um pouco, mas não demonstrei fraqueza.

- Tire a camisa. - Ordenou.

Fiz o que ele pediu, e me sentei no banco que ele posicionou. Ouvi seus passos atrás de mim, e ele riu alto.

- Você é bem corajoso, garoto. - Ele disse alto. - Sofrer tanto por aqueles covardes.

- Eles são crianças ainda, Vladimir. - Esbravejei. - Não vou deixar você fazer com eles, o que você fez comigo.

E eu senti a primeira chicotada acertar as minhas costas. Fechei os olhos e sufoque um grito de dor, eu precisava ser forte.

- Você é igualzinho a ela, você nunca, escute bem Nikolai, nunca vai ser um bom Don. - E ele acertou outra chicotada.

E a terceira..

Quarta..

Quinta...

Sexta..

Sétima...

Meu corpo estava fraco pela dor, me lancei para frente, sentindo toda a minha carne tremer. Apertei os dedos, enquanto sufocava os gritos pensando na minha mãe e nos meus irmãos.

Oitava..

Nona..

Décima...

E então o som da madeira batendo contra o chão. Ele havia desistido do chicote. Levantei meu rosto em sua direção, o ódio que percorria por todo o meu corpo e me fazia querer derramar sangue. O sangue dele.

- Você nunca será como eu, pois é um covarde e coração mole, como a vadia da sua mãe. - Ele bateu no meu rosto.

Meu corpo estava fraco, mas me forcei a levantar e encarar os olhos frios do homem a minha frente.

- Eu não quero ser um monstro como você, Vladimir. - Murmurei. - Eu vou ser melhor que você e um dia, escute bem, um dia irei derramar seu sangue e vou me banhar nele com o maior prazer que há no mundo.

Sua risada perversa foi ouvida, enquanto eu saia do quarto. Minhas costas doíam, meu corpo doia e eu sentia os cortes a cada passo que eu dava.

E enquanto eu entrava em casa e encontrava a minha mãe chorando, se levantando desesperada. Pensei em mil formas de finalmente, matar a Vladimir.

Só não imagina que eu não era o único que queria que seu sangue fosse derramado.

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