— Nikolai. — Minha mãe sussurrou ao meu lado.
Abri os olhos, meu corpo inteiro tremia. Seu rosto machucado e seus olhos tristes e vermelhos demonstravam algo que eu já sabia. Meu pai havia agredido ela mais uma vez.
— Está tudo bem agora. — Ela me abraçou. — não precisa ter medo, eu estou aqui.
— Ele te machucou. — Levantei minha mão até o seu rosto. Ela sorriu triste.
— Sim, mas está tudo bem, seu pai está apenas estressado. — Ela murmurou. — Vamos sair daqui.
Assenti e segurei a sua mão. Ela me levantou devagar e sorriu encorajadora.
Minha mãe era a mulher mais bonita e incrível do mundo. Sua bondade era tanta e chegava a tantas pessoas. Todos os amigos da família a adoravam, diziam ser uma santa.
"Uma santa que se casou com o diabo." Como o meu pai gostava de dizer.
Eu conseguia sentir meu corpo tremer um pouco ainda, o medo ainda não havia me deixado completamente. Eu tinha medo de apanhar do meu pai. Minha mãe nunca deixava ele chegar perto de mim e me tocar.
Eu não consigo entender porque meu pai é uma pessoa tão ruim, não fizemos nada.
— Esse garoto é um covarde. — Ele gritou.
Me encolhi um pouco, enquanto minha mãe o encarava. Sua expressão serena havia mudado, ela tinha um misto de medo e arrependido. Seus ombros estavam tensos e sua mão suada.
— Por favor, deixe Nikolai. — Ela fungou. — Nao machuque o meu filho.
— Cale a sua boca, Amélia. — Ele rosnou. Uma lágrima desceu pelo rosto delicado da mulher. — seja um homem, Nikolai, vamos!
— Eu.. eu.. — Gaguejei.
— Eu, eu.. — Meu pai debochou. — Eu estou criando a porra de um homem, Nikolai, um homem que se defende sozinho, que não precisa da sua mãe. — Ele berrou e me acertou um tapa no rosto.
Meu corpo foi jogado no chão, senti minha cabeça bater contra o piso. As lágrimas se inundaram nos meus olhos e o soluço cortou a minha garganta.
— Por favor, Vladimir.. — Minha mãe gritou. — Deixe Nikolai, ele só tem dez anos, é uma criança.
— Cala a porra da boca, Amélia. — Ele berrou mais um vez e partiu para cima dela. — Ou eu mato você e essa criança que está aí dentro.
Minha mãe se encolheu e abraçou a barriga. Sua feição era chorosa, ela me encarou triste e me senti um nada.
Outra criança. Dentro dela. Outra criança.
Minha mãe estava grávida. Eu teria um irmão.
— Não machuque a minha mãe, me machuca, me b**e, me mata.. — Eu gritei e me coloquei entre eles. — Mas não machuca ela e nem o bebê.
Meu pai resmungou e me encarou de cima. Seu ombro se relaxou um pouco e seus lábios se curvaram em um sorriso.
— Isso, Nikolai. — Ele disse calmo. — Defenda a sua mãe, se defenda.. eu estou criando um homem, e não um merda, você me entendeu? — Ele segurou meu ombro e me empurrou no sofá.
Uma das suas mãos pressionou minha bochecha, me causando uma dor instantânea e a outra encontrou meus cabelos.
— Eu não quero que se esconda, entendeu? — Ele rugiu.
— Sim, Senhor. — Eu disse com dificuldade, sentindo as lágrimas voltarem para o meu rosto.
— É assim que eu gosto. — Ele se levantou.
Vladimir se levantou e passou a mão nos cabelos, seu rosto se aliviou em uma feição de paz e ele encarou minha mão. Ela se encolheu um pouco.
— Vá limpar esse rosto e colocar Nikolai para dormir, estou esperando. — Ele disse sereno.
Ele subiu as escadas e virou o corredor, e só então, eu tive coragem de me levantar. Engoli o choro e me aproximei da minha mãe, segurei a sua mão e a puxei para o andar de cima, para o meu quarto.
— Não ia me contar. — Eu perguntei.
— Contar o que? — Ela perguntou calma, indo até o meu banheiro e pegando a pequena caixinha de primeiros socorros.
— Que está grávida. — Minha mãe parou por alguns segundos e sorriu.
— Descobri hoje, Nikolai. — Ela se sentou ao meu lado e puxou meu rosto. Sua testa se franziu levemente, antes de ela pegar um frasco e espirrar o remédio no meu rosto.
Senti minha bochecha arder no mesmo momento, mas eu precisava ser forte e eu seria. Eu seria um homem, a partir de hoje, por mim e pelo meu irmão.
— Se for menino, podemos chamar de Dimitry? — Perguntei calmo.
— Podemos sim. — Ela sorriu doce e pude ver todo o amor em seus olhos.
— Dimitry Pavlov. — Testei sonoramente.
Eu vou proteger você, Dimitry. Eu prometo.
6 anos depois...- Eu te amo, Niko. - Dmitry deu um beijo no meu rosto e me abraçou.- Eu também amo você. - Beijei seu cabelo e puxei o endredom.Um vidro foi quebrado no andar debaixo, franzi a testa. Um grito agudo foi escutado e uma suplica em seguida. Era minha mãe.- Não saia daqui, Dmitry. - Mandei.Eu já tinha dezesseis anos. Nesses últimos anos, Dmitry e Mikhail nasceram. Com seis e três anos, respectivamente, eu os protegia sempre que meu pai voltava para casa agressivo.Em dias normais, meu pai apenas entrava para dentro de seu quarto e chamava minha mãe. Passavam a maior parte da noite trancados, as vezes, trazia flores, chocolates, joias.Sabíamos que meu pai não era um homem correto e que muito provavelmente, traia a minha mãe. Eu queria poder juntar todas as provas para que eu mesmo o matasse, mas a minha mãe o amava a ponto de nunca, jamais fazer mal a ele.Ela não enxergava o monstro que ele era.Mikhail dormia na cama ao lado a Dmitry, sereno e quieto. Sugava a chupe
12 anos depois...Encostei na cadeira do meu escritório e respirei fundo. Já eram quase oito da noite, havia acabado de chegar de mais uma das sessões de tortura.Alguns homens haviam roubado uma grande carga necessária de nós e após muito esforço, conseguimos recuperar. Drogas, o maior número de drogas que já havíamos transportado.Vários homens mortos, diversos feridos e seis capangas pegos. Nenhum deles ligava para as suas vidas o suficiente para saber quem havia feito isso. Mas eu havia descoberto...Depois de resolvermos os assuntos, alguns pauzinhos foram mexidos e finalmente, tínhamos chegado ao maior juiz do país. Bóris Semyonova.Ele apanhou, mas não abriu o bico. Já sabíamos para quem ele trabalhava, não era necessário toda essa tortura, mas eu queria poder ouví-lo gritar e implorar por sua vida.Eu estava me tornando um maldito bastardo como Vladimir, mas ainda era o de menos.Meu celular tocou sobre a mesa e eu o peguei desinteressado. Atendi e o levei ao ouvido rapidament
Eram aproximadamente nove da noite. Segurei a mochila com um pouco de força e olhei para os lados.As ruas movimentadas do Brooklyn pareciam vazias agora, eu podia sentir o vento gelado batendo contra o meu corpo.O crime estava terrível, então, orando para todas as entidades presentes no mundo, corri pelas ruas.- Ei, mocinha. - Ouvi a voz grossa de um homem e me apressei ainda mais.- Pare ai, docinho. - Ele riu perverso.O medo me invadiu, um calafrio percorreu toda a minha espinha, enquanto eu corria pelas ruas. Meu Deus, me ajuda!Olhando para frente, conseguia ouvir os passos do homem se aproximando. Senti a minha mochilas ser puxada para trás junto com o meu corpo e gritei alto.Suas mãos foram para o meu rabo de cavalo, que ele puxou com força.- Socorro, por favor. - Berrei.- Solta a garota. - Uma voz grave ecoou pela rua.Me debati mais um pouco nos braços do homem e o empurrei. Um disparo foi ouvido, então o peso do homem caiu sobre mim, antes de ser jogado ao chão, com os
A reunião do conselho era comum, Vladimir costumava chegar raivoso em casa depois delas, e como sempre, descontava em mim e em minha mãe.A questão, era que eu estava participando dessa vez, junto com Dimitry. Engoli o seco e encarei os demais, esperando que seu discurso fosse iniciado.- Bom, vamos começar. - Ivan Nikolaev, o consigliere se pronunciou.- Sejam bem vindos a mais uma reunião do conselho, hoje, viemos decidir o futuro da máfia. - Serguei se levantou e abotoou seu blazer.- Como sabemos, o herdeiro, Nikolai Pavlov, têm o direito de receber o império do pai assim que ele morrer, sejam quais forem as circunstâncias. - Ele explicou. - E assim, sucessivamente, se Nikolai morrer, um dos filhos vai herdar, e é por isso, Nikolai, que você precisa se casar..- Eu preciso me casar? - Levantei minha sobrancelha.- Exatamente. - Anton Morozov, capi disse.- E o mais indicado é que se case com uma das filhas dos homens da máfia. - Está foi a vez de Maksim Gorky.- E, me corrijam se
— Pode confiar em mim. — Sussurrei.Ela assentiu e se encolheu um pouco. Tirei o blazer e coloquei sobre o ombro dela.— Vamos, eu vou tirar você daqui. Agora. — ela segurou meu braço e pude sentir o seu corpo tremer um pouco.Saímos da sala a passos vagorosos, ela olhou para os lados, como se tivesse medo do que pudesse encontrar. Peguei o celular do meu bolso e caminhei com ela até a escada.— Suba! — Mandei.Ela me encarou por alguns segundos, antes de começar a subir devagar e com cuidado. Parecia estar fraca."Onde está?" — Dmitry"Na mansão, pegue o meu carro, Lindsay e me espere na saída. Chego em cinco minutos.",A casa estava bastante silenciosa, se passavam das onze da noite. Me perguntei porque essas reuniões ocorriam tão tarde. Ignorando todo o resto, puxei a garota por todo o jardim, até o extenso corredor que eu havia atravessado antes.Ela se parecia com um gatinho assustado, com as suas unhas grudadas no meu braço e seu corpo tremendo, enquanto ela me encarava, confusa
Acordei cedo, e me sentei na cama. Era confortável, muito mais do que a minha. O quarto era espaçoso e bem iluminado. A vista da piscina era esplêndida, era como se eu estivesse acordado de um sonho.Eu não sabia ao certo o que tinha me feito parar aqui, apenas as vagas coisas que Iuri havia me contado. Eu tinha uma ficha, ele era obcecado por mim.Meu pai, um homem de aproximadamente cinquenta anos, devia uma grande quantia de dinheiro a máfia russa - o que me leva a questão, como ele chegou tão longe? - e acabou me entregando como moeda de troca, até que conseguisse todo o dinheiro para pagar.Mas, mesmo que a dívida fosse quitada, eu sabia que jamais voltaria, eu provavelmente, morreria antes.Nikolai, o homem que havia me reenvidicado - por assim dizer - era muito bonito. Lindsay havia me dito que ele tinha vinte e oito anos e era o herdeiro dos Pavlov, estava sendo treinado para ser como o pai, Vladimir.Ele era o homem de mais cedo, aquele que disse que logo Nikolai enjoaria de
Ava estava nervosa, eu podia sentir. Desde o primeiro momento que nós nos encontramos.Durante a noite, sonhei com Ava. Ela estava linda em um vestido azul rodado, correndo pelo jardim da minha casa, enquanto ria. Lindy estava lá também, dizendo que havia avisado.Após acordar, pensei nas milhares de possibilidade e cheguei a conclusão de que eu deveria me casar com Ava. Além de deixar meu pai irritado, não teria ao meu lado as filhas dos mafiosos – mulheres, que em sua grande maioria, são criadas para servir e, algumas vezes, matar seus maridos. – e salvaria ambas – lindy e Ava – de futuros incertos e dolorosos. Eu podia nunca ama-la, mas jamais a trataria como Vladimir, o meu pai, tratava a minha mãe.Todo esse pensamento me levou a Vladimir, a vários anos atrás, quando eu o chamei de pai pela última vez. Era estranho pensar que nunca tive uma figura paterna, e que ao invés de ingressar na faculdade, matei o meu primeiro homem com dezenove anos.Ava estava sentada na minha frente, s
Desci do meu carro, sentindo o cheiro do sangue misturado com o meu perfume. Eu precisava de um banho.— Lavem meu carro, tem sangue dentro. — Avisei, entregando a chave para Lev. — Tome cuidado com ele, Lev, sabe que é o meu xodó.— Relaxa, Nikolai. — Ele sorriu e pegou as chaves. — Eu vou cuidar dele, pode ficar tranquilo.— Como estão sua esposa e sua filha? — Perguntei, enquanto colocava as mãos no bolso.— Ótimas. — Ele sorriu. — Um dia trago a Kiara para que você possa conhecer.— Eu adoraria. — sorri. — agora, preciso mesmo entrar, tirar essa roupa com sangue e tomar um banho.Lev assentiu e entrou no carro, virei e entrei na casa.Ava e Lindy estavam sentadas sobre o sofá, enquanto assistiam a um filme qualquer. A sala estava escura, e pude ouvir as suas vozes enquanto tentava fechar a porta sem fazer barulho algum.Andei vagarosamente até as escadas e comecei a subir os degraus lentamente. Não queria responder a nenhuma pergunta.— Achou mesmo que a gente não veria você? — Li