Acordei cedo, e me sentei na cama. Era confortável, muito mais do que a minha. O quarto era espaçoso e bem iluminado. A vista da piscina era esplêndida, era como se eu estivesse acordado de um sonho.Eu não sabia ao certo o que tinha me feito parar aqui, apenas as vagas coisas que Iuri havia me contado. Eu tinha uma ficha, ele era obcecado por mim.Meu pai, um homem de aproximadamente cinquenta anos, devia uma grande quantia de dinheiro a máfia russa - o que me leva a questão, como ele chegou tão longe? - e acabou me entregando como moeda de troca, até que conseguisse todo o dinheiro para pagar.Mas, mesmo que a dívida fosse quitada, eu sabia que jamais voltaria, eu provavelmente, morreria antes.Nikolai, o homem que havia me reenvidicado - por assim dizer - era muito bonito. Lindsay havia me dito que ele tinha vinte e oito anos e era o herdeiro dos Pavlov, estava sendo treinado para ser como o pai, Vladimir.Ele era o homem de mais cedo, aquele que disse que logo Nikolai enjoaria de
Ava estava nervosa, eu podia sentir. Desde o primeiro momento que nós nos encontramos.Durante a noite, sonhei com Ava. Ela estava linda em um vestido azul rodado, correndo pelo jardim da minha casa, enquanto ria. Lindy estava lá também, dizendo que havia avisado.Após acordar, pensei nas milhares de possibilidade e cheguei a conclusão de que eu deveria me casar com Ava. Além de deixar meu pai irritado, não teria ao meu lado as filhas dos mafiosos – mulheres, que em sua grande maioria, são criadas para servir e, algumas vezes, matar seus maridos. – e salvaria ambas – lindy e Ava – de futuros incertos e dolorosos. Eu podia nunca ama-la, mas jamais a trataria como Vladimir, o meu pai, tratava a minha mãe.Todo esse pensamento me levou a Vladimir, a vários anos atrás, quando eu o chamei de pai pela última vez. Era estranho pensar que nunca tive uma figura paterna, e que ao invés de ingressar na faculdade, matei o meu primeiro homem com dezenove anos.Ava estava sentada na minha frente, s
Desci do meu carro, sentindo o cheiro do sangue misturado com o meu perfume. Eu precisava de um banho.— Lavem meu carro, tem sangue dentro. — Avisei, entregando a chave para Lev. — Tome cuidado com ele, Lev, sabe que é o meu xodó.— Relaxa, Nikolai. — Ele sorriu e pegou as chaves. — Eu vou cuidar dele, pode ficar tranquilo.— Como estão sua esposa e sua filha? — Perguntei, enquanto colocava as mãos no bolso.— Ótimas. — Ele sorriu. — Um dia trago a Kiara para que você possa conhecer.— Eu adoraria. — sorri. — agora, preciso mesmo entrar, tirar essa roupa com sangue e tomar um banho.Lev assentiu e entrou no carro, virei e entrei na casa.Ava e Lindy estavam sentadas sobre o sofá, enquanto assistiam a um filme qualquer. A sala estava escura, e pude ouvir as suas vozes enquanto tentava fechar a porta sem fazer barulho algum.Andei vagarosamente até as escadas e comecei a subir os degraus lentamente. Não queria responder a nenhuma pergunta.— Achou mesmo que a gente não veria você? — Li
As batidas frenéticas na porta do meu quarto me acordaram e só então, percebi que havia caído no sono. Passei a mão no rosto e me sentei.- Quem é? - Resmunguei.- Lindsay, venha rápido. - Ela disse alto, enquanto esmurrava a minha porta. - Por Deus, venha logo, preciso de ajuda.Me levantei em um pulo e peguei a arma dentro da primeira gaveta da mesa de cabeceira. Escondi nas costas e andei vagarosamente até a porta. Podiam estar fazendo Lindy de escudo ou algo do tipo.Destranquei e abri lentamente encontrando uma cabeleira loira e agitada. Seu rosto estava vermelho e sua respiração acelerada. Não demorou muito para que gritos fossem ouvidos do andar debaixo.- Você é uma cadela, eu vou acabar com você. - O forte sotaque russo de Brenda denunciava tudo.Suspirei frustrado e andei rapidamente até o topo das escadas. Brenda estava sendo segurada por um segurança, enquanto Ava se mantinha encolhida no sofá. Seus cabelos estavam embaraçados e seus braços vermelhos.- Que porra está acon
Nikolai.Lindsay analisava meus dedos cortados cuidadosamente, enquanto tagarelava sobre algo desinteressante.Me sentia no automático, eu só queria sumir. Eu queria que ela sumisse, eu queria gritar para que ele calasse a porra da boca, mas era Lindy. Ela havia me salvado tantas vezes.- Onde ela está? - Perguntei, cortando o assunto.- No quarto.. - Ela deu uma pausa e me encarou. - Com medo.- Droga. - Murmurei quando o remédio foi espirrado na minha palma.- Isso é tudo culpa sua, não deveria sair quebrando vasos por aí. - Ela reclamou e eu revirei os olhos.- Eu sou bem crescido para receber lições de moral, não acha, Lindsay? - Puxei a minha mão com força, irritado. - Eu sei o que faço e como faço na porra da minha casa.- Se eu estou falando é para o seu bem. - Ela disse grossa, seus olhos azuis encarando os meus. - Você é um imbecil, Nikolai.Lindsay se virou e começou a subir as escadas, me deixando sozinho na sala. Terminei de enfaixar a minha mão e guardei a caixa na cozinh
Encarei os olhos do maldito a minha frente, pensando em mil maneiras de mata-lo sem machucar a minha mãe, mas nenhuma delas me entregava um fim satisfatório.- Diga as suas últimas palavras, Nikolai. - Vladimir se aproximou mais um pouco, chegando bem perto do meu corpo.Engoli o seco, implorando para os céus que minha mãe corresse dali, que ela não me visse estirado no chão. Eu não queria que ela tivesse essa imagem de mim, era o meu fim. Era ali que acabava, era aqui que tudo chegava a um ponto final.Meus olhos pinicaram, eu queria chorar, depois de vários anos, eu queria chorar por deixar Ava e Lindy sozinhas. Não consegui, nem sequer, transformar Ava em minha mulher, apresente-la a minha mãe e dar o maldito jantar. Eu não a Reivindiquei como minha e sabe-se lá Deus o que fariam com ela agora, ela ainda era propriedade dos Plavov.Os eventos a seguir se passaram como um filme lento na minha cabeça. Minha mãe agarrou o colarinho da camisa de Vladimir, e puxou a arma de sua mão. Ele
Minha cabeça doia, meu corpo doia. Eu estava me sentindo preso, a dor no meu peito não queria passar.Jogado no chão do meu escritório, encarando uma estante de livros, eu passei os olhos pelo lugar. Os vasos, copos, garrafas e o que mais encontrei na minha frente estava jogado no chão, quebrado em milhares de pedaços, assim com a minha vida.A culpa me consumia por completo, o mundo estava caindo nas minhas costas. Eu assistia tudo como um filme, um filme ótimo mas com um final trágico.A porta foi aberta e tive o vislumbre de Ava entrando. Ela disse alguma coisa, mas ignorei completamente a sua presença, eu queria me afundar na minha própria solidão.— Nikolai. — Ela disse calmamente, se abaixando ao meu lado.— Me deixa sozinho. — Grunhi, bebendo todo o líquido da minha garrafa de whisky.— Não, eu não vou te deixar sozinho, eu vou ser a sua esposa. — Ela passou a mão no meu rosto e sorriu.— Pouco me importa, Ava. — Segurei sua mão, afastando-a do meu corpo. — Não vamos ser um cas
Ainda que eu tentasse me manter firme, saber que o corpo morto da minha estava a alguns metros de distância de mim, me destruía.Segurei os dedos de Ava sobre a minha palma e apertei levemente, deixando que ela soubesse da minha tensão.Era assustador que eu estivesse deixando Ava saber de tantas coisas íntimas, que eu estivesse dividindo tanto com ela.Uma lágrima teimosa escorreu pelo meu rosto, e um soluço insistente saiu da minha garganta. Eu senti o corpo magro de Ava me envolver me um abraço e seus sussurros, e eu desabei.Eu desabei mais uma vez e permiti que todos soubesse o quão fraco e frágil eu estava. Eu desabei com Ava e deixei que ela fosse a minha única proteção.Eu precisava desabar, eu precisava deixar que meu corpo fosse tomado pelo ódio repentino.— Niko, vai ficar tudo bem, ela está melhor agora. — Ava sussurrou e alisou as minhas costas.Eu sabia que sim. Eu sabia que me acostumaria com a dor, mas eu sabia que só ficaria tudo bem, quando Vladimir estivesse a sete