Minha cabeça doia, meu corpo doia. Eu estava me sentindo preso, a dor no meu peito não queria passar.Jogado no chão do meu escritório, encarando uma estante de livros, eu passei os olhos pelo lugar. Os vasos, copos, garrafas e o que mais encontrei na minha frente estava jogado no chão, quebrado em milhares de pedaços, assim com a minha vida.A culpa me consumia por completo, o mundo estava caindo nas minhas costas. Eu assistia tudo como um filme, um filme ótimo mas com um final trágico.A porta foi aberta e tive o vislumbre de Ava entrando. Ela disse alguma coisa, mas ignorei completamente a sua presença, eu queria me afundar na minha própria solidão.— Nikolai. — Ela disse calmamente, se abaixando ao meu lado.— Me deixa sozinho. — Grunhi, bebendo todo o líquido da minha garrafa de whisky.— Não, eu não vou te deixar sozinho, eu vou ser a sua esposa. — Ela passou a mão no meu rosto e sorriu.— Pouco me importa, Ava. — Segurei sua mão, afastando-a do meu corpo. — Não vamos ser um cas
Ainda que eu tentasse me manter firme, saber que o corpo morto da minha estava a alguns metros de distância de mim, me destruía.Segurei os dedos de Ava sobre a minha palma e apertei levemente, deixando que ela soubesse da minha tensão.Era assustador que eu estivesse deixando Ava saber de tantas coisas íntimas, que eu estivesse dividindo tanto com ela.Uma lágrima teimosa escorreu pelo meu rosto, e um soluço insistente saiu da minha garganta. Eu senti o corpo magro de Ava me envolver me um abraço e seus sussurros, e eu desabei.Eu desabei mais uma vez e permiti que todos soubesse o quão fraco e frágil eu estava. Eu desabei com Ava e deixei que ela fosse a minha única proteção.Eu precisava desabar, eu precisava deixar que meu corpo fosse tomado pelo ódio repentino.— Niko, vai ficar tudo bem, ela está melhor agora. — Ava sussurrou e alisou as minhas costas.Eu sabia que sim. Eu sabia que me acostumaria com a dor, mas eu sabia que só ficaria tudo bem, quando Vladimir estivesse a sete
O casamento é um contrato.Mas é muito mais que isso.O casamento é amor. É... compromisso.— Brooklyn Nine–NineO casamento. Eu nunca imaginei que me casaria e na verdade, isso nunca foi a minha prioridade. Eu não queria trazer mais alguém para as minhas merdas, eu não achava justo.Mas, era necessário, não era? Ava havia aceitado e a partir de hoje, seriamos marido e mulher. Esperava que a nossa boa convivência se perpétuasse. Ava era bonito, inteligente e engraçada. Eu acreditava que boa parte dela se remoia para aceitar que esse casamento seria seu passe livre e ao mesmo tempo, sentia o medo corroer as suas entranhas.Ela não tinha medo de mim, mas tinha medo deles.. tinha medo futuro. Ela tinha medo de que eu fosse deixa-la sozinha, mesmo que eu tenha jurado que cuidaria dela.Respirei fundo, eu ainda estava nervoso. Minha cabeça repassava todo o plano, a todo momento. Mas ainda assim, a necessidade de fazer Ava feliz estava presente. Ela estaria presa em mim pelo resto de sua vi
Abri a porta do quarto, deixando a brisa do mar e o calor do sol invadirem o quarto. Ava resmungou sobre a cama e se sentou, coçando os olhos.- Que horas são? - Ela resmungou.- Dez da manhã. - Respondi, me sentando ao seu lado.- Eu não quero sair da cama. - murmurou, se enrolando nos lençóis.- E não precisa. - me aproximei, beijando seu pescoço. - podemos ficar aqui e consumar nosso casamento.- É assim que vai funcionar? - Ela me afastou um pouco e encarou meus olhos.- Assim como? - levantei uma sobrancelha. - somos casados. Casais transam.- Eu sei, mas.. - Ela respirou fundo e passou a mão no rosto. - filhos, vamos tentar filhos?- Ava, eu sou o herdeiro, eu preciso ter filhos.. - eu comecei a explicar. - é a minha vida, e você faz parte dela agora. Temos que ter, no mínimo, dois filhos.- Dois? - ela mordeu o canto da boca. - tem certeza?- Você tem medo? - eu perguntei e ela assentiu. - não precisa, meu bem.- Mas, a gente vai tentar agora? - ela perguntou receosa.- A gente
— Olá a todos. — Vladmir disse, ajeitando o terno sobre o corpo. — Convoquei essa reunião, pois desejo discutir um assunto sério com os senhores.Me apoiei no braço da cadeira, apertando um pouco mais as mãos. O ódio que percorria as minhas veias e gritava para sair todas as vezes que olhava em seus olhos era grande. Era, claramente, perceptível que eu queria mata-lo.— Antes, meus parabéns, meu filho. — Ele sorriu sarcástico e encarou a câmera. — Ela é uma mulher, excepcionalmente, bonita.— E inteligente. — Completei, estalando meus dedos. — Achei que soubessem das minhas férias dessa vida. Queria que a minha mulher e eu tivéssemos um pouco de paz.— Esqueceu da regra, Nikolai? — Vladmir disse duro. — Você tem de estar disponíveis a máfia, mesmo que a sua esposa esteja dando a luz.— Está logo abaixo daquela regra que abomina homens que batem, traem e maltratam suas esposas. — Levantei uma sobrancelha.Ele respirou fundo algumas vezes e me ignorou. Sorri de lado, desviando meus olho
Ava me encarou novamente. Parecia confusa, enquanto engolia alguns morangos e percorria os olhos entre mim e a televisão.- Pode perguntar, Ava. - Disse, soltando um suspiro alto.- Eu não.. - Ela começou a dizer e eu a encarei entediado. Ava soltou todo o ar e por fim, começou a dizer. - Porquê ficou tão preocupado após ter recebido aquele bilhete?Minha cabeça trabalhou por alguns segundos, decidindo se eu deveria ou não contar a ela o que estava acontecendo.- Acho que eu preciso mesmo te contar, não? - Eu disse, me aconchegando ao seu lado na cama. - Igor Pavlov é meu primo, ele é filho do irmão falecido do meu pai.. - fiz uma pausa e encarei o teto. - digo, de Vladimir.. - corrigi. - Ele era uma boa pessoa, costumava ser um dos meus melhores amigos. Quando eu fiz meus dezessete anos, eu arrumei uma namorada, ela era linda e era legal, eu estava loucamente apaixonado por ela e faria qualquer coisa para me casar com Briana, se não fosse por Igor. - Fiz uma longa pausa, apertando os
A brisa fresca batia contra o meu rosto, enquanto eu observava as ondas crescerem e se desmancharem na beira da praia. A espuma branca tocava levemente os meus pés fazendo um arrepio correr pelo meu corpo quando eu sentia o frio tocar a minha pele.Olhei para o céu, encontrando o sol em seu topo, rodeado pelas mais diversas nuvens brancas como algodão doce. Os pássaros voavam pela imensidão azul, deixando o delicado céu um pouco mais agitado e preenchendo o ar com os seus cantos. Observei Ava emergir da água fria e sorrir para mim. Ela veio caminhando até mim, enquanto espremia seus cabelos e ria. O biquíni branco abraçando seu corpo, que para mim, parecia tão frágil. — A água está uma delicia. —Disse, chegando perto. — Que bom que gostou. — Sorri, entregando-lhe a canga azul,— Você deveria entrar. — Ela disse, enquanto fazia um nó com o tecido na cintura. —Não gosto de água salgada. — Dei os ombros. — Você não sabe o que está perdendo. — Brincou. — Estou morta de fome, podemos
Nikolai. As coordenadas chegaram pouco depois de eu ter me levantado. Me vesti com uma calça, sapatos e uma blusa social e sai do quarto, batendo a porta atrás de mim. — Cuidem de Ava. — mandei. — se algo acontecer com ela, suas famílias irão pagar.. e caro. No momento, a segurança de Ava era mais importante que qualquer porra de máfia, ela era a minha esposa afinal. Respirei algumas vezes, tentando me manter calmo, seja lá o que fosse, era o meu trabalho e eu tinha que cumprir. Chequei o porta luvas e tirei a arma de dentro, checando as balas antes de voltar a minha atenção para frente e dar partida no carro. Liguei o GPS, pegando a primeira via que encontrei. O lugar não era tão longe, ficava a quarenta minutos de distância e se eu corresse, apenas vinte. Pisei fundo no acelerador, enquanto tentava ler algumas mensagens que Dimtry enviava. Aparentemente, Gregório Solano — um dos homens que trabalhava para a máfia e guardava informações importantes — havia trocado