Eram aproximadamente nove da noite. Segurei a mochila com um pouco de força e olhei para os lados.
As ruas movimentadas do Brooklyn pareciam vazias agora, eu podia sentir o vento gelado batendo contra o meu corpo.
O crime estava terrível, então, orando para todas as entidades presentes no mundo, corri pelas ruas.
- Ei, mocinha. - Ouvi a voz grossa de um homem e me apressei ainda mais.
- Pare ai, docinho. - Ele riu perverso.
O medo me invadiu, um calafrio percorreu toda a minha espinha, enquanto eu corria pelas ruas. Meu Deus, me ajuda!
Olhando para frente, conseguia ouvir os passos do homem se aproximando. Senti a minha mochilas ser puxada para trás junto com o meu corpo e gritei alto.
Suas mãos foram para o meu rabo de cavalo, que ele puxou com força.
- Socorro, por favor. - Berrei.
- Solta a garota. - Uma voz grave ecoou pela rua.
Me debati mais um pouco nos braços do homem e o empurrei. Um disparo foi ouvido, então o peso do homem caiu sobre mim, antes de ser jogado ao chão, com os braços abertos.
- Ai, meu Deus. - Eu disse alto.
O homem estava morto. Seu corpo imóvel e seus olhos abertos, encarando o nada haviam acusado isso.
- Ava Bolwman? - O homem perguntou.
O encarei por alguns segundos, e engoli o seco. Seja esse homem quem fosse, havia atirado nesse homem e podia atirar em mim também.
Assenti, sentindo o medo invadir todo o meu corpo.
- Você tem que vir comigo. Agora. - Ele disse sério e se aproximou, me puxando pelo braço.
Voltei a me debater, e fui jogada na parte de trás do carro. O carro deu partida rapidamente, enquanto o homem me amarrava e amordaçava no banco de trás.
- É a última? - O motorista perguntou e olhou para trás.
- A última, pode avisar ao Don. - Ele disse, enquanto pegava uma seringa.
Me mexi um pouco, tentando me soltar das cordas e do meu braço amarrado, em vão.
- Você só vai dormir, garotinha. - Ele murmurou, aplicando todo o líquido no meu pulso.
Me mexi mais um pouco, tentando me soltar. Em vão. As lágrimas molhavam o meu rosto e o pano, o desespero percorria todo o meu corpo. Eu quero sair daqui, eu quero ir para casa.
Meu corpo amoleceu sobre o banco e eu me entreguei a escuridão.
- Coma logo isso, garota. - Um dos homens disse.Senti a bile subir a minha garganta e empurrei a bandeja para longe.
- Não quero, e me deixa em paz. - Gritei.
Ele me encarou furioso e fechou as mãos do lado do corpo.
- A sua sorte, é o chefe precisa avaliar a mercadoria inteira. - Ele apontou o dedo no meu rosto e se aproximou. - Depois disso, garota, você vai se arrepender de ter nascido. Aqui, você não é nada, apenas mais um objeto, sua imunda.
- Que foi? Não gosta de ser enfrentado? - Eu ri. - Nem mesmo chefe você é, seu inútil.
- Eu vou acabar com você. - Ele rugiu. - Te destruir e então, você nunca mais vai querer chegar perto de outro homem.
- Prefiro ser morta com cinco tiros na cara, a estar embaixo de você algum dia, seu nojento. - Cuspi no seu rosto.
Ele se afastou e limpou a bochecha com a manga da sua blusa. Seus olhos furiosos me fitaram, enquanto ele se levantava e saia da sala, fechando a porta de ferro.
Me inclinei um pouco mais no chão frio e encarei o teto.
O que eu estou fazendo nesse lugar?
A reunião do conselho era comum, Vladimir costumava chegar raivoso em casa depois delas, e como sempre, descontava em mim e em minha mãe.A questão, era que eu estava participando dessa vez, junto com Dimitry. Engoli o seco e encarei os demais, esperando que seu discurso fosse iniciado.- Bom, vamos começar. - Ivan Nikolaev, o consigliere se pronunciou.- Sejam bem vindos a mais uma reunião do conselho, hoje, viemos decidir o futuro da máfia. - Serguei se levantou e abotoou seu blazer.- Como sabemos, o herdeiro, Nikolai Pavlov, têm o direito de receber o império do pai assim que ele morrer, sejam quais forem as circunstâncias. - Ele explicou. - E assim, sucessivamente, se Nikolai morrer, um dos filhos vai herdar, e é por isso, Nikolai, que você precisa se casar..- Eu preciso me casar? - Levantei minha sobrancelha.- Exatamente. - Anton Morozov, capi disse.- E o mais indicado é que se case com uma das filhas dos homens da máfia. - Está foi a vez de Maksim Gorky.- E, me corrijam se
— Pode confiar em mim. — Sussurrei.Ela assentiu e se encolheu um pouco. Tirei o blazer e coloquei sobre o ombro dela.— Vamos, eu vou tirar você daqui. Agora. — ela segurou meu braço e pude sentir o seu corpo tremer um pouco.Saímos da sala a passos vagorosos, ela olhou para os lados, como se tivesse medo do que pudesse encontrar. Peguei o celular do meu bolso e caminhei com ela até a escada.— Suba! — Mandei.Ela me encarou por alguns segundos, antes de começar a subir devagar e com cuidado. Parecia estar fraca."Onde está?" — Dmitry"Na mansão, pegue o meu carro, Lindsay e me espere na saída. Chego em cinco minutos.",A casa estava bastante silenciosa, se passavam das onze da noite. Me perguntei porque essas reuniões ocorriam tão tarde. Ignorando todo o resto, puxei a garota por todo o jardim, até o extenso corredor que eu havia atravessado antes.Ela se parecia com um gatinho assustado, com as suas unhas grudadas no meu braço e seu corpo tremendo, enquanto ela me encarava, confusa
Acordei cedo, e me sentei na cama. Era confortável, muito mais do que a minha. O quarto era espaçoso e bem iluminado. A vista da piscina era esplêndida, era como se eu estivesse acordado de um sonho.Eu não sabia ao certo o que tinha me feito parar aqui, apenas as vagas coisas que Iuri havia me contado. Eu tinha uma ficha, ele era obcecado por mim.Meu pai, um homem de aproximadamente cinquenta anos, devia uma grande quantia de dinheiro a máfia russa - o que me leva a questão, como ele chegou tão longe? - e acabou me entregando como moeda de troca, até que conseguisse todo o dinheiro para pagar.Mas, mesmo que a dívida fosse quitada, eu sabia que jamais voltaria, eu provavelmente, morreria antes.Nikolai, o homem que havia me reenvidicado - por assim dizer - era muito bonito. Lindsay havia me dito que ele tinha vinte e oito anos e era o herdeiro dos Pavlov, estava sendo treinado para ser como o pai, Vladimir.Ele era o homem de mais cedo, aquele que disse que logo Nikolai enjoaria de
Ava estava nervosa, eu podia sentir. Desde o primeiro momento que nós nos encontramos.Durante a noite, sonhei com Ava. Ela estava linda em um vestido azul rodado, correndo pelo jardim da minha casa, enquanto ria. Lindy estava lá também, dizendo que havia avisado.Após acordar, pensei nas milhares de possibilidade e cheguei a conclusão de que eu deveria me casar com Ava. Além de deixar meu pai irritado, não teria ao meu lado as filhas dos mafiosos – mulheres, que em sua grande maioria, são criadas para servir e, algumas vezes, matar seus maridos. – e salvaria ambas – lindy e Ava – de futuros incertos e dolorosos. Eu podia nunca ama-la, mas jamais a trataria como Vladimir, o meu pai, tratava a minha mãe.Todo esse pensamento me levou a Vladimir, a vários anos atrás, quando eu o chamei de pai pela última vez. Era estranho pensar que nunca tive uma figura paterna, e que ao invés de ingressar na faculdade, matei o meu primeiro homem com dezenove anos.Ava estava sentada na minha frente, s
Desci do meu carro, sentindo o cheiro do sangue misturado com o meu perfume. Eu precisava de um banho.— Lavem meu carro, tem sangue dentro. — Avisei, entregando a chave para Lev. — Tome cuidado com ele, Lev, sabe que é o meu xodó.— Relaxa, Nikolai. — Ele sorriu e pegou as chaves. — Eu vou cuidar dele, pode ficar tranquilo.— Como estão sua esposa e sua filha? — Perguntei, enquanto colocava as mãos no bolso.— Ótimas. — Ele sorriu. — Um dia trago a Kiara para que você possa conhecer.— Eu adoraria. — sorri. — agora, preciso mesmo entrar, tirar essa roupa com sangue e tomar um banho.Lev assentiu e entrou no carro, virei e entrei na casa.Ava e Lindy estavam sentadas sobre o sofá, enquanto assistiam a um filme qualquer. A sala estava escura, e pude ouvir as suas vozes enquanto tentava fechar a porta sem fazer barulho algum.Andei vagarosamente até as escadas e comecei a subir os degraus lentamente. Não queria responder a nenhuma pergunta.— Achou mesmo que a gente não veria você? — Li
As batidas frenéticas na porta do meu quarto me acordaram e só então, percebi que havia caído no sono. Passei a mão no rosto e me sentei.- Quem é? - Resmunguei.- Lindsay, venha rápido. - Ela disse alto, enquanto esmurrava a minha porta. - Por Deus, venha logo, preciso de ajuda.Me levantei em um pulo e peguei a arma dentro da primeira gaveta da mesa de cabeceira. Escondi nas costas e andei vagarosamente até a porta. Podiam estar fazendo Lindy de escudo ou algo do tipo.Destranquei e abri lentamente encontrando uma cabeleira loira e agitada. Seu rosto estava vermelho e sua respiração acelerada. Não demorou muito para que gritos fossem ouvidos do andar debaixo.- Você é uma cadela, eu vou acabar com você. - O forte sotaque russo de Brenda denunciava tudo.Suspirei frustrado e andei rapidamente até o topo das escadas. Brenda estava sendo segurada por um segurança, enquanto Ava se mantinha encolhida no sofá. Seus cabelos estavam embaraçados e seus braços vermelhos.- Que porra está acon
Nikolai.Lindsay analisava meus dedos cortados cuidadosamente, enquanto tagarelava sobre algo desinteressante.Me sentia no automático, eu só queria sumir. Eu queria que ela sumisse, eu queria gritar para que ele calasse a porra da boca, mas era Lindy. Ela havia me salvado tantas vezes.- Onde ela está? - Perguntei, cortando o assunto.- No quarto.. - Ela deu uma pausa e me encarou. - Com medo.- Droga. - Murmurei quando o remédio foi espirrado na minha palma.- Isso é tudo culpa sua, não deveria sair quebrando vasos por aí. - Ela reclamou e eu revirei os olhos.- Eu sou bem crescido para receber lições de moral, não acha, Lindsay? - Puxei a minha mão com força, irritado. - Eu sei o que faço e como faço na porra da minha casa.- Se eu estou falando é para o seu bem. - Ela disse grossa, seus olhos azuis encarando os meus. - Você é um imbecil, Nikolai.Lindsay se virou e começou a subir as escadas, me deixando sozinho na sala. Terminei de enfaixar a minha mão e guardei a caixa na cozinh
Encarei os olhos do maldito a minha frente, pensando em mil maneiras de mata-lo sem machucar a minha mãe, mas nenhuma delas me entregava um fim satisfatório.- Diga as suas últimas palavras, Nikolai. - Vladimir se aproximou mais um pouco, chegando bem perto do meu corpo.Engoli o seco, implorando para os céus que minha mãe corresse dali, que ela não me visse estirado no chão. Eu não queria que ela tivesse essa imagem de mim, era o meu fim. Era ali que acabava, era aqui que tudo chegava a um ponto final.Meus olhos pinicaram, eu queria chorar, depois de vários anos, eu queria chorar por deixar Ava e Lindy sozinhas. Não consegui, nem sequer, transformar Ava em minha mulher, apresente-la a minha mãe e dar o maldito jantar. Eu não a Reivindiquei como minha e sabe-se lá Deus o que fariam com ela agora, ela ainda era propriedade dos Plavov.Os eventos a seguir se passaram como um filme lento na minha cabeça. Minha mãe agarrou o colarinho da camisa de Vladimir, e puxou a arma de sua mão. Ele