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Capítulo 02: A chegada

Inspirei absorvendo o cheiro atmosférico singular. O mar estava salgado e o céu estava um azul intenso de poucas nuvens. O vento estava um pouco gelado, lembrando-nos de que aquela ilha vulcânica era famosa por suas águas termais.

Com os cabelos presos em uma trança, segurei na mão grande e quente de Piersanti descendo as escadas do traghetto que nos trouxe até o porto. Ajeitei a jaqueta sobre meus ombros. Atrás de mim, Gianna prendia seus cabelos contra o vento e Surya deixava seus cachos balançando de um lado para o outro sem se importar.

Que horas são? — Perguntei para o soldado.

Chegamos com quinze minutos de antecedência, signora. — Piersanti respondeu firme. — Já confirmei as reservas no hotel, como pediu.

Sorri em agradecimento e terminei de descer as escadas. Para chegarmos em Ischia temos que descer no aeroporto em Nápoles e escolher por qual forma chegaremos na ilha. Claro que escolhemos o barco, assim apreciamos a bela vista para o imponente Vesúvio antes de chegar ao porto.

Já podia ver os carros blindados com os milhares de segurança que tinham sido chamados para me escoltar. Contei cinco veículos repletos de soldados. Suspirei com resignação, é claro que eu não poderia normalmente com os famosos tuk-tuk que ficavam disponíveis para os turistas.

Minha chegada não passaria despercebida pela máfia. Não depois que os convites para o casamento haviam sido enviados e todos sabiam o nome da mulher que se casaria com o futuro chefe da Giostra. Acirraram bastante a segurança para cima de mim, especialmente depois do atentado que deixou Cosima incapacitada. Claro que eu não estava entusiasmada com a restrição de liberdade, mas convenhamos, é para meu bem-estar, eu seria negligente se agisse como uma garotinha mimada e rebelde que não aceita o berço de ouro (e sangue) no qual nasceu.

Empurrei a trança para trás e fui caminhando para os carros. Muitos homens e algumas mulheres estavam do lado de fora vestindo seus ternos e armados de rifles e pistolas, com pontos de escuta. Não teria como eu descer em um porto normal sem me parecer com uma maldita princesa árabe!

Ai, que bom, está sol! — Gianna comemorou. — Já me imagino deitada em uma espreguiçadeira luxuosa na paradisíaca praia de Ischia.

Vou avisar Andrea que já cheguei. — Surya pegou o celular de sua bolsa marrom, me fazendo revirar os olhos.

Os homens da máfia ficam sempre nos controlando e antes mesmo de eu sentar no interior do carro blindado dois soldados acionaram os pontos de escuta. Um deles estava falando com um sotaque sulista italiano sobre o fato de que eu tinha chegado em segurança. Imaginei que essa notícia iria correr os sistemas internos da máfia até atingir os ouvidos de Maestro Baroni. Era o primeiro indício de mudanças radicais na minha vida: eu deixaria de ser uma Palazzo-Mantovani para ser uma Baroni, não seria mais meu pai e nem minha mãe os responsáveis pelo meu bem-estar.

Dois soldados vieram com a gente. Piersanti coordenou os restantes e fomos escoltadas até o hotel. Não falei muito, apenas fiz silêncio enquanto minha futura cunhada informava o meu irmão.

Esse lugar é lindo! — Gia estava suspirando ao meu lado encarando a janela com muita curiosidade.

Vamos tomar um banho de argila? — Surya perguntou com o celular na orelha, animada. — Não estava falando com você, meu amor! Com as meninas, quem mais?!

Minha mãe agendou alguns tratamentos para nós, Surya, vai ser o máximo. — Gianna continuou. — E vai deixar sua pele maravilhosa para o casório, Maestro Baroni vai desmaiar quando te ver!

Acha que ele vai querer me ver só no altar? — Perguntei com um aperto no coração.

Non so, Firenze, non so. — Gianna me deu um olhar verde-claro preocupado.

Tá, eu confesso. É difícil quando se trata de um casamento arranjado que você sabe que não pode se dar ao luxo de conhecer alguém por acaso naqueles clichês de filmes americanos ou de livros. Sei que não vai ser um romance delicado, mas gostaria de que não fosse um extremo, entende? Que Maestro Baroni fosse um homem decente e não um desses malditos machistas que marcam a palma de sua mão no rosto de suas esposas. Nesse ponto, meus pais foram muito indulgentes comigo e eu seria uma mentirosa se dissesse que não estou preocupada com meu futuro.

Fiquei olhando pela janela. Pouca parte de Ischia ainda mantém o aspecto original da cidade, onde fica o centro histórico, o restante é bem moderno, incluindo os hotéis maravilhosos. Chegamos na recepção do hotel que tinha o aspecto de uma pousada provençal e os funcionários já nos esperavam. Pegamos as chaves e corremos para nossas suítes.

A suíte que estava reservada para mim seria a que eu me hospedaria até o dia do casamento. Luxuosa, mas não a melhor (o terraço estava reservado com antecedência para os meus pais, claro). Tinha uma decoração ao mesmo antiquada e moderna, com uma varanda bonita para tomar café da manhã com vista para o mar.

Em cima da cama já estava uma bandeja com docinhos, um vinho e flores, em nome de Maestro Baroni. Um presente como aquele não me surpreendeu, para ser sincera, eu estava mais impressionada que aquelas orquídeas brancas estavam ali em vez de rosas vermelhas. Aparentemente meu futuro marido era um homem mais preocupado em impressionar com requinte do que demonstrar afeto.

Sentei-me na beirada e peguei o bilhete, mirando a caligrafia genérica da loja. Estava escrito: “Passo dopro passo, mano della mano. Benvenuti.” Eu não sabia dizer se era romântico ou formal.

Suspirei com chateação. Esse casamento estava começando a me frustrar e as expectativas me deixavam nervosa. Não poder escolher o seu noivo e nem como vai ser o seu “grande dia” pode enlouquecer uma noiva, estou dizendo!

Eu não sabia de nada que Dona Arminda havia planejado. É regra que as sogras participem ativamente da escolha do casamento, é tido como uma forma de recepcionar a nova integrante da família e embora Dona Arminda sempre tenha feito eu me sentir bem-vinda nas negociações familiares, não convivemos, vai que ela tivesse raiva de mim por qualquer motivo? Meus pais são poderosos, mas não quer dizer que eles não possuem rivais dentro da Giostra.

Surya que se deu bem, mamãe deixou ela escolher todas as coisas do casamento: o destino da lua de mel, a localidade do casamento, em qual igreja seria e quais músicas tocariam na cerimônia. Eu fiquei a mercê da sogra.

Larguei o bilhete sobre as flores e abri a mala em cima do tapete decorativo azul. Na Itália é comum hoteis não serem ultra-espaçosos como em outros lugares do mundo, eu estava contente que aquele quarto era grande o suficiente para ter banheiro privativo e uma ante-sala que dava vista para a enorme varanda.

Peguei meu biquíni florido azul e amarelo, que havia deixado sobre todas as coisas em uma necessaire já sabendo que esses seriam os planos (curtir a piscina termal). Despi-me com pressa, jogando as roupas em cima da cama, então ouvi a janela se fechando, um soldado resmungando qualquer coisa, certamente constrangido. Ai, totalmente me esqueci de que agora até minhas janelas ficavam cercadas!

Coloquei o biquíni e arrumei uma bolsinha com protetor solar, câmera fotográfica e o meu celular. Amarrei uma saída branca na cintura e finalmente troquei os saltos por uma rasteirinha. Eu sempre uso salto, não acho assim tão ruim, mas estava com os pés cansados da viagem e curtindo o jet lag, aquele fenômeno que deixa o nosso corpo mais cansado que o normal.

Encontrei minhas amigas ainda no corredor, Gianna exibia o seu corpo marrom com um belíssimo modelo comportado de maiô retrô e uma saia de crochê, já Surya, como toda brasileira, usava um modelo de amarrar que deixaria Andrea pirado. As duas tinham chapéu em suas cabeças e óculos escuros no rosto, apesar de estarem ainda dentro do hotel.

Recebi flores. — Anunciei, dando uma olhada para trás. As meninas esticaram seus pescoços tentando ver. — Não sei o que ele quis dizer me mandando orquídeas brancas.

São flores usadas para recepcionar pessoas. — Surya disse, se recostando na parede. — Veio bilhete?

Passo a passo, de mãos dadas. — Contei.

Surya apenas descolou os lábios sem saber o que dizer e Gianna deu uma risadinha, enganchando seu braço com o meu e me puxando para o elevador:

Já liguei na recepção e exigi os melhores drinks de limoncello da ilha.

Tudo naquele hotel era antiquado e luxuoso. Um certo requinte retrô. O aroma ambiente era uma mistura de lírios com produtos de limpeza. Ouvi um barulho e percebi Piersanti se aproximando, ajeitando a arma preta no coldre, ele parou assim que nos viu e desviou o rosto, constrangido. As meninas riram.

Pode olhar, viu? Só não pode tocar. — Surya avisou, jogando o quadril para o lado, sua bunda inteira estava de fora, a canga estava dentro da sacola transparente.

Olha, pode me tocar inteira, não ligo. — Brinquei.

E perder a mão se fizer isso. — Gianna completou.

Senhoritas. — Ele quase não conseguia respirar, segurando a porta para nós. Não sei se estava se sentindo ameaçado ou com tesão.

Adentramos o elevador e Piersanti veio logo atrás, mantendo os olhos azuis em seus sapatos. Eu e Gianna trocamos aquele olhar e os risinhos de Surya logo surgiram. Os soldados da máfia ficavam sempre assim em relação a todas nós, afinal, somos mulheres bonitas e com uma genética boa, porém, intocáveis.

Chegamos no térreo e Piersanti foi o primeiro a sair, nos escoltando. Os soldados arregalaram os olhos ao nos verem e Piersanti chamou a atenção de todos com um assovio, fazendo os homens desviarem o rosto e os olhos, alguns olhara para o chão outros para o teto e uns mais temerosos, cobriram os olhos com as mãos. Algo que não apreciei, quer dizer, eu gosto de chamar atenção.

Não seja estraga prazeres, Piersanti. — Rosnei.

Meu trabalho é protegê-la, signora e isso inclui dos olhares dos soldados. — Ele endureceu o rosto, sério.

Quem ordenou isso foi meu pai, não é? — Perguntei. Papai sabe ser um estraga prazeres às vezes.

Signore Baroni. — Ele colocou as mãos para frente, segurando aquela coisa que devia ter entre as pernas, embora eu já duvidasse disso.

Revirei os olhos e segui minhas amigas pelo saguão, nossos chinelos batendo contra o assoalho. Os funcionários locais do hotel também não estavam nos olhando, parecia que nosso corpo era uma ofensa a todos eles, mas isso porque caso ousassem olhar para nós, esses soldados ou funcionários poderiam receber o pior tipo de reprimenda e eu não queria ser culpada pela “morte acidental” de ninguém. Quando se é filha de Santino Mantovani você aprende a lidar com o pedestal de ouro e a cúpula de cristal ao redor de você, porém, eu estava incomodada por aquela cúpula ter sido colocada por outra pessoa que não o meu pai.

Deitei na espreguiçadeira e a primeira coisa que fiz foi pegar o protetor solar, enquanto Gianna correu para o bar e voltou chupando o canudo de um drink de limão siciliano. Surya tirou algumas selfies, aposto que estava mandando para Andrea para provocá-lo. Passei calmamente o protetor na perna, nos braços, na barriga.

Passa nas minhas costas? — Virei para Piersanti que estava suando no sol.

Melhor não. — Manteve os olhos no céu azul.

Se não for você, será qualquer outro. — Ameacei com o protetor solar na direção de outro soldado. — Ei, você!

Deixe comigo. — Piersanti deu um sorriso amargo e pegou o tubo de protetor solar, esparramando na mão um pouco.

De longe, Gianna me deu aquele olhar repressor, mas deu meia volta e se aproximou do bar de novo, fugindo da situação. Surya não ligou, estava ocupada com as selfies.

Virei de bruços empinando o bumbum para deixar Piersanti desconfortável e senti o creme gelado. Suas mãos me tocaram de leve, sem o menor desejo, passando o creme na parte superior das costas. Fechei os olhos.

Hmm, que delícia. — Fiz com a voz mole, para parecer que era uma massagem. As mãos dele se afastaram e eu senti mais creme no corpo, passando mais para baixo. Sabe que parecia que ele estava pondo creme demais, talvez estivesse nervoso! — Ui, que gelado! — Soltei uma risadinha e abri o biquíni nas costas. — Passa direito, quero ficar sem marquinha!

Ouvi tiros para o alto e levei um susto, abrindo os olhos de forma imediata. Sentei-me na espreguiçadeira segurando o biquíni com as mãos nos seios, ouvindo os gritos de minhas amigas. Gianna berrou sentada na banqueta, derrubando o drink e o barman ergueu as mãos para cima da cabeça. Surya derrubou o celular na água, soltando em seguida um palavrão em português. Os soldados não se mexeram e Piersanti soltou o tubo de protetor deixando-o cair no chão entre seus pés, espirrando o creme alaranjado no assoalho. Os invasores já nos cercavam e dois deles tinham as pistolas na direção do meu guarda-costas. Uma fila de soldados se formou, dando passagem para um homem. Meu coração saltou. Um inimigo? Será?

Porca miseria! — O homem de olhos castanhos escuros esbravejou, fazendo uma careta de raiva. Havia uma aura densa sobre ele, refletida no enrijecer muscular de todos os soldados.

O silêncio cortou o ar entre nós. O único som era do mar atirando-se contra as pedras atrás do hotel e senti a força do sol incomodar meus ombros pela primeira vez naquela tarde. Meu coração batia forte, parecia querer saltar pela boca e o homem não me encarou, mas sim a Piersanti.

Signore Baroni. — Piersanti endureceu mais que cimento, com as mãos no alto em frente ao corpo.

Abri os olhos surpresa e não segurei o suspiro. Aquele era Maestro?! Meu futuro marido? Senti uma espécie de soco no alto do estômago.

Analisei-o, deslizando os olhos por todo o seu corpo com uma curiosidade louca que fez o meu coração disparar ainda mais depressa. Seus olhos intensos pareciam derramar ácido, a calça jeans cinzenta agarrava suas coxas torneadas e a camisa clara deixava uma silhueta translúcida e masculina contra a luz do sol. Seu rosto era simétrico de um jeito bonito e mais jovem do que imaginei, seus cabelos eram de um tom castanho bem escuro e apenas a barba rala parecia um pouco grisalha no queixo. Maestro Baroni tinha algo de selvagem, talvez fosse a forma perigosa com que ele segurava a pistola cromada empunhada para meu soldado, os músculos do antebraço pareciam de pedra.

Até que não era mal, quer dizer, para um homem com mais de trinta anos. Exceto que a barba rala deixava-o com um ar um tanto desleixado, não o tipo de pessoa que você imagina estar no topo de toda uma organização trilionária.

E o que diabos ele estava fazendo aqui?

O que você está fazendo, bastardo? — Esbravejou na direção de Piersanti com a arma em punho. — Quer que eu te corte as bolas de uma vez?

Meu coração gelou. Não era exatamente como eu imaginava conhecer o homem com quem eu tinha que me casar, ele parecia brutal, mas de um jeito bom e excitante. O anel dourado com o símbolo magno da Famiglia Giostra estava em seu dedo indicador brilhando com a luz solar.

Creio que não haverá necessidade, signore, eu sou totalmente gay. — Piersanti falou.

Os soldados resmungaram, alguns riram. Eu fiquei boquiaberta. Abri a boca em surpresa, por essa eu não esperava, mas agora muitas coisas faziam sentido e ele realmente não parecia ter se excitado em nada com o fato de ter passado bronzeador nas minhas costas.

Como vou ter certeza? — Maestro perguntou indigesto.

Pode pôr a mão se quiser comprovar… Quer dizer, melhor não. Se for você, não garanto nada. — Audacioso, Piersanti respondeu, porém, pareceu se arrepender rapidamente. — Scusa, scusa, signore! Eu sou Piersanti Segni, sou guarda-costas pessoal da Srta. Palazzo-Mantovani, não tenho intenções de ofender, apenas de auxiliá-la.

Se quiser, Signore, eu mesmo acabo com esse cara. — Um soldado por trás de Maestro sugeriu, estalando as juntas dos dedos com um som cadencial. Vi o terror se instalar nos olhos de Piersanti e temi por sua segurança.

Saiam todos. — Massageando as têmporas com a pistola cromada na mão, Maestro ordenou a saída dos guardas, fazendo-os apenas com duas palavras guardarem seus rifles e girarem em suas botinas. — Você também, sparici.

Piersanti deu um passo para o lado meio aliviado por não perder suas bolas, eu o vi suspirar. Gianna pulou os cacos de vidro e os soldados obrigaram o barman a deixar seu local de trabalho. Surya pulou da piscina com seu celular encharcado, um soldado rapidamente trouxe uma toalha e ela se enrolou.

Fiquei segurando os peitos enquanto todos nos deixaram. Maestro guardou a pistola no coldre por cima da camisa clara e passou a mão na barba rala. Ele me encarou com os olhos estreitos, parecia estressado. Mas eu não sou do tipo que fico intimidada facilmente.

Ma che, Maestro, está maluco? — Fiquei em pé amarrando o biquíni nas costas e rapidamente prostrada. — Não pode simplesmente invadir o hotel em que estou hospedada e expulsar minhas amigas da piscina!

Claro que posso. — Ergueu as sobrancelhas não se impressionando com minha boca dura. — Especialmente quando minha noiva resolve agir como uma vacca tirando o biquíni para qualquer um.

Não me ofenda! — Ergui o braço e ameacei dar um soco nele.

Não me ofenda. — Revoltado, ele segurou firme o meu pulso demonstrando sua força.

Seus dedos apertavam firme em um toque quente e bruto, uma lufada de ar ergueu o perfume arenoso em suas roupas jogando para cima de mim, mas seus olhos cheios de emoção que me surpreendiam. Normalmente, mulheres na máfia não saem por aí desafiando seus noivos ou erguendo a voz, mas ele não ia me dar um tapa, caso contrário eu o afogaria na piscina e ele teria que se explicar para a Marquesa de Norte-Itália.

Eu estava um pouco em choque e por isso, não reagi como normalmente reagiria em uma situação parecida. Não esperava que Maestro fosse tão gato e para ser sincera, eu já esperava que qualquer homem a segurar o cargo de meu noivo fosse tentar me controlar. Puxei meu braço com brusquidão, mas ele não se moveu, porém percebendo minha raiva, soltou meu pulso, segurei com a mão onde antes a mão dele estava. Doeu! Que maldito!

Vá colocar uma roupa decente, Firenze. — Ordenou.

Você não tem o direito de escolher que roupa eu vou vestir ou deixar de vestir. Vai fazer o quê? Atirar em todos os soldados que cruzar o meu caminho?! — Retruquei.

Não me provoque. — Rangeu os dentes bravo.

Maestro era alto, forte, eu ficava mais ou menos da altura de seus ombros sem saltos e isso era um pouco intimidante. Eu não queria vê-lo fora de controle no primeiro dia, no primeiro encontro. Engoli em seco os palavrões atravessados que eu queria soltar.

E que roupa você quer que eu vista, por obséquio, meu senhor? — Cruzei os braços.

Algo bonito que não faça você parecer uma prostituta. — Cuspiu. Ergui as sobrancelhas impressionada com sua capacidade de me ofender — Vou levar você para jantar fora. — Decretou.

E se eu não quiser jantar fora com um bruto como você?

Você quer. — Respondeu em seco. — Esteja pronta em uma hora, esperarei na recepção.

Maestro me apontou a saída da área externa do hotel e peguei minha bolsa com as coisas. Obedeci, como qualquer mulher em minha posição faria se tivesse um mínimo de bom-senso.

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