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Capítulo 03: Primeiro Encontro

Ninguém me ofende e sai ileso nessa equação. Eu estava decidida a tornar aquele primeiro encontro em um maldito inferno para Maestro.

Demorei cerca de uma hora para tomar banho e mais outra hora para me arrumar. O chá de cadeira refletiu-se em um silêncio brutal no carro. O Bugatti Chiron azul e preto percorria as ruas de Ischia apressado, cortando o vento e largando o barulho típico do motor, o perfume arenoso de Maestro competia com a maresia noturna, mas ambos faziam meu nariz coçar.

Uma caravana nos seguia, é claro, os soldados contratados. Pela janela eu via o céu brilhante e o mar revolto e escuro, como o meu humor. Eu mordia de vez em quando a bochecha, pensando em tudo o que havia acontecido.

Piersanti foi poupado. Parece que alguns homens testemunharam que ele era realmente gay. Sei que foi estritamente interrogado, tanto que quando eu saí do quarto do hotel não era ele que estava guardando minha porta, até perguntei sobre ele, mas o soldado careca com cara de maníaco apenas estalou os dedos daquele jeito insuportável e sorriu. Ouvi alguns guardas comentando o assunto, estavam chamando Piersanti de “sparici” pelas costas e eu tinha certeza absoluta que o apelido ia pegar. Senti-me um pouco culpada e esperava que o assunto fosse abafado, pois se chegasse aos ouvidos de meus pais eu levaria uma bronca daquelas!

O ar-condicionado queimava minha pele e eu deslizei as mãos nos braços tentando amenizar a temperatura. Meu corpo chacoalhou com a curva abrupta, Maestro dirigia como um irresponsável enquanto eu tentava não admitir para mim mesma o quanto ele tinha me impressionado. Quer dizer, o filho da puta era um gato, tinha coxas grossas quase rasgando a calça jeans cinza escura e o perfume intenso como a maresia do mar me deixava zonza. Porém, eu não queria me levar pelas aparências. Ser bonito não quer dizer que Maestro seria um marido gentil, a começar por me chamar de vagabunda e por achar que meu corpo pertence a ele. Maestro era bonito, mas era como todo outro homem nojento da máfia: um chauvinista.

Tomei aqueles segundos para observá-lo com o canto dos olhos, ele tinha trocado de roupa depois que nos encontramos, então tê-lo feito esperar não foi exatamente tão eficaz. Enquanto eu estava com um vestido azul colado no corpo e uma fenda que ia até a coxa, Maestro se vestia de forma despojada e ao mesmo tempo, discreta. Seus cabelos escuros tinham ondulações sedutoras, mas nada se comparava àquele anel em seu dedo, que de vez em quando ele batia no volante criando um estalido seco e despretensioso.

Você não olharia para ele andando pela rua e diria que é um maldito trilionário, com as mãos sujas de sangue, estou dizendo. Estar ao lado de Maestro era inclusive confortável, havia algo em seus olhos escuros que eram intensos como o céu da noite cheio de estrelas e o sorriso sarcástico que as vezes ele punha para enfeitar o rosto era uma misericórdia. Mas eu não ia ficar molhada com um machista. Ah, não ia. Eu iria tornar a vida dele um inferno.

Cansada daquele silêncio pesado que dominava o veículo, descruzei os braços e empurrei o dedo contra o botão de power do rádio. Acendeu em luzes verdes e o som explodiu contra os alto-falantes. Não reconheci a música.

Porca miseria! — Xingou.

Por um instante nossos dedos brigaram enquanto ele quase perdia o controle do carro fazendo-o sambar pela pista. Ele diminuindo o volume e eu aumentando, ele desligou o rádio e eu religuei, querendo ouvir a música. Era um rock do jeito que eu gostava e o volume alto nunca me incomodou. Se ele dissesse que era o tipo de coisa que gostava de ouvir, eu ia molhar a calcinha certamente!

O que é isso? Costuma ouvir música alto assim? — Perguntei curiosa enquanto ele finalmente conseguiu abaixar o som.

Cale a boca. — Irritou-se.

Oh, não me mande calar. — Irada, aumentei ainda mais o volume estourando os alto-falantes. Eu não me importava se ele tivesse que colocar o carro na oficina para consertá-lo, eu só queria provar o meu ponto!

A briga de dedos recomeçou por uns instantes. Dei uma larga risada divertindo-me e finalmente deixando-o vencer aquela batalha antes que batesse o carro.

Você não é o mais exemplar motorista, balançando o veículo de um lado para o outro na pista, Maestro. Vai atropelar alguém. — Desisti da disputa infantil pelo controle do volume e coloquei as mãos para baixo das coxas, que estavam quentinhas. — Tenho medo de parar meio do mar, isso sim!

Você me tira do sério, isso sim! — Sua voz ardeu.

Hm, espero que pelos bons motivos. — Provoquei satisfeita em afetá-lo, mordendo os lábios decorados com batom vermelho.

Não. — Ele respondeu seco, de mau-humor.

Apoiei o cotovelo no carro e a mão na cabeça, deslizando os dedos pelos meus cabelos castanhos, pisquei os olhos sentindo os cílios pesados de máscara, com um sorriso que não queria se esconder. Maestro estava mordendo os lábios de um jeito nervoso e passou a marcha como se fosse um machado em uma tora de madeira, o carro deu aquela engasgada típica de uma marcha mal-passada e ele acelerou mais.

Não consegue lidar com uma noiva arisca, meu bem? — Tive que cortar o silêncio, eu estava me divertindo.

Eu diria selvagem, do tipo que não recebeu educação apropriada. — Ele me olhou rapidamente com seus olhos intensos, sorri como se fosse um elogio. — Mas não existe nenhum animal indomável, querida.

Certamente que não! — Deslizei a mão por sua coxa e ele segurou me empurrando para o lado. Ri alto.

Firenze, fique quieta!

Tão bom moço!

O que você está tentando provocar? Um acidente? — Girou o volante e pisou no freio com força. Soltou o cinto bruscamente, mas demorou em abrir a porta. Eu ri, mordi o polegar sem dar uma resposta. — Se está testando meus limites fique sabendo que está fazendo isso da maneira errada.

Somos noivos, Maestro! Você impediu que os soldados me olhassem, pusessem as mãos em mim… E não quer você curtir o meu corpo? Estou achando que vou casar você com Piersanti, isso sim. — Tirei o cinto e abri a porta, descendo de saltos finos na portaria do restaurante, rindo.

A brisa do mar noturno batia firme nos meus cabelos e esfriando meus ombros. Senti frio e me encolhi. Esperei que Maestro oferecesse o seu casaco, mas ele tinha uma careta de desgosto.

Eu não sou seu brinquedo, Firenze e se começar a me provocar, esteja preparada para as consequências. — Ameaçou batendo a porta.

Aquele era o homem mais poderoso de toda a maldita Giostra, mas eu ri de sua ameaça como se fosse uma piada. Ele segurou no meu pulso com força e me puxou para as escadarias do salão como um bruto. Tropecei na caminhada entortando o salto e ele teve que se recompor, ajeitando o paletó azul marinho e a camisa branca com os botões abertos no pescoço. Maestro era o tipo de homem que ficava especialmente bonito sem esforço e talvez por isso não fosse do tipo que preferia usar roupas sociais. Notei que ele não estava de sapatos, mas de tênis converse all star com meias estampadas. Brincadeira, né?

Você nem colocou sapatos decentes, Maestro. — Reclamei, olhando para o chão, lembrando-me de uma das regras mais importantes da Giostra, a Bella Figura. Todos na máfia precisam usar um sapato bonito, especialmente quando a ocasião é importante, demonstra respeito. Não se arrumar para o jantar era uma ofensa silenciosa que ele podia se dar ao luxo de fazer para mim. — E o protocolo manda que você me ofereça o paletó, estou com frio.

Você não está se comportando muito bem para receber qualquer tipo de agrado, Firenze.

Awm. — Fiz biquinho,

E do jeito que é dissimulada, aposto que veio sem casaco para me fazer passar frio, então lide com as consequências de seus atos. — Repreendeu-me adentrando o restaurante.

Bonasera! — O recepcionista de terno caro veio em nossa direção, ele tinha os cabelos claros e raspados, olhos castanhos e o corpo magricelo bronzeado do sol. — O restaurante está reservado hoje, eu sinto muito.

Certamente, eu que reservei. — Maestro deu um sorriso simpático para o homem. — Sou Maestro Baroni.

Ah, perdão Signore. Siga-me. — O recepcionista girou nos guiando pelo salão.

Homens importantes normalmente ficam irados quando as pessoas não os reconhecem ou não seguem o protocolo direito, mas Maestro não parecia se importar e aquela leveza era de certa forma contagiante. Segui de braços dados com ele, batendo os saltos que ecoaram no grande e luxuoso salão vazio, seus músculos estavam rígidos por debaixo de meus dedos.

As janelas estavam fechadas por cortinas pesadas impedindo a vista para a praia e tenho certeza que aquela era uma medida de segurança tomada por seus guardas. Na máfia quando você cresce com esse tipo de proteção, acaba se acostumando e até cria um nível crítico em relação a segurança. Não dá para ser negligente com a própria vida. Se Maestro estivesse sem colete a prova de balas, eu poderia considerar como uma boa prova de confiança. Quis passar a mão em seu corpo para conferir, mas achei melhor guardar meus dedos, por hora.

Apenas alguns guardas sentaram-se conosco no salão ocupando as mesas mais distantes. Maestro mostrou um pouco de sua educação de príncipe segurando a cadeira para eu me sentar. Soltei um suspiro e ele sentou-se ao meu lado, em silêncio, me encarando com as mãos unidas na frente do queixo. Acho que foi a primeira vez que ele me observou, reparando nos detalhes.

Não gosto de batom vermelho, é a coisa mais exagerada que uma mulher pode fazer para parecer sexy. — Atirou.

Você diz que quer encerrar as provocações, mas não cala a boca para as ofensas. — Falei rudemente, puxando o guardanapo branco. Coloquei no colo e sorri. — E se não gosta do meu batom vermelho, use de outra cor, tenho um rosa na bolsa, quer?

Tão irritante. — Ele riu em deboche, ventando pelo nariz. — Suponho que veio preparada para me ofender dando em cima dos meus guardas mais próximos e até amigos. — Concluiu. Fiquei calada enquanto ele deslizou uma mão por cima da mesa e estreitou os olhos, virando-se para mim. — Será uma desgraça.

Posso cair bêbada e vomitar nos seus pés no altar, também. — Sugeri.

Quanta indisciplina! Talvez eu deva colocar uma coleira em seu pescoço.

Com seu nome em dourado? — Provoquei.

Não seria uma má ideia.

Talvez você deva perceber que quanto mais tentar me prender ou me controlar, Maestro, mais alto eu vou latir. — Desafiei, enfrentando aquele olhar intenso que ele possuía.

O que ganha com isso, Firenze? Seus pais não te deram atenção o suficiente quando era criança? — Ofendeu com aquele sorriso sarcástico, puxando o guardanapo de cima do seu prato. — Limpe esse batom agora. — Estendeu o pano branco para mim.

Não pode me obrigar! — Franzi a testa e empurrei o corpo para trás na poltrona. — Seja mais romântico!

Limpe. Não estou de brincadeira. Te chamei para esse jantar não para ser romântico com você, ragazza. — Exigiu, com o guardanapo na mão, balançando. — Pareço com um palhaço para você?

Não, claro que não. — Peguei o guardanapo e passei nos lábios, puxando o máximo de batom que consegui. No instante em que Maestro baixou a guarda eu me levantei e afundei o guardanapo na sua cara, sujando seu rosto de batom. — Mas agora, parece!

Cai rindo na cadeira. Ele ficou piscando os olhos sem reação com uma mancha quase redonda cobrindo o nariz. Eu gostei daquela visão sem reação dele, o fato de que eu o havia deixado completamente surpreendido. Demorou alguns segundos para Maestro processar o momento, ele piscou mais longo e me encarou de forma dura.

Muito bem, você não está me dando outra escolha. — Maestro ficou em pé jogando o guardanapo em cima da mesa com raiva e se afastou. — Posso tornar a sua vida um inferno, Firenze.

Eu fiquei rindo, mas parei com a risada quando percebi que ele estava saindo do restaurante e não indo ao banheiro. Os soldados se levantaram e o garçom segurou a carta de vinhos que estava trazendo para nós.

Aquele foi o sinal de que eu tinha passado do limite e certamente não era minha intenção. Eu queria irritar Maestro, testar até onde eu poderia ir com ele, mas não tinha planos de arriscar minha posição ao fazer isso. Imaginei Piera Murino recebendo informações de algum dos soldados, sobre como meu primeiro encontro com Maestro havia sido um fracasso, que ele havia me deixado sozinha no restaurante e como caracterizava que ela teria chances de reverter a situação até o dia do casamento, quem sabe subir no altar, acabando com os planos traçados por meu pai anos atrás em tomar o controle da Giostra de uma vez por todas.

Além disso, eu sabia que estava lidando com o homem mais poderoso da máfia e se alguém tinha poder para acabar com a minha vida, esse alguém era ele. Entende? Por fora eu podia parecer tranquila e ousada, desafiadora, mas por dentro eu estava tremendo diante do homem que seria o meu marido e ponderei que as consequências de irritá-lo poderiam ser catastróficas.

Levantei-me rapidamente empurrando a poltrona branca para trás apressei os passos atrás de Maestro, que limpava o rosto com as mãos tentando se livrar do meu impregnante batom. Percebi que ele massageou as têmporas, estressado.

Maestro! Espere! — Sou ágil, mesmo sobre saltos e o alcancei antes do lounge. Segurando em seu braço. Ele girou, puxou o braço e ergueu as mãos, não querendo que eu o tocasse, nitidamente ofendido. Wow, como ele é temperamental. — Perdonami! — Pedi juntando as mãos, conferi os soldados e dois deles pareciam estar rindo de mim, o careca com cara de maníaco especialmente. — Nós vamos nos casar e não quero ficar brigando com você. Não quero começar esse relacionamento de forma infeliz.

Ah, agora esse é o seu discurso? — Riu desacreditado de que haviam sinceras intenções em meu pedido, seu sorriso de canto era um desafio que eu queria vencer. Eu vi o coldre com uma pistola e uma faca por dentro do paletó, mas não vi sinais de que ele estava usando um colete.

Má vá, Maestro! Não pode querer começar uma guerra dentro do seu casamento! — Juntei os dedos das mãos e balancei, chamando pelo bom senso que parecia existir nele. — Scusa, scusa! Sou uma sem modos, scusa! Volte para mesa e começamos do zero.

Levou um tempo me analisando, mas suspirou com resignação, como um touro vencido, pelo nariz. Parecia irritado ainda e dei um passo para trás para ele se acalmar. Os soldados ficaram esperando ele se decidir e notei que trocaram um olhar confidente entre si. Maestro deslizou as mãos no rosto, escovando a barba rala, por um breve momento percebi que talvez ele estivesse em uma situação semelhante que a minha, em um casamento do qual não queria fazer parte. Ele não parecia à vontade para ficar, mas ponderou minhas palavras.

Già, hai ragione. — Concordou com um segundo suspiro, mas rangeu os dentes. — Você tem mais uma chance, Firenze. — Falou duro com o dedo indicador e aquele anel magno apontado para o meu nariz. Dessa vez, eu vi toda a raiva em seu olhar.

Engoli seco, forcei um sorriso simpático, apontei para a mesa. Voltamos para o centro do salão e os soldados se sentaram novamente, um deles pareceu satisfeito em poder comer. Dessa vez Maestro esqueceu da educação, sentando-se de forma brusca sem me oferecer o lugar primeiro, mas agradeci por ele não sentar-se na cadeira da frente. Casais sentam lado a lado na Itália.

Grazie, Maestro. — Agradeci, engolindo meu orgulho.

Se comporte. — Maestro pegou o guardanapo sujo de batom e deu para o garçom, que saiu correndo para trazer um limpo de outra mesa mesmo.

Não me ofenda e quem sabe eu possa ser mansinha com você. — Provoquei. Maestro apenas ergueu as sobrancelhas. — Não sou como as mulheres que você está acostumado a lidar.

Realmente não é. — Acrescentou colocando o guardanapo no colo e pegando a carta de vinhos.

Apenas pelo protocolo, afinal, mulheres não escolhem o vinho. — Eu disse pegando a carta, o garçom me olhou nervoso.

Quer escolher? — Maestro atirou.

A pergunta me pegou despreparada e ergui os olhos para encará-lo. Maestro estava lendo o menu concentrado, aquela raiva anterior tinha dissipado de seu rosto e ele parecia quase sereno agora.

Posso?

Deve ser difícil para uma mulher mimada e acostumada a ter tudo na palma da mão de repente perder a liberdade. Você está frustrada, eu entendo. — Fechou a carta com aquele sorriso maldito de canto e depositou o menu na mesa.

Certamente. — Bati os cílios como tiros de uma pistola. — Por essa ofensa, vou querer o mais caro.

Firenze você pode pedir tudo do mais caro, jóias, calcinhas e qualquer merda. — Balançou a mão para cima indicando que o céu era o meu limite. — Não vai torrar a minha fortuna mesmo que se esforçasse. Se já acabou de dar o seu show, sugiro que seja mais civilizada. — Acrescentou inabalável, apontando a mão com a palma erguida para mim.

Esse ar de arrogância em Maestro apenas buscava inutilmente esconder o quanto eu o aborrecia. Talvez ele tivesse razão: eu estava curtindo aquela atenção!

Você abre a boca e é uma ofensa, Maestro, e não quer que eu fique na defensiva? — Fechei a carta de vinhos deslizando as unhas vagarosamente pelo papel azul escuro e dourado. — Ainda quero o mais caro da cartilha, estou com humor para comemorar.

Comemorar o quê? — Perguntou desconfiado, mas sinalizou com a mão para o garçom atender o meu pedido. O homem de uniforme se afastou correndo.

Que você não é um velho caquético e gordo. Achei você até bonito. — Elogiei e Maestro estreitou os olhos. Certo, eu talvez não estivesse com tanta vontade de comemorar como eu queria fazer parecer, mas não estava pronta para desistir. — Viu, é um elogio, não pode ser tão difícil. Sua vez. — Exigi com um sorriso.

Ahn claro. — Ele se acertou na poltrona branca como a toalha da mesa e procurou algo em mim. — Você tem lábios bonitos.

Com ou sem batom? — Atirei.

Não provoque. — Arranhou a voz.

Você não é tão assustador.

Por que eu seria assustador? — Maestro franziu a testa, mas suspirou desviando o olhar. — Ah, esqueça. Você é…

As palavras morreram. O garçom se aproximou e serviu a taça. Ele foi entregar para Maestro que apontou para mim. Hmmm, parece que tinha aprendido alguma coisa afinal. Peguei a taça de cristal fino e balancei, cheirei o líquido e dei um gole.

Pode servir. — Dei a taça para o garçom. — Eu sou o quê?

Vamos apenas dizer que você causou uma impressão. Não sei se boa ou ruim. — Maestro finalizou.

Grazie Maestro. — Se era um elogio, eu não iria recusá-lo.

Esperamos o garçom nos servir e brindamos sem um propósito antes de beber mais do vinho. Dei risada colocando a taça em cima da mesa. Maestro me encarou em silêncio com os olhos exigentes.

Quer ouvir uma coisa besta? — Perguntei.

Não pareço ter nada melhor para fazer. — Respondeu desconfiado.

Não entendo nada de vinhos. Prefiro franciacorta! — Confessei.

Os olhos escuros e intensos de Maestro suavizaram, ele olhou pela primeira vez com ternura para mim, adorei esse jeito sereno como um céu sem lua.

Eu também prefiro franciacorta, Firenze. — Colocou os braços na mesa e deixou um sorriso escapar. Gostei daquilo e fiquei imaginando o que mais teríamos em comum, mordi os lábios. — Mas hoje você lidará com as consequências de sua escolha. Beba o vinho.

Peguei a taça e coloquei nos lábios para conter o sorriso.

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