— Não acredito. — Liam torceu a boca e revirou os olhos azuis daquela mesma forma que meu tio Raffaello faz quando pegam ele com mais bebida do que deveria em seu cantil. — Você me fez viajar 500km de balsa vomitando como um maldito para eu chegar aqui e dizer que cancelou o casamento?
— Ugh. — Eu estava sentada na cama com os pés para cima depois dos cuidados médicos e um monte de remédios. Duvido que ficasse boa para poder caminhar pela igreja, mas não me sentia mesmo disposta a subir no altar. — O que posso dizer, me desculpe?
— Você está parecendo uma guerreira grega, Firenze.— Eles já chegaram? — Finalizei o batom dando batidinhas com a almofada do dedo nos lábios encarando meu primo pelo espelho sem muito entusiasmo.Aquele reflexo era apenas o início de uma visualização que eu temia: meu casamento. Eu estava de vestido branco curto, leve para a praia e sandálias de salto fino, com uma tiara na cabeça bem característica. Talvez fosse razão, eu era uma guerreira indo para uma guerra.
Que audaciosa! O que essa maldita pensa que temos para conversar? Mordi a parte de dentro da bochecha estressada. Cruzei os braços, empurrei o quadril para o lado e fiquei pensando no tipo de assunto que eu seria obrigada a ouvir. Não, eu não queria conversar com aquela horrorosa da Piera Murino!Ainda que eu tivesse todos esses pensamentos firmes na cabeça, eu fiz exatamente o contrário e não sei explicar por quais razões dei um passo para dentro do salão e balancei a cabeça concordando:— Claro, tem uma sala vazia aqui, acabei de
Desci as escadas que dava acesso para o mar e apressei as passadas sentindo a areia adentrar as sandálias. O salto afundou na areia fofa e me atrasou, dando para Maestro Baroni a possibilidade de se aproximar de mim e me segurar no braço.— Solta! — Empurrei ele para o lado com tanta força que ele deu dois passos trôpegos para a direita. — O que é, me deixa, vai lá para o seu noivado com Piera, porque comigo é que não é! — Dei um chute na canela dele.— Porca miseria. Acordei com os ouvidos cheios de água e o barulho intenso das hélices do helicóptero. Estávamos voando? Tossi, recuperando o fôlego, sentindo-me engasgada e ergui-me sobre os braços, mas não tinha muitas forças. Senti o braço de Maestro em minha cintura e olhei para trás, percebendo a mancha vermelho sangue em seu paletó branco, perto do ombro.Lembrei do tiro que ouvi antes de apagar conseguindo imaginar que ele levou aquele tiro por minha causa, tentando me dar chance de fugir. Minha cabeça estava doendo bastante na parte detrás, causando uma leve tontura. O cheiro de diesel alastrou pelo ar, me deixando enjoada. Eu estava de roupas úmidCapítulo 13: Paraquedas
Respirei fundo e segurei nas mãos macias e quentes de meu pai, mãos que faziam um cafuné acalentador na minha infância quando eu tinha medo de dormir no escuro sozinha em meu quarto. Seus dedos me seguraram firmes, com preocupação e ele me abraçou, dando um beijo na minha cabeça enquanto mamãe fechou novamente a porta.— Quem eram aqueles homens, babbino? — Minha voz tremeu. — Nem vou perder meu tempo explicando. — Nero me empurrou para trás e ficou em pé, dando dois passos para o lado. Notei que ele estava mancando. Segurei no pulso com dor e olhei para Maestro, a única coisa que meu futuro marido fez foi erguer as sobrancelhas escuras, dispensando o amigo. — Foi um prazer vê-lo, Maestro, nos falamos depois.Nero fez menção de sair da sala. O homem tinha quase dois metros de altura e era musculoso ao ponto de dar medo, mas o pior eram seus olhos glaciais, que pareciam incapazes de reproduzir qualquer emoção. Na máfia é comum encontrarmos soldados que carregam a frieza no coração, são do tipo inabalCapítulo 15: A resolver
Presa na estática de seu olhar, senti o coração parar de bater e o ar faltar. Fiquei com os olhos azuis bem abertos assustada e Maestro continuava esperando uma resposta. Acho que a surpresa e o medo se estampou em meus olhos com tensão, Maestro resfolegou, olhou para o lado, como se soubesse a minha resposta, parecia chateado.— Così il gioco è fatto. — Declarou como um juiz que sentencia à morte um assassino dentro de um tribunal. — Meu pai sempre me disse que não sou bom o suficiente para ser Signore. — Por que ele di
Saí do quarto decidida a procurar por Liam e esclarecer de uma vez por toda aquela história. Apesar de ser bem cedo, notei uma movimentação maluca dentro de casa, muitas vozes e barulhos na cozinha.Atravessei o corredor e vi, antes mesmo de entrar, que Piersanti estava na porta de Liam, batendo, insistindo para falar com ele. É, pelo visto, não foi apenas eu que acordei cedo. Eu me aproximei.— O que você quer, Piersanti? — Estreitei os olhos como um cão de guarda e desci a mão pela minha calça, lembrando que deixei a p