Saí do quarto decidida a procurar por Liam e esclarecer de uma vez por toda aquela história. Apesar de ser bem cedo, notei uma movimentação maluca dentro de casa, muitas vozes e barulhos na cozinha.
Atravessei o corredor e vi, antes mesmo de entrar, que Piersanti estava na porta de Liam, batendo, insistindo para falar com ele. É, pelo visto, não foi apenas eu que acordei cedo. Eu me aproximei.
— O que você quer, Piersanti? — Estreitei os olhos como um cão de guarda e desci a mão pela minha calça, lembrando que deixei a p
As melhores surpresas são aquelas que somos incapazes de imaginar. Dei sorte de ter uma dessa em minha vida em um dia especial como aquele e confesso que nunca foi o meu sonho alugar um iate e me casar nele, ou ainda, servir coquetéis em copos com ímãs para que grudassem na mesa sem derrubar.O local estava preparado para me receber de uma forma única, com luzes em forma de arandela penduradas e amarradas com fio de anzol, bem como flores. Eu estava tremendo quando meu pai me deu o braço e beijou a minha cabeça e a música de entrada começou a tocar. Empurrei o buquê de flores cor-de-rosa para frente e respirei fundo tentando conter a emoção.
Foi com um engolir de saliva amargo que Gastone Baroni pegou a caneta bico de pena de ouro branco para assinar o papel do casamento. Depois dele, foi a vez de Ettore, mas antes de rabiscar, ele parou e encarou Maestro com seus olhos verdes cansados:— Tem certeza disso? É um caminho sem volta. — Perguntou como se estivesse preocupado com o bem-estar de Maestro, o que era obviamente uma mentira. Bugiardo!— Sí, sí. Estou ciente. — Maestro concordou, ap
Saímos da festa sem nos despedir. Era uma medida de segurança. No pier calmo e escuro em frente ao iate, Donna Arminda me abraçou com força:— Felicidades, Firenze. Quero que cuide bem de Maestro em meu lugar. — Segurou minhas mãos com carinho e saudades no olhar castanho cheio de máscara e um borrão na maquiagem, denotando que tinha se emocionado durante o casamento.Donna Arminda desmaiou, era das pessoas que tinham acreditado nas mentiras descaradas de Piera. Eu não a culpava por achar que o filho havia pulado a cerca, afinal, mai
— Porca miseria. — E aí, tô grávida? — Estiquei o corpo por cima de Maestro para olhar o termômetro da gravidez. Tinha um risquinho cor de rosa. Olhei o papel na minha mão. — Um risquinho só, não é nada.— Eu devia ter usado camisinha. — Ele se culpou, sentando com as costas na privada, os braços nos joelhos.— Ah, vai dar de marido arrependido agora, Maestro? Te
— E então brigamos, foi isso. — Abaixei os óculos de proteção e encarei a grandiosa montanha de neve na qual eu estava prestes a descer de snowboard.Depois da discussão Maestro se isolou novamente. Eu não queria ficar sozinha no quarto de hotel e pedi para dar uma volta. Liam estava colocando sua prancha no carro quando saí e achei por bem não deixá-lo sozinho. — Desculpe, Cicci. — Liam lamentou com um suspiro, sentado na neve e acoplando as botas na prancha. Ouvi o som do click ecoar no silêncio da naturez
Abri a porta da suíte e adentrei largando a bolsa salpicada de neve na mesinha do centro, por cima da decoração do hotel, um vaso de flores e um copo de uísque. Maestro estava sentado na poltrona com o corpo largado para frente e a mão na têmpora, massageando, como sempre faz quando está no limite do estresse. Eu não disse nada, não tive humor, mas ele me viu, ficou em pé descalço no centro da sala:— Você voltou. — Prendeu o ar no pulmão.
— Talvez ele seja estéril. — Benito bateu o cigarro no cinzeiro e me encarou com seus olhos verde-esmeralda.Estávamos na varanda de uma das casas que eu estava visitando nos arredores de Piemonte, como Maestro havia concordado que eu fizesse. Enquanto isso, ele estava viajando, resolvendo alguns problemas em Umbria e eu estava com Benito, um homem de extrema confiança. O vento estava quente, balançando os cabelos loiros do meu primo e me forçando a prender os meus. Olhávamos o por do sol atrás dos montes de vinho.— Eu cheguei a come
Os carros passavam lentamente pela rua. Era um fim se tarde quente, seco e opressor. Eu estava vivendo um pesadelo pessoal.— Sei que não é um conto de fadas, mas não esperava que fosse um maldito conto de terror. — Deslizei a mão pela testa, chateada. Ainda não tinha me recuperado das péssimas notícias que havia recebido. — Maestro está mesmo com ela? — Olhei para meu primo, eu tinha vontade de chorar.— Cicci, eu sinto muito. — Liam deslizou a mão pelo meu braço, seus olhos azuis me encaravam t