Abri a porta da suíte e adentrei largando a bolsa salpicada de neve na mesinha do centro, por cima da decoração do hotel, um vaso de flores e um copo de uísque. Maestro estava sentado na poltrona com o corpo largado para frente e a mão na têmpora, massageando, como sempre faz quando está no limite do estresse.
Eu não disse nada, não tive humor, mas ele me viu, ficou em pé descalço no centro da sala:
— Você voltou. — Prendeu o ar no pulmão.
— Talvez ele seja estéril. — Benito bateu o cigarro no cinzeiro e me encarou com seus olhos verde-esmeralda.Estávamos na varanda de uma das casas que eu estava visitando nos arredores de Piemonte, como Maestro havia concordado que eu fizesse. Enquanto isso, ele estava viajando, resolvendo alguns problemas em Umbria e eu estava com Benito, um homem de extrema confiança. O vento estava quente, balançando os cabelos loiros do meu primo e me forçando a prender os meus. Olhávamos o por do sol atrás dos montes de vinho.— Eu cheguei a come
Os carros passavam lentamente pela rua. Era um fim se tarde quente, seco e opressor. Eu estava vivendo um pesadelo pessoal.— Sei que não é um conto de fadas, mas não esperava que fosse um maldito conto de terror. — Deslizei a mão pela testa, chateada. Ainda não tinha me recuperado das péssimas notícias que havia recebido. — Maestro está mesmo com ela? — Olhei para meu primo, eu tinha vontade de chorar.— Cicci, eu sinto muito. — Liam deslizou a mão pelo meu braço, seus olhos azuis me encaravam t
— A casa está cheia e os lucros estão acima da média mais uma vez. — Apertei o celular na orelha, para bloquear um pouco da música que escapava da pista de dança.— Hm… Quem sabe você tenha mesmo feeling para os negócios, Jonah. — A voz rouca de meu pai soou quase como um sussurro. Ele não estava interessado em nada do que eu estava fazendo pela Fam
Com as pontas dos dedos toquei as têmporas fazendo uma pequena pressão para alívio do estresse. Minha cabeça estava latejando e não havia analgésico capaz de suavizar a dor. Viver a minha vida sempre foi esse maldito caos.— Está estressado de novo, meu amigo? — Sentado à minha frente na poltrona do avião fretado, Titto Fattorini, um de meus amigos mais próximos e herdeiro do Conde de Lazio, deu um gole em seu copo de uísque de malte envelhecido e seco.— E quando não, Titto? — Desci as mã
Acordei nua e suada sobre os lençóis pretos. Eu não estava em um hotel e havia um homem do meu lado que não era o meu marido. Devagar, os flashes começaram a explodir na minha cabeça como lembranças que pareciam não fazer parte de mim… Beijos quentes, o arranhar da barba, o cheiro de tangerina e os orgasmos.Porca miseria! Eu tinha me deitado com Jonah Baroni, primo de Maestro. E por Deus, ele tinha me tido de todas as formas, até depois do amanhecer. Sentei-me envergonhada cobrindo o corpo com o lençol escuro.
— Vadia maldita! — Berrei com tanta força que a garganta ardeu, rasgando a pele por dentro. O isolamento acústico daquele porão com cheiro de sangue era bom o suficiente para que a vizinhança familiar não escutasse nem meus gritos e nem as atrocidades que eu estava prestes a cometer. Usando uma faca tática rasguei a pele da bochecha. O sangue vermelho escorreu pelos meus dedos. O anel magno da Giostra e minha aliança de casamento estavam protegidas pela luva emborrachada e roxa.A garota de cabelos dourados gritou de dor. Amarrada em uma c
Fico em estática. Não sei o que pensar e nem o que sentir. Maestro pega o dispositivo de teste de gravidez da minha mão e olha o resultado enquanto se apoia na bancada, usando apenas a calça cinza clara do pijama, exibindo o abdômen trincado.— Que ótimo. Vai ser como uma adoção. — Procurou ser otimista, deslizando a mão na barba escura e soltando o teste cor-de-rosa em cima da bancada feita de placa de granada vermelha escura.— Amore. — Coloquei a mão por cima da dele deslizando os dedos para entrelaç
Pela janela do quarto do hospital eu podia ver o céu cinzento. Virei a página do livro de romance que eu estava lendo, sonhando com aquela realidade de uma vida normal, um bom marido e um pai amável para o meu filho. Resfoleguei e peguei o celular do aparador lateral, onde um enorme vaso de flores era a única presença de Maestro naquele quarto.— Está tudo bem? — Jonah se preocupou, girando e me olhando. Momentos atrás, ele estava batucando os dedos na mesa e eu briguei com ele.Último capítulo