— Você está sendo um pouco injusta com Maestro, prima. — Liam estava sentado no sofá me observando arrumar as malas, afinal, eu teria alta em algumas horas. Revirei os olhos encarando a figura de meu primo deslizando a mão pela gravata azul clara que deixava seus olhos ainda mais brilhantes. — Sério.
— Maestro nunca se sacrificou por mim. — Disse enfiando uma das muitas sapatilhas que usei ali dentro.
— Acho incrível você acreditar mesmo nisso, de forma tão enfática.
Com as pontas dos dedos escolhi um gomo verde de uva e puxei, levando-o à boca. Mordi, sentindo o líquido azedo escorrer pela língua, o que me fez comprimir os ombros e estremecer. Desviei das frutas cítricas e peguei um pote com morangos, framboesas e amoras, despejando um creme de iogurte batido por cima.— Uau. — Liam parou do meu lado, pegando um pouco de suco. — A noite com Maestro foi muito boa? Você está cantarolando.— Não estou cantarolando! — Virei-me para encarar meu primo, com os cabelos cacheados bagunça
— Pensei que íamos tomar café da manhã juntos, sair para ver as coisas do bebê, e não tratar de assuntos da máfia! — Resmunguei prendendo o velcro do colete preto e pesado no corpo por cima da minha camiseta branca. Os movimentos ficavam um pouco presos com uma placa dura no peito e na barriga.— Pode ser apenas uma questão da máfia para você e para a maioria das pessoas, mas para mim é uma questão bem pessoal. Se trata da minha família. — Maestro municiou a pistola cromada, fazendo um click audível. A claridade que refletia pelas janelas do galpão me fez fechar os olhos. Tirei o capacete preto e apoiei na moto, analisando o local. Os grandes portões de pintura desgastada no porto não eram uma entrada convidativa. A corrente que os mantinha unidos e fechados era o lembrete de que ninguém deveria entrar. O cheiro da maresia parada, como um aquário morto, incomodava minhas narinas.O local parecia abandonado, mas se Nadia estivesse certa não havia local mais reservado para ser o cativeiro da minha irmã. Nenhum soldado estava presente, mais um indicativo. Desci da moto absorvendo com uma puxada de ar firme aquela atmosfera de decadência. Não houve na máfia uma fam&iCapítulo 48: Maestro | Bastardo rei.
Meu sangue estava fervendo de raiva e as lágrimas estavam queimando em meus olhos, porém, eu estava irada demais para fraquejar. A palma de minha mão ficou marcada no rosto de Maestro e um filete de sangue escorreu pelos seus lábios já machucados, ele não me olhou como quem quer pedir desculpas, afinal, ele não queria.— Bastardo maldito! — Gritei.— Quatro meses depois....No alto da escadaria da igreja em Florença, Vicenzo bateu as mãozinhas pequenas querendo pular do meu colo para o de Maestro. O fotógrafo bateu uma fotografia do momento. Recebi um beijo nos lábios e Maestro segurou nosso pequeno bebê com paciência, sendo o pai amoroso e o marido atencioso que ele era. Éramos o retrato da família perfeita.Com as mãos, ajeitei o mandrião branco que era uma herança de família em Vicenzo e o peCapítulo 50: Indulgência
— Eu me apaixonei pelo seu pai, pode se apaixonar por ele também. — Mamãe fitou-me com seus olhos incrivelmente azuis. Havia um misto de orgulho e tristeza em sua face de beleza estonteante, mas aquilo não me animava e nem amenizava as coisas.Por trás dela pude ver os dois seguranças barrando a porta do pequeno café em que resolvemos parar para esperar as pessoas que viajariam comigo para Ischia, onde em duas semanas eu me casaria com o futuro Signore da Máfia Giostra. O c
Inspirei absorvendo o cheiro atmosférico singular. O mar estava salgado e o céu estava um azul intenso de poucas nuvens. O vento estava um pouco gelado, lembrando-nos de que aquela ilha vulcânica era famosa por suas águas termais.Com os cabelos presos em uma trança, segurei na mão grande e quente de Piersanti descendo as escadas do traghetto que nos trouxe até o porto. Ajeitei a jaqueta sobre meus ombros. Atrás de mim, Gianna prendia seus cabelos contra o vento e Surya deixava s
Ninguém me ofende e sai ileso nessa equação. Eu estava decidida a tornar aquele primeiro encontro em um maldito inferno para Maestro.Demorei cerca de uma hora para tomar banho e mais outra hora para me arrumar. O chá de cadeira refletiu-se em um silêncio brutal no carro. O Bugatti Chiron azul e preto percorria as ruas de Ischia apressado, cortando o vento e largando o barulho típico do motor, o perfume arenoso de Maestro competia com a maresia noturna, mas ambos faziam meu nariz coçar.Uma caravana nos seguia, é claro, os soldados contratados. P