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Nascida na Máfia
Nascida na Máfia
Por: QiShuang
Capítulo 01: Nascida para casar

Eu me apaixonei pelo seu pai, pode se apaixonar por ele também. — Mamãe fitou-me com seus olhos incrivelmente azuis. Havia um misto de orgulho e tristeza em sua face de beleza estonteante, mas aquilo não me animava e nem amenizava as coisas.

Por trás dela pude ver os dois seguranças barrando a porta do pequeno café em que resolvemos parar para esperar as pessoas que viajariam comigo para Ischia, onde em duas semanas eu me casaria com o futuro Signore da Máfia Giostra. O cargo mais alto que alguém poderia pensar em conquistar na organização.

Nunca. — Decretei entre dentes. Eu podia sentir uma grave queimação no topo do estômago e queria deixar claro o quanto aquele acordo firmado antes mesmo de eu nascer me desagradava ao extremo. — Conheço homens como Maestro Baroni e eles são todos iguais. Não passam de porcos gananciosos que tratam as mulheres como um troféu maldito que conquistaram. Pensam que as possuem.

Você não conhece Maestro o suficiente para despejar esses adjetivos, querida. — Mamãe repreendeu-me derrubando a cabeça um pouco para o lado como um cachorro que não compreende a fúria de seu dono. Ela entendia minha revolta, certamente, afinal casou-se com meu pai por obrigação, enganada por ele em uma história confusa. Mas mamãe estava louca se pensava que eu iria ser como ela e aceitar o destino sem espernear um pouco.

Não preciso conhecê-lo para saber como são os homens da máfia, mamãe. — Rangi os dentes, indisposta. — Sei que nasci para me casar com ele, mas isso não faz de mim submissa.

Esse nunca foi o seu caso. — Mamãe retrucou.

Peguei o meu celular de cima da mesa tentando cortar aquela conversa e dei um gole em meu espresso amargo, sem açúcar. O queimar no estômago piorou. Ouvi mamãe apenas revirar os olhos e estalar a língua, calando-se.

Eu estava cansada de ouvir aquela história. O casamento dos meus pais foi “fora da curva” para o mundo da máfia. Eles mal se conheciam quando subiram ao altar, mas mamãe estava apaixonada quando disse o seu “sim”, mesmo que sua sogra tivesse apontado uma arma para ela dias antes, fazendo-a assinar o contrato de casamento antes mesmo de vestir aquele vestido branco. O casamento de Vicenza e Santino Mantovani foi feliz, próspero, carregado de uma confidencialidade que não existe na maioria dos casamentos por contrato da máfia.

Para cada sorriso que eles trocaram, mãos unidas e beijos apaixonados, houveram chutes, tapas e violência doméstica nos outros casamentos. Eu conhecia as histórias e mamãe também, por isso ela achava que se eu fosse como ela - o tipo de mulher que decreta que vai ser feliz e se apaixonar pelo homem com quem é obrigada a se casar - eu seria feliz no meu casamento com o homem mais poderoso de toda a Itália.

Eu não acreditava nela.

Gia está a caminho. — Dei um sorriso na direção de minha mãe animada por ver a mensagem de minha melhor amiga. — Ela já pegou Surya e estão vindo.

Quero que se comporte esses quinze dias que estará sozinha em Ischia, filha. — Mamãe depositou sua xícara vazia em cima da mesa. Ela bebe café como toda milanesa, rápido, de um gole só, não sei como consegue! — Respeite a presença de Dona Arminda e as sugestões que ela der para o casamento.

Claro, foi o que fui treinada para fazer, não é? Ser uma boa sposa e abrir as perninhas para um porco.

Não seja rude, Firenze! — Mamãe aborreceu-se batendo as unhas pintadas. — Vou deixar Mattia te levar para o aeroporto com suas amigas, e já que Cosima está machucada, ele vai com você até Ischia.

Benito e Enrico já estão lá, mãe! — Resmunguei.

Eu não precisava de mais proteção e estava enjoada de viver nessa maldita gaiola. Meus primos, assim como eu, foram todos treinados pelos melhores soldados da máfia, eu sabia me virar.

Se não for com alguém daqui, Maestro colocará um de seus homens na sua cola, você vai mesmo querer que ele fique te vigiando o tempo todo? — Mamãe apertou a mão na bolsa de couro e colocou-se de pé.

Saco. — Resmunguei, tendo que engolir aquelas palavras. — Pelo menos coloca um cara mais gostoso que o Mattia, ele é muito velho.

Te vejo em duas semanas. — Mamãe riu, balançou a cabeça e os cabelos dourados não acreditando em mim naquele momento, mas ela me conhecia muito bem.

Os homens mais bonitos são os da famiglia e dificilmente um soldado tem alguma coisa a oferecer e eles têm especialmente medo de nos encarar ou tocar em nós. Além disso, papai certificou-se que todos os soldados que fizeram a minha guarda fossem mulheres, mas mamãe era mais compreensiva.

Acreditando que eu merecia o mesmo poder que um homem dentro da máfia, mamãe lutou pelos meus direitos, não apenas para ser herdeira da mesma forma que Maestro Baroni era, mas para que eu tivesse uma voz ativa, de liderança, uma vez que tornasse sua esposa. Eu era uma Palazzo-Mantovani, droga! Não ia simplesmente me curvar às leis jurássicas da máfia, criadas por homens velhos e machistas! Aos poucos as mudanças tinham acontecido e eu tinha conquistado meu espaço. Eu seria a primeira mulher a receber o título de Signora di Baroni.

É, ia ficar legal.

Terminei o meu café lentamente, apreciando o sabor enquanto esperava minhas amigas e mandei uma série de mensagens que se resumiam a um simples “andem logo” e “estou entediada sem vocês”. Sempre fui grudada com elas e sofria bastante pela distância imposta de nossas residências, afinal, cada uma delas morava com seus pais.

A que morava mais distante era Surya Bellone. Embora seu pai fosse Primo-Uomo em Módena, ela residia no Brasil com sua mãe e aparecia apenas nas grandes festas. Ainda bem que nos tempos modernos existe a internet, não é mesmo?! Minha outra melhor amiga era Gia, ou mais precisamente, Gianna Catellani, filha do Conde de Emilia-Romana e sua esposa, ambos muito amigos de meus pais.

Tudo na máfia fica na família, seu círculo social acaba sendo bem restrito. Meu primo, Benito, era um Lambertini e o único ligado a mim por sangue, crescemos basicamente juntos como irmãos. Seus pais são primos-irmãos de meu pai, dominam todo o território de Piemonte. Enrico Nicastro é o primo-irmão de Giana e seu pai atualmente era o Primo-Uomo de Bologna. Liam Meloni, único filho de meu tio Raffaello, era também o mais distante, visto que estudou fora e morava com sua mãe. Além disso eu tinha outros primos e primas, mas não eram tão próximos como esses pelas diferenças de idade. A maioria não passava dos quinze anos, como minhas duas irmãs Martina e Melissa. Nós quatro (eu, Enrico, Benito e Giana) sempre fomos inseparáveis, entende? Os quatro mosqueteiros, como meu meio-irmão Andrea havia nos apelidado ao final de uma festa que guardo as lembranças felizes na memória até os dias de hoje.

A porta do café abriu e o sino preso na porta tocou. Ergui os olhos para aquela beldade de olhos azuis e cabelos escuros, alto e ágil, que adentrava usando botinas de exército e terno preto, com a gravata azul marinha típica dos guardas-costas de minha mãe. Ele tinha um ponto de escuta na orelha e percebi que eu tinha ganhado um presente. Boa mãe!

Srta. Palazzo-Mantovani? Suas amigas já chegaram, o carro está a sua espera. — Ele chamou, ficando perto da mesa em que eu estava sentada.

Olá e quem é você? — Eu quis saber, passando o braço pela alça da bolsa de couro azul escuta como o casaco que eu estava levando para combater o frio da aeronave.

Eu estava com uma vestimenta especialmente comportada, tentando vender uma imagem que não era exatamente minha: tons de marinheiro que acompanhava uma pantalona curta e bege, camiseta listrada acompanhado de pulseiras e sapatos vermelhos. Meu batom e unhas estavam em um tom rosa-comportado pela primeira vez na vida.

Piersanti Segni, signora. Fui designado para ser seu guarda-costas, visto que Cosima se ausentou. — O rapaz explicou.

Cosima quebrou a coluna e está paralítica. — Fiquei em pé, colocando-me em sua frente, o rapaz deu um passo para trás, erguendo as sobrancelhas desenhadas. — Não é que ela se ausentou.

Perdonami. — Pediu abaixando a cabeça.

Bati os saltos quadrado de corda para fora do café. Eu não queria ser dura com um novato, mas o acidente de Cosima me deixava triste. Ela era minha guarda-costas há mais de seis anos, desde o dia em que fora iniciada. Treinávamos juntas, eu confidenciava algumas coisas a ela (não todas, tem coisas que meus pais não podem nem imaginar e eu sabia que ela tinha que se reportar a eles), enfim, aos poucos Cosima tornou-se quase como uma amiga.

Houve um ataque no mês passado quando os convites de casamento foram enviados a todas as famiglias. Mamãe disse que haviam inimigos querendo impedir meu casamento a qualquer custo. O fato é que Cosima se feriu nesse tiroteio, tentando me proteger. Ela cumpriu com o dever dela e talvez por isso não tenha sido aposentada da pior forma, mas vivia agora depressiva em uma casa de repouso e meus pais não me deixavam vê-la. Não era que Cosima estava ausente, ela apenas não podia mais estar comigo.

Atravessei a porta e vi Mattia, ele me lançou um sorriso com seus olhos claros de emoção e depois percebeu que eu estava brava, franzindo a testa, mirando na porta, onde o rapaz novato já vinha me seguindo como todo guarda-costas deve fazer. Revirei os olhos azuis que puxei de minha mãe.

Mattia abriu a porta e as minhas amigas gritaram ali dentro. Senti o perfume doce das meninas e isso me fez sorrir, adentrei o carro me jogando por cima delas e abraçando-as.

Firenze!

Ahhh! Surya! Gia! — Gritei animada, soltando a bolsa.

Trouxemos uma franciacorta. — Gia disse.

Uau, quem é aquele gato? — Surya encarou o novato, enquanto Mattia fechou a porta e bateu no topo do carro dando o comando para seguirmos viagem. Dois carros repletos de segurança vieram atrás de nós.

Piersanti, mas tire o olho, você está para se casar com meu irmão! — Resmunguei.

Não porque escolhi. — Surya pontuou a realidade de toda garota ligada ao sangue pela máfia.

Ela diz isso, mas fica suspirando toda vez que olha para ele. — Gia brincou, dando uma cotovelada em Surya.

Andrea é bonito, não vou negar, não! — Surya riu, divertindo-se, pegando um cacho de seus cabelos escuros e puxando como uma mola, seus cabelos rebeldes do qual ela tanto se orgulha é uma de suas marcas registradas. — Ele só é muito cabeça dura e ciumento. Deixo Piersanti para você, Gia!

Sorri feliz por estar com elas. Minhas amigas tornavam aquele momento terrível em algo mais leve. O interior do carro estava fresco, o ar condicionado ligado e nós três cabíamos bem no banco detrás do blindado, que era largo e confortável, altamente limpo. Em nossa frente haviam aparadores de bebida e um frigobar na porta. O tipo de carro luxuoso que poucos porcentos da população tem acesso, mas nós tínhamos.

Ele vai com a gente, dá tempo de vocês se conhecerem. — Brinquei, sem me importar que o motorista e o segurança sentado à frente (uma loira) estivessem nos escutando.

Qualquer soldado que ousar tocar em nós se torna eunuco, então vou ficar na minha. — Gianna disse.

Ela sabia como eram as regras, tão bem como eu, mas isso não nos impedia de olhar para os rapazes ou nos aproveitar deles de vez em quando. Desde que não houvesse sexo, estávamos liberadas. Não que isso nos impedisse de fazer certas coisas.

Sabíamos que tínhamos que ser virgens para o dia do casamento, era o que todos esperavam de nós, mas também ficamos muito boas em burlar essas chatices. Surya e Andrea se agarravam o tempo todo, ela me contou que já tinham feito oral e que queria dar a bunda para ele. Eu achava que não tinha nada demais ela querer se dar por completo para o futuro marido (e atual noivo), mas entendia que todas as mulheres da máfia iriam cair em cima de seus lençóis da noite de núpcias. Algumas usavam isso contra as que não eram virgens, para desmoralizá-las. Minha mãe sempre nos aconselhou a não dar motivo.

Aliás, com uma mãe como a minha vocês não esperam que eu seja uma santinha, não é verdade? Sou virgem, mas conheço bem todas as coisas. Tive alguns casinhos, não sou de ferro, e a maioria deles foram soldados da máfia ou os amigos de meus irmãos e primos, que eram de fora da máfia e não faziam ideia de que nossas famílias cortariam seus membros caso eles se enfiassem em nós. Mas e daí? Beijar na boca é divertido, ser masturbada por algo que não seja seus próprios dedos é uma delícia, então, eu me permitia uma liberdade perigosa.

Surya uma vez me contou que os namorados que ela tinha - antes de saber que sua família era da máfia - desapareciam repentinamente, ou simplesmente não a ligavam mais. Hoje em dia sabemos o tipo de sumiço que alguns deles levaram, mais precisamente: uma surra dos soldados.

Eu nunca me apaixonei de verdade por ninguém, acho que sempre fiquei presa nessa ideia de casamento com Maestro. Não seria Piersanti que mudaria minha vida, infelizmente.

Depois de conversarmos sobre amenidades Surya e Gianna serviram a franciacorta e brindamos freneticamente com gritos e risadas. Dei um gole no líquido espumante e adocicado com alegria, meu casamento não seria um momento triste, eu ia me divertir muito com minhas amigas e a chance de levá-las para os preparativos me animava!

Você vai exigir a cláusula do amante? — Gianna trouxe aquele assunto a tona novamente. Eu tinha dito a elas que faria isso.

Estou pensando a respeito disso. — Disse.

Eu acho que você não devia. — Gianna ergueu as sobrancelhas escuras como seus cabelos ondulados. O contraste amendoado de sua pele contra os olhos verdes que ela possuía era uma mistura exótica de enlouquecer os rapazes.

Eu sabia que Benito era louco por ela, mas Gianna sempre se distanciou dos garotos sabendo que um dia teria que se casar com um dos filhos dos Condes. Fazer o quê se meu primo não deu sorte no amor? Essa era a realidade de quase todos nós, mas para os garotos era mais fácil de lidar. Benito se esforçava. Se ele chegasse a se tornar Conde um dia, ele poderia pedir a mão dela para Eliseo Catellani e se casar, infelizmente Piero Da Rold (o Conde de Veneto) estava tentando um acordo para seu filho, Liborio. Na Máfia o que importa é o seu sangue, sua hereditariedade.

Eu sou uma Palazzo-Mantovani, tenho que aproveitar essas chances que minha hereditariedade me permite. Outras mulheres na minha posição não poderiam escolher ter um amante. — Dei de ombros sorrindo.

Orgulho-me bastante de ser uma Palazzo-Mantovani, filha de duas pessoas ultra-importantes na máfia. Meu pai tornou-se Marquês do Norte-Itália com o acordo do meu casamento com o pai de Maestro e minha mãe sempre foi muito participativa em seus negócios. Contrariando as outras esposas, ela tem o título de Marquesa, não é qualquer mulher que ostenta o mesmo título do marido e na máfia, todo mundo tem que fazer por merecer.

Tenho que concordar, ela tem razão. — Surya ergueu a palma para cima, olhando para Gia que apenas suspirou resiliente. Acho que no fundo, se Gia pudesse, ela também ia querer isso! — Só tome cuidado, Firenze, colocar isso no contrato pode ser a oportunidade que Maestro espera para ter uma amante também.

Eu não me importo com Maestro. — Cruzei os braços entojada, jogando as costas no assento do carro de couro cinzento.

Mas deveria se importar com Piera Murino. — Gianna lembrou-se. Mordi a parte interna da bochecha sabendo que essa garota era a pedra no meu sapato! — Como filha do Conde de Abruzzio, devido a forte relação que o pai dela tem com o Marquês do Centro-Itália, ela tem chances de inclusive, trajar o seu vestido e subir no altar!

Claro que não teria.

Mas Piera pode controlá-lo na cama e ser um empecilho em toda a sua vida, seja de casada como de Signora de toda a Giostra! — Surya abriu bem os olhos constatando o quanto uma amante poderia ser ruim para mim. Para uma menina que tinha sido criada sem saber da máfia, Surya estava bem esperta. Influência de Andrea, aposto. Meu meio-irmão é como meu pai: estrategista, calculista, superinteligente. — Melhor prender Maestro pela coleira.

Suponho que saiba como devo fazer isso, Surya? — Inqueri.

O que faço com seu irmão pode ser um começo. — Surya decretou e eu dei risada. — Primeiro de tudo, o que você precisa é afastar essa ragazza de cima de Maestro e sentar no colo dele, depois é só rebolar! — Riu-se, bebendo de sua taça.

Que horror, Surya! — Gianna, a boa moça, protestou.

Só estou dizendo, funciona! — Surya deu de ombros. Ela tinha mesmo aprendido a controlar Andrea.

As mulheres na Máfia tem algumas armas e a melhor forma de dominar sem ser percebida é manipulando os homens. Sabemos o quanto eles são fracos na cama. Pode soar machista, mas eles são simplesmente assim na maioria dos casos. Eu não imaginava Benito nessa situação, por exemplo, mas Andrea certamente não resistia às belas curvas de Surya e faria qualquer coisa por ela.

Porém, sentar no colo de Maestro e rebolar não era algo que eu estava disposta a fazer. Eu nem sabia como ele era, nem o tinha visto, mas já me enchia de nojo dele.

Isso se Maestro não for um velho gordo e horroroso, não é? O cara é dez anos mais velho do que eu! — Bati as unhas na taça e a depositei no aparador.

Aquela sensação de queimação no estômago surgia sempre que eu pensava em como Maestro seria, tanto em físico como em personalidade. As possibilidades me deixavam em pânico. Eu nunca me daria bem com Maestro, seríamos incompatíveis.

Eu ouvi dizer que ele é bem bonito, sua mãe é uma ex-atriz, modelo, sei lá. — Gianna disse, mas ela estava apenas conjecturando.

Maestro tem que ser bonito, ele é o herdeiro dessa merda. — Surya disse balançando a taça com a marquinha de seu batom vermelho na borda do cristal.

Você já o viu? — Olhei para Gianna, curiosa.

Não, não. — Gianna balançou os cabelos castanhos compridos. — Maestro tem um círculo de amigos muito fechado, eu nunca vi nenhum deles. — Ela queria dizer “eu nunca vi Liborio também”, certamente.

Meus pais sempre esconderam Maestro de mim de propósito. — Revelei chateada. — Fico a mercê da minha imaginação e ninguém é autorizado a me dar informações. Além disso, como herdeiro, não é simplesmente fácil encontrar fotos e as lendas são de que ele tem um porta-voz que aparece nas reuniões para representá-lo.

Imagino que muita gente queira colocar uma bala na cabeça dele. — Surya concluiu.

O segredo era mesmo para proteção. Eu, como sua futura esposa, não tinha muita liberdade e nem podia ter redes sociais, andava apenas onde a máfia considerava seguro e tenho certeza que o mesmo nível de mistério era mantido sobre mim para Maestro. Talvez ele também tivesse suas dúvidas, será? Ah, duvido, aposto que ele tem acesso a fotos e me vigia com seus soldados infiltrados!

Era uma enorme desvantagem não saber quem ele era, mas em compensação eu tinha me preparado para o pior cenário e estava pronta para enfrentá-lo.

Casar-me com o herdeiro de toda a Giostra não era apenas um acordo interno, um homem velho tomando uma esposa nova para si… Era uma oportunidade, aquela que o meu pai ficou esperando sua vida inteira: a de ser a família dominante. E eu era sua arma. Não iria decepcioná-lo. Fosse como fosse, Maestro não teria chances comigo.

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