Com as pontas dos dedos toquei as têmporas fazendo uma pequena pressão para alívio do estresse. Minha cabeça estava latejando e não havia analgésico capaz de suavizar a dor. Viver a minha vida sempre foi esse maldito caos.
— Está estressado de novo, meu amigo? — Sentado à minha frente na poltrona do avião fretado, Titto Fattorini, um de meus amigos mais próximos e herdeiro do Conde de Lazio, deu um gole em seu copo de uísque de malte envelhecido e seco.
— E quando não, Titto? — Desci as mã
Acordei nua e suada sobre os lençóis pretos. Eu não estava em um hotel e havia um homem do meu lado que não era o meu marido. Devagar, os flashes começaram a explodir na minha cabeça como lembranças que pareciam não fazer parte de mim… Beijos quentes, o arranhar da barba, o cheiro de tangerina e os orgasmos.Porca miseria! Eu tinha me deitado com Jonah Baroni, primo de Maestro. E por Deus, ele tinha me tido de todas as formas, até depois do amanhecer. Sentei-me envergonhada cobrindo o corpo com o lençol escuro.
— Vadia maldita! — Berrei com tanta força que a garganta ardeu, rasgando a pele por dentro. O isolamento acústico daquele porão com cheiro de sangue era bom o suficiente para que a vizinhança familiar não escutasse nem meus gritos e nem as atrocidades que eu estava prestes a cometer. Usando uma faca tática rasguei a pele da bochecha. O sangue vermelho escorreu pelos meus dedos. O anel magno da Giostra e minha aliança de casamento estavam protegidas pela luva emborrachada e roxa.A garota de cabelos dourados gritou de dor. Amarrada em uma c
Fico em estática. Não sei o que pensar e nem o que sentir. Maestro pega o dispositivo de teste de gravidez da minha mão e olha o resultado enquanto se apoia na bancada, usando apenas a calça cinza clara do pijama, exibindo o abdômen trincado.— Que ótimo. Vai ser como uma adoção. — Procurou ser otimista, deslizando a mão na barba escura e soltando o teste cor-de-rosa em cima da bancada feita de placa de granada vermelha escura.— Amore. — Coloquei a mão por cima da dele deslizando os dedos para entrelaç
Pela janela do quarto do hospital eu podia ver o céu cinzento. Virei a página do livro de romance que eu estava lendo, sonhando com aquela realidade de uma vida normal, um bom marido e um pai amável para o meu filho. Resfoleguei e peguei o celular do aparador lateral, onde um enorme vaso de flores era a única presença de Maestro naquele quarto.— Está tudo bem? — Jonah se preocupou, girando e me olhando. Momentos atrás, ele estava batucando os dedos na mesa e eu briguei com ele. Os soldados deram uma surra em Jonah ainda no estacionamento e assisti o castigo enquanto fumava um cigarro, olhando para a cara dele. Quando terminaram, pisei no cigarro no chão e disse para colocá-lo no carro, que eu iria dirigindo para casa.— Vai pagar por isso, sua puta. — Jonah cuspiu. Eu tinha mandado os soldados o algemarem. O carro deles estava me seguindo. — Pensa que vou simplesmente aceitar isso assim?Jonah estava com o rosto inchado, com sangue em sua cCapítulo 32: Acidentes acontecem
Às vezes a sorte é rigorosa, nem podemos definir se foi sorte ou azar, visto que é tão absurdo aquele acontecimento que apenas causa perplexidade. Foi mais ou menos o que eu senti quando percebi o caminhão vindo na direção do carro.Estava tarde, as ruas estavam escuras e certamente o motorista dormiu no volante. Uma fatalidade, alguns diriam e outros, mais pragmáticos, bradariam ter sido um golpe do destino.Mas para mim, que vi os faróis luminosos, foi apenas o desespero. O tempo pareceu parar e no instante em que o carro sofreu o impac
Fiquei uns dias sem celular, mas pelo bem do meu futuro relacionamento, não procurei por Maestro. Fiquei sabendo por mamãe, antes dela partir, que tinham assinado um acordo de emenda. Eu não era mais unida a um matrimônio tradicional, mas algum acordo maluco que o Carosello inventou.O anel Magno da Giostra (a cópia que eu havia recebido, forjada por encomenda em ouro branco, serendibite do Sri-Lanka e um cavalo de diamante branco maciço) estava no meu dedo como sinal de que eu manteria o t&ia
Abri a porta do carro. A lufada de ar refrescante e gelada que vinha das montanhas feriu minhas bochechas de uma forma revigorante. Inspirei fundo, colocando devagar as sapatinhas para fora do carro. O chão de pedrinhas brancas e redonda rangeu debaixo da sola, e percebi que estávamos em um estacionamento de uma não muito conhecida vinícola de rótulos luxuosos.— Vamos tomar sorvete de vinho? Por que paramos em um vinhedo? — Coloquei os óculos escuros no topo da cabeça.O céu estava azulado com uma faixa rasa e laranja contornando to