Acordei com os ouvidos cheios de água e o barulho intenso das hélices do helicóptero. Estávamos voando? Tossi, recuperando o fôlego, sentindo-me engasgada e ergui-me sobre os braços, mas não tinha muitas forças. Senti o braço de Maestro em minha cintura e olhei para trás, percebendo a mancha vermelho sangue em seu paletó branco, perto do ombro.
Lembrei do tiro que ouvi antes de apagar conseguindo imaginar que ele levou aquele tiro por minha causa, tentando me dar chance de fugir. Minha cabeça estava doendo bastante na parte detrás, causando uma leve tontura. O cheiro de diesel alastrou pelo ar, me deixando enjoada. Eu estava de roupas úmid
Respirei fundo e segurei nas mãos macias e quentes de meu pai, mãos que faziam um cafuné acalentador na minha infância quando eu tinha medo de dormir no escuro sozinha em meu quarto. Seus dedos me seguraram firmes, com preocupação e ele me abraçou, dando um beijo na minha cabeça enquanto mamãe fechou novamente a porta.— Quem eram aqueles homens, babbino? — Minha voz tremeu. — Nem vou perder meu tempo explicando. — Nero me empurrou para trás e ficou em pé, dando dois passos para o lado. Notei que ele estava mancando. Segurei no pulso com dor e olhei para Maestro, a única coisa que meu futuro marido fez foi erguer as sobrancelhas escuras, dispensando o amigo. — Foi um prazer vê-lo, Maestro, nos falamos depois.Nero fez menção de sair da sala. O homem tinha quase dois metros de altura e era musculoso ao ponto de dar medo, mas o pior eram seus olhos glaciais, que pareciam incapazes de reproduzir qualquer emoção. Na máfia é comum encontrarmos soldados que carregam a frieza no coração, são do tipo inabalCapítulo 15: A resolver
Presa na estática de seu olhar, senti o coração parar de bater e o ar faltar. Fiquei com os olhos azuis bem abertos assustada e Maestro continuava esperando uma resposta. Acho que a surpresa e o medo se estampou em meus olhos com tensão, Maestro resfolegou, olhou para o lado, como se soubesse a minha resposta, parecia chateado.— Così il gioco è fatto. — Declarou como um juiz que sentencia à morte um assassino dentro de um tribunal. — Meu pai sempre me disse que não sou bom o suficiente para ser Signore. — Por que ele di
Saí do quarto decidida a procurar por Liam e esclarecer de uma vez por toda aquela história. Apesar de ser bem cedo, notei uma movimentação maluca dentro de casa, muitas vozes e barulhos na cozinha.Atravessei o corredor e vi, antes mesmo de entrar, que Piersanti estava na porta de Liam, batendo, insistindo para falar com ele. É, pelo visto, não foi apenas eu que acordei cedo. Eu me aproximei.— O que você quer, Piersanti? — Estreitei os olhos como um cão de guarda e desci a mão pela minha calça, lembrando que deixei a p
As melhores surpresas são aquelas que somos incapazes de imaginar. Dei sorte de ter uma dessa em minha vida em um dia especial como aquele e confesso que nunca foi o meu sonho alugar um iate e me casar nele, ou ainda, servir coquetéis em copos com ímãs para que grudassem na mesa sem derrubar.O local estava preparado para me receber de uma forma única, com luzes em forma de arandela penduradas e amarradas com fio de anzol, bem como flores. Eu estava tremendo quando meu pai me deu o braço e beijou a minha cabeça e a música de entrada começou a tocar. Empurrei o buquê de flores cor-de-rosa para frente e respirei fundo tentando conter a emoção.
Foi com um engolir de saliva amargo que Gastone Baroni pegou a caneta bico de pena de ouro branco para assinar o papel do casamento. Depois dele, foi a vez de Ettore, mas antes de rabiscar, ele parou e encarou Maestro com seus olhos verdes cansados:— Tem certeza disso? É um caminho sem volta. — Perguntou como se estivesse preocupado com o bem-estar de Maestro, o que era obviamente uma mentira. Bugiardo!— Sí, sí. Estou ciente. — Maestro concordou, ap
Saímos da festa sem nos despedir. Era uma medida de segurança. No pier calmo e escuro em frente ao iate, Donna Arminda me abraçou com força:— Felicidades, Firenze. Quero que cuide bem de Maestro em meu lugar. — Segurou minhas mãos com carinho e saudades no olhar castanho cheio de máscara e um borrão na maquiagem, denotando que tinha se emocionado durante o casamento.Donna Arminda desmaiou, era das pessoas que tinham acreditado nas mentiras descaradas de Piera. Eu não a culpava por achar que o filho havia pulado a cerca, afinal, mai
— Porca miseria. — E aí, tô grávida? — Estiquei o corpo por cima de Maestro para olhar o termômetro da gravidez. Tinha um risquinho cor de rosa. Olhei o papel na minha mão. — Um risquinho só, não é nada.— Eu devia ter usado camisinha. — Ele se culpou, sentando com as costas na privada, os braços nos joelhos.— Ah, vai dar de marido arrependido agora, Maestro? Te