Através do vidro vejo um lindo gramado, jardins o cercam. E mais ao longe, um homem sentado em uma espreguiçadeira pegando o finalzinho do sol da tarde que está indo embora. Ele está muito distante, por isso não consigo distinguir seu rosto. Ele então passa as mãos sobre seus olhos e vira sua cabeça na minha direção. Meu coração se agita quando ele me parece tão familiar. Zafir? Eu prendo o ar. Não! Não pode ser! Digo com raiva de qualquer coisa ou pessoa eu relacionar com ele.Seu domínio sobre meus sentimentos está me fazendo enxergar coisas. Eu me afasto com resolução da janela. Seja lá quem for, não é ele. Deu para ver mesmo com essa distância que o cara é bem mais magro. Tiro minhas roupas da mala e as coloco em cima da cama e abro a porta do closet. Fico encantada pela infinidade de prateleiras, cabides e gavetas. Todas organizadas. Guardo minhas roupas. Elas penduradas nos cabides ficaram engraçadas. Revelando ainda mais a grandiosidade do lugar, destoando totalmente do req
Rashid está a estender a mão para mim, para eu sair do buraco que eu havia me metido. Allah! Ele está tão certo! Eu me sinto tão estúpida por ainda pensar em Zafir depois de tudo. —Você está totalmente certo. Quero me desvencilhar do meu passado. Sua respiração falha como se ele estivesse em suspense, esperando a minha resposta. Os seus olhos parecem escurecer, enquanto ele me observa.— Perfeito! Então se era isso que te preocupava e te impedia de se abrir, ficar à vontade comigo, está resolvido. Acho que agora podemos nos conhecer melhor.Os minutos que se seguiram, conversamos de tudo um pouco. E nessa conversa, descobri que Rashid assumiu a presidência na administração dos hotéis há um ano, devido aos problemas de coração do seu pai. Quando ele está para me contar mais, um raio seguido de um trovão me faz estremecer. Ele se levanta, estende a sua mão para mim. — Vem, melhor entrarmos.Eu seguro a mão dele, já sentindo os pingos grossos da chuva. Alcançamos a varanda foi o te
Escovo os cabelos e uso um pouco de maquiagem, batom da mesma cor dos lábios, só para dar um destaque. Com a cabeça erguida me olho no reflexo do espelho e fico feliz com o resultado.Batidas na porta me fazem sair do banheiro. —Bom dia, senhorita Nurab. —Bom dia. —O senhor Barak a aguarda. Posso levar para lavar? —Ela aponta um montinho de roupa que eu deixei em cima da cama. —Sim, obrigada. Dez minutos depois eu estou entrando na sala. Rashid está conversando com uma loira na sala, ele está exaltado. Engulo em seco com a cena. Quem é ela?—Isso não me cheira bem! Você está avisada! —Rashid diz alto e em bom som. Ele sente a minha presença, e os olhos de Rashid me procuram. Foram os segundos mais longos que já tive.—Jade, essa é Danna. A... namorada do meu irmão. —Rashid diz seco. Danna? Eu já ouvi esse nome? Zafir tinha me falado de uma Danna.O homem que eu vi lá fora é Zafir? Zafir é irmão de Rashid? Eu pisco, sentindo o sangue fugir do meu rosto. —Jade. —Ouço a voz a
Ele me olha por um momento, e dá um sorriso. Se coloca em pé.—Que bom. Vamos! —Ele estende sua mão para mim. Eu a pego e me levanto. —Mas antes, deixe-me te apresentar ao meu irmão. Zafir.Eu preciso respirar. Pressão fecha minha garganta, um nó duro como um pedregulho tira cada última respiração fora de mim. Eu sinto que estou perdendo meu controle. Respire.Ele é um cafajeste que sumiu. Não você.Rashid me envolve pela cintura e caminhamos até onde Zafir está parado, ainda olhando para mim. Quando estou próxima a ele, procuro seus olhos negros. Ele continua lindo.... Com a boca seca, lanço esses pensamentos fora. Meus olhos seguram os dele em desafio, inquiridores. Mas ele não se abala e agora me olha como se quisesse me entender, ou como se nunca tivesse me visto na vida.—Zafir, essa é Jade.Ele dá um passo à frente, e experimento um momento de pânico.—Jade. —Ele pronuncia meu nome como se o saboreasse. Os músculos de sua mandíbula ficam tensos. — Prazer em conhecê-la, Jade.Ele
É uma sensação libertadora nadar com Rashid na praia particular. Zafir está lá, com a loira. Estão sentados em cadeiras reclináveis debaixo do guarda-sol. Respiro fundo e tento não olhar. Obrigo-me a não olhar. E consigo, me distraio, nadando, boiando. Mas acabo minutos depois, procurando o casal com os olhos. Zafir e Danna estão em pé, um de frente ao outro. Ela gesticula muito e depois para. Ele fala alguma coisa para ela. Danna se aproxima dele e lhe desfere um tapa. Pegando a suas coisas vai embora. Eu desvio os meus olhos dali e encaro Rashid que está boiando, olhando para o céu. Eu não sei o que pensar. Eles estão em crise? Não! Não! Você já colocou no coração ignorá-lo, não pensar nele. A dura realidade é: Zafir é um babaca da marca maior e estava disfarçado de bom moço. Babacas nos fazem sentir coisas. Dizem que você é a coisa mais importante da vida deles e, um belo dia, decidem que não é mais e depois desaparecem. Neste momento eu preciso estar focada em sair do bur
Caminho com passos apressados em direção ao meu quarto. Quando entro nele, fecho a porta e me encosto a ela, o coração agitado no peito.Quando me recupero, vou em direção ao banheiro e tomo um banho demorado, lavo a cabeça, tirando toda a areia e sal dos meus cabelos.Depois de colocar um vestido branco rendado de mangas curtas. Saio do banheiro e me deito na cama.Filho caçula do Sheik. Rico e dava aulas como professor no Arizona. Por quê? E se ele me deixou para ficar com a noiva, por que eles não estão felizes juntos?Pensar sobre isso e nessa nova situação me machuca, mas como não tentar entender o que aconteceu?Ele é um cafajeste e pronto? É assim que devo encarar tudo?Mesmo que ele seja, não tem como não remoer o passado. É uma forma de aprender com ele. Estudando as pessoas e nossas atitudes diante delas.Eu aprendi uma lição. Não confie nas aparências.ZafirDepois de tomar banho, visto minha calça jeans e camiseta. Deito-me na cama. Desde que abri meus olhos no hospital
Claro que os nossos sentimentos estão longe de ser fraternais. Quando penso nisso, o meu coração se agita.Allah! Nem dá para acreditar que fomos tão fundo numa relação. Ela tem aquele olhar de inocência e vulnerabilidade. Parece ser de uma família que segue os costumes.Ela foi minha? O que aconteceu conosco?Brigamos?Não consigo ter um pensamento com a possibilidade de Jade ter me rejeitado. Algo aconteceu!Oh, o inferno! Sinto-me nervoso e inquieto.Engulo um gemido de frustração tentando lembrar-me da minha vida. Fecho os olhos com aquela dor na cabeça toda a vez que me forço a lembrar. Os meus lábios contraem-se ligeiramente. Sinto como se a minha vida tivesse sido roubada de mim. A vontade que tenho quando a vejo nos braços do meu irmão é afastá-la e dizer que ela é minha, quase rosno com o pensamento.Preciso descobrir quem é Jade!Por que ela me marcou dessa maneira a ponto de eu não me lembrar de nada da minha vida, mas sonhar com ela?Por que sinto esse sentimento de posse
Eu diria que ele parece magoado com minha resposta. Duvido que tenha pensado em mim quando estava com ela. —Por que nosso romance não evoluiu?Há uma saudade tão crua em seus olhos que eu me vejo sem ar, mesmo assim eu digo, firme, para ele:—Isso está dentro de você. Eu não tenho a resposta. Você que deve se questionar. —Digo, achando inacreditável isso.Alguém bate na porta. Estremeço. Respirando fundo me afasto dele e vou até ela. A abro um pouco. —Vim pegar o maiô e a saída de praia para lavar. —Zilá me fala com um sorriso. —Só um minuto.Eu vou até o banheiro e pego tudo e abrindo somente um pouco a porta, entrego para a empregada. Quando ela sai eu me viro para Zafir. Ele está lá, no meio do quarto, me observando. Suas costas sobem e descem no ritmo de sua respiração. Ele parece nervoso.—Melhor você ir.—Não antes de você me esclarecer uma coisa. —Não tenho nada para esclarecer. Eu não tenho as repostas. —Arizona. Foi lá que iniciamos tudo, não foi? Foi antes de você ter