Eu estiquei meu corpo, sentindo-o dolorido. Abri os olhos lentamente, minha cabeça um pouco latejante. Não preciso olhar o relógio para saber que eu dormi até tarde, dez horas. Eu me sinto febril, desorientada. Penso nele deixando meu quarto, as dúvidas que ele lançou na minha cabeça. Ainda me lembro quando ele lançou aquele olhar. Não sei como descrever esse olhar, não foi de ódio, exatamente, nem de raiva, nem de desprezo — foi de decepção.Sinto agora um certo desassossego e entendo que por mais que Rashid demonstre ser um homem legal, interessante, cuidadoso me faz questionar: vou amá-lo um dia? Eu me troco e ando pelo quarto; não consigo ficar parada, tenho a sensação de que Zafir esteve aqui enquanto eu dormia. Não há nada fora do lugar, mas o cheiro dele está muito presente no quarto. Olho o tempo lá fora. As nuvens ameaçadoras tingem o céu de cinza, com certeza irromperão num dilúvio no fim da tarde. Sentindo-me mal, eu me deito novamente. Ouço batidas na porta. —Entre.
Rashid me afasta para colar sua boca na minha. Eu sou beijada, mas não beijo. Não correspondo. Ele percebe e se afasta para me olhar. —Desculpe-me, sei que está doente. Não está em condições de nada. Você está quente. Vou pedir para Zilá trazer junto com o café um antitérmico.Eu concordo com a cabeça, mas nenhum som sai da minha boca. —Vem, agora deite-se. Eu me deito, e respiro fundo, em alívio quando o observo sair. Logo depois, Zilá entra com um carrinho e meu café da manhã. Ela distribui tudo na mesa. —Obrigada!—Por nada, senhorita. —Ela diz e sai.Saio da cama e me sento à mesa. Tomo suco de laranja com o antitérmico. Percebi que minha garganta está arranhando. Talvez estivesse inflamada. Misturo o café com o leite numa xícara e pego um croissant de presunto e queijo. Depois de tomar o café, sinto cólicas. No banheiro vejo que meu ciclo se fez presente. Suspiro em alívio. Mais um sinal que não estou grávida. Quero Zafir, mas não dessa maneira. Eu quero mais dele. Preciso
Ainda não é a resposta que eu quero. Defendo Rashid, mesmo sabendo que o que ele disse é verdade.—Como pode falar uma coisa dessa? Ele tem sido tão carinhoso comigo, atencioso, preocupado...Zafir respira fundo. Parece angustiado.—Khara! Porque você está se submetendo à sua vontade. Você não percebeu isso?—Eu não acredito em você. Acho que fala assim, só para eu não gostar dele.Zafir se levanta da cama, sua expressão continua angustiada.—Não tenho intenção de assustar você, não tenho a intenção que goste menos dele, pois você já não gosta o suficiente para se casar com ele, sei que você não ama Rashid. Jade, você me ama... —Ele ofega e coloca a mão na cabeça, está pálido. —Assim como eu te amo... —Ele diz sofrido, emocionado. —Eu só tenho argumentos com você pelo que sinto aqui dentro. Deveria valer! Por favor, não me cobre daquilo que não me lembro! Eu só sei o que arde no meu peito. E aqui grita EU TE AMO!A veemência da paixão na voz de Zafir faz meu coração de disparar. Eu es
Ele faz uma pausa por um momento e eu encaro sua boca. — Jade… Quando levanto o olhar para ele, sua expressão se intensifica. Isso é um eco do que eu costumava ver quando ele olhava para mim no passado. Um desespero silencioso. Seu olhar paira sobre mim com uma necessidade franca que faz eu me sentir a mulher mais linda que ele já viu. Zafir olha meus lábios. Meu coração se agita, ele segura minha cabeça e seus lábios tomam os meus com um gemido que se uniu ao meu, pois gemo de prazer. —Por Allah! —Ouço a voz de Rashid no quarto.Eu e Zafir nos afastamos e encaramos Rashid que imediatamente guarda uma caixinha de veludo no bolso do paletó. Um anel? Brincos! Não importa... Zafir fica em pé, eu também. E o olho com desafio nos olhos.—Eu e Jade nos acertamos e eu...Essas palavras bastaram para o irritar que num segundo, ele atravessou o espaço que os separava e com o punho fechado tentou acertar Zafir, mas ele foi muito rápido e se esquivou do irmão.— Pare Rashid! Parem! — Eu gri
Solto a respiração de maneira audível. Afasto-me um pouco e olho para ele.— Tudo bem? — Pergunto.Ele concorda. Seu corpo envolve o meu como se nunca mais fosse me deixar ir embora. Ele me aperta em seus braços e beija meus cabelos. —Sim, acho que o pior já passou. Vamos gozar agora da bonança, porque eu te garanto, dias melhores virão. Eu te amo Jade. Posso ter esquecido de tudo, mas você fez parte dos meus sonhos.Suspiro com suas palavras e fecho os olhos. Nos abraçamos novamente.Tem coisa mais certa do que isso?Nunca duvide! Esse homem te ama!Momentos depois, Eu e Zafir estamos na varanda do meu quarto, sentados juntos em um banco estofado, confortável. Estamos olhando para o jardim debaixo do cobertor. Uma dúvida surge, não que ela fosse me tirar a paz, ou me trouxesse algum estremecimento e resolvo perguntar para ele.—Zafir. Por que deixou tudo isso para trás? Por que se afastou de sua família? O maxilar dele enrijece, ele parece à beira das lágrimas. As mãos dele se fec
Rashid sumiu depois daquilo tudo, ficou enfiado em seu quarto. Zafir conversou com o pai. Foi tudo explicado, tudo resolvido. Segundo Zafir, seu pai ficou primeiro abismado com tudo, depois que assimilou, ficou feliz por ele ter recuperado a memória. Depois desgostoso quando soube da decisão do filho em voltar para o Arizona, e entendeu que forçar Zafir ficar era uma batalha perdida. Sem pontas solta, tudo resolvido, no dia seguinte partimos. Eu e meu habibi. Foi uma satisfação muito grande, cinco horas depois surgir na porta da casa de meu pai abraçada a Zafir tocando a campainha. É cedo, muito cedo. Seis horas da manhã.Meu pai atende com cara de sono. Seus olhos então se arregalam quando ele me vê abraçada a Zafir. —Jade! —Então olha Zafir e fica pálido. —O que você está fazendo com esse cara?—Esse cara é filho do Sheik Al Basin Jael Barak. Ele pagará todas as suas dívidas e eu me casarei com ele. Meu pai cambaleia, branco. Eu e Zafir o pegamos pelo braço e o colocamos no sofá
Tenho um momento para apreciar ele esticando o braço e abrindo um preservativo e o coloca com dedos seguros. Ele então paira sobre mim e me beija, como se alimentasse uma fome insaciável. Fecho os olhos quando ele usa a boca em todo meu peito e cada músculo de suas costas enrijece quando eu o toco, deslizo minhas mãos sobre ele. Como um filme me lembro de como somos felizes juntos. E sorrio. Ele pega meu braço e me puxa para ele, silenciando meus pensamentos com o toque dos seus lábios. Macio e gentil, ele aprofunda o beijo, acariciando a minha língua com a sua. Explorando-me. Desemaranhando-me. Tudo isso a partir de um simples beijo. Ele então passa os braços em volta de mim e me puxa para cima dele, languidamente provando-me, enquanto sua mão lentamente se aventura deslizando sobre o meu corpo. Ele continua beijando e tocando, tentando me fazer voar alto. Seus toques leves fazem meu corpo mais consciente do que ele está fazendo, e meu pulso se acelera. —Zafir... — Eu choram
JadeO meu sobrado está posicionado lateralmente ao dele. A grande janela do meu quarto fica de frente para a janela do quarto dele. A minha é ampla, coberta por uma cortina de um suave rosa claro. A dele, por outro lado, permanece quase sempre nua, desimpedida. Ele só fecha as cortinas quando vai dormir.Eu, que acreditava ter me apaixonado antes… hoje percebo que não gostava tanto assim do Liam. Foi muito fácil esquecê-lo. Se eu o amasse de verdade, não estaria tão encantada como estou agora por este meu vizinho, que também é o meu professor de produção de texto.As conversas vindas do quarto ao lado chegam aos meus ouvidos — a minha mãe e a minha irmã Yasmin —, mas eu nem sequer presto atenção ao que estão dizendo. Os meus olhos estão vidrados na janela em frente, observando ele tirar a camiseta. A minha respiração é arrancada dos meus pulmões enquanto reparo no homem mais bonito que já vi. Os meus olhos se arregalam, fixos nos músculos definidos do seu peito, das suas costas e dos