Ele me olha por um momento, e dá um sorriso. Se coloca em pé.—Que bom. Vamos! —Ele estende sua mão para mim. Eu a pego e me levanto. —Mas antes, deixe-me te apresentar ao meu irmão. Zafir.Eu preciso respirar. Pressão fecha minha garganta, um nó duro como um pedregulho tira cada última respiração fora de mim. Eu sinto que estou perdendo meu controle. Respire.Ele é um cafajeste que sumiu. Não você.Rashid me envolve pela cintura e caminhamos até onde Zafir está parado, ainda olhando para mim. Quando estou próxima a ele, procuro seus olhos negros. Ele continua lindo.... Com a boca seca, lanço esses pensamentos fora. Meus olhos seguram os dele em desafio, inquiridores. Mas ele não se abala e agora me olha como se quisesse me entender, ou como se nunca tivesse me visto na vida.—Zafir, essa é Jade.Ele dá um passo à frente, e experimento um momento de pânico.—Jade. —Ele pronuncia meu nome como se o saboreasse. Os músculos de sua mandíbula ficam tensos. — Prazer em conhecê-la, Jade.Ele
É uma sensação libertadora nadar com Rashid na praia particular. Zafir está lá, com a loira. Estão sentados em cadeiras reclináveis debaixo do guarda-sol. Respiro fundo e tento não olhar. Obrigo-me a não olhar. E consigo, me distraio, nadando, boiando. Mas acabo minutos depois, procurando o casal com os olhos. Zafir e Danna estão em pé, um de frente ao outro. Ela gesticula muito e depois para. Ele fala alguma coisa para ela. Danna se aproxima dele e lhe desfere um tapa. Pegando a suas coisas vai embora. Eu desvio os meus olhos dali e encaro Rashid que está boiando, olhando para o céu. Eu não sei o que pensar. Eles estão em crise? Não! Não! Você já colocou no coração ignorá-lo, não pensar nele. A dura realidade é: Zafir é um babaca da marca maior e estava disfarçado de bom moço. Babacas nos fazem sentir coisas. Dizem que você é a coisa mais importante da vida deles e, um belo dia, decidem que não é mais e depois desaparecem. Neste momento eu preciso estar focada em sair do bur
Caminho com passos apressados em direção ao meu quarto. Quando entro nele, fecho a porta e me encosto a ela, o coração agitado no peito.Quando me recupero, vou em direção ao banheiro e tomo um banho demorado, lavo a cabeça, tirando toda a areia e sal dos meus cabelos.Depois de colocar um vestido branco rendado de mangas curtas. Saio do banheiro e me deito na cama.Filho caçula do Sheik. Rico e dava aulas como professor no Arizona. Por quê? E se ele me deixou para ficar com a noiva, por que eles não estão felizes juntos?Pensar sobre isso e nessa nova situação me machuca, mas como não tentar entender o que aconteceu?Ele é um cafajeste e pronto? É assim que devo encarar tudo?Mesmo que ele seja, não tem como não remoer o passado. É uma forma de aprender com ele. Estudando as pessoas e nossas atitudes diante delas.Eu aprendi uma lição. Não confie nas aparências.ZafirDepois de tomar banho, visto minha calça jeans e camiseta. Deito-me na cama. Desde que abri meus olhos no hospital
Claro que os nossos sentimentos estão longe de ser fraternais. Quando penso nisso, o meu coração se agita.Allah! Nem dá para acreditar que fomos tão fundo numa relação. Ela tem aquele olhar de inocência e vulnerabilidade. Parece ser de uma família que segue os costumes.Ela foi minha? O que aconteceu conosco?Brigamos?Não consigo ter um pensamento com a possibilidade de Jade ter me rejeitado. Algo aconteceu!Oh, o inferno! Sinto-me nervoso e inquieto.Engulo um gemido de frustração tentando lembrar-me da minha vida. Fecho os olhos com aquela dor na cabeça toda a vez que me forço a lembrar. Os meus lábios contraem-se ligeiramente. Sinto como se a minha vida tivesse sido roubada de mim. A vontade que tenho quando a vejo nos braços do meu irmão é afastá-la e dizer que ela é minha, quase rosno com o pensamento.Preciso descobrir quem é Jade!Por que ela me marcou dessa maneira a ponto de eu não me lembrar de nada da minha vida, mas sonhar com ela?Por que sinto esse sentimento de posse
Eu diria que ele parece magoado com minha resposta. Duvido que tenha pensado em mim quando estava com ela. —Por que nosso romance não evoluiu?Há uma saudade tão crua em seus olhos que eu me vejo sem ar, mesmo assim eu digo, firme, para ele:—Isso está dentro de você. Eu não tenho a resposta. Você que deve se questionar. —Digo, achando inacreditável isso.Alguém bate na porta. Estremeço. Respirando fundo me afasto dele e vou até ela. A abro um pouco. —Vim pegar o maiô e a saída de praia para lavar. —Zilá me fala com um sorriso. —Só um minuto.Eu vou até o banheiro e pego tudo e abrindo somente um pouco a porta, entrego para a empregada. Quando ela sai eu me viro para Zafir. Ele está lá, no meio do quarto, me observando. Suas costas sobem e descem no ritmo de sua respiração. Ele parece nervoso.—Melhor você ir.—Não antes de você me esclarecer uma coisa. —Não tenho nada para esclarecer. Eu não tenho as repostas. —Arizona. Foi lá que iniciamos tudo, não foi? Foi antes de você ter
Zafir Saio do quarto de Jade transtornado. Sim, ela me odeia. Um aperto fecha minha garganta, uma pressão de aço que tira cada respiração fora de mim. Uma ardência se arrastou até a volta do meu pescoço e depois sobe para toda a base do meu crânio. Minha próxima respiração engata, e sinto como se eu estivesse perdendo meu controle. Respire. Meu pai e meu irmão mentiram para mim? Eu morei no Arizona? Khara[1]! Esqueci de perguntar para ela quando nos conhecemos? Falarei com meu pai! Ele com certeza tem as respostas. Claro que eles mentiram para mim. Por quê? Caminho pela mansão, como por instinto acho logo a biblioteca. Ali é seu lugar preferido. Cheia de livros, uma grande televisão em frente a um sofá confortável e reclinável. Ao lado um bom aparelho de som. Mais adiante um piano. Em outra mesa um notebook de última geração. Sem bater na porta entro. Ele está sentado na sua mesa, em frente ao notebook. Quando ele me vê, abre um sorriso e o fecha. —Filho, sente-
Eu me levanto e saio da biblioteca. Desde que vi Jade, minha cabeça tem trabalhado a mil, para entender o que está acontecendo comigo, meus sentimentos em relação a ela... Sinto-me tão desnorteado agora.Vou até a sala. Rashid está lá, sentado no sofá, com a expressão pensativa. Não sei o que pensar sobre sua atitude de chantagear alguém para alcançar seus objetivos. Com o vazio da minha mente, posso dizer que não o conheço suficiente para entender isso. Desde que cheguei do hospital quase não conversamos. Rashid respira trabalho, agora que ele está em casa. E o motivo disso é Jade. Não temos intimidade e essa manhã está particularmente difícil, eu estou mais inquieto do que de costume.Eu me sento em outro sofá, perto dele.— Estava com papai? —Rashid me pergunta, me avaliando com os olhos. —Sim. Explique-me uma coisa. Por que um cara como você precisa chantagear o pai de uma mulher para forçá-la a estar aqui? Se unir a você dessa maneira absurda?Ele dá de ombros e um sorriso de
JadeOs braços dele se apertam em torno de mim e caminhamos juntos até a varanda. Quando me afasto, eu o encaro. Ele segura meus ombros, os polegares fincados em meus braços. Seu olhar é atento sobre o meu.Eu preciso falar sobre Zafir. — Rashid, precisamos conversar. Tem coisas... — Shiiii. Isso não me acalma. Eu preciso contar, falar o que está acontecendo. — Rashid.Ele coloca o indicador nos meus lábios e me olha atentamente. Passa, então, uma das mãos nos meus cabelos, escovando uma grande mecha atrás da minha orelha. Seus olhos descem para os meus lábios. Então, ele segura meu rosto. Antes de eu ter tempo de perceber o que está acontecendo, ele se inclina em minha direção e, gentilmente, toca os seus lábios nos meus. Escuto uma limpada de garganta. Eu estremeço. É Zafir que encara o irmão.—O almoço está servido. Papai nos aguarda. Você sabe o quanto ele detesta atraso.Rashid se afasta, irritado. Eu encaro Zafir, os olhos dele estão encarando o irmão friamente, consigo at