— Pai eu estou dizendo a verdade!—Verdade? Da mesma forma que você falou a verdade quando se encontrava escondido com Liam?Eu me aproximo dele.—Pai, olha. Sei que errei por ter escondido Liam do senhor, mas eu já disse um milhão de vezes, eu nem o beijei. Só estávamos nos conhecendo. —Baixo a cabeça com o rosto mergulhado em lágrimas. —Mas agora, acredite em mim…Ah, eu posso provar! O senhor pode falar com meu professor.Foi pior, meu pai se enfurece. —Ah, é com ele que está saindo? Um mundano! Juntos, combinaram de mentir para mim?—Pai, ele descende de libaneses. Ele não mentiria para o senhor. —Digo, sem alternativa.Os ombros de meu pai caem em alívio. Allah! Meu pai não pode saber que ele é nosso vizinho.—Libanês?—Sim. O senhor pode ir na escola conversar com ele se quiser. Ele pode explicar o porquê cheguei tarde.Meu pai olha para a minha mãe e depois me encara.—Tudo bem, eu ligarei na escola para saber se diz a verdade.—Está certo, vou subir. —Digo, carregada de trist
Às sete horas, começo a me preparar para o jantar. Visto a primeira coisa que encontro. Um vestido azul-marinho, uma sandália preta. Sinto uma certa intranquilidade. Ando pelo quarto; não consigo ficar parada. Ainda sinto a sensação dos beijos de Zafir e os braços dele no meu corpo. A imagem dele transtornado também não me sai da cabeça. Eu me sinto culpada. Só não o suficiente, por isso, no escuro, vou até a janela novamente.Afasto só a fresta da minha cortina e olho para a sua casa.Cortinas!? Ele puxou as cortinas?Coloquei a mão na boca abafando um riso nervoso. Com um suspiro me afasto. Não sei o que pensar.Allah! Quão injusto é o nosso destino. Quando eu sinto algo realmente por alguém, ele está fora do meu alcance. Eu nem me preocupo mais com Samantha. Zafir não está pronto para amar, se ligar a alguém. Quando ele me beijou, foi por desejo animal, arrogância, dominância, não sei.Allah! Esperei tanto por alguém como ele, mas há esse oceano entre nós. Uma vozinha interior me
No dia seguinte, sem curso, passei o meu tempo tentando ser produtiva. Era uma forma de me distrair e não pensar tanto em Zafir. Ajudei na cozinha, na arrumação da casa, e estudei um pouco.No começo da tarde fiquei na biblioteca. Tirei para tocar piano. A música sempre acalmava meus nervos. Toquei três canções. Amira, Mabruk e Khalia.Agora, fim de tarde, sem nada pra fazer, estou na varanda. Yasmin está mais à frente, brincando com sua casa de bonecas. Mas não presto atenção nela, meus olhos estão vidrados, sem nada ver, pois uma dor de cabeça chata martela as minhas têmporas e minha mente está invadida por imagens de Zafir. Fico revivendo tudo. Como um disco quebrado.Ele era bem enervante.Arrogante!Convencido!Por que eu penso tanto nele?Levanto-me da cadeira e entro para dentro.~ * ~ * ~ * ~ZafirDepois de dar uma corrida no quarteirão, chego em casa às cinco horas da tarde. Abro a porta e entro no hall espaçoso e sigo até a sala silenciosa. Subo as escadas e entro no meu qu
JadeEscovo os dentes com força desnecessária. Observando-me no espelho, aliso a camisa branca e a calça preta. Examino o meu cabelo. Resolvo deixá-los soltos. Olho a minha camisa com raiva. Ela me deixa gorda.De tão nervosa, estou tremendo.Vamos lá Jade. Por que tudo isso? Por que esse nervosismo todo?Respiro fundo.— Eu deveria me trocar. — Eu digo para o meu reflexo, quando me viro e olho como a camisa está larga. Vou até o armário e pego uma mais justa.Quarenta minutos depois estou já na sala de aula. Vestindo uma camisa preta para agradá-lo e ao mesmo tempo forçando a não ceder o meu desejo absurdo de ir embora. Tomo uma respiração profunda quando vejo Samantha. Ela não está com uma cara boa. Mas quando me vê sorri.—Aconteceu alguma coisa? —Pergunto curiosa.—Não. Está tudo ótimo.Pouco tempo depois, a sala zumbia com a conversa. Eu mantive os meus olhos longe da porta, olhando o vazio. Quando todos pararam de falar, eu engulo em seco. Ergo os meus olhos e dou com os negros
Zafir se aproxima muito rápido e me cerca pela cintura. Abri minha boca surpresa. Ele parece estar esperando alguma reação minha, mas eu estou tão fascinada que tudo o que consigo é ficar olhando para ele. Ele se inclina para a frente e eu estremeço. A expressão dele me diz que sou uma batalha ganha.—Não podemos. —Enfim, consigo dizer, mas minha voz sai tão fraca.Ele sorri. Passa longos segundos olhando para a minha boca com um fascínio explícito antes de voltar a olhar nos meus olhos.—Claro que podemos. — A voz dele é pouco mais que um sussurro, mas vibra pela minha pele, penetra nos meus ossos.Allah, sim, sim... penso observando esses lábios tão gostosos. Como se ele pudesse ler meus pensamentos, ele sorri sem tirar seus olhos dos meus lábios.Então, sua boca cobre a minha com um gemido, num beijo quent
Na idade dela, eu acompanhava meus pais com prazer. Papai sempre me comprava algo que eu gostava, e depois íamos a uma lanchonete. — O almoço está pronto — ela avisa. — Obrigada. Já vou descer. — Você não vai com a gente? — Não. — Viu meu vestido novo? Levanto-me da cama. — Vi. Ficou lindo em você. — Por que não quer ir conosco? Sorrio para ela. — Nem sempre o que é bom para nós é bom para outra pessoa. Na sua idade, eu gostava, mas agora cresci. — Se eu crescer e ficar como você, não quero — ela responde com a sinceridade de uma criança. Rindo, pergunto: — O que tem de errado comigo? — Você está sempre fechada no quarto com essa cara. Caímos na gargalhada. Ela faz uma expressão séria, olhar vidrado num canto, imitando-me. Rimos juntas. — Vamos descer, ô “encrenca”. Descemos as escadas. Yasmin está certa. Ser criança é bem menos complicado. O almoço transcorre em um silêncio característico. Cada um preso em seus próprios pensamentos. Mas algo está errado. Papai não e
Zafir? Engulo em seco.Com o coração acelerado, abro a porta até onde a corrente de segurança permite. Ele ainda usa as mesmas roupas da escola: calça preta, camiseta preta e botas de cano curto.— Zafir? Aconteceu alguma coisa?— Preciso falar com você.Não consigo evitar uma risada nervosa, pois a frase combina com ele.— Meus pais não estão em casa, e eles não permitiriam sua entrada.— Quer fazer o favor de abrir essa porta direito? — Ele diz, impaciente.Fecho a porta, retiro a corrente de segurança e a abro por completo. Agora estamos frente a frente.— Bem melhor. Eu não vou entrar. Podemos nos sentar aqui e ter essa conversa. — Ele aponta o banco em frente ao jardim, ao lado da porta.
—Amanhã iremos para a casa do tio Amir. —Mamãe me diz enquanto guarda as compras.—Amanhã? —Tento reprimir a minha decepção.—Por que, tem algum compromisso? —Meu pai pergunta amargo, enquanto ajuda minha mãe.—Não. Pai... —Eu faço uma pausa. Meu pai sempre foi uma pessoa calma, maravilhosa. Por que ele anda tão nervoso? — Pai, aconteceu alguma coisa com o tio?Sinto meu pai agitado.—Não. Vamos apenas visitá-lo.—O senhor se importa se eu não for. —Pergunto. Torcendo para não ir. Quando Zafir viesse no horário combinado. Ficaríamos juntos, seria até uma forma de nos conhecermos melhor.—Por que não quer ir? —Meu pai pergunta mais calmo.Eu respiro fundo, o coração martelando no peito.—Pai. Quero ficar no meu canto. E o senhor volta no mesmo dia, não volta? Sei que não gosta de dormir lá.—Tudo bem. Mas eu vou marcar a quilometragem do carro. E você está proibida de sair e fazer ligação.Eu forço um sorriso.—Qual é a novidade disso? Obrigada pai.Ele me estuda com os olhos.—Jade? O