JadeEscovo os dentes com força desnecessária. Observando-me no espelho, aliso a camisa branca e a calça preta. Examino o meu cabelo. Resolvo deixá-los soltos. Olho a minha camisa com raiva. Ela me deixa gorda.De tão nervosa, estou tremendo.Vamos lá Jade. Por que tudo isso? Por que esse nervosismo todo?Respiro fundo.— Eu deveria me trocar. — Eu digo para o meu reflexo, quando me viro e olho como a camisa está larga. Vou até o armário e pego uma mais justa.Quarenta minutos depois estou já na sala de aula. Vestindo uma camisa preta para agradá-lo e ao mesmo tempo forçando a não ceder o meu desejo absurdo de ir embora. Tomo uma respiração profunda quando vejo Samantha. Ela não está com uma cara boa. Mas quando me vê sorri.—Aconteceu alguma coisa? —Pergunto curiosa.—Não. Está tudo ótimo.Pouco tempo depois, a sala zumbia com a conversa. Eu mantive os meus olhos longe da porta, olhando o vazio. Quando todos pararam de falar, eu engulo em seco. Ergo os meus olhos e dou com os negros
Zafir se aproxima muito rápido e me cerca pela cintura. Abri minha boca surpresa. Ele parece estar esperando alguma reação minha, mas eu estou tão fascinada que tudo o que consigo é ficar olhando para ele. Ele se inclina para a frente e eu estremeço. A expressão dele me diz que sou uma batalha ganha.—Não podemos. —Enfim, consigo dizer, mas minha voz sai tão fraca.Ele sorri. Passa longos segundos olhando para a minha boca com um fascínio explícito antes de voltar a olhar nos meus olhos.—Claro que podemos. — A voz dele é pouco mais que um sussurro, mas vibra pela minha pele, penetra nos meus ossos.Allah, sim, sim... penso observando esses lábios tão gostosos. Como se ele pudesse ler meus pensamentos, ele sorri sem tirar seus olhos dos meus lábios.Então, sua boca cobre a minha com um gemido, num beijo quent
Na idade dela, eu acompanhava meus pais com prazer. Papai sempre me comprava algo que eu gostava, e depois íamos a uma lanchonete. — O almoço está pronto — ela avisa. — Obrigada. Já vou descer. — Você não vai com a gente? — Não. — Viu meu vestido novo? Levanto-me da cama. — Vi. Ficou lindo em você. — Por que não quer ir conosco? Sorrio para ela. — Nem sempre o que é bom para nós é bom para outra pessoa. Na sua idade, eu gostava, mas agora cresci. — Se eu crescer e ficar como você, não quero — ela responde com a sinceridade de uma criança. Rindo, pergunto: — O que tem de errado comigo? — Você está sempre fechada no quarto com essa cara. Caímos na gargalhada. Ela faz uma expressão séria, olhar vidrado num canto, imitando-me. Rimos juntas. — Vamos descer, ô “encrenca”. Descemos as escadas. Yasmin está certa. Ser criança é bem menos complicado. O almoço transcorre em um silêncio característico. Cada um preso em seus próprios pensamentos. Mas algo está errado. Papai não e
Zafir? Engulo em seco.Com o coração acelerado, abro a porta até onde a corrente de segurança permite. Ele ainda usa as mesmas roupas da escola: calça preta, camiseta preta e botas de cano curto.— Zafir? Aconteceu alguma coisa?— Preciso falar com você.Não consigo evitar uma risada nervosa, pois a frase combina com ele.— Meus pais não estão em casa, e eles não permitiriam sua entrada.— Quer fazer o favor de abrir essa porta direito? — Ele diz, impaciente.Fecho a porta, retiro a corrente de segurança e a abro por completo. Agora estamos frente a frente.— Bem melhor. Eu não vou entrar. Podemos nos sentar aqui e ter essa conversa. — Ele aponta o banco em frente ao jardim, ao lado da porta.
—Amanhã iremos para a casa do tio Amir. —Mamãe me diz enquanto guarda as compras.—Amanhã? —Tento reprimir a minha decepção.—Por que, tem algum compromisso? —Meu pai pergunta amargo, enquanto ajuda minha mãe.—Não. Pai... —Eu faço uma pausa. Meu pai sempre foi uma pessoa calma, maravilhosa. Por que ele anda tão nervoso? — Pai, aconteceu alguma coisa com o tio?Sinto meu pai agitado.—Não. Vamos apenas visitá-lo.—O senhor se importa se eu não for. —Pergunto. Torcendo para não ir. Quando Zafir viesse no horário combinado. Ficaríamos juntos, seria até uma forma de nos conhecermos melhor.—Por que não quer ir? —Meu pai pergunta mais calmo.Eu respiro fundo, o coração martelando no peito.—Pai. Quero ficar no meu canto. E o senhor volta no mesmo dia, não volta? Sei que não gosta de dormir lá.—Tudo bem. Mas eu vou marcar a quilometragem do carro. E você está proibida de sair e fazer ligação.Eu forço um sorriso.—Qual é a novidade disso? Obrigada pai.Ele me estuda com os olhos.—Jade? O
Como é que uma mulher relaxa perto de um homem como ele?—Estou relaxada. —Eu asseguro, mas sei que é uma mentira.—Não parece. Você está um pouco dura.—Não estou. —Minto.Ele solta o ar e passa os braços ao meu redor. Seus olhos são hipnóticos. Quero parar de olhar para ele, mas não consigo. Não consigo parar de desejá-lo. Ficamos em silêncio por alguns minutos. Ele está completamente à vontade olhando para mim.—Fale-me de você. Quem é Jade? —Ele pede. Seus dedos passando pelos meus cabelos, ternamente.Eu respiro fundo.—Sou nova na cidade, como sabe. Eu vivia em Miami. Morei lá desde que nasci, com a mudança de emprego de meu pai, nos mudamos. Mas sinceramente, não sei se ele veio para cá propositalmente. Porque esse bairro, como você mesmo disse, é um bairro árabe. Talvez seu intento seja me afastar das más influências, más companhias e me arrumar um casamento.Zafir me olha com estranheza.—Ninguém muda de uma cidade assim, por causa disso.Eu respiro fundo.—Porque você não co
Um aperto toma conta do meu coração. Um eco dizendo “Isso não está certo, isso é errado” começa no meu cérebro, mas sua boca no meu seio, e me tocando em todos os lugares certos, silencia os meus temores e me faz voltar para a nossa bolha. Fecho meus olhos, suspirando. Cravando os meus dedos em seus ombros. Ele dá um gemido de prazer. Um som possessivo sai da sua boca isso me faz beijá-lo. Agarro-me a ele enquanto ergo as minhas pernas em volta de sua cintura.Pouso as minhas mãos em seu cabelo enquanto ele se cola em mim. Mais do que tudo, quero ser possuída por esse homem. Não apenas fisicamente. Desejo pertencer a ele, tanto quanto quero que ele me pertença.Aperto os braços ao seu redor, enquanto ofego contra a sua pele. Ele se move sobre mim, movendo suas musculosas pernas e as deslizando entre as minhas coxas. Sim, eu queria ser preenchida por ele. Latejo de desejo. Ele parece que lê os meus pensamentos. Mas não é como eu esperava, dói. Eu não sabia que doía e o afasto com med
No dia seguinte o sol já está alto quando desperto. A lembrança da noite passada me faz envolver-me com meus braços, enquanto sinto uma grande felicidade no coração. Levanto-me da cama me sentindo leve. Depois de tomar café, ajudo minha mãe em algumas tarefas. O dia acaba se arrastando, o Domingo passa longo e interminável, mas o tempo todo eu me pego sorrindo sozinha com as lembranças de tudo que eu vivi com Zafir na minha sala em frente a lareira. Suspiro. Sempre fui muito reprimida, poupada. Meus pais não me contam nada, não me passam nenhum tipo de problema. Impedem laços de amizades com pessoas que não seguem nossos costumes. Desde que saí da escola árabe, sempre tive colegas, não amigas. Eles sempre me tratando como uma criança. A minha percepção mudou. Hoje entendo que muitas vezes tive até atitudes infantis. Muito timidez. Medos desnecessários. Allah! Por isso sinto-me abençoada por ter conhecido Zafir. Eu sinto como se eu não fosse mais a mais a mesma pesso