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Capítulo 1 — Resistindo às Sombras

Visões começaram a se formar na mente de Yara: árvores em chamas, o solo rachado como se vertesse sangue, e uma sombra crescente que devorava tudo em seu caminho. A dor da floresta era quase tangível, transbordando para dentro dela como uma onda avassaladora. Seu corpo tremia, tomado pela agonia que não era apenas sua, mas de algo muito maior.

Yara cerrou os punhos, respirando fundo.

— Tupã... — sussurrou, a voz entrecortada, não mais que um sopro. — Onde você está?

Por mais desesperador que fosse o cenário, algo dentro dela insistia que ele ainda estava vivo. Talvez fosse uma esperança tola, ou talvez fosse a própria floresta, sussurrando que não o abandonara. Mas o tempo estava contra eles, e ela sabia disso.

Estava prestes a se mover, para investigar a situação, quando um calafrio subiu por sua espinha. Antes que pudesse reagir, uma gélida mão sombria agarrou seu tornozelo, arrastando-a com força para o rio de águas turvas ao seu lado.

Um grito sufocado escapou de Yara conforme ela era puxada para dentro da corrente escura. A água fria a envolveu como um manto de gelo, e ela se debateu desesperadamente, tentando alcançar a superfície. Mas algo viscoso e grotesco a segurava. Tentáculos asquerosos emergiam das profundezas, enrolando-se em torno de seus braços e pernas, repuxando suas vestes com uma força monstruosa.

Yara lutava, o desespero queimando em seu peito como fogo. A água parecia ganhar vida, sufocando seus pulmões e roubando sua força. Mesmo assim, ela não cedia, cada movimento uma peleja pela sobrevivência.

Debatendo-se com todas as forças, Yara levou a mão à cintura, onde sua faca de pedra estava presa. Seus dedos trêmulos encontraram a lâmina, e com movimentos ligeiros, ela começou a desferir cortes cegos contra os tentáculos que a prendiam. A faca descrevia arcos desesperados, rompendo a água e as sombras com feroz obstinação, mesmo conforme o terror crescia em seu peito, ameaçando paralisá-la, cada golpe um protesto ao desconhecido que tentava consumi-la.

Fazendo um esforço monumental, Yara notou que só havia uma maneira de escapar. Nisso, com o coração pesado, ela abriu mão de suas vestimentas, deixando-as para trás conforme se livrava dos tentáculos viscosos que ainda a puxavam para baixo. Livre do peso que a prendia, Yara nadou em direção à superfície.

Seu corpo rompeu a água com um ímpeto desesperado, o ar frio finalmente enchendo seus pulmões. Sem hesitar, ela saiu às pressas do rio, tropeçando e ofegante, conforme gotas geladas escorriam por sua pele nua.

Por um momento, ela ficou ali, seus pés afundando no solo lamacento da margem. Mas a ameaça ainda parecia próxima, e ela sabia que não podia parar.

Ainda abalada pelo susto, Yara improvisara às pressas uma tanga com folhas de figueira. Mal podia acreditar que suas vestes de pele haviam sido levadas pelas... sombras das águas revoltas.

Não se envergonhava de sua nudez, mas o frio que mordiscava sua pele vinha com algo mais.

Havia algo abissalmente medonho dentro da água. Algo descomunal e horripilante e sombrio, que agora começava a se condensar também na atmosfera. 

Pelos espíritos! 

Era como se o ar em volta tivesse sido engolfado pelas sombras de seus piores pesadelos.

Agachada no barranco, a jovem olhou ao redor. Será que a escuridão queria prová-la até a exaustão?

O suave vento da escura tarde soprava as folhas que ela usava como tanga, fustigando-a e provocando calafrios.

Uma presença... Yara podia sentir. Uma coisa tenebrosa queria a forçar, abusar dela e... A jovem esforçou-se para se levantar — para correr. Fugir.

De repente, línguas e tentáculos de trevas brotaram do nada, ao que Yara sobressaltou-se frente à visão sombria. Ela fez menção de recuar. No entanto, mais veloz que seu pensamento, os sombrios tentáculos a enrolaram, ao que línguas das sombras a penetraram. Yara gemeu baixinho, o rosto ruborizando-se. 

Ela caiu, se esparramando sob o peso das trevas, a virilha preenchendo-se com a fria língua da escuridão conforme lágrimas rolavam de seus olhos.

Naquele momento, a única consolação de Yara repousava no silêncio: seu véu íntimo desfizera-se pelas mãos de quem amara, não por violência.

A sombra entrava e saia dela com uma tremenda força, resvalando gelatinosamente como uma gosma em um suave túnel, fazendo-a mover involuntariamente os próprios quadris, arrancando gemidos a cada golpear, a cada roçar entre carne e sombra macia, a cada contração, a cada expansão...

Mordiscando os lábios, a jovem estendeu a mão tremeluzente em direção à virilha — um vão esforço de extinguir os feromônios que ameaçavam escorrer, conforme lutava para conter os gemidos que escapavam de si.

Nesse ínterim, dois tentáculos agarraram vigorosamente seus fartos seios, o toque gélido e pegajoso ameaçando violar cada extensão de seu ser.

Yara conteve um prolongado gemido, e sacudiu a cabeça ao tentar se concentrar em não se entregar ao prazer.

Tupã... o que ele pensaria se a visse daquele jeito?

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