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Capítulo 3 — Emergencial Reunião

Com os lábios pressionados num tenso silêncio, a jovem estendia a mão trêmula em direção à virilha — o ar ao seu redor pesado, carregado de um desejo que parecia pulsar em cada fibra de seu ser. Seus feromônios dançavam no limite, quase tangíveis, conforme ela lutava para conter os gemidos que insistiam em escapar de sua garganta, frágeis e roucos.

Dois tentáculos sombrios emergiram das profundezas, envoltos numa névoa fria e viscosa, e agarraram seus seios com uma força que era ao mesmo tempo implacável e sedutora. O toque das sombras era gelado, mas ardente, como se cada movimento fosse uma promessa de algo além da compreensão humana. Yara cerrou os dentes, um gemido prolongado ecoando em sua mente, conforme as sombras a envolviam, moldando-se ao seu corpo como uma segunda pele.

Ela sentiu-se sendo puxada para o abismo, uma queda vertiginosa que a consumia por completo. As sombras a engoliam, levando-a cada vez mais fundo, num ritmo que era tanto tortura quanto êxtase. Deslizando, caindo, repetindo-se num ciclo infinito, Yara mergulhou na escuridão, embora não quisesse se entregar ao que quer que a aguardasse no coração noturno.


A escuridão pesava sobre a terra como um presságio, sufocando até o ar que se respirava.

No interior da sala subterrânea, onde a luz das tochas projetava sombras distorcidas nas paredes de pedra, o silêncio era tão denso quanto a atmosfera de tensão. Kaena estava assentada em um canto, os olhos fixos na chama oscilante à sua frente, mas sua mente vagava longe dali.

Ela ainda podia sentir a floresta — a pulsação viva da terra, os sussurros dos espíritos que antes a acolhiam como uma filha. Agora, havia apenas um vazio. Um corte profundo, um ferimento oculto que sangrava sua essência.

A floresta estava moribunda.

E se a floresta morria... o que aconteceria com o mundo?


O que quer que vá dizer, diga logo.

A voz de Hei quebrou o silêncio, grave e impaciente. Ele estava encostado contra a parede, os braços cruzados, sua expressão endurecida pela desconfiança.

Diante deles, Duncan Callahan — o comerciante estrangeiro que até então se fazia passar por um mero espectador da guerra — retirava seu casaco pesado, revelando algo inesperado.

Tatuagens rúnicas se desenhavam por seus braços, marcas de um poder antigo, símbolos que exalavam um leve brilho azulado. Quando ele ergueu a mão, um sutil tremor percorreu o ar ao seu redor.

Não sou apenas um comerciante — disse ele, e a mudança em seu tom de voz fazia parecer que ele sempre fora outra pessoa por trás daquela máscara. — Meu nome completo é Duncan Callahan, e sou um exorcista da Irmandade da Aurora.

Kaena trocou um olhar ligeiro com Hei.

Então foi por isso que você tentou alertar Donaldo... — Murmurou ela.

Duncan soltou um riso seco.

Eu tentei, sim. Mas Donaldo é orgulhoso demais, teimoso demais para ouvir. Ele acha que pode controlar as forças que agora invoca. Acha que pode torcer as sombras ao seu favor, que pode dobrar Naaldlooyee à sua vontade... — Ele balançou a cabeça, uma centelha de exasperação em seus olhos. — Mas o Senhor das Sombras Abissais não se curva a ninguém. Nunca se curvou.

Aquela afirmação fez a sala mergulhar em um silêncio inquietante.


Hei respirou fundo, absorvendo a gravidade daquilo.

O que sabemos até agora? — perguntou ele, apertando os punhos.

Duncan se aproximou da mesa no centro da sala, onde um almiscarado mapa estava estendido sobre a madeira gasta. Ele correu os dedos pelo pergaminho, traçando caminhos invisíveis.

Naaldlooyee estava em um longo período de descanso, aguardando o momento certo para agir. Agora, ele voltou a se mover. — Duncan ergueu os olhos, e neles havia um peso que Kaena reconhecia bem: o peso do medo de um homem que viu horrores demais para ignorá-los.

E o que ele quer? — perguntou um dos cativos libertados, um homem que ainda exibia marcas das correntes que o prenderam.

Duncan hesitou. Quando falou, sua voz veio mais baixa.

Ele já pode ter conseguido.


Kaena sentiu o estômago se revirar.

O que isso significa?

Duncan apertou os dedos ao redor da borda da mesa.

Se Naaldlooyee fez um pacto com Donaldo, isso significa que ele obteve uma âncora para se fortalecer novamente neste mundo. O bruxo pode ter usado a ambição de Donaldo como um canal para algo muito pior.

O silêncio se estendeu. A ideia era assustadora.

Kaena sentia sua própria respiração vacilar. Se Donaldo realmente havia sido usado como um receptáculo para os planos do Senhor das Sombras Abissais... então qualquer resistência poderia já ser tardia.


Nós temos que agir — disse ela, sua voz cortando a hesitação no ar. — Depressa.

Hei desviou o olhar para ela, os olhos analisando seu rosto como se buscasse algo.

Kaena... não temos o poder para rivalizar contra um mestre sombrio.

Isso nunca nos impediu antes.

Duncan cruzou os braços, observando a discussão com uma expressão séria.

O Xamã do Crepúsculo, Nagato, já encarou forças como essa antes — disse ele. — Mas mesmo ele reconhece que enfrentar Naaldlooyee diretamente é exaustivo... perigoso. Nem mesmo os guardiões ancestrais que ele invoca são páreo para as sombras que o Senhor das Trevas manipula. Tampouco meus Shikigami...

Então o que propõe? — perguntou Hei.

Duncan inclinou-se sobre o mapa.

Naaldlooyee ainda precisa de um tempo para estabilizar sua presença neste mundo. Durante esse período, ele não está em seu auge. Isso nos dá uma pequena janela de oportunidade. Se encontrarmos seu altar e destruirmos seu ponto de ancoragem antes que ele se fortaleça, podemos impedir sua ascensão total.

Kaena estreitou os olhos.

E onde está esse altar?

Duncan não hesitou.

No vale negro... além das ruínas de Alcarth.


A simples menção ao lugar fez alguns dos presentes recuarem.

O Vale Negro era conhecido entre os antigos como um lugar de maldições, onde o próprio solo era envenenado por séculos de magia obscura.

Kaena respirou fundo. Ela não era mulher de recuar diante do perigo.

— Então, devemos partir imediatamente.

Hei tocou seu braço, forçando-a a olhar para ele.

— Tem certeza? É evidente que essa missão pode nos matar.

Kaena segurou seu olhar.

E se não fizermos nada, todos morreremos.

Duncan observava Kaena e Hei.

Naaldlooyee estava em movimento. O tempo corria contra eles.

E a única esperança de impedir que as sombras consumissem tudo estava nas mãos de um grupo de guerreiros exaustos, mas resolutos.

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