NEFERTARI
NEFERTARI
Por: MRodrigues7
Prólogo

Nojo. Raiva. Tristeza. É tudo uma mistura, aqueles malditos acabaram com tudo que eu tinha, levaram desde a minha virgindade até minha vontade de viver. Malditos, eu preferia estar morta. Limpo as malditas lágrimas que insistem em escorrer pelo meu rosto, mesmo não querendo mais chorar, é como se eu não conseguisse parar, é como se meus olhos sangrassem, mas em vez de sangue, são lágrimas, é como uma dor latente. Os desgraçados, que me desgraçarão, devem pagar, mas não perante a lei, não é suficiente, eu sei que meus irmãos estão atrás deles, mas acho que nem isso é suficiente. Pego a esponja e esfrego todo meu corpo pela quinta vez, o hilário é que me sinto ainda mais suja. Observo meu corpo, minha pele está toda avermelhada, esfrego ainda mais. As lágrimas ficam mais intensas, grito, choro, passo minhas unhas pela pele com tamanha força que sinto a ardência da pele ferida, mas não me importo. Ainda sinto o toque deles. Ouço suas vozes, como se ainda sussurrassem em meu ouvido. "Sua vadiazinha gostosa, vem cá vem." "Tão apertadinha, sei que está gostando" Caiu ao chão e choro ainda mais, mordo meu braço, me arranho, sinto tanto nojo, que vômito. Dói, eu só quero que passe. Mas não dói o corpo, minha dor está na alma. Soluço e sinto braços ao meu redor, não esboço reação, a pessoa me enrola e desliga o chuveiro.

-Sorella? Vou cuidar de você.- diz meu irmão Ramsés, ele beija minha testa, pega-me no colo e me coloca na cama.

Coloco minha cabeça no travesseiro e não digo nada, não tenho nada a dizer, estou enojada, envergonhada, morta.

-Não aguento vê-la assim.- ouço minha mamma falando com Ramsés. -Encontre-os.- ordena.

-Nos vamos encontra-los.- diz e sinto alguém fazer carinho em meus cabelos. Fecho os olhos.

-Estou aqui filha, você não está sozinha, está segura, está em casa.- diz com a voz embargada, eu sei que estou segura, mas é tarde demais. Abro os olhos e sento-me na cama. Olho em seus olhos, há dor neles, passo minha mão em sua bochecha e sorriu de lado, um sorriso triste e vazio.

-Eu quero morrer.- consigo pronunciar em um fio de voz e retorno a chorar soluçando. Deito a cabeça em seu colo, em busca de algum consolo.

***

Tudo andava tenso na mansão Ambrogetti, desde o sequestro e depois a volta da Nefertari, seus irmãos não conseguiam comer e nem sequer dormir, todos atormentados, e em busca de quem tanto machucou vossa irmã.

-Quais as novidades?.- questiona Apolo cansado, já faz duas semanas que procuram os homens e principalmente o mentor do sequestro da Nefertari.

-Temos um homem que pode nos levar a eles. - diz Ramsés observando a tela do computador.

-O deixem comigo.- responde Hades se levantando, ele dos irmãos sempre foi o mais dedicado na prática da tortura.

-Tratamento especial para ele. - ordena Apolo.

-Com certeza capo.- garante, e antes que continuem a porta é aberta, e para supresa de todos Nefertari entra.

-Sorella?.- É a primeira vez desde que tudo ocorreu que ela sai do quarto, mais não foi só isso que chamou a atenção dos irmãos.A irmã estava com uma postura extremamente seria, uma postura que nunca tinham visto antes.

- Eu falarei com este homem.- diz firme.

-O que? Não, o Hades cuida disso. - responde Apolo com a mesma firmeza apresentada pela irmã.

-Não. Sou eu quem tem direito de fazer isso, cansei de ser uma idiota. - fala com a voz entrecortada, mostrando que não está tão inabalável quanto quer mostrar.

-E o que isso significa?. - questiona Hades intrigado.

-Que eu quero me vingar, e não deixarei que façam isso por mim.

-Nefertari, você não é assim. - argumenta Ramsés.

-Não era, agora sou. Eu quero ser.

-Não é assim tão simples.- Hades se aproxima dela.

-Então me ensine, eu quero entrar.

-Entrar? Esse caminho não tem volta.- lembra Apolo passando as mãos no cabelo.

-Eu sei, mas eu cansei de ser aquela mulher que não sabia se defender, que não podia revidar, eles me destruíram, e a única coisa que me fez sair daquele quarto, e querer ainda viver é saber que posso me vingar deles, os fazerem pagar na mesma moeda, eu quero sangue, os quero morto, mais por minhas próprias mãos.- diz deixando todos no recinto sem fala.- Eu quero presenciar o exato momento que eles morrerem, quero os ouvir suplicar, quero que chorem, e quero me deleitar na dor deles.

-Sabia que o sangue da família uma hora ou outra falaria mais alto.- diz Hades e coloca sua mão no ombro da irmã.- Mas o caminho que está querendo percorrer é sem volta, haverá muitas mortes e sangue, está pronta para embarcar a caminho do inferno?

-Eu já estou nele, então agora quero abraçar o diabo.

***

Anos mais tarde:

-Diga-me com quem andas que direi quem tu és.- recito o versículo olhando para ele, vejo quando ele engole em seco.

-E-Eu juro que não o conheço, ele só pediu ajuda com o carro.- diz Max enquanto observo a mentira saltar de seus lábios melados de sangue. Pego novamente meu soco-inglês rosê e coloco em minha mão direita.- Por favor, eu não sabia...- suplica, olho bem para seu rosto e percebo que tem ainda uma parte intacta, ótimo, distribuo mais socos em seu rosto, deixando agora tudo uniforme.

-Não minta Max, sabe muito bem que reconheço uma mentira de longe.- digo parando com os socos e me aproximo da mesa onde meus utensílios estão expostos, pego primeiro um copo com água, se hidratar é importante. Ouço a porta ser aberta.

-Sorella, o rato já abriu o bico?- pergunta Hades vindo até mim, ele deposita um beijo em minha testa, e observa a mesa.- O que usará? Tem uma vasta opção.- pergunta com a mão no queixo.

-Por favor, senhor Hades, eu não traí os senhores.- fala e soluça.

-Que tal a forquilha do herege?.- pergunto com o garfo medieval de duas pontas em mãos, e sorrio abertamente.

-Ótima escolha sorellina.- viro para o Max já com o garfo em mãos, seus olhos se arregalam.

-Por Deus não! Tenha piedade.- diz desesperado, desfaço meu sorriso e olho em seus olhos sem desviar, vejo seu medo, pavor, ele está encurralado.

-Então, DIGA O QUE EU QUERO.- grito em seu rosto.

-Eu não posso.- diz abaixando a cabeça.

-Não pode? Resposta errada.- digo o olhando com desprezo.-Levantem a cabeça dele.- digo olhando para o Ethan e Hawke.

-Não, tenham piedade, eles mataram a mim e minha família.- diz em súplica.- muitos dependem de mim.

-Que pena, mas não é problema meu.- ele se debate e tenta a todo custo se desvencilhar.- O segurem firme, não quero que ele morra antes da hora.- me aproximo quando vejo que ele já está pronto, coloco a fivela do garfo em seu pescoço e prendo bem, ajeito o garfo em seu queixo e a outra parte em seu osso esterno, assim ele mesmo se matará, devido que será obrigado a permanecer com a cabeça erguida o tempo todo, sem deitá-la, olhar para o outro lado ou ver o próprio corpo, qualquer movimento ou descuido penetrará em sua mandíbula, o que será trágico, para ele. Ele chora silenciosamente agora. A porta é aberta novamente e agora é o Ramsés.

-Cazzo, o que esse infeliz fez?.- pergunta devido que estava em viajem e não sabe das últimas.

-Ele é o delator.

-Peraí, foi por culpa dele que levei um tiro?

-Sim.

-Figlio de puttana.- esbraveja se aproximando dele, mas empeço.

-Como foi Viena?.- pergunta Hades comendo amendoim, ele está sentado mais ao canto, observando o homem suando na cadeira.

-Su-suuu...liv-vann.- sussurra com medo de falar mais alto e o garfo penetre.

-Repita.- ordeno me aproximando.

-Suuulivan.

-Sulivan? Sulivan de quê?

-González.-diz ainda baixo.- México.

-Sulivan González, do México. Pesquise Ethan.- digo e ele sai em busca de nossa hacker.

-M-me solta.- implora.

-Farei melhor.- digo e coloco minhas duas mãos em cada lado de seu rosto e pressiono contra o garfo que penetra em sua mandíbula.

-Aaaaaaaaaa.- grita e vejo seus olhos se revirarem, termino e o imundo não respira mais.

-Procure saber tudo sobre a família dele, os deixem em segurança, eles não tem culpa do que esse verme fez, e se livrem do corpo, mas mandem uma lembrança para o González seja ele quem for.-digo olhando para o Hawke.

-Que tal um vinho do Porto? O Apolo, acabou de chegar.-diz Ramsés mostrando uma mensagem de nosso irmão.

-Acho ótimo. - respondo.

-Prefiro um conhaque.- comenta Hades se levantando e amassando o saquinho que antes continha amendoim.

-Só vamos de uma vez, preciso de um bom e relaxante banho e que tal uma massagem fratello?.- pergunto olhando para o Ramsés

-Hmmm... talvez você mereça.- diz enquanto saímos daquela sala imunda.

O Bunker está a todo vapor, devido a nossa próxima missão, entretanto agora só quero descansar um pouco, ir para casa tomar esse vinho do Porto que o Ramsés sugeriu.

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