Capítulo 6 - Olá, Khalil.

NEFERTARI AMBROGETTI

Assim que chego na casa do Apolo, sou informada que ele já espera em seu escritório. Então o safado já sabia que eu vinha, tudo tão arquitetado, que raiva. Já consigo imaginar tudo, e de quem deve ter sido o plano todo.

-Buongiorno, sorella.

-Buongiorno? Para quem, Fratello? Onde está o Formiga? - questiono e ele suspira.

-Ele está bem, em um local seguro, e com vários bambini. - informa, e aponta para a cadeira em sua frente para que eu sente.

-Por que isso?- questiono me sentando.

-O conselho não confia na sua palavra, então para garantir que você não vai desistir, eles me pediram para deixá-la longe do bambino.

-Figli de puttana! (Filhos da puta)

-Sorella, não me alegra fazer isso, mas você sabe que uma ordem deles não pode ser descumprida.

-Eu sei, odeio isso. Quando eles vão parar de se intrometer?

-Quando você casar.- diz o óbvio. Tudo é por causa desse maldito casamento.

-Então em cinco dias ele estará comigo?

-Tem minha palavra. Inclusive meu sobrinho é muito simpático, nada parecido com você.- diz risonho. Acabo sorrindo também.

-Então você falou com ele.

-Tivemos uma breve conversa, ele não parou de falar de você.

-Você disse que é meu fratello?

-Sim, aliás poderá falar com ele por videochamada, se não ele ficará chateado se você sumir por cinco dias.

-Não é como se eu tivesse escolhas. - resmungo. Odeio não estar no controle das situações.

***

É amanhã! Cazzo. E hoje finalmente conhecerei o Khalil. Queriam que a gente se conhecesse apenas amanhã, mas eu disse que isso era uma idiotice tremenda, e o avô dele me ouviu dizendo isso, e repensou. Então iremos almoçar toda a família hoje. Já estamos todos na sala de estar esperando a família Özçivit, já conheci minha sogra, Nyrat o capo da famiglia e o avô do Khalil, mas ainda não conheci seu pai, Omã.

-Eles chegaram.- avisa Apolo parando de espiar pela janela da sala, como uma criança.

-Ótimo. Já estou com fome, acho que eles possuem problemas quanto horário. - resmungo.

-Nefertari! Pare de ser ranzinza. - recrimina mamma.

-Não peça o impossível mamma. - comenta Ramsés e mostro o dedo do meio para ele.

A campainha toca, mamma prontamente vai atender a porta. Estaria mentindo se dissesse que não estou... curiosa. Cazzo, terei que conviver com ele pelo resto da minha vida, isso é muito tempo. Vejo primeiro minha sogra entrar, depois o Nyrat, e um homem que deve ser o Omã e por último... Oh não! Não, não e não! Cazzo. Fixo minha atenção nele, e é impossível seu rosto não me trazer lembranças. Nossos olhares se cruzam e ele enruga a testa, parece também me reconhecer.

- Olha só, é bom vê-la Nefertari. - fala e sorri debochado.

-Olá, Khalil.- estendo a mão e damos um aperto demorado. E é como se eu pudesse ver o destino debochando e rindo da minha cara. Nem em mil anos eu poderia imaginar que o Khalil, seria o mesmo Khalil ao qual encontrei em um elevador há 1 ano e pouco atrás. Não sou de esquecer um rosto, principalmente um que passei a noite.

-Então você não se chama Afrodite. - fala mais baixo, nossas famílias estão mais a frente e conversam animadamente, mas ainda reparo no olhar do Ramsés para nós, desconfiado.

-Parece que não. E você se chama realmente Khalil.

-A mentirosa aqui é você, costumo ser sincero. - reviro os olhos.

-Pode ser sincero, mas é um ladrãozinho.- sorrio debochada.

-Assim você me ofende, o que roubei de você?

-Minha arma. Ou pensa que não senti falta? - minto, ele não roubou, eu esqueci.

-Para sua informação, ragazza, eu não roubei, e você sabe disso. Mas não se preocupe, eu guardei ela.

-Ótimo, porque a quero de volta. - respondo e reparo que o desgraçado está tão bonito quanto eu me recordava, e parece mais forte, alguém andou treinando.

***

O almoço transcorreu sem nenhuma interferência, permaneci calada o mais tempo possível, meu casamento não é um assunto que me deixe com vontade de conversas por horas e nem por alguns minutos. E infelizmente, como era de se esperar, o tema principal do almoço foi o casamento.

-Por que a cara? Nosso casamento não te anima? - questiona em um tom baixo, apenas eu escuto, percebo também o deboche na voz, acho que alguém compartilha do mesmo animo.

-Estou tão animada quanto você. - respondo ácida.

-Ficar com cara de enterro não ajuda também.

-Não estou a fim de fingir.

-Espero que no dia esteja afim, não queremos irrita os conselhos.

-Seja sincero, te anima esse casamento?

-Tenho obrigações e deveres, estar animado ou não, muda em nada. Mas aparências são importantes.

-Não preciso de sermões, e não vá acreditando que sou submissa, não quanto você aparenta ser.

-Vai se casar, não vai? Então teve que se submeter, não se engane.

-Fui obrigada a isso. - respondo secamente.

-Alguém está te apontando uma arma?

-Pior, mas depois te conto os detalhes. - dou uma piscadela e volto minha atenção ao purê de batatas que sou apaixonada.

***

KHALIL IVANKOV ÖZÇIVIT

Confesso ainda estar surpreso, quando poderia imaginar que a Nefertari e a Afrodite são a mesma pessoa e que ela é a mulher que será minha esposa, porra!

Outra coisa que ficou visível é seu desgosto por esse casamento, ela não quer tanto quanto eu, por isso adiou incansavelmente o dia do casamento, o que me leva a curiosidade de saber o porquê de uma hora para outra ela resolveu casar. O que fizeram para obrigá-la? Deve ser algo muito sério, porque ela não aparenta ser do tipo que cede tão facilmente.

Lembro-me que ela me fascinou com seu mistério quando a conheci, ela me intrigou muito, principalmente quando vi sua arma. Mas nem poderia imaginar que ela fazia parte da máfia, parte do meu mundo.

O destino é mesmo um filho da mãe. Sorriu de lado e sinto meu celular vibrar em meu bolso. O pego, é uma nova mensagem, Mine.

Ela tem me enviado mensagens, essa é nossa única comunicação, não consigo negar isso a ela. "Hoje está muito frio na Turquia, só queria você para me aquecer." Diz e tem uma foto sua na cama anexada.

"Em compensação, aqui está bem quente, durma bem Mine" envio, não quero instigar mais a conversa.

Me dói, mas temos que nos separar. Meu casamento com a Nefertari, está sendo baseado nas leis da família Ambrogetti, foi uma exigência do seu falecido pai. Suas leis, são bem mais rígidas do que a da minha família, como por exemplo o casamento, na minha é possível um casamento com até duas mulheres, no italiano nem em sonho, aqui é completamente desrespeitoso. E se por acaso for descoberto que eu tenho um caso, coisas poderão acontecer.

É óbvio o porque o Sebastian fez essa exigência. Agora fico a imaginar, se esse casamento fosse baseado nas leias da minha família, eu casado com a Mine e Nefertari, céus, seria um inferno. Mine não é fácil de lidar, e pelo pouco que conheci da Nefertari, ela é ainda pior. Só Allah que iria conseguir me proteger.

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