Capítulo 8 - Primeiro Encontro Parte 2

NEFERTARI AMBROGETTI

Já no bunker pego um balde com água e jogo na cara dele, que enfim acorda. Em cada país que temos territórios e consequentemente sócios, temos bunker, não tão grandes como o principal da Itália, mas tão necessários quanto.

-Até que enfim, bela adormecida.- ele me olha e depois olha para si, preso em uma cadeira que ele reconhece que é de tortura. Ele tenta se mexer.

-Não seja tolo, sabe muito bem que não vai conseguir sair, você já é familiarizado com isso.

-Quem é você? - questiona nervoso.

-A pergunta certa séria o que eu quero.

-E o que você quer?

-Nada demais, só algumas informações.

-Informações?

-Yakuza.- ele ri.

-Você só pode ser louca, prefiro morrer.- diz com o queixo erguido. Dando uma de corajoso, sorriu de lado.

-Sabe, eu imaginei que fosse dizer isso.

-Deixe-me adivinhar, vai me tortura? Vá em frente, fui treinado para isso.- cospe.

-Torturar? Ah sim, claro que faremos isso, não se preocupe.- caminho pela pequena sala. Bato na porta e Ethan, abre e me entrega o tablet.

-O que vai fazer?- pergunta olhando para o tablet sem entender.

-Sabe, Ichiro, eu pesquisei sobre você. Esteve presente nos últimos atentados na Itália, tem ligação com os Yakuza, uma sociedade. Mas, não achei nada sobre sua família, o que é estranho, então decidi pesquisar mais a fundo. E descobri coisas... interessantes.- digo entrando ao vivo com meu outro soldado.- Reconhece alguém? - pergunto mostrando a tela do tablet para ele.

-Não, n-não reconheço. - sorri, mas o seu gaguejar o entregou.

-Não? Engraçado, eu jurava que essa era sua mulher e seus dois filhos. Inclusive, o mais velho se livrou de bons anos na prisão por assassinato e tráfico de pessoas.

-Eu não tenho família, muito menos filhos.

-Certeza?

-Sim, sua estúpida.- sorriu, sempre é mais emocionante quando eles mentem.

-Se não são sua família, então, não me servem, Jack, por favor, mate todos.- ele arregala os olhos.

-O quê? Mas eles não têm nada a ver com isso!

-Não me servem.- dou de ombros.

-Vai mata-los por nada?

-Odeio mentiras, e da sua boca só saiu isso. Confesse, aí eles não morrem.

-Ichiro, por favor. - implora sua mulher, que ouve claramente nossa conversa.

-Que engraçado, ela sabe seu nome.

-Não os machuque, você está certa.

-Eu sei, então, agora podemos falar as claras?

-Sim, o que você quer? - pergunta contrariado.

-Não vou te matar, nem a eles, mas agora você vai trabalhar para mim.

-Como assim?

-Eu quero informações, e você, meu caro, pode me dar isso. Continuará trabalhando para os Yakuza, mas também para mim.

-Quer que eu seja seu informante? -arregala os olhos.

-Exatamente, menino esperto.

-Não posso aceitar isso, se eles... você não sabe do que eles são capazes.- reviro os olhos.

-Você que não sabe do que eu sou capaz.

-Não... eles.- diz soando, parece que está ocorrendo uma luta interna.

-Em dúvida? Deixa-me te ajudar. Jack atira na perna do garoto. - ordeno e o disparo é feito, e o garoto grita.

-NÃO! POR FAVOR.

-Estou apenas te ajudando a decidir.

-Está bem, eu aceito, agora deixe eles livres.

-Não é assim que funciona, eu dou as ordens, e por hora eles permanecem onde estão, até que você faça seu trabalho e o finalize. Entendido?

-Sim, só não os machuque, por favor.

-Dou minha palavra que eles vão ficar bem, é só você fazer seu trabalho.- balança a cabeça em concordância, acho que não vai ser necessário a tortura, que pena.

***

Enfim chego no hotel, agora eu só quero uma taça de uísque e um banho relaxante para tirar o cheiro daquele idiota de mim, estou me sentindo suja. As portas do elevador se abrem e entro, e para minha surpresa o homem de mais cedo também entra. As portas se fecham e o elevador sobe, entretanto, antes de chegar em meu andar é possível ouvir um barulho e o elevador para.

-Só pode ser sacanagem!- não acredito que esse elevador maldito parou! Quebrou comigo aqui dentro! Inferno.

-Mas que droga.- fala o homem ao meu lado batendo na porta.- Socorro!- grita, mas é inútil.

-Não vai funcionar. E celular não pega aqui, então estamos presos. - digo quando ele tira o celular do bolso.

-Nos vimos mais cedo. Não esqueço um rosto, principalmente se a pessoa em questão está tão elegante.- sorri de lado.

-Sem flertes baratos, por favor.

-Khalil.- estende a mão. Olho para sua mão e resolvo ser educada, aperto.

-Afrodite. - minto. Ele ergue uma sobrancelha.

-Como a deusa. Você faz jus ao nome.

-Sou ciente disso.

-Percebo que é humilde.- debocha. - Já que vai me esnobar, vou me sentar, porque isso vai demorar.- diz se sentando no chão.

Ele tem razão, é provável demorar um pouco e estou de salto, cazzo. Levanto minha perna direita e tiro meu salto, faço o mesmo com a outra, depois me rendo sentando no chão ao lado dele.

-A patricinha se senta no chão, estou surpreso.- dá uma risadinha, e fico tentada a sacar minha arma. O homem é gostoso, mas um saco. Viro para ele e sorriu

-Patricinha é a puta que te pariu.- desfaço o sorriso.

-Assim eu me apaixono.- reviro os olhos. - O que faz na cidade do pecado? Veio pecar?

-Pode-se dizer que sim.

-mulher misteriosa, não tem cara que veio jogar em cassinos.- viro o rosto curiosa, o observo.

-E tenho cara de quê?

- Aí que tá, eu ainda não sei.

-Ainda?

-Ainda.- repete olhando agora para meus lábios, sorriu de lado e olho em seus olhos, seus lábios estão demasiadamente perto e são tentadores, mas volto a realidade quando o elevador volta a subir.

-Voltou.- digo ficando em pé.

-Sim- diz quando fica em pé, seguro meus saltos e a porta do elevador se abre. Saiu e ele segura meu braço, não com força.

-O que quer?- questiono olhando em seus olhos.

-Algo me diz que o mesmo que você.- sorri malicioso, seria ótimo tirar o toque daquele infeliz, com alguém que ao menos sinto atração.

Pego sua gravata e a puxa trazendo-o para mais perto e o beijo. Ele coloca suas mãos em minha cintura e me aperta sobre si. Um beijo ardente e desejoso.

-No seu ou no meu?

-No seu.- respondo e ele me guia até seu quarto.

Mal presto atenção em seu quarto, apenas lembro da minha arma em minha coxa, paramos o beijo. Levanto meu vestido e retiro minha arma.

-Você acabou de sacar uma arma?

-Sim. Uma garota precisa saber se proteger, ficou com medo?- coloco a arma sem bala, na cômoda, mas esse detalhe ele não precisa saber.

-Pretende me matar?- pergunta sorrindo travesso, uma reação surpreendente.

-Não. Tenho outros planos para você.- respondo e ele sorri malicioso e me puxa para si e voltamos ao beijo.

***

NEFERTARI AMBROGETTI

Olho para o lado e vejo que o Khalil ainda tenta regular a respiração. Devo confessar que esse homem sabe o que faz, sabe muito bem. Sorriu e me sento na cama.

-Será que agora posso saber seu verdadeiro nome?- pergunta e me viro para ele.

-Como?

-Você não se chama Afrodite. - fala sem dúvida alguma.

-Porque pensa que estou mentindo?- questiono divertida.

-Sei quando mentem, e você mentiu querida, pode me chamar de louco, mas eu gostei disso. - diz beijando a curva do meu pescoço.

-Pois bem, para você, eu serei Afrodite.- lhe dou um selinho, e depois levanto.

-Já vai?

-Sim, adeus Khalil, nosso encontro foi muito... prazeroso. - sorriu, ele se levanta completamente nu e vem até mim.

-Digo o mesmo, Afrodite. - sorri e nos beijamos em despedida. Após isso, saiu de seu quarto.

É hora de ir embora deste hotel. Vou para meu quarto, arrumo tudo que trouxe, não tem muita coisa espalhada, então não demoro muito. Agora irei, para uma propriedade rural que temos por aqui, é como uma fazenda, estive lá em momentos turbulentos e horríveis da minha vida, será como uma prova de fogo retornar, mas já passou da hora, preciso me certificar que isso não me machuca como outrora. Entro no carro e o Ethan canta pneus para longe do hotel. E é inevitável não pensar nele... Khalil.

Talvez eu devesse puxar sua ficha, ele não se amedrontou quando viu a arma, pelo contrário ele riu, quem em sã consciência faz isso? Minha arma. Enrugo a testa quando percebo que não tem nada me incomodando na cintura. Abro minha bolsa e vejo que ela também não está lá, e na mala eu não a coloquei, ela nunca fica longe de mim.

Ficou no quarto dele!Cazzo! Foi na hora que a coloquei na mesinha, eu passei por ela, mas não me lembrei dela. Eu amava aquela Glock, mas fica com ele em forma de recordação.

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