NEFERTARI AMBROGETTI
Após um longo dia na empresa, chego em casa. Estou muito cansada, mas nem é tanto cansaço físico, é mais mental. Subo para meu quarto, preciso de um banho. Tiro meu casaco e alguém b**e na porta, peço que entre, é a mamma. -Figlia, preciso que se sente. - diz deixando-me alerta. -O que houve?- seu rosto transmite nervosismo, e mamma não é de ficar assim. - É sobre o bambino do Instituto. - sua voz está igualmente tensa. -O que tem? Ele foi regatado? -Sim, está no hospital, é o Formiga figlia. - sinto meu corpo congelar. Só posso ter ouvido errado, mamma disse formiga -O quê? - minha voz sai inconsistente. -A tia dele estava o maltratando, os vizinhos denunciaram, ele está muito machucado, desnutrido, mas vai ficar bem.- diz e apenas ecoa na minha cabeça "é o Formiga figlia" "maltratado" "desnutrido" -O Formiga? Mamma, era para ele estar bem.- sinto um bolo na garganta. Eu preciso ver ele. - Sim, era.- fala com pesar. -Eu preciso vê-lo. E a cagna (vadia)? Onde ela está? -Esta com a polícia, eles cuidaram dela, não vamos nos envolver - apenas balanço a cabeça positivamente. Não quero pensar nela agora, apenas quero ver meu pequeno. -Qual o hospital? -Eu estou indo para lá também. - pego minha bolsa e saímos, cada passo que dou é como se meu coração ficasse mais apertado. Por que isso teve que acontecer? *** -Desde que chegou chama por uma tal de Nefertari, cogitei até que poderia ser sua sorella, ou uma parente que tem muito carinho. - informa a enfermeira assim que chego. -Ele chamou por mim? -Sim. Até implorou para ligarmos, mas não tínhamos seu número, e nem ele sabia. Fico feliz que tenha chegado, e é por isso que vou permitir sua entrada, ele ficará feliz em vê-la, ira se sentir seguro, e é isso que ele precisa sentir agora.- diz e me dói ainda mais pensar que ele chamou por mim, só consigo imaginar o medo que sentiu. Sigo pelo corredor até seu quarto, a enfermeira me deixa na porta, um misto de sentimentos me consome, nunca me senti assim, não sei nem explicar. Tomo uma respiração profunda e entro no quarto. Reprimo uma vontade enorme de chorar quando o vejo. -Formiga.- o chamo com uma voz trêmula, por Dio ele está muito machucado, me aproximo, ele está com os olhos fechados, observo seus braços, tem marcas de dedos, sua bochecha está amarelada. Meu coração se aperta, eu me distancie para que ele não se machucasse, mas minha ausência não impediu nada, pelo contrário, talvez se eu tivesse continuado a falar com ele, isso poderia não ter acontecido. O que foi que eu fiz? Suspiro fundo, e ele abre os olhos. Apesar de parecer cansado sorri assim que me ver. -Tia Tari.- sua voz sai baixa, seguro sua mão com cuidado. -Oi bambino. - tento sorri. -Ela não cuidou de mim. - sua voz agora sai embargada e uma lágrima desce pelo seu rosto. Dio mio, eu quero matar essa mulher, eu quero muito que ela sofra, como pode fazer isso com ele? -Shii, não chore, agora está tudo bem.- aliso seu cabelo em um carinho. -Por que eu não posso ter uma mamma? Por que ela não gostou de mim? O que eu tenho de errado tia Tari? Eu sou sujo? Eu causo nojo?- questiona e parece buscar desesperadamente uma resposta. -Olha aqui ragazzo, você não tem nada de errado. Aquela mulher que tem tudo de errado, ela não tinha o direito de fazer isso com você. Formiga? Eu te prometo que ninguém mais vai te machucar, entendeu?- falo em tom sério. -Eu lembro que a senhora disse que não gostava de promessas. - sorri de leve. -Por que é muito sério, eu só faço promessas quando gosto muito de uma pessoa, quando é especial. -Então eu sou especial? Eu pensei que a senhora não gostava mais de mim, quando disse que não podíamos mais conversar. - seu olhar fica ainda mais triste. -Eu fui uma boba, me perdoa por isso? - sinto minha voz falhar. -Sim, mas só se prometer que nunca mais vai deixar de falar comigo. -Eu prometo ragazzo. Eu prometo. - fazemos juramento de dedinho. *** -O que vai acontecer com ele agora? - questiona a Lúcia, que está acompanhando ele desde que foi resgatado, noto a culpa em seu olhar desde que cheguei. -A cirurgia que ele tinha feito não teve o cuidado que deveria, a perna está muito mal. Ele ficará alguns dias internado, e depois voltará ao instituto, temo que ele não volte mais a andar. - seus olhos se enchem de lágrimas. -Não diga isso. Esse ragazzo, não pode perde mais nada. Não pode. -Seu sonho era apenas ter uma mamma, como a própria tia pode fazer isso? Ela só o adotou porque soube do seguro que receberia. Seguro que era para faculdade dele, e ela gastou tudo. - me afasto não aguentando mais, é muito sofrimento para uma criança. Dio? Por que pessoas boas sofrem tanto? Olhe esse ragazzo, ele é bom, é um bambino, não merecia passar por tudo que já passou, perdeu os pais, quase foi perdido no sistema do tráfico, foi espancado, e agora pode perder até a mobilidade de andar. Qual será o futuro dele? Ele só quer um pouco de atenção, carinho... amor. Não posso deixar que ele volte ao instituto, ele voltará a ficar sentado naquele banco enquanto observa as crianças a brincar. O que posso fazer? O quê? Adotar. Me vem a cabeça, balanço a cabeça negativamente. Não posso adotá-lo. Eu sou quebrada por dentro, não saberia ser sua... mamma. Mas, eu poderia tentar? Poderia eu ser uma boa mamma? Seria essa opção melhor do que ele voltar ao instituto? Nunca passou pela minha cabeça essa opção, esse... desejo, não depois de tudo que passei. Lembro-me de sua tristeza no instituto, da sua busca por atenção, pelo seu carinho quase instantâneo por mim. A ligação que sinto por ele. Dio... eu vou adotá-lo.NEFERTARI AMBROGETTI Assim que decidi adotá-lo, o que foi ontem, entrei em contato com meu advogado, que prontamente me atendeu. Mas me iludi, acreditei que seria fácil, o que deveria realmente ser, já que é a máfia que controla as coisas por aqui, mas alguém está dificultando as coisas, hoje pela manhã recebi uma mensagem do meu advogado dizendo que recebeu um email que afirmava que não poderia iniciar a solicitação que ele tinham mandado ao ministério, não informaram o porquê. Então vim até o Apolo, para que ele me explique. -Eu vou adotar o bambino.- afirmo entrando em seu escritório. Nada vai mudar minha decisão, não agora que finalmente deixei os temores de lado. -Sim, eu soube. - diz me olhando nos olhos, ele parece muito cansado. - Ontem mesmo pedi ao advogado que iniciasse o processo, e hoje pela manhã ele disse que me foi negado, mas não faz sentido, eu pedi ontem, como posso já ter uma resposta? Aí eu pensei, isso só pode ser a máfia, ou estou errada? -Não sore
NEFERTARI AMBROGETTI Assim que chego na casa do Apolo, sou informada que ele já espera em seu escritório. Então o safado já sabia que eu vinha, tudo tão arquitetado, que raiva. Já consigo imaginar tudo, e de quem deve ter sido o plano todo. -Buongiorno, sorella. -Buongiorno? Para quem, Fratello? Onde está o Formiga? - questiono e ele suspira. -Ele está bem, em um local seguro, e com vários bambini. - informa, e aponta para a cadeira em sua frente para que eu sente. -Por que isso?- questiono me sentando. -O conselho não confia na sua palavra, então para garantir que você não vai desistir, eles me pediram para deixá-la longe do bambino. -Figli de puttana! (Filhos da puta) -Sorella, não me alegra fazer isso, mas você sabe que uma ordem deles não pode ser descumprida. -Eu sei, odeio isso. Quando eles vão parar de se intrometer? -Quando você casar.- diz o óbvio. Tudo é por causa desse maldito casamento. -Então em cinco dias ele estará comigo? -Tem minha pal
*Capítulo retirado do livro do APOLO (livro 1) 1 ano e alguns meses antes em LAS VEGAS: NEFERTARI AMBROGETTI Passo um batom vermelho, e vejo meu reflexo no espelho. Estou pronta. Pego minha Glock e coloco em minha coxa. Estou com um vestido vermelho que possui uma fenda e um decote em V. Ajeito meus seios no decote, hora do show, já sinto a adrenalina correr em minhas veias, amo isso, que os jogos comecem. Saio do meu quarto, fecho a porta e ando vagarosamente pelo corredor indo até o elevador, adoro o fato que um vestido longo e um belo decote pode trazer quase uma nova identidade. Chego no corredor, aperto o botão e aguardo. Entro, seleciono o térreo, quando as portas estão fechando uma mão impede. Ergo minha sobrancelha direita quando as portas se abrem e um homem elegante entra. Não só elegante, ele exala luxúria e sexo, e pelo cabelo bagunçado aposto que era isso que estava fazendo. Ele me olha e sorri de lado, continuo seria. -Boa noite.- devolvo o cumprimento co
NEFERTARI AMBROGETTI Já no bunker pego um balde com água e jogo na cara dele, que enfim acorda. Em cada país que temos territórios e consequentemente sócios, temos bunker, não tão grandes como o principal da Itália, mas tão necessários quanto. -Até que enfim, bela adormecida.- ele me olha e depois olha para si, preso em uma cadeira que ele reconhece que é de tortura. Ele tenta se mexer. -Não seja tolo, sabe muito bem que não vai conseguir sair, você já é familiarizado com isso. -Quem é você? - questiona nervoso. -A pergunta certa séria o que eu quero. -E o que você quer? -Nada demais, só algumas informações. -Informações? -Yakuza.- ele ri. -Você só pode ser louca, prefiro morrer.- diz com o queixo erguido. Dando uma de corajoso, sorriu de lado. -Sabe, eu imaginei que fosse dizer isso. -Deixe-me adivinhar, vai me tortura? Vá em frente, fui treinado para isso.- cospe. -Torturar? Ah sim, claro que faremos isso, não se preocupe.- caminho pela pequena s
NEFERTARI AMBROGETTI Como muitos diriam, hoje é o grande dia. E minha contribuição para que realmente seja emocionante, está sobre a cama, embalado de maneira cuidadosa para não amassar. Irei me casar? Cazzo (porra), sim. Mas será do meu jeito. Sorriu malandra, hora do show. Agora estou sozinha no quarto, mas antes tinha umas 15 pessoas me ajudando a ficar pronta e me enlouquecendo! Após arrumarem meu cabelo e maquiagem, expulsei todo mundo, deixando um pouco de lado a educação que mamma me deu. Pego meu celular e mando uma mensagem para o Ramsés, ele é meu irmão gêmeo, tem a obrigação de me ajudar, ser meu cúmplice. Impacientemente o espero, e quase vibro de alegria quando ouço alguém bater na porta, é ele. Destranco a porta e ele entra. -Por que diabos eu estou aqui?- questiona confuso, cruzando os braços. -Porque vai me ajudar a colocar o vestido. - simplifico indo até a cama. -Eu? Mas tem uma mulherada lá fora, que inclusive estavam aqui dentro. -Elas não servem, quero surpr
KHALIL IVANKOV ÖZÇIVIT -Sim. - responde contrariada. -Khalil, você aceita Nefertari como sua legítima esposa, prometendo ser fiel, amá-la e respeitá-la, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias da suas vida. Até que a morte os separe? - nessa hora minha mente me faz pensar na Mine, era para ser ela aqui. Engulo em seco, merda não é hora para pensar nisso. Olho para a Nefertari. -Sim. - respondo firme e ouço meu avô, minha mãe e pai suspirarem aliviados. -Eu vos declaro marido e mulher, pode beijar a noiva. - finaliza, coloco as mãos em sua cintura e a beijo, nada muito grandioso, foi mais parecido com um selinho, todos presentes batem palmas. *** NEFERTARI AMBROGETTI IVANKOV ÖZÇIVIT Após a cerimônia na igreja, nos direcionamos para a recepção que é na mansão da família. Está tudo bem decorado, não escolhi nada, fiquei completamente inerte a tudo isso. Além da recepção, aqui também vai acontecer o juramente, sem ele é
NEFERTARI AMBROGETTI IVANKOV ÖZÇIVIT Enfim a festa termina, não aguentava mais acenar e parecer feliz, com um sorriso estúpido no rosto. Eu não via a hora de tudo isso acabar e ver o Formiga, odiei cada minuto que fiquei longe dele. Continuo na mansão, no meu quarto, subi para trocar de roupa, tirar meu lindo vestido preto. Shantal e Jasmim vieram para me ajudar e claramente para fofocar, minha cunhada é a primeira a falar. -Devo admitir que você enganou a todos muito bem. - comenta olhando para o outro vestido que se encontra da mesma forma que o deixei de manhã, o contraste de cor dos vestidos chega a ser engraçado, um tão branquinho, parece que vai sujar se encosta em qualquer coisa. -Só deu pena que esse belo vestido não foi usado. -Eu tive um baita susto quando te vi, não só eu. -Uma entrada memorável? E quanto ao vestido, posso doá-lo. -Sem dúvida alguma. - respondem ao mesmo tempo, rimos. -Agora me diz uma coisa, os votos do Khalil deu a entender que vocês já se co
NEFERTARI AMBROGETTI IVANKOV ÖZÇIVIT -E-eu, quantos anos ele tem? E qual é a história dele? - questiona realmente interessado, sua reação até que está sendo melhor que imaginado, e isso me deixou de certa forma... feliz? Não que sua opinião ou reação importasse, ninguém me impediria de adotar meu pequeno e criá-lo perto de mim. -Vou te contar tudo, mas antes vou pegar uma bebida, estou com a garganta seca. - me levanto indo até uma pequena adega presente na sala. Não seria minha casa se não tivesse pelo menos uma adega. -E antes que eu esqueça, tenho uma coisa para te entregar, aqui está. - diz retirando minha arma de sua cintura. - Sua Glock. - a coloca sobre a mesa de centro. -Obrigada. - agradeço, encho dois copos com uísque, e o entrego um, me sento e aliso minha querida arma. -Cuidei muito bem dela. - comenta e bebe um pouco da sua bebida. -Não fez mais que sua obrigação.- sorrimos, mas depois fico séria. Hora de contar tudo sobre o Formiga, e só de imaginar sinto um a