- Devem haver câmeras de segurança no trajeto. - Acha mesmo que deixariam pistas, Heitor? – Babi o olhou, surpresa. - E... Como você se salvou, Theo? – Indaguei. - O carro capotou. - O Tesla capotou? – Quase gritei, enquanto o abraçava, desesperada – Meu Deus... Você poderia estar morto. Theo me abraçou e por um minuto esqueci que nossos pais estavam ali e o apertei contra mim, sentindo o afeto dele, em retribuição, os braços quentes me acolhendo em seu peito. Percebi Babi envolvendo nós dois num abraço terno e tranquilo: - Estão os dois a salvo... E isso é o que importa, meus filhos. Precisamos agora pensar com calma e decidir o que vamos fazer. Isto não é uma brincadeira. É algo sério. Atentaram contra a vida de Theozinho. - Odeio que me chame de Theozinho, mãe. - Força do hábito, meu amor! – Ela encheu-o de beijos, mesmo ele reclamando. - Giordano! – Heitor falou, jogando algo no gato, que saiu correndo, em disparada. O olhamos e ele explicou: - O gato teve sorte. Eu tin
- Os dois estão bem. – O médico garantiu para Heitor e Bárbara – E Maria Lua está terminantemente proibida de chegar perto de amendoim, seja ele na forma que for. Qualquer coisa à base da semente é um risco para sua vida, entendeu? – Me olhou seriamente.Assenti, sem dizer nada. - Não creio que seja um problema, afinal, amendoim não é um alimento ao qual qualquer pessoa seja extremamente viciada, não é mesmo? – O médico concluiu.- Está dizendo isso porque não conhece Maria Lua, doutor – Theo me olhou, de forma zombeteira – Assim que descobriu não ser mais alérgica, ela decidiu que amendoim seria seu alimento preferido.- Amendoim não pode ser seu alimento preferido. – O médico me olhou seriamente.- Entendi.Assim que ele se foi, Bárbara olhou para rua:- Está fazendo um lindo dia lá fora. - Você e papai poderiam “turistar” um pouco – Theo sugeriu.- E deixá-los sozinhos, ambos quase morrendo? – Ela arqueou a sobrancelha.- Não estamos quase morrendo. – Contestei, olhando meu pai s
- O que nos faz ter ainda mais certeza de que foi Robin. – Falei, lembrando da ligação – Você teve algum problema com ele no passado, pai?- Robin tem idade quase para ser meu filho. Que problemas eu teria tido com ele no passado? Sequer somos do mesmo ramo empresarial. Ele passou a ser meu inimigo no momento que mexeu com meu filho.- Neste caso, deixou de ser quando se envolveu com sua filha? – Theo me olhou, talvez chateado com a minha tomada de decisão num passado não tão distante.- Theo, já pedi desculpas...Heitor fechou o laptop e levantou:- Quero vocês dois unidos, mais do que nunca. Porque irão, juntos, destruir Robin Giordano.Senti meu coração acelerar, pela forma séria como ele falou.- Eu não tenho armas para lutar contra ele, pai. – Theo disse.- Não tem porque não quer. Porque finge não ser um bilionário, herdeiro de um império. O que vai fazer com a sua herança quando eu morrer? Doar aos pobres, fingindo nunca ter sido um Casanova? Seu avô construiu um império para a
Theo e eu estávamos saindo na porta quando Bárbara perguntou:- Aonde vocês vão?- Levar... O lixo. – Theo avisou, nervosamente.- Os dois? Vocês levam o lixo por onde?- Elevador... – Expliquei.- Sério? Que estranho! – Ela veio na nossa direção.- Eu... Vou levar Gatão no banheiro – expliquei, com o cão na guia. E você, aonde vai? – Perguntei-lhe.- Levar o lixo com vocês. – Ela sorriu, saindo antes de nós e chamando o elevador.Entramos nós três e o cachorro no elevador. Fiquei mais para trás, próxima de Theo. Senti a mão dele encostar na minha, enquanto segurava a guia de Gatão, com os braços para trás.- Cheguei a imaginar que pudesse não ter elevador neste prédio – Babi comentou, sem nos olhar – Sabem que morei anos num prédio sem elevador, não é mesmo?- Sim... – Confirmei, sentindo um frio na barriga quando ele alisou meus dedos.Meu coração batia descompassadamente. E era porque a vontade de tocá-lo parecia estar sendo maior que qualquer coisa naquele momento, como se pudesse
- Não é mesma coisa. E Ben não pode ser seu melhor amigo, porque ele é “meu melhor amigo”. Cada pessoa precisa encontrar o seu... Ou sua.- Está com ciúme de Ben ser meu amigo?- Claro que não. Mas estou explicando que ele não é meu amigo como é seu.- E se eu nunca encontrar um melhor amigo?- Não é preciso encontrar, Maria Lua. Acontece... Quando menos esperar. E talvez nunca encontre uma pessoa como Ben é para mim na sua vida. Ainda assim, é importante ter alguém em quem confiar e contar seus segredos mais íntimos. E não pode ser Theo... Ou mesmo eu e seu pai.- Entendi.- E tento entender qual o sentido em Ester e Robin Hood serem amantes. Ela é fraca demais para ele.- Em qual sentido?- Sobrenome, inteligência, personalidade.- Acha que Robin é tão importante assim? Se ele fosse inteligente, não teria roubado a fórmula de Theo para se dar bem.- Nem tentar matar Theo, praticamente se expondo... Talvez tenha razão. Só quero que se cuide. Afinal, alguém quer deixar claro que está
O ar já começava a faltar nos meus pulmões, mas eu não queria deixar sua boca por nada no mundo, como se precisasse dela para sobreviver. Minhas mãos já desciam pelas suas costas, levantando a camisa e sentindo os músculos, a pele como que ardendo em brasa.Ouvimos um barulho e nos soltamos rapidamente. Theo sentou-se em segundos e eu peguei um prato na mão, fingindo que estava... Não sei o que fazendo. Minha respiração estava visivelmente acelerada e me faltava o ar. Como ninguém apareceu na cozinha, andei em direção à porta, curiosa. Fofinho estava deitado no corredor, dormindo. Gatão jogado no sofá, parecendo morto. Aquele cachorro era a preguiça em pessoa. Me aproximei do corredor e ouvi os sons vindos do quarto de Theo. E eu os conhecia muito bem. Era a cama batendo na parede. Me flagrei rindo sozinha e quando me virei, deparei-me com Theo, o meu rosto praticamente no seu peito. - Eu deveria dizer que este som é horrível... Principalmente vindo deles. Mas... – abri os três p
Esperamos, tentando normalizar nossas respirações. Mas ninguém apareceu. Ou melhor, Heitor e Babi sequer saíram do quarto.Levantei, aturdida:- Vou voltar para o meu quarto.- Mas... A gente mal começou.- Theo, não quero ser flagrada por nossos pais deste jeito, em hipótese alguma.- Eu também não. – Theo admitiu.Fui até ele, observando seu rosto iluminado pelas cores da tela da TV. Abaixei-me e lhe dei um beijo breve, sentindo seus lábios macios. Depois toquei a ponta do seu nariz com o meu, como ele costumava fazer comigo:- Boa noite, Theo.- Boa noite, meu amor. Não vejo a hora de eles irem embora. – Sorriu.- Nunca quis tanto tê-los longe. – Admiti.Estava saindo quando ele me pegou pela mão, fazendo com que eu caísse no seu colo. Comecei a rir e Theo tapou minha boca, para evitar que eu emitisse qualquer tipo de som. Aninhou-me em seus braços e sussurrou no meu ouvido:- Amo você. E quero vê-la do jeito que a encontrei hoje, na minha cama, em breve... Porém só para mim e não
Quando despertei, senti-me muito melhor que no dia anterior. Espreguicei-me, tomei um banho sem pressa e penteei os cabelos úmidos, com intuito de deixá-los secar livremente.Assim que abri a porta do quarto, senti o cheiro forte de café passado e aspirei profundamente, sorrindo. Ouvi a voz das pessoas que eu tanto amava vindo da cozinha. Assim que adentrei no cômodo, avistei Theo na bancada, tentando organizar tudo com a ajuda de Babi, enquanto Heitor estava sentado à mesa, esperando o resultado do desjejum que os dois preparavam.Fui diretamente ao meu pai, lhe depositando um beijo gostoso na bochecha, abraçando-o por trás de seu corpo.- Ah, o que eu mais sinto falta é deste abraço matinal. – Ele sorriu.- Hum, isso quer dizer que não sente minha falta na North B., não é mesmo? – Brinquei.- Acho que sinto falta até do seu cachorro que ficou só algumas horas na nossa casa.- Ah, pai, eu amo você!- Assim eu fico com ciúmes. – Babi reclamou.Fui até ela, abraçando-a carinhosamente.