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Capítulo 5 - Relações Amigáveis

Pedro Hernandez

— Estou tão feliz que esteja em casa. Foram tantos anos, tanto tempo longe de você. 

O tom da minha mãe revela o quanto sofreu com minha ausência, embora não tenha sido a única. 

— Sim, foram. Mas estou de volta e Max não vai me tirar daqui outra vez. — Afirmo. 

Ela me olha, com os olhos marejados. 

— Você está tão bonito. Um homem forte e adulto. — Sua mão toca suavemente meu rosto coberto pela barba. — Me desculpe por demorar tanto tempo para trazer você de volta, mijo. 

Esboço um pequeno sorriso, na tentativa de confortá-la. Isso não é culpa dela. O único culpado é Maxwell Hernandez.

— Como descobriu? 

— Ele nos deixou um vídeo explicando o que fez com você. — Seu tom é solene e pesado. — Também deixou algo para você, em um pen-drive. Não quis invadir isso, é assunto de vocês. Mas, quando eu soube onde você estava, enviei Bruno imediatamente. 

Eu aceno, em concordância.

— Mesmo depois de sete anos, eu não consigo entender as razões para ele querer me afastar de Adrielle. Não consigo perdoá-lo. — Não olho em seus olhos enquanto falo, minha cabeça está baixa.

— Ele foi cruel, Pedro. — Seu tom é baixo, como se essa frase revelasse algo que tenta negar. — E estava errado sobre isso. Vocês dois formavam um belo casal, mas, agora, você precisa seguir sua vida. Não estou dizendo para comandar a empresa e ser um homem amargurado, mas precisa recuperar os anos que foram tirados de você. Em Los Angeles, vai se adaptar novamente. — Suas mãos levantam meu rosto para que possa encarar meus olhos. — Adrielle se casou, é claro. Já deve saber disso, Bruno deve ter contado. 

— Ele não contou. — Olho de soslaio para Bruno, que está no mesmo comodo que nós há alguns minutos. — Mas eu a vi com o marido, com a filha. Parecem uma família feliz. 

Ela esboça um pequeno e tenro sorriso.

— Ela é uma boa garota. Deveria conversar com Adrielle e resolver as coisas do passado. — Sugere, com um tom calmo. — Não para reviver o amor de vocês, mas para esclarecer tudo o que aconteceu. Vocês podem ser amigos. 

Eu a olho, incrédulo por ouvir o que acaba de me dizer. Meu queixo cai. 

— Como posso ser amigo de uma mulher que amei tanto assim? — Meus olhos oscilam entre os dela.

— Será melhor assim, Pedro. — Ela responde, calmamente. — Vá até o Hospital Geral de Los Angeles. Ela é a diretora de lá. Lyla também trabalha no hospital, é a vice-diretora. Reencontre seus velhos amigos, eles também sentiram sua falta tanto quanto eu. 

— Ficará bem se eu for? Não quero deixar você sozinha outra vez. — Falo, em um tom suave e sincero. 

Minha mãe sorri, acariciando suavemente minha bochecha. 

— Estamos na mesma cidade agora, querido. Sei que vai voltar para casa no fim do dia. — Há convicção em sua voz. — Mas volte para o almoço. Se lembre de que teremos a leitura do testamento mais tarde. 

Sorrio suavemente, não estou muito confortável com esse testamento. Na verdade, não acredito que ele tenha deixado um testamento pronto. No entanto, estou curioso sobre as ações de Max. Sei que deveria permanecer mais tempo em casa, com ela, mas há coisas não resolvidas com Adrielle que preciso resolver. Respiro fundo, é a hora de colocar as cartas a mesa, depois de sete anos imaginando como poderia fazer isso. 

                                                                             ♙

As coisas estão muito diferentes na cidade. Los Angeles está ainda mais caótica do que eu me lembrava. Me arrependo de ter vindo dirigindo, mas demiti o motorista. De qualquer forma, não o quero por perto, ele é uma lembrança do que Max fez. 

Os corredores do hospital cheiram a produtos de limpeza. O brilho do porcelanato do chão deixa claro o quão limpo está. As paredes são de tom claro e há algumas plantas verdes em pontos estratégicos do corredor. Acredito que seja para evitar o vazio. A recepção é ampla e há três balcões. Só vejo duas mulheres ali, uma de cabelos loiros e outra morena, com um tom de pele mais bronzeado. Me preparo para dar um passo e pedir para encontrar a diretora do hospital. Não sei se iriam recusar, o sobrenome de Max me dá um certo poder, basta citá-lo. Mas sequer preciso me aproximar dos balcões quando ouço uma voz feminina e familiar ao meu lado direito, onde havia um corredor longo. Me viro e vejo uma velha amiga.

— Posso ajudá-lo? — Lyla pergunta, com o tom gentil. 

Está diferente. Não apenas pelo jaleco branco, mas sua aparência mudou um pouco. Todos mudaram. Seu cabelo, castanho na época em que fui embora, agora está de um tom escuro, como uma cascata negra, com leves cachos ondulados. No jaleco, vejo seu nome. Lyla Garcia. É o sobrenome do meu melhor amigo, Victor Garcia. Os dois namoravam naquela época, e hoje estão casados. A aliança dourada só confirma meus pensamentos. Não posso conter o sorriso de canto ao ver que os dois estão felizes, imagino. Eles eram um casal bonito naquela época, pegajoso, mas quem não era?

— Vejo que se casou com Victor. — Comento. 

Seu cenho se franze, como uma confusão tomando conta da sua cabeça. Imagino que não me reconheça depois de tantos anos. Envelheci bastante, emagreci. Ainda mantenho o porte físico, sou saudável, mas estou mais magro do que costumava ser. A depressão realmente pode te tirar tudo e te jogar de um penhasco. 

— Desculpe… nos conhecemos? — Sua confusão é evidente em seu tom. 

Lyla me analisa, como quem tenta se recordar de um homem como eu, mas não parece ter muito sucesso. Talvez minha barba esteja maior e dificulte sua memória. 

Respiro fundo enquanto levo as mãos nos bolsos da calça social azul. 

— Já faz sete anos, Lyla. Não acredito que tenham me esquecido. — Levo a mão no peito, fingindo estar ofendido por isso. 

Seu cenho não está mais franzido, sua boca se abre e ela parece imóvel por cinco segundos. Deve ser realmente confuso ver alguém do passado depois de tantos anos sem saber notícias e encontrar essa pessoa em um dia comum. Max me deixou isolado de todos por muitos anos. 

— Pedro… — Meu nome ressoa de sua boca como um sussurro, quase como se ela visse alguém que não esperava ver em um futuro próximo. 

Abro um leve sorriso, confirmando sua fala. 

— O-o que faz aqui? Quando voltou? — Ela gagueja, enquanto seus olhos analisando tudo em mim. De repente, para. Oh, não, eu me lembro dessa expressão. Seus olhos semicerram e me encaram furtivamente. — Seu cretino! Você foi embora sem avisar nada a ninguém, faz ideia de quanto sofrimento causou? — Reclama, enquanto suas mãos atingem meu corpo. 

Por um segundo, acho que ela se esqueceu de que é a vice-diretora e que ainda estamos no hospital. As pessoas que vagam ao nosso redor nos observam, confusos pela situação que está acontecendo. 

— Ai, ai! — Reclamo, enquanto tento segurar suas mãos. — É assim que diz que sentiu minha falta? — Arqueio as sobrancelhas, a encarando. 

Lyla balança a cabeça, em negação. Penso que irá me bater outra vez, mas seus braços me envolvem em um abraço amigável. 

— Ainda é um babaca. — Resmunga. 

— Tenho explicações para isso. 

— Sabe quem merece ouvir. 

Eu me afasto para a olhar. Sei sobre quem está falando, e Lyla não está errada. Adrielle merece explicações, sei que deve ter sofrido, embora esteja seguindo sua vida. 

— Ela está casada agora. Com filhos. — Digo, em um tom doloroso. 

— Está. Adrielle sofreu depois que você desapareceu. Pedro, você sumiu sem dar explicações. E não tivemos notícias de você por sete anos. — Seu cenho se franze em um olhar de repreensão. — A mídia citou seu nome uma ou duas vezes, depois disso não ouvimos mais. 

Respiro fundo, desviando o olhar dela para um ponto fixo nas plantas verdes que decoram o corredor. 

— Ele silenciou a mídia. Era o que Max fazia. — Respondo, em um tom frio. — Não quero que Adrielle pense que fui embora por opção. Nunca quis deixá-la. 

Lyla semicerra os olhos com o cenho franzido, como se buscasse entender o que eu queria dizer. 

— Então por qual motivo foi embora?

— Max me forçou. 

— Não acredito que ele tenha sido capaz disso, Pedro. — Seu tom é leve, mas carrega duvidas. — Ele não gostava de você e Adrielle juntos, mas fazer você ir embora para separá-los é algo que não consigo acreditar.

— Eu também não acreditei. — Respondo, firme. — Mas não tive opções quando havia duas armas apontadas para mim naquele momento. 

Minha fala parece ter pesado o clima entre nós. A atmosfera já estava pesada. Agora, ainda mais. Lyla não ousou retrucar, parecia assimilar minhas palavras. Era de se esperar que isso causasse choque em cada pessoa que soubesse a verdade. Tento mudar o foco da conversa para não continuarmos nesse clima tenso entre nós. 

— Como está Victor? 

Ela pisca algumas vezes, talvez digerindo as palavras que acabei de dizer sobre minha ida. Lyla demora alguns segundos para se reorganizar e abre um pequeno sorriso, se lembrando do marido.

— Ele continua o mesmo. Mas se tornou um bom pai. — Comenta, com um tom orgulhoso pelo marido.

— Não brinca. Ele se tornou um bom pai? Vocês têm filhos? 

Estou surpreso e contente por eles. Sempre soube que seriam um ótimo casal e ótimos pais. Lyla esboça um pequeno sorriso, concordando.

— Você vai conhecê-lo depois. Ele é um bom garoto. — Seu sorriso parece radiante ao falar do filho. 

— Por favor. — Peço, com a mão direita no peito. — Quero ver Victor, só preciso falar com Adrielle primeiro.

Lyla me encara, séria. Sua expressão diz que sabe o motivo de eu estar aqui. Sabe que estou procurando Adrielle, de qualquer forma. 

— Ela não está no hospital, está com Leonard.

Franzo o cenho. Quem é Leonard? Lyla parece quase ouvir meus pensamentos, já que complet:a

— É o marido dela. Leonard Williams. Achei que você tivesse conhecido ele. — Comenta. — Leonard costumava ser o braço direito do seu pai antes dele morrer. É um advogado renomado na cidade. Vai conhecê-lo se for a empresa. 

— Teremos a leitura do testamento mais tarde, veremos se terei o desprazer de conhecê-lo. Mas quero ter um tempo para assimilar tudo e conversar com velhos amigos. — Afirmo, olhando em seus olhos. 

— Victor vai gostar de saber que voltou, embora eu ache que todos nós vamos gritar com você antes. — Ri, divertida por pensar nisso. 

Esboço uma leve risada, guardada para mim. 

— Teremos tempo para explicar o que aconteceu. — Respiro fundo, me sentindo preso e sem ar. — Vou garantir que Adrielle saiba que não a abandonei. Também quero recuperar o tempo perdido e consertar os danos que Max causou.

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