Pedro Hernandez
— Estou tão feliz que esteja em casa. Foram tantos anos, tanto tempo longe de você.
O tom da minha mãe revela o quanto sofreu com minha ausência, embora não tenha sido a única.
— Sim, foram. Mas estou de volta e Max não vai me tirar daqui outra vez. — Afirmo.
Ela me olha, com os olhos marejados.
— Você está tão bonito. Um homem forte e adulto. — Sua mão toca suavemente meu rosto coberto pela barba. — Me desculpe por demorar tanto tempo para trazer você de volta, mijo.
Esboço um pequeno sorriso, na tentativa de confortá-la. Isso não é culpa dela. O único culpado é Maxwell Hernandez.
— Como descobriu?
— Ele nos deixou um vídeo explicando o que fez com você. — Seu tom é solene e pesado. — Também deixou algo para você, em um pen-drive. Não quis invadir isso, é assunto de vocês. Mas, quando eu soube onde você estava, enviei Bruno imediatamente.
Eu aceno, em concordância.
— Mesmo depois de sete anos, eu não consigo entender as razões para ele querer me afastar de Adrielle. Não consigo perdoá-lo. — Não olho em seus olhos enquanto falo, minha cabeça está baixa.
— Ele foi cruel, Pedro. — Seu tom é baixo, como se essa frase revelasse algo que tenta negar. — E estava errado sobre isso. Vocês dois formavam um belo casal, mas, agora, você precisa seguir sua vida. Não estou dizendo para comandar a empresa e ser um homem amargurado, mas precisa recuperar os anos que foram tirados de você. Em Los Angeles, vai se adaptar novamente. — Suas mãos levantam meu rosto para que possa encarar meus olhos. — Adrielle se casou, é claro. Já deve saber disso, Bruno deve ter contado.
— Ele não contou. — Olho de soslaio para Bruno, que está no mesmo comodo que nós há alguns minutos. — Mas eu a vi com o marido, com a filha. Parecem uma família feliz.
Ela esboça um pequeno e tenro sorriso.
— Ela é uma boa garota. Deveria conversar com Adrielle e resolver as coisas do passado. — Sugere, com um tom calmo. — Não para reviver o amor de vocês, mas para esclarecer tudo o que aconteceu. Vocês podem ser amigos.
Eu a olho, incrédulo por ouvir o que acaba de me dizer. Meu queixo cai.
— Como posso ser amigo de uma mulher que amei tanto assim? — Meus olhos oscilam entre os dela.
— Será melhor assim, Pedro. — Ela responde, calmamente. — Vá até o Hospital Geral de Los Angeles. Ela é a diretora de lá. Lyla também trabalha no hospital, é a vice-diretora. Reencontre seus velhos amigos, eles também sentiram sua falta tanto quanto eu.
— Ficará bem se eu for? Não quero deixar você sozinha outra vez. — Falo, em um tom suave e sincero.
Minha mãe sorri, acariciando suavemente minha bochecha.
— Estamos na mesma cidade agora, querido. Sei que vai voltar para casa no fim do dia. — Há convicção em sua voz. — Mas volte para o almoço. Se lembre de que teremos a leitura do testamento mais tarde.
Sorrio suavemente, não estou muito confortável com esse testamento. Na verdade, não acredito que ele tenha deixado um testamento pronto. No entanto, estou curioso sobre as ações de Max. Sei que deveria permanecer mais tempo em casa, com ela, mas há coisas não resolvidas com Adrielle que preciso resolver. Respiro fundo, é a hora de colocar as cartas a mesa, depois de sete anos imaginando como poderia fazer isso.
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As coisas estão muito diferentes na cidade. Los Angeles está ainda mais caótica do que eu me lembrava. Me arrependo de ter vindo dirigindo, mas demiti o motorista. De qualquer forma, não o quero por perto, ele é uma lembrança do que Max fez.
Os corredores do hospital cheiram a produtos de limpeza. O brilho do porcelanato do chão deixa claro o quão limpo está. As paredes são de tom claro e há algumas plantas verdes em pontos estratégicos do corredor. Acredito que seja para evitar o vazio. A recepção é ampla e há três balcões. Só vejo duas mulheres ali, uma de cabelos loiros e outra morena, com um tom de pele mais bronzeado. Me preparo para dar um passo e pedir para encontrar a diretora do hospital. Não sei se iriam recusar, o sobrenome de Max me dá um certo poder, basta citá-lo. Mas sequer preciso me aproximar dos balcões quando ouço uma voz feminina e familiar ao meu lado direito, onde havia um corredor longo. Me viro e vejo uma velha amiga.
— Posso ajudá-lo? — Lyla pergunta, com o tom gentil.
Está diferente. Não apenas pelo jaleco branco, mas sua aparência mudou um pouco. Todos mudaram. Seu cabelo, castanho na época em que fui embora, agora está de um tom escuro, como uma cascata negra, com leves cachos ondulados. No jaleco, vejo seu nome. Lyla Garcia. É o sobrenome do meu melhor amigo, Victor Garcia. Os dois namoravam naquela época, e hoje estão casados. A aliança dourada só confirma meus pensamentos. Não posso conter o sorriso de canto ao ver que os dois estão felizes, imagino. Eles eram um casal bonito naquela época, pegajoso, mas quem não era?
— Vejo que se casou com Victor. — Comento.
Seu cenho se franze, como uma confusão tomando conta da sua cabeça. Imagino que não me reconheça depois de tantos anos. Envelheci bastante, emagreci. Ainda mantenho o porte físico, sou saudável, mas estou mais magro do que costumava ser. A depressão realmente pode te tirar tudo e te jogar de um penhasco.
— Desculpe… nos conhecemos? — Sua confusão é evidente em seu tom.
Lyla me analisa, como quem tenta se recordar de um homem como eu, mas não parece ter muito sucesso. Talvez minha barba esteja maior e dificulte sua memória.
Respiro fundo enquanto levo as mãos nos bolsos da calça social azul.
— Já faz sete anos, Lyla. Não acredito que tenham me esquecido. — Levo a mão no peito, fingindo estar ofendido por isso.
Seu cenho não está mais franzido, sua boca se abre e ela parece imóvel por cinco segundos. Deve ser realmente confuso ver alguém do passado depois de tantos anos sem saber notícias e encontrar essa pessoa em um dia comum. Max me deixou isolado de todos por muitos anos.
— Pedro… — Meu nome ressoa de sua boca como um sussurro, quase como se ela visse alguém que não esperava ver em um futuro próximo.
Abro um leve sorriso, confirmando sua fala.
— O-o que faz aqui? Quando voltou? — Ela gagueja, enquanto seus olhos analisando tudo em mim. De repente, para. Oh, não, eu me lembro dessa expressão. Seus olhos semicerram e me encaram furtivamente. — Seu cretino! Você foi embora sem avisar nada a ninguém, faz ideia de quanto sofrimento causou? — Reclama, enquanto suas mãos atingem meu corpo.
Por um segundo, acho que ela se esqueceu de que é a vice-diretora e que ainda estamos no hospital. As pessoas que vagam ao nosso redor nos observam, confusos pela situação que está acontecendo.
— Ai, ai! — Reclamo, enquanto tento segurar suas mãos. — É assim que diz que sentiu minha falta? — Arqueio as sobrancelhas, a encarando.
Lyla balança a cabeça, em negação. Penso que irá me bater outra vez, mas seus braços me envolvem em um abraço amigável.
— Ainda é um babaca. — Resmunga.
— Tenho explicações para isso.
— Sabe quem merece ouvir.
Eu me afasto para a olhar. Sei sobre quem está falando, e Lyla não está errada. Adrielle merece explicações, sei que deve ter sofrido, embora esteja seguindo sua vida.
— Ela está casada agora. Com filhos. — Digo, em um tom doloroso.
— Está. Adrielle sofreu depois que você desapareceu. Pedro, você sumiu sem dar explicações. E não tivemos notícias de você por sete anos. — Seu cenho se franze em um olhar de repreensão. — A mídia citou seu nome uma ou duas vezes, depois disso não ouvimos mais.
Respiro fundo, desviando o olhar dela para um ponto fixo nas plantas verdes que decoram o corredor.
— Ele silenciou a mídia. Era o que Max fazia. — Respondo, em um tom frio. — Não quero que Adrielle pense que fui embora por opção. Nunca quis deixá-la.
Lyla semicerra os olhos com o cenho franzido, como se buscasse entender o que eu queria dizer.
— Então por qual motivo foi embora?
— Max me forçou.
— Não acredito que ele tenha sido capaz disso, Pedro. — Seu tom é leve, mas carrega duvidas. — Ele não gostava de você e Adrielle juntos, mas fazer você ir embora para separá-los é algo que não consigo acreditar.
— Eu também não acreditei. — Respondo, firme. — Mas não tive opções quando havia duas armas apontadas para mim naquele momento.
Minha fala parece ter pesado o clima entre nós. A atmosfera já estava pesada. Agora, ainda mais. Lyla não ousou retrucar, parecia assimilar minhas palavras. Era de se esperar que isso causasse choque em cada pessoa que soubesse a verdade. Tento mudar o foco da conversa para não continuarmos nesse clima tenso entre nós.
— Como está Victor?
Ela pisca algumas vezes, talvez digerindo as palavras que acabei de dizer sobre minha ida. Lyla demora alguns segundos para se reorganizar e abre um pequeno sorriso, se lembrando do marido.
— Ele continua o mesmo. Mas se tornou um bom pai. — Comenta, com um tom orgulhoso pelo marido.
— Não brinca. Ele se tornou um bom pai? Vocês têm filhos?
Estou surpreso e contente por eles. Sempre soube que seriam um ótimo casal e ótimos pais. Lyla esboça um pequeno sorriso, concordando.
— Você vai conhecê-lo depois. Ele é um bom garoto. — Seu sorriso parece radiante ao falar do filho.
— Por favor. — Peço, com a mão direita no peito. — Quero ver Victor, só preciso falar com Adrielle primeiro.
Lyla me encara, séria. Sua expressão diz que sabe o motivo de eu estar aqui. Sabe que estou procurando Adrielle, de qualquer forma.
— Ela não está no hospital, está com Leonard.
Franzo o cenho. Quem é Leonard? Lyla parece quase ouvir meus pensamentos, já que complet:a
— É o marido dela. Leonard Williams. Achei que você tivesse conhecido ele. — Comenta. — Leonard costumava ser o braço direito do seu pai antes dele morrer. É um advogado renomado na cidade. Vai conhecê-lo se for a empresa.
— Teremos a leitura do testamento mais tarde, veremos se terei o desprazer de conhecê-lo. Mas quero ter um tempo para assimilar tudo e conversar com velhos amigos. — Afirmo, olhando em seus olhos.
— Victor vai gostar de saber que voltou, embora eu ache que todos nós vamos gritar com você antes. — Ri, divertida por pensar nisso.
Esboço uma leve risada, guardada para mim.
— Teremos tempo para explicar o que aconteceu. — Respiro fundo, me sentindo preso e sem ar. — Vou garantir que Adrielle saiba que não a abandonei. Também quero recuperar o tempo perdido e consertar os danos que Max causou.
Pedro HernandezA empresa continua a mesma, no mesmo lugar, embora os funcionários tenham mudado. Max nunca permanecia com os mesmos por mais de cinco anos. Tivemos um pequeno imprevisto para entrar, já que os jornalistas pareciam cientes do que estava havendo. Eles cercaram minha mãe como gaviões atrás da caça. Estou feliz por não me reconhecerem, ou seria abatido com enormes questionamentos sobre o meu sumiço. Adrielle também teria um choque ao saber que voltei, assim como Victor, embora eu acredite que sua esposa já tenha contado.O hall ainda continua enorme, com mármores escuros para decorar o piso e as paredes da recepção. Estamos na sede, a empresa matriz, onde é coordenado tudo sobre as outras filiais. Se bem me recordo, alguns andares acima de nós ficam os cassinos e no topo do prédio, a parte administrativa da empresa. O manobrista levou nosso carro enquanto minha mãe, Bruno e eu entravamos. Nós caminhamos em direção a uma das salas de reunião que ficavam no hall de entrada
Adrielle Hale — Você sabia sobre isso? — Minha pergunta é direta. Lyla não desvia o olhar de mim, mas suspira profundamente, entregando-me respostas para minhas dúvidas. — Ele chegou em Los Angeles hoje de manhã. Ótimo, que belos amigos tenho! — Você devia ter me contado! — Como poderia contar algo a você? — Lyla indaga, gesticulando em minha direção. — Não é algo que eu tenha que te contar, isso é com o Pedro. Estamos no hospital. Sofia se sentiu mal durante a leitura do testamento e desmaiou nos braços do estúpido babaca do filho dela. Há dias que a aviso sobre a pressão alta, ela não pode se estressar ou passar por momentos como esse. A leitura do testamento de Max a deixou assim. Ainda estou tentando compreender que ele deixou quase metade dos seus bens para Amanda e seus filhos. Leonard pareceu muito feliz por isso, satisfeito. Não compreendo por quais motivos Max deixaria seus bens para as pessoas que trabalharam com ele, ao invés de entregar tudo a família, mas
Adrielle HaleMeu corpo custa obedecer aos comandos de se virar e caminhar para longe de Pedro, até parece que há um ímã entre nós, que me prende no mesmo ambiente que ele. Consigo girar meus calcanhares e caminhar para fora da sala. Deixo Pedro sozinho, não quero ficar ali. Meus olhos estão começando a marejar. Oh, não. Estou revivendo aquela dor outra vez. A dor de ser abandonada por um homem que eu amava cegamente. Um homem que pensei me amar. Mas, acontece que Pedro só amava a si mesmo. No fim, ele é idêntico ao pai dele. No corredor, noto pessoas familiares. As duas crianças estão contentes, com palitos de picolés nas mãos. Victor caminha atrás deles, com calma. Não sei ao certo o motivo de estarem aqui, mas acredito que Lyla deve ter contado sobre Sofia. Abby é muito apegada a ela. Acho que foi isso que manteve Sofia lucida por todos esses anos, ela quase enlouqueceu pensando que tivesse perdido o filho, Max nem mesmo disse algo sobre isso a ela, ou Pedro, que deveria ter deixa
Pedro HernandezTenho dificuldade para respirar. Sinto que minha respiração está presa em minha garganta, arranhando as paredes com um objeto cortante, como uma faca. Tento absorver mais ar, mas é impossível, estou sufocado. Não consigo falar, ou grita, embora queira muito, para que todos - até o outro lado do oceano - ouçam meu desespero. Desconsolo. Quero socar algo, quebrar algo, mas não faria isso em um hospital, ou acho que enfrentaria uma acusação por destruir patrimônios públicos. Estou tremendo. Adrielle não me dá uma resposta, apenas se mantém em silêncio, como se isso fosse uma resposta. Porra, isso não é uma resposta! Acabo de descobrir que temos uma filha e não sei se isso é algo bom ou não. Não seja tonto, Pedro, é algo ótimo! A única coisa problemática e desagradável nisso é que a minha filha foi criada por outro homem. Estou sentindo minha pressão oscilar, como se eu fosse despencar a qualquer instante. Isso deve ser de família. Adrielle e eu temos uma filha. Meu cor
Pedro Hernandez Vejo de canto uma pessoa se posicionar bem ao meu lado. Sei que é Bruno, que possui um copo de café quente em suas mãos. — Bruno, meu amigo. — Leonard diz, como se fossem velhos amigos. Ele não é seu amigo, Leonard. Adoraria que sofresse a mesma solidão que eu sofri, assim manteria você distante dela. Minha mãe iria me repreender por desejar que as pessoas sofressem o mesmo que passei. Mal o conheço e já o odeio. Se não fosse ele o marido dela, seria outro e eu o odiaria da mesma maneira. Não é pessoal, Leonard. Adrielle e eu esboçamos a mesma expressão de confusão ao ouvir sua frase, que carrega um tom de provocação a Bruno. Pelo visto, nenhum de nós sabia sobre essa proximidade. E estou me questionando como ele pode ser tão descarado ao ponto de fazer esse tipo de piada, como se fossem velhos amigos.— Não somos amigos. — O tom de Bruno é frio, carregado de repulsa. Sinto que nós dois o odiamos. Boa, Bruno. Parte de mim deseja sorrir e pular de alegria por isso,
Pedro HernandezNunca entrei em casa tão rápido quanto agora. Bruno não me disse nada além de repetir a frase “Leia a carta e veja o pen-drive”. Essa busca por respostas, esses conflitos que me afogam repetidamente sob o oceano profundo, me causa uma enorme confusão. Minhas mãos tremem e não sei o que fazer para controlar. Meu coração está acelerado, cada pulsação é semelhante a um terremoto que parece abrir uma fenda e me engolir a qualquer instante. Sinto que estou fora do meu próprio corpo, como se não pudesse controlar meu cérebro. Que péssima hora para ele decidir fazer piadas comigo. O eco da batida da porta é alto, ressoando por todo o hall. Não me preocupo se assustei os empregados, tomo meu caminho em direção à biblioteca. Sei que Bruno deve estar bem atrás de mim. Rosita aparece na entrada da porta da cozinha, com um semblante assustado. Devo estar vermelho agora, meu corpo está concentrando todas as suas energias para conter a raiva que me devora. — Está tudo bem? — A voz
Adrielle HalePasso as mãos pelo rosto e tento disfarçar meu incomodo, enquanto retorno para a sala de espera. Abby continua carrancuda. Austin tem um videogame portátil nas mãos e movimenta os dedos com precisão. Victor está ocupado com o telefone nas mãos, quando me vê, o abaixa e deixa em seu colo. Posso ver que está lendo alguma reportagem. — Leonard foi embora? — Sim. Ele corrige a postura relaxada e me olha com atenção. Posso notar que há uma certa ansiedade em seu rosto, mas não consigo entender o motivo. — Podemos falar sobre a aparição repentina dele? Estou um pouco confuso. — Coça a parte de trás da cabeça como se realmente precisasse juntar as peças desse quebra-cabeças. Me sento na poltrona ao lado de Abby, enquanto toco suavemente seus ombros na tentativa de fazer com que relaxe. — Eu não sei se quero voltar a esse assunto, Victor. — Meus olhos estão focados em Abby, que se esquiva do meu toque. — Sete anos. — Memorizo esse numero. — Sete anos desde que ele desapare
Pedro Hernandez— Eu tentei esconder isso o máximo que pude. Tentei evitar Amanda, mas ela foi muito insistente com suas ameaças. Eu não conseguiria lidar com isso se ela dissesse a Sofia o que aconteceu. Eu amo a sua mãe, Pedro. E sei que o que eu fiz não tem perdão. Mas tive muito medo de que Sofia descobrisse tudo e me deixasse. Eu já sei que fui um pai ruim, e também não fui um bom marido. — Quando Max olhou para a câmera, foi quase como se ele encarasse meus olhos. Era possível notar seu sofrimento. Se é que ele realmente se sentia arrependido. — Amanda é uma mulher cruel. Ela me perseguiu durante meses exigindo que eu desse ao filho dela o mesmo tratamento que dei a você. Não tive outra opção a não ser fazer isso. Ela iria destruir meu casamento com Sofia. Criei Leonard escondido de todos, em uma casa em San Diego. Mas eu sabia que havia muitas coisas erradas com ele. Leo sempre se mostrou diferente das outras crianças e Amanda não fez nada para mudar isso. Quando ele afogou Hel