Adrielle HaleLyla me observa em silêncio. Está assim desde que cheguei aqui e não posso culpá-la por isso. Seus olhos firmes me analisaram dos pés a cabeça e não sei dizer se ela notou alguma marca que tentei esconder com maquiagem. Posso ver como sua perna não para de se movimentar para cima e para baixo, mas nenhuma palavra ecoa no comodo e o silêncio é a única coisa que nos atinge no momento. — Será que pode dizer alguma coisa? — Meu tom é quase de desespero, não suporto mais ficar nesse silencio. Lyla engole em seco e respira fundo. Seu corpo se inclina na minha direção, já que estamos sentadas no sofá, uma de frente para a outra. — Nós nos conhecemos há dez anos, Adrielle, — É a primeira coisa que diz e ainda me deixa confusa. — e embora eu tenha liberdade o suficiente para falar algumas coisas sem que você avance em mim por isso, não há nada para dizer que eu já não tenha dito antes. — Seu tom é calmo, mas não sei dizer se ela realmente se sente assim. — Estou há quase dois
Adrielle Hale— Sofia me disse que Pedro nutre uma raiva sem igual por Max pelas coisas que fez, mas ela acredita que seja por tudo o que ele impediu Pedro de viver. Você e eu sabemos muito bem que os planos dele envolviam se casar com você. — Lyla diz, com a expressão mais séria dessa vez. Eu aceno, concordando com isso. Pedro costumava me dizer os planos para o nosso futuro e eles envolviam nós dois, casados, com filhos e uma casa com vista para o mar. Nunca me esqueci disso. — Não gosto que Pedro continue nutrindo essa raiva por Max, tenho medo de que isso o consuma em algum momento. — Respondo, em um tom sincero. — Ele só está irritado por não ter a vida que planejou, por Max ter interferido. — Lyla diz, em um tom mais calmo. — Talvez ele também precise de um psicologo. Por falar nisso, como foi as coisas com Abby hoje? — O foco da nossa conversa parece se volver para minha filha e a atmosfera agora está mais leve. Eu respiro fundo e limpo meu rosto. Sei que ainda deve estar v
Adrielle Hale— Minha nossa! Vocês dois estão parecendo dois cachorrinhos que rolaram na lama! — Victor exclama, rindo levemente por ver os nossos filhos sujos. A sorte de Abby é que eu sempre carrego uma mochila com roupas limpas. Conheço a filha que eu tenho. E por falar nela, agora notou que Pedro chegou. Austin também, mas ele parece mais receptivo do que a minha filha. — Oi, tio Pedro. — Austin diz, enquanto acena e esboça um sorriso.Pedro parece voltar a realidade e posso ver quando engole em seco, tentando encontrar uma boa expressão para o garoto. Ele sorri levemente enquanto caminha em passos cuidadosos. — Oi, Austin. — Pedro acena. — O que estão fazendo aqui? Onde está o seu carro? — Lyla questiona ao marido, que se aproxima e se senta ao lado dela. Pedro ainda permanece distante, como se quisesse manter uma distância segura de Abby.— Você ficou preocupada? Eu estou bem, apenas deixei meu carro na oficina para uma revisão. — Victor responde, enquanto se encosta no sof
Pedro HernandezNão consigo desviar meus olhos de Adrielle. Não quero fazer isso e nem posso. Embora tenha tentado esconder, posso ver claramente uma marca vermelha em seu pescoço, me causando um calafrio tenebroso que caminha pelo meu corpo até chegar em minha nuca. Ele a machucou, eu sei! E quero muito encontrar Leonard porque assim poderei confrontá-lo e não vou me controlar se tiver que quebrar a cara dele. Mas, no momento, parece que Adrielle precisa de mim aqui, ao lado dela. Parte de mim sabe que preciso descobrir o que ele fez, mas a outra parte tem medo de questionar e acabar perdendo a cabeça por isso. Meu coração está palpitando forte, com raiva por ver o mal que Max colocou na vida dela. Ele fez tudo o que Amanda queria, deu a Leonard a chance de se aproximar de Adrielle como se ela fosse um prêmio que ele conquistou. E o prêmio se tornou um saco de pancadas que ele desconta sua frustração. Não sei o que o leva a ter esse temperamento, mas me lembro bem de Max dizer que L
Pedro HernandezQuanto amor uma mulher precisa receber para perceber que as atitudes falam mais do que palavras? Quanto amor é necessário para curar um coração quebrado? Será que não a amei o suficiente para que saiba em que posição deve ficar? Como alguém pode se sujeitar a um casamento tóxico, sendo machucada a todo instante, com palavras ou ações, quando pode receber um amor suave? Nada pode responder minhas perguntas. As ações de uma pessoa a leva a fases como essa, com pessoas ruins e dias de merda. Mas, como alguém, indiretamente, pode influenciar para que tenhamos caminhado até aqui? Meus olhos focam na mulher a minha frente e posso ver como ela está tão atingida pelas ações dolorosas, pelos machucados e hematomas que um homem que deveria a amar causou. Os olhos verdes de Adrielle focam em mim no instante em que retorna com uma mochila colorida, que considero ser de Abby já que Victor apareceu pedindo as roupas para a nossa filha. Imagino que ele não vá trocá-la, mas Lyla ou
Adrielle HaleLyla deixa as crianças em um canto mais afastado, com uma mesa dobrável colorida que ela ajeita e há brinquedos guardados no centro, como se fosse um baú. A governanta traz uma tigela em uma bandeja que carrega suco também. Posso ver que as duas crianças agora se deliciam com sucos e biscoitos. Os olhos de Adrielle também estão focados na mesma direção que os meus. Vejo de relance quando se vira para mim novamente e esboça um sorriso. Meu braço que estava apoiado no encosto do sofá recebe um leve carinho da sua mão e assim me viro para ela. — Abby adora biscoitos. — Diz, suavemente. — Mas uma das suas comidas favoritas é a torta de morango da Rosita. Ela se parece com você quando se trata de comer tantas besteiras. — Sua expressão é suave e há um pequeno sorriso ali. — A torta da Rosita é ótima, como não amar, Adie? — Pergunto, com um pequeno sorriso travesso. Ela ri levemente, antes de balançar a cabeça. Nós somos interrompidos por Lyla e Victor, que se aproximam e s
Pedro HernandezFaço meu caminho para casa depois que Adrielle e Abby foram embora. Minha mente e meu coração estão inquietos, aflitos por pensar que Leonard poderia machucá-la novamente. Não sei se poderei dormir esta noite por pensar nisso, não terei descanso enquanto Adrielle não estiver ao meu lado, segura, distante dos danos que Leonard possa causar. É como se eu precisasse garantir que ela está bem a todo instante. Chego em casa as seis da tarde. O carro preto onde a equipe de segurança que Bruno contratou me segue até que eu entre em casa. Noto a mesma Mercedes Maybach de outra noite estacionada ali. Aquele homem está aqui outra vez? Estaciono meu carro ao lado do carro da minha mãe e desço. Não sei quantos segundos permaneço observando o carro do homem desconhecido que está em minha casa. Antes mesmo de entrar, ouço as risadas das pessoas ao lado de dentro. Na sala de estar, há quatro pessoas sentadas no sofá. Minha mãe, tia Margarita, tia Alejandra e Fernando Reyes. Não se
Pedro HernandezA cada degrau que subo, só consigo pensar em como foi bom sentir o toque de Adrielle e o seu beijo. Tenho ansiado por isso faz tantos anos. Está melhor do que eu costumava me lembrar. Mais gentil, mais doce, mais carinhoso. Parece que tudo nela melhorou ao longo desses anos. Entro em meu quarto com um sorriso nos lábios, sem disfarçar o que seu beijo provocou em mim. Tiro minha roupa e caminho ao banheiro para tomar um banho demorado. Não me apresso, apenas aproveito para deixar a água e a espuma levar todo o meu cansaço do dia. Que sexta-feira intensa. Pego minha toalha e me seco. Deixo o banheiro e sigo ao closet em busca de uma roupa mais casual. Decido usar bermuda hoje. Não tenho a intenção de sair de casa, de qualquer maneira. Estou vestindo uma camisa branca e uma bermuda preta de linho. Gostaria de poder ficar em meu quarto e descansar um pouco, mas acho que seria um tanto desrespeitoso com minhas tias que acabaram de chegar e nós não nos vemos faz mais de s