Adrielle HaleLeonard entrega a Abby a sacola e ela a abre, puxando uma caixa pequena de dentro. Ela me encara, como se buscasse uma explicação, mas apenas encolho os ombros e esboço um sorriso gentil. Seus olhos focam em Leo, que está ajoelhado em sua frente, esperando sua reação. — Você gostou, pequena? — Pergunta, em um tom suave. Abby não o responde, apenas acena levemente com a cabeça. Não acho que sua reação seja positiva. Me aproximo o suficiente para tocar seus joelhos, já que está sentada em uma das poltronas acolchoadas.— O que houve? Se não gostar, pode dizer ao tio Leo, ele não vai ficar chateado. — Toco o ombro do meu marido, para que concorde com o que estou dizendo. — Sua mãe está certa. — Concorda, falando em um tom tão suave e caloroso quanto poderia. — Se não gostou, mandarei trocar. Abby abaixa a cabeça e posso notar que há lagrimas escorrendo pelas bochechas rosadas. Chego mais perto, para acalmar a minha filha. Beijo sua cabeça e a aconchego em meu peito. —
Pedro HernandezAinda estou um tanto perdido com as localizações dessa cidade. Eu costumava conhecê-la com a palma da minha mão, mas agora mal sei chegar no hospital. Vaguei pela cidade por alguns minutos até finalmente ceder ao GPS e pedir para que me guiasse. Por algum motivo, acabei esquecendo que o hospital não é tão longe da minha casa, apenas três milhas de distância. Ele não era tão perto assim antes. Mas não vou bagunçar ainda mais a minha mente. Bruno está parado na frente do hospital, assim que estaciono meu carro. Deve imaginar que me perdi com as ruas. Desligo o motor e desço. Caminho em direção a ele, que me olha levemente confuso. Pressiono os lábios, sendo forçado a admitir que me perdi pela cidade. — Fiquei perdido nas ruas. Ele ri, levemente divertido por isso, como se já imaginasse. — Foi o que pensei. Venha, vamos entrar. Aceno, em concordância. Bruno e eu adentramos o hospital. Me sinto melhor ali dentro, Los Angeles ainda está quente. Por sorte, decidi vestir
Pedro Hernandez — Como é possível que Max tenha feito isso? Eu sei que ele não gostava da Adrielle, mas tirar você do país? — Victor passa as mãos pela cabeça, enquanto tenta raciocinar sobre o que acabei de dizer. Estou há um dia em Los Angeles. Um dia. E tudo já está se tornando caótico. Mal consigo prestar atenção no que Victor diz, estou focado na garota sentada perto da minha mãe, me encarando, tentando entender o que está havendo. — Ele fez tudo para me separar dela. — Eu o respondo, me virando em sua direção. — Max me manteve naquele país, isolado de todos, sem nada, apenas o suficiente para sobreviver. Ele não me visitou uma única vez desde que fui para lá, apenas garantia que eu estivesse vivo. Alugou uma casa em Madri, bem menor do que a nossa casa, fornecia comida, pouco conforto. Ele me deu o que fosse necessário para viver, mas nada além disso. — Meu tom não é capaz de demonstrar o sofrimento que passei, ele é apenas calmo, como quem se acostumou a viver em ruínas d
Pedro Hernandez— Sabe, isso explica como ficou tão velho e enrugado. Parece um maracujá feio. — Victor comenta, enquanto suas mãos tocam meu rosto, como se me analisasse. Sei que está tentando aliviar o clima. Eu esboço tédio. Lyla balança a cabeça, desacreditada pelas palavras do marido. — Victor. — Ela o repreende com um tom calmo. — Amor, é sério. Veja, tem rugas aqui, rugas ali. Precisa se cuidar, meu irmão. — Ele diz, com suas mãos ainda apertando minhas bochechas. — O corte de cabelo e barba já deram uma diferença no seu visual acabado, mas ainda precisa engordar um pouco. Você está tão magro, Max realmente maltratou você. Mas não se preocupe, vamos sair para jantar juntos e eu pago o que você quiser. — Ele pisca, com um sorriso incentivador. Valeu, Victor, mas não quero fazer isso agora. Eu toco suas mãos e as afasto do meu rosto. Massageio a parte onde ele estava tocando, já estava me incomodando. — Passei sete anos em depressão, Victor, é claro que tenho uma aparência r
Pedro HernandezAbigail e minha mãe vieram no Escalade. Bruno dirigiu e preciso me lembrar de pedir para encontrar um novo motorista, tanto para minha mãe quanto para mim. Mas sempre gostei de dirigir. Decidi não forçar uma proximidade com a minha filha, quero dar um passo de cada vez e preciso que Adrielle compreenda e aceite isso. Não sei se ela me impedirá de conhecer a nossa filha, mas não tem esse direito. — Abuelita, podemos comer pizza? — Ouço Abigail dizer, assim que entro em casa. Sua voz suave ecoa pela casa com o pedido. Penso que devem estar na sala de estar e quando me aproximo da entrada do comodo, elas estão ali. Bruno não as acompanha, talvez esteja ocupado. Me lembro de que acabei surtando e deixando a biblioteca uma bagunça. Espero que tenham limpado. — Sim, é claro. — Minha mãe afirma, com um tom suave. Sempre pensei que ela seria o tipo de avó que mimaria os netos e parece que isso está acontecendo. Me aproximo com cautela e me sento em um dos sofás a sua fren
Pedro HernandezO aeroporto de Los Angeles está mais movimentado do que eu costumava me lembrar, há pessoas vagando de um lado para o outro com malas de todas as cores possíveis. Tenho dificuldade para atravessar o enorme salão para seguir ao lado de fora. O sol aqui parece ser mais forte, o que me causa a impressão de ser ainda mais quente. Talvez seja devido ao oceano na costa. Há táxis e outros carros de aplicativo parados no estacionamento. — É bom estar de volta, Bruno. — Comento.O meu fiel amigo e mordomo está ao meu lado, tentando conter suas emoções. Bruno é um homem sensível. Compreendo. Estou em casa após longos sete anos em Madri. Adoraria ver a cara de Max agora, depois de me controlar naquela cidade horrível por tantos anos, mas a sua sorte é que morreu antes disso.— Bem-vindo ao lar, jovem Pedro. — Diz, com um tom emocionado. Sorrio. É a primeira vez em anos que me sinto bem. Talvez seja a sensação de liberdade. — Venha, a senhora Sofia está esperando por você. — B
Pedro HernandezSete anos antesAdie e eu estamos na casa de campo fora da cidade. Com o fim das aulas, conseguimos um tempo para nós. Tem sido dias corridos para ela por causa do semestre carregado de atividades extracurriculares do curso de medicina. Pensei em termos um fim de semana romântico para escapar das nossas obrigações na universidade. Ela está no terceiro ano de medicina, enquanto estou estudando administração. É o meu segundo ano e só estou fazendo isso por causa de Max. Ainda estava perdido quando terminei o ensino médio, eu não sabia no que poderia me formar, mas meu pai sempre me disse que deveria estudar para assumir a empresa, Industrias Max. Considero esse nome um tanto presunçoso, quem daria seu próprio nome a empresa? Bom, meu pai fez isso. As Indústrias Max não operam apenas nos setores industriais, temos uma porcentagem com empresas de carros elétricos, CIO, e com redes de cassinos espalhadas em muitas cidades, inclusive em Vegas, a cidade das apostas. Meu pai
Pedro HernandezAdie e eu ainda permanecemos na cama durante a tarde. Acho que nenhum de nós desejava sair da cama, mas foi preciso. Era necessário voltar para casa ainda hoje. Ela precisa estar na universidade bem cedo e não quero correr o risco de nos perdemos um no outro a ponto de que se atrase. Minha prioridade é ela, mas quero que sua prioridade seja a faculdade. Ao longo desses anos tenho visto ela se dedicar incansavelmente aos estudos. Seus pais, Joseph e Elizabeth, se orgulham dela, assim como seu irmão mais novo, Jackson. Adrielle é diferente de qualquer mulher que já conheci em toda a minha vida, quero que conquiste o que almeja e quero estar ao lado dela quando isso acontecer. — Tenho que ir, mas nos veremos amanhã. — Prometo, enquanto acaricio seu rosto. Adrielle nem ao menos desceu do carro e já está fazendo beicinho, como alguém que não deseja se afastar. É quase como uma criança quando fica sem o doce, embora de inocente, essa mulher não tenha nada.— Terei Anatomia