Pedro Hernandez— Sabe, isso explica como ficou tão velho e enrugado. Parece um maracujá feio. — Victor comenta, enquanto suas mãos tocam meu rosto, como se me analisasse. Sei que está tentando aliviar o clima. Eu esboço tédio. Lyla balança a cabeça, desacreditada pelas palavras do marido. — Victor. — Ela o repreende com um tom calmo. — Amor, é sério. Veja, tem rugas aqui, rugas ali. Precisa se cuidar, meu irmão. — Ele diz, com suas mãos ainda apertando minhas bochechas. — O corte de cabelo e barba já deram uma diferença no seu visual acabado, mas ainda precisa engordar um pouco. Você está tão magro, Max realmente maltratou você. Mas não se preocupe, vamos sair para jantar juntos e eu pago o que você quiser. — Ele pisca, com um sorriso incentivador. Valeu, Victor, mas não quero fazer isso agora. Eu toco suas mãos e as afasto do meu rosto. Massageio a parte onde ele estava tocando, já estava me incomodando. — Passei sete anos em depressão, Victor, é claro que tenho uma aparência r
Pedro HernandezAbigail e minha mãe vieram no Escalade. Bruno dirigiu e preciso me lembrar de pedir para encontrar um novo motorista, tanto para minha mãe quanto para mim. Mas sempre gostei de dirigir. Decidi não forçar uma proximidade com a minha filha, quero dar um passo de cada vez e preciso que Adrielle compreenda e aceite isso. Não sei se ela me impedirá de conhecer a nossa filha, mas não tem esse direito. — Abuelita, podemos comer pizza? — Ouço Abigail dizer, assim que entro em casa. Sua voz suave ecoa pela casa com o pedido. Penso que devem estar na sala de estar e quando me aproximo da entrada do comodo, elas estão ali. Bruno não as acompanha, talvez esteja ocupado. Me lembro de que acabei surtando e deixando a biblioteca uma bagunça. Espero que tenham limpado. — Sim, é claro. — Minha mãe afirma, com um tom suave. Sempre pensei que ela seria o tipo de avó que mimaria os netos e parece que isso está acontecendo. Me aproximo com cautela e me sento em um dos sofás a sua fren
Pedro Hernandez Posso facilmente explodir de felicidade. Minha filha não tem outro homem que conhece como pai, somente eu sou o pai dela. Isso é bom, assim tenho a chance de conquistá-la sem precisar disputar por espaço com alguém. Mas, por que Adrielle demorou tanto tempo para se casar? Será que estava esperando pelo meu retorno ou apenas decidiu se privar de outro relacionamento doloroso? Sei que essas perguntas devem ser direcionadas a ela. Gostaria de entender o que aconteceu, de saber tudo o que perdi, mas não posso forçá-la a nada. Sofri bastante nos últimos anos e imagino que ela também. Criar um bebê sozinha não é fácil, mesmo que tenha apoio familiar, ela ainda precisava de alguém ao seu lado. — Abuelita, — A voz da minha filha ressoa no comodo. Meu coração fica aquecido toda vez que a ouço chamar assim. Minha mãe parece ter ensinado seus costumes e Adrielle não mudou isso. — a Vovó e o Vovô estão aqui para ver você. Viro minha cabeça na direção da entrada do comodo,
Pedro HernandezO aeroporto de Los Angeles está mais movimentado do que eu costumava me lembrar, há pessoas vagando de um lado para o outro com malas de todas as cores possíveis. Tenho dificuldade para atravessar o enorme salão para seguir ao lado de fora. O sol aqui parece ser mais forte, o que me causa a impressão de ser ainda mais quente. Talvez seja devido ao oceano na costa. Há táxis e outros carros de aplicativo parados no estacionamento. — É bom estar de volta, Bruno. — Comento.O meu fiel amigo e mordomo está ao meu lado, tentando conter suas emoções. Bruno é um homem sensível. Compreendo. Estou em casa após longos sete anos em Madri. Adoraria ver a cara de Max agora, depois de me controlar naquela cidade horrível por tantos anos, mas a sua sorte é que morreu antes disso.— Bem-vindo ao lar, jovem Pedro. — Diz, com um tom emocionado. Sorrio. É a primeira vez em anos que me sinto bem. Talvez seja a sensação de liberdade. — Venha, a senhora Sofia está esperando por você. — B
Pedro HernandezSete anos antesAdie e eu estamos na casa de campo fora da cidade. Com o fim das aulas, conseguimos um tempo para nós. Tem sido dias corridos para ela por causa do semestre carregado de atividades extracurriculares do curso de medicina. Pensei em termos um fim de semana romântico para escapar das nossas obrigações na universidade. Ela está no terceiro ano de medicina, enquanto estou estudando administração. É o meu segundo ano e só estou fazendo isso por causa de Max. Ainda estava perdido quando terminei o ensino médio, eu não sabia no que poderia me formar, mas meu pai sempre me disse que deveria estudar para assumir a empresa, Industrias Max. Considero esse nome um tanto presunçoso, quem daria seu próprio nome a empresa? Bom, meu pai fez isso. As Indústrias Max não operam apenas nos setores industriais, temos uma porcentagem com empresas de carros elétricos, CIO, e com redes de cassinos espalhadas em muitas cidades, inclusive em Vegas, a cidade das apostas. Meu pai
Pedro HernandezAdie e eu ainda permanecemos na cama durante a tarde. Acho que nenhum de nós desejava sair da cama, mas foi preciso. Era necessário voltar para casa ainda hoje. Ela precisa estar na universidade bem cedo e não quero correr o risco de nos perdemos um no outro a ponto de que se atrase. Minha prioridade é ela, mas quero que sua prioridade seja a faculdade. Ao longo desses anos tenho visto ela se dedicar incansavelmente aos estudos. Seus pais, Joseph e Elizabeth, se orgulham dela, assim como seu irmão mais novo, Jackson. Adrielle é diferente de qualquer mulher que já conheci em toda a minha vida, quero que conquiste o que almeja e quero estar ao lado dela quando isso acontecer. — Tenho que ir, mas nos veremos amanhã. — Prometo, enquanto acaricio seu rosto. Adrielle nem ao menos desceu do carro e já está fazendo beicinho, como alguém que não deseja se afastar. É quase como uma criança quando fica sem o doce, embora de inocente, essa mulher não tenha nada.— Terei Anatomia
Adrielle HaleEstou no hospital geral de Los Angeles, em minha sala. Tenho visitado alguns pacientes durante essa manhã. Alguns passaram por cirurgias e precisam ter um acompanhamento estritamente meticuloso, não posso deixar que tenham problemas com acúmulo de coágulos ou bactérias. Gosto de fazer o meu trabalho direito e não quero ter problemas com nenhum paciente ou perder um deles. A porta da minha sala se abre e vejo Ross com um copo de café. Ela é a minha secretária. É amável e atenciosa. — Eu trouxe um café, doutora Williams. Do jeito que gosta. — Diz, sorridente, enquanto coloca o copo sobre a minha mesa. — Obrigada, Ross. — Digo, ao pegar o copo para beber. Sinto a temperatura quente sobre meus dedos, mesmo que haja uma embalagem de proteção ali. Ouço Ross suspirar enquanto se senta na cadeira a minha frente. Ela é um pouco relaxada em alguns dias da semana. Não posso culpá-la, tenho a sobrecarregado já faz dias com novos pacientes. — Há algum compromisso hoje, Ross? — Pe
Pedro Hernandez— Estou tão feliz que esteja em casa. Foram tantos anos, tanto tempo longe de você. O tom da minha mãe revela o quanto sofreu com minha ausência, embora não tenha sido a única. — Sim, foram. Mas estou de volta e Max não vai me tirar daqui outra vez. — Afirmo. Ela me olha, com os olhos marejados. — Você está tão bonito. Um homem forte e adulto. — Sua mão toca suavemente meu rosto coberto pela barba. — Me desculpe por demorar tanto tempo para trazer você de volta, mijo. Esboço um pequeno sorriso, na tentativa de confortá-la. Isso não é culpa dela. O único culpado é Maxwell Hernandez.— Como descobriu? — Ele nos deixou um vídeo explicando o que fez com você. — Seu tom é solene e pesado. — Também deixou algo para você, em um pen-drive. Não quis invadir isso, é assunto de vocês. Mas, quando eu soube onde você estava, enviei Bruno imediatamente. Eu aceno, em concordância.— Mesmo depois de sete anos, eu não consigo entender as razões para ele querer me afastar de Adri