Adrielle Hale— Podemos lidar com isso. — Tento soar acolhedor, mas meu tom denuncia meu nervosismo. Adrielle está no corredor, com os braços cruzados e uma expressão que demonstra preocupação. Seus olhos não ficam em um ponto fixo, apenas se movem de um lado para o outro a medida que seus pensamentos parece gritar em sua mente. Sinto que devo acolhê-la como costumava fazer, porque é disso que precisa, mas constantemente me lembro de que nada é como antes. Meus dedos ainda estão trêmulos e tento esconder isso dela, tanto que não parece ter notado. Meu peito ainda aperta e tenho dificuldades em respirar. — Isso é diferente, Pedro. — Sua voz ressoa com medo, quase fraca, e me faz ter um arrepio desagradável. — Você percebeu que ela projetou o medo dela em você? Abby tem medo de uma figura que aparece em seus sonhos e ela se parece com você. Como isso é possível? Esses pesadelos acontecem há meses e vocês se conheceram semana passada. — Seus olhos verdes e doloridos focam em mim. Enco
Pedro HernandezAbby caminha e para ao lado de Adrielle, sem sequer mover seus olhos para mim. Sinto que minha filha tem uma enorme carga de medo direcionada a mim, como se eu fosse machucá-la a qualquer momento. Respiro fundo, levando a mão ao peito. O incomodo ainda está aqui, apertando meu peito como uma corda comprida e bem amarrada. Imagino que seja decorrência da ansiedade, meu corpo parece que vai perecer a qualquer instante, como alguém que perde a força e cai no chão. — Vamos para casa? — Adrielle mantém um tom manso enquanto fala com Abby. Seu tom é cuidadoso, como seus olhos mostram. Abby alterna seus olhos azuis em minha direção, arregalados e assustados. Pressiono os lábios em um sorriso reconfortante, mas ela não devolve. Seus olhos voltam a focar na mãe. — Aham… — Fala, em um murmúrio. — Tchau, doutora Angela. — Tchau, Abby. — Angela a responde, com um pequeno sorriso e um aceno. — Obrigada por não a recusar. — A voz de Adrielle carrega honestidade. — Nenhum psico
Pedro HernandezO manobrista leva meu carro assim que desço. Faço meu caminho até a recepção, onde posso ver duas mulheres de cabelos escuros e sorrisos brilhantes. Mal tenho tempo de pisar no hall de entrada e já sou atacado por uma onda de jornalistas. Os microfones estão apontados na minha cara e não consigo raciocinar sobre suas perguntas. — Senhor Hernandez, lamentamos a perda do seu pai e queremos saber como você está lidando com isso? Sabemos que Max foi um homem imponente e seguro, sempre garantindo o bem-estar da sua família, como vocês estão lidando com a perda disso? — Uma mulher de cabelos cacheados pergunta, como se Max realmente fosse importante. — Com o seu retorno, quais são seus planos para equilibrar o luto e a responsabilidade em assumir a empresa? Soubemos que você herdou grande parte da empresa e que será o novo CEO. Suas perguntas me deixam incomodado. Quando jornalistas passaram a ter tantas informações assim? Na verdade, acho que demorou para virem me questio
Pedro HernandezSmith passou o tempo inteiro tagarelando sobre a nossa empresa, falando sobre os grandes feitos de Max, como se eu fosse me importar com isso. Disse que as Empresas Hernandez estão entre as mais lucrativas dos Estados Unidos devido a sua grande expansão nos negócios, tantos nos cassinos quanto nas sociedades que formamos com outras empresas, como a de marcas de carros elétricos, CIO. A MaxMidia foi uma empresa que Max decidiu fundar do zero nos últimos anos e parece estar funcionando plenamente, tanto que a maioria dos canais de notícia a levam como fontes. Para mim, isso são apenas negócios que estão fluindo. Posso considerar Max um homem ruim e louco, mas devo admitir que era visionário nos setores comerciais. Ele sabia exatamente no que investir e que ações deveria vender. — Vamos voltar a trabalhar, Smith. As ações devem alavancar novamente. — Digo, decidido a trabalhar duro para que isso aconteça. — Vamos fazer uma reunião daqui a dois dias com os acionistas e o
Pedro HernandezO aeroporto de Los Angeles está mais movimentado do que eu costumava me lembrar, há pessoas vagando de um lado para o outro com malas de todas as cores possíveis. Tenho dificuldade para atravessar o enorme salão para seguir ao lado de fora. O sol aqui parece ser mais forte, o que me causa a impressão de ser ainda mais quente. Talvez seja devido ao oceano na costa. Há táxis e outros carros de aplicativo parados no estacionamento. — É bom estar de volta, Bruno. — Comento.O meu fiel amigo e mordomo está ao meu lado, tentando conter suas emoções. Bruno é um homem sensível. Compreendo. Estou em casa após longos sete anos em Madri. Adoraria ver a cara de Max agora, depois de me controlar naquela cidade horrível por tantos anos, mas a sua sorte é que morreu antes disso.— Bem-vindo ao lar, jovem Pedro. — Diz, com um tom emocionado. Sorrio. É a primeira vez em anos que me sinto bem. Talvez seja a sensação de liberdade. — Venha, a senhora Sofia está esperando por você. — B
Pedro HernandezSete anos antesAdie e eu estamos na casa de campo fora da cidade. Com o fim das aulas, conseguimos um tempo para nós. Tem sido dias corridos para ela por causa do semestre carregado de atividades extracurriculares do curso de medicina. Pensei em termos um fim de semana romântico para escapar das nossas obrigações na universidade. Ela está no terceiro ano de medicina, enquanto estou estudando administração. É o meu segundo ano e só estou fazendo isso por causa de Max. Ainda estava perdido quando terminei o ensino médio, eu não sabia no que poderia me formar, mas meu pai sempre me disse que deveria estudar para assumir a empresa, Industrias Max. Considero esse nome um tanto presunçoso, quem daria seu próprio nome a empresa? Bom, meu pai fez isso. As Indústrias Max não operam apenas nos setores industriais, temos uma porcentagem com empresas de carros elétricos, CIO, e com redes de cassinos espalhadas em muitas cidades, inclusive em Vegas, a cidade das apostas. Meu pai
Pedro HernandezAdie e eu ainda permanecemos na cama durante a tarde. Acho que nenhum de nós desejava sair da cama, mas foi preciso. Era necessário voltar para casa ainda hoje. Ela precisa estar na universidade bem cedo e não quero correr o risco de nos perdemos um no outro a ponto de que se atrase. Minha prioridade é ela, mas quero que sua prioridade seja a faculdade. Ao longo desses anos tenho visto ela se dedicar incansavelmente aos estudos. Seus pais, Joseph e Elizabeth, se orgulham dela, assim como seu irmão mais novo, Jackson. Adrielle é diferente de qualquer mulher que já conheci em toda a minha vida, quero que conquiste o que almeja e quero estar ao lado dela quando isso acontecer. — Tenho que ir, mas nos veremos amanhã. — Prometo, enquanto acaricio seu rosto. Adrielle nem ao menos desceu do carro e já está fazendo beicinho, como alguém que não deseja se afastar. É quase como uma criança quando fica sem o doce, embora de inocente, essa mulher não tenha nada.— Terei Anatomia
Adrielle HaleEstou no hospital geral de Los Angeles, em minha sala. Tenho visitado alguns pacientes durante essa manhã. Alguns passaram por cirurgias e precisam ter um acompanhamento estritamente meticuloso, não posso deixar que tenham problemas com acúmulo de coágulos ou bactérias. Gosto de fazer o meu trabalho direito e não quero ter problemas com nenhum paciente ou perder um deles. A porta da minha sala se abre e vejo Ross com um copo de café. Ela é a minha secretária. É amável e atenciosa. — Eu trouxe um café, doutora Williams. Do jeito que gosta. — Diz, sorridente, enquanto coloca o copo sobre a minha mesa. — Obrigada, Ross. — Digo, ao pegar o copo para beber. Sinto a temperatura quente sobre meus dedos, mesmo que haja uma embalagem de proteção ali. Ouço Ross suspirar enquanto se senta na cadeira a minha frente. Ela é um pouco relaxada em alguns dias da semana. Não posso culpá-la, tenho a sobrecarregado já faz dias com novos pacientes. — Há algum compromisso hoje, Ross? — Pe