Pedro HernandezOuço a porta se fechar e faço meu caminho até minha mesa, onde Victor agora está sentado novamente na cadeira. Seus olhos me analisam com curiosidade. — Soube que foi pego de surpresa por uma chuva de jornalistas lá embaixo. — Ele diz, com um tom de quem segura a risada por isso enquanto retiro meu blazer e o apoio na cadeira antes de me sentar. Semicerro os olhos enquanto me encosto no encosto e o observo. Se bem me lembro, Victor tem uma empresa de mídia assim como meu pai. — Por favor, diga que não são seus jornalistas. — Peço, disposto a quebrar a cara dele se disser que os enviou para me infernizar. Victor nega, mas mantém um sorriso no rosto, como alguém que gosta desse caos. — São de uma empresa rival. — Responde, agora com uma expressão mais séria. — Lilian Wood será um pé no saco para você. Ela é irritante, mas é ótima no que faz. Lilian trabalha para o Spencer, se lembra dele? — Victor inclina levemente a cabeça para o lado direito, como se esse nome fos
Adrielle HaleObservo Abby na sala, assistindo na TV um desenho sobre baleias. Pedro tem razão, nossa filha é loucamente apaixonada por animais marinhos, assim como eu. O fruto nunca cai longe da árvore, não é? Minnie preparou a comida favorita de Abby hoje: burritos mexicanos. Sem pimenta, é claro. Sofia a ensinou a gostar disso e Abby adorou as receitas do México. Ela disse que Pedro também era viciado em burritos quando criança. — Eu amo burritos. — Abby mal consegue falar com a boca cheia. — Querida, não fale de boca cheia, por favor. — Peço, como se já não tivesse feito isso outras milhares de vezes. Abby não parece muito atenta ao que digo, apenas continua a comer os burritos. Tenho um sorriso no rosto, por ver que ela parece mais feliz hoje. Sinto meu celular vibrar em algum canto do sofá de linho cinza, mas não sei dizer onde está. Pego algumas almofadas para descobrir se não o deixei debaixo e o encontro quase caindo entre o encosto e onde estou sentada. A tela acende e po
Adrielle HaleLeo chegou por volta de duas horas da tarde e não disse nada a mim, apenas subiu para o quarto. Abby acaba de cair no sono no sofá da sala. Isso me deixa menos preocupada que possa ouvir nossa conversa tensa. Eu a ajeito, colocando uma almofada bem abaixo da sua cabeça para que eu possa levantar sem a acordar. Abby dormiu em meu colo e eu não quero que acorde e vejo que Leo e eu estamos discutindo sobre Pedro. Deixo ela dormindo no sofá, com a certeza de que não vai acordar agora. A cada passo nos degraus, meu coração aperta e meus dedos tremem. Não sei se Leo já se acalmou para que me permita explicar sobre essa matéria ou se ainda está irritado. A porta do quarto está fechada e quando a abro, Leo está sentado na cama, tirando seus sapatos. Seus olhos focam em mim e posso ver que ainda há faíscas de raiva ali. — Eu não quero conversar agora. — Ele rosna, antes de deixar os sapatos ao lado da cama e se levantar. — Leo, só me deixe explicar sobre isso. — Peço, na tenta
Adrielle HaleLyla me observa em silêncio. Está assim desde que cheguei aqui e não posso culpá-la por isso. Seus olhos firmes me analisaram dos pés a cabeça e não sei dizer se ela notou alguma marca que tentei esconder com maquiagem. Posso ver como sua perna não para de se movimentar para cima e para baixo, mas nenhuma palavra ecoa no comodo e o silêncio é a única coisa que nos atinge no momento. — Será que pode dizer alguma coisa? — Meu tom é quase de desespero, não suporto mais ficar nesse silencio. Lyla engole em seco e respira fundo. Seu corpo se inclina na minha direção, já que estamos sentadas no sofá, uma de frente para a outra. — Nós nos conhecemos há dez anos, Adrielle, — É a primeira coisa que diz e ainda me deixa confusa. — e embora eu tenha liberdade o suficiente para falar algumas coisas sem que você avance em mim por isso, não há nada para dizer que eu já não tenha dito antes. — Seu tom é calmo, mas não sei dizer se ela realmente se sente assim. — Estou há quase dois
Adrielle Hale— Sofia me disse que Pedro nutre uma raiva sem igual por Max pelas coisas que fez, mas ela acredita que seja por tudo o que ele impediu Pedro de viver. Você e eu sabemos muito bem que os planos dele envolviam se casar com você. — Lyla diz, com a expressão mais séria dessa vez. Eu aceno, concordando com isso. Pedro costumava me dizer os planos para o nosso futuro e eles envolviam nós dois, casados, com filhos e uma casa com vista para o mar. Nunca me esqueci disso. — Não gosto que Pedro continue nutrindo essa raiva por Max, tenho medo de que isso o consuma em algum momento. — Respondo, em um tom sincero. — Ele só está irritado por não ter a vida que planejou, por Max ter interferido. — Lyla diz, em um tom mais calmo. — Talvez ele também precise de um psicologo. Por falar nisso, como foi as coisas com Abby hoje? — O foco da nossa conversa parece se volver para minha filha e a atmosfera agora está mais leve. Eu respiro fundo e limpo meu rosto. Sei que ainda deve estar v
Adrielle Hale— Minha nossa! Vocês dois estão parecendo dois cachorrinhos que rolaram na lama! — Victor exclama, rindo levemente por ver os nossos filhos sujos. A sorte de Abby é que eu sempre carrego uma mochila com roupas limpas. Conheço a filha que eu tenho. E por falar nela, agora notou que Pedro chegou. Austin também, mas ele parece mais receptivo do que a minha filha. — Oi, tio Pedro. — Austin diz, enquanto acena e esboça um sorriso.Pedro parece voltar a realidade e posso ver quando engole em seco, tentando encontrar uma boa expressão para o garoto. Ele sorri levemente enquanto caminha em passos cuidadosos. — Oi, Austin. — Pedro acena. — O que estão fazendo aqui? Onde está o seu carro? — Lyla questiona ao marido, que se aproxima e se senta ao lado dela. Pedro ainda permanece distante, como se quisesse manter uma distância segura de Abby.— Você ficou preocupada? Eu estou bem, apenas deixei meu carro na oficina para uma revisão. — Victor responde, enquanto se encosta no sof
Pedro HernandezNão consigo desviar meus olhos de Adrielle. Não quero fazer isso e nem posso. Embora tenha tentado esconder, posso ver claramente uma marca vermelha em seu pescoço, me causando um calafrio tenebroso que caminha pelo meu corpo até chegar em minha nuca. Ele a machucou, eu sei! E quero muito encontrar Leonard porque assim poderei confrontá-lo e não vou me controlar se tiver que quebrar a cara dele. Mas, no momento, parece que Adrielle precisa de mim aqui, ao lado dela. Parte de mim sabe que preciso descobrir o que ele fez, mas a outra parte tem medo de questionar e acabar perdendo a cabeça por isso. Meu coração está palpitando forte, com raiva por ver o mal que Max colocou na vida dela. Ele fez tudo o que Amanda queria, deu a Leonard a chance de se aproximar de Adrielle como se ela fosse um prêmio que ele conquistou. E o prêmio se tornou um saco de pancadas que ele desconta sua frustração. Não sei o que o leva a ter esse temperamento, mas me lembro bem de Max dizer que L
Pedro HernandezQuanto amor uma mulher precisa receber para perceber que as atitudes falam mais do que palavras? Quanto amor é necessário para curar um coração quebrado? Será que não a amei o suficiente para que saiba em que posição deve ficar? Como alguém pode se sujeitar a um casamento tóxico, sendo machucada a todo instante, com palavras ou ações, quando pode receber um amor suave? Nada pode responder minhas perguntas. As ações de uma pessoa a leva a fases como essa, com pessoas ruins e dias de merda. Mas, como alguém, indiretamente, pode influenciar para que tenhamos caminhado até aqui? Meus olhos focam na mulher a minha frente e posso ver como ela está tão atingida pelas ações dolorosas, pelos machucados e hematomas que um homem que deveria a amar causou. Os olhos verdes de Adrielle focam em mim no instante em que retorna com uma mochila colorida, que considero ser de Abby já que Victor apareceu pedindo as roupas para a nossa filha. Imagino que ele não vá trocá-la, mas Lyla ou