— A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e Ihe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado civil, sua profissão, lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em que grau, de alguma das partes, ou quais suas relações com qualquer delas, e relatar o que souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as circunstâncias pelas quais possa avaliar-se de sua credibilidade? — questionou a juíza o encarando com o canto dos olhos.
— Prometo — ele respondeu — meu nome é Guilherme Cinga, sou Terapeuta Ocupacional, atuo em sala de aula e recentemente em um ambulatório em saúde da criança, tenho vinte e seis anos, não sou parente e nem amigo dos réus.
— Posso? — pediu o Advogado de defesa.
— Sim — respondeu a juí
Yara respirou fundo. Tocou as maçanetas da porta e a abriu. A sala de audiência estava quieta. Quando deu o primeiro passo com as muletas para entrar, todas as cabeças se viraram para a observar. Ela engoliu em seco. As palmas das mãos suavam e os braços fraquejaram. — Eu preciso fazer isso — murmurou como um incentivo para si mesma. Leonardo a acompanhava com um sorriso cínico nos lábios, enquanto Pedro escondia o rosto com as duas mãos. Ela se sentou no banco, ao lado da Juíza, largou as muletas no chão. Encarou o corpo de jurados, sem revelar nenhuma emoção. — A vítima fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e Ihe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado civil, sua
— Agora Leonardo será questionado pela promotoria e contará a sua versão dos fatos — informou a Juíza ao corpo de jurados. Thais apertou a mão de Yara com força. Sentadas lado a lado, como um apoio. A visão do réu com um largo sorriso ao caminhar até o banco para ser interrogado a fazia arrepiar por todo o corpo. — Yara — ela se aproximou do ouvido da namorada — eu tenho pesadelos com ele nos matando. O corpo de júri ficou imóvel, como se a simples presença do réu fosse capaz de paralisar a todos. — O réu fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e Ihe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado civil, sua profissão, lugar onde exerce sua atividade, e relatar o que houve,
Após a televisão exibir a fala da juíza, Yara fechou os olhos e abraçou Daniel.— Acabou — ela cochichou para o filho.Thais, ao seu lado, sorriu. Era estranho que uma simples frase poderia significar o alívio para uma vida.— Estou livre — ela declarou, desta vez, em direção a namorada.— Sim, está livre para seguir o que quiser — confirmou Thais que ficou em pé e foi conversar com Ariadne do outro lado da sala.A confirmação da fala da autoridade do tribunal, congelou Martins e Ângelo, que ficaram em silêncio encarando a TV com os olhos esbugalhados. Ariadne sorriu triunfante enquanto acariciava
— Nem acredito que já faz um ano desde que Thais te pediu em casamento! — Ariadne mencionou despretensiosamente enquanto segurava a bebê no colo.Yara sorriu enquanto se admirava no espelho. O vestido de noiva azul e fluído e com silhueta de sereia estava mais do que perfeito.— Foi um dia e tanto, a condenação do Leonardo e você ainda estava grávida — ela comentou.A prima respirou fundo e admirou a bebê.— Nem me fale, e agora Jordana está aqui nos meus braços e acho que até quero mais um — Ariadne brincou.Alguém bateu na porta.— Pode entrar! —
—Meus Deus, é igualzinho a você,Yara. Yara revirou os olhos, ainda estava cansada e com um pouco de dor nos pontos de sua pequena laceração na região genital. A posição em que estava deitada não a ajudava a relaxar. Seus únicos acompanhantes pareciam disputar para ver quem a irritava mais com discussões ridículas. — Pode parar, Gui, ele acabou de nascer, e aí você já vem falando com quem ele se parece, ele ainda tem a cara padrão de bebê. Respondeu Ariadne irritada com a presença masculina no quarto da maternidade. Yara Santos, tentou se ajeitar mais uma vez, vestida com uma camisola pós-parto e um roupão felpudo, ao lado da prima, Ariadne e o melhor amigo, Guilherme, olhavam para o pequeno bercinho próximo da sua cama. Pela primeira vez, ela se
A noite estava tempestuosa.Os raios cortavam o céu e os trovões preenchiam os ouvidos de Thais Santos, enquanto ela lia um artigo científico no notebook sentada em sua cama. Estava terminando mais uma pós-graduação e finalizava um trabalho de conclusão.As luzes começaram a piscar, uma, duas, até que tudo se apagou.Um súbito arrepio percorreu toda a sua espinha, não se lembrava se havia salvo as atualizações feita no documento.Respirou fundo. Naquele momento não podia fazer nada a respeito disso. O som do vento balançando as árvores a deixavam ansiosa, além de que não gostava de ficar na escuridão. Lembrou-se de ter gua
Após retornar a sua casa, Thais foi trocar de roupa e depois procurou o seu gato, encontrou-o deitado parecendo uma bolinha no sofá da sala. Ela pegou um cobertor do quarto e se aconchegou perto dele. Apesar da chuva ter dado uma trégua, o vento congelante ainda açoitava a rua. Foi bom ter ficado próximo da Yara e de Daniel durante o pior momento da tempestade, aquilo tinha garantido um imenso alívio em seu coração. A verdade é que desde que se mudou para o bairro, vivia solitária com seu gato. Sabia que alguns vizinhos a chamavam de a”a velha dos gatos”, embora ela apenas tivesse um.Antes de se mudar, Thais já viveu cinco anos casada com a mulher da sua vida. Alexandra era o seu nome, a garota por quem havia se apaixonado ainda no ensino médio, a garota mais extraordinária de todas havia sido sua primei
Yara despertou pela manhã com os sons metálicos de máquinas cortando alguma coisa. Forçou-se a raciocinar sobre tudo que tinha ocorrido na noite anterior. Daniel ainda dormia na cama ao seu lado.Após chegar na casa de Thais, ela lhe ofereceu a sua própria cama para que pudessem dormir e foi dormir no sofá com o gato.Ela se lembrou da tragédia da noite anterior e imaginou como estaria a sua casa. Com certeza o conserto ficaria uma fortuna, por mais que estivesse recebendo sua licença-maternidade, provavelmente não conseguiria realizar a reforma e lidar com as novas despesas. Ela se sentou na cama, precisava ter um plano. Não podia mais levar a vida como se não houvesse amanhã. Forçou-se a pensar, talvez tivesse algum direito ou garantia para ao menos a