As nuvens carregadas haviam trazido chuvas para a cidade, enquanto os pássaros se zangavam com o tempo fechado, a casa recém reformada de Yara resistiu ao temporal.
— É um alívio a casa estar em pé — declarou Yara enquanto dava a mamadeira para o pequeno Daniel.
Ariadne ao seu lado no sofá, digitava no celular com trocas de mensagens, concordou sem desviar os olhos da tela.
Alguns segundos depois, ela ergueu a cabeça e pensou por instantes.
— Queria comer alguma coisa doce — Ariadne compartilhou a ideia com Yara.
— Poderíamos fazer brigadeiro — ela sugeriu.
— Não queria fazer,
— Você acha que eu vou conseguir? — Thais perguntou para o gato amarelo de estimação. Greg a ignorava, enquanto se lambia em cima da cama dela.Ela respirou fundo e se levantou da cama, apanhou as muletas e foi para frente do espelho.Não se reconheceu, o conjunto de terno e calça social não pareciam combinarcom o que gostava de se vestir. A camisa social por baixo do terninho, já exibia os primeiros sinais de suor debaixo dos braços.— Greg, eu nunca fui a um julgamento — ela continuou o desabafo com o felino — e ainda por cima, terei que depor, eu não sei como fazer isso.— Posso entrar? — Martins perguntou com educação.
A sala de audiência estava abarrotada de pessoas que acompanhavam o caso, os membros do júri se posicionavam juntos em um pequeno recinto do lado direito.Leonardo vestia o uniforme bege da penitenciária, um macacão justo e com mangas curtas. Acompanhado do advogado de defesa e do Pedro, o cúmplice.As vítimas esperavam em uma sala separada com uma televisão que exibia em tempo real o que acontecia no julgamento.— Vamos dar início ao julgamento de Leonardo Inam Poscam e Pedro Inam Poscam, ambos acusados de tentativa de feminicídio, tentativa de homicídio, sequestro, agressão física e psicológica, porte de arma ilegal e dolo patrimonial — a juíza deu início a audiência — o caso ser&aa
Ângelo se encolheu na cadeira das testemunhas, os jurados o encaravam com olhares incisivos e sem constrangimentos.— A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e Ihe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado civil, sua profissão, lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em que grau, de alguma das partes, ou quais suas relações com qualquer delas, e relatar o que souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as circunstâncias pelas quais possa avaliar-se de sua credibilidade? — questionou a juíza o encarando com o canto dos olhos.— Sim — ele respondeu fingindo uma voz mais grossa — meu nome é Ângelo Bonini, tenho trinta anos, sou rece
— A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e Ihe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado civil, sua profissão, lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em que grau, de alguma das partes, ou quais suas relações com qualquer delas, e relatar o que souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as circunstâncias pelas quais possa avaliar-se de sua credibilidade? — questionou a juíza o encarando com o canto dos olhos. — Prometo — ele respondeu — meu nome é Guilherme Cinga, sou Terapeuta Ocupacional, atuo em sala de aula e recentemente em um ambulatório em saúde da criança, tenho vinte e seis anos, não sou parente e nem amigo dos réus. — Posso? — pediu o Advogado de defesa. — Sim — respondeu a juí
Yara respirou fundo. Tocou as maçanetas da porta e a abriu. A sala de audiência estava quieta. Quando deu o primeiro passo com as muletas para entrar, todas as cabeças se viraram para a observar. Ela engoliu em seco. As palmas das mãos suavam e os braços fraquejaram. — Eu preciso fazer isso — murmurou como um incentivo para si mesma. Leonardo a acompanhava com um sorriso cínico nos lábios, enquanto Pedro escondia o rosto com as duas mãos. Ela se sentou no banco, ao lado da Juíza, largou as muletas no chão. Encarou o corpo de jurados, sem revelar nenhuma emoção. — A vítima fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e Ihe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado civil, sua
— Agora Leonardo será questionado pela promotoria e contará a sua versão dos fatos — informou a Juíza ao corpo de jurados. Thais apertou a mão de Yara com força. Sentadas lado a lado, como um apoio. A visão do réu com um largo sorriso ao caminhar até o banco para ser interrogado a fazia arrepiar por todo o corpo. — Yara — ela se aproximou do ouvido da namorada — eu tenho pesadelos com ele nos matando. O corpo de júri ficou imóvel, como se a simples presença do réu fosse capaz de paralisar a todos. — O réu fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e Ihe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado civil, sua profissão, lugar onde exerce sua atividade, e relatar o que houve,
Após a televisão exibir a fala da juíza, Yara fechou os olhos e abraçou Daniel.— Acabou — ela cochichou para o filho.Thais, ao seu lado, sorriu. Era estranho que uma simples frase poderia significar o alívio para uma vida.— Estou livre — ela declarou, desta vez, em direção a namorada.— Sim, está livre para seguir o que quiser — confirmou Thais que ficou em pé e foi conversar com Ariadne do outro lado da sala.A confirmação da fala da autoridade do tribunal, congelou Martins e Ângelo, que ficaram em silêncio encarando a TV com os olhos esbugalhados. Ariadne sorriu triunfante enquanto acariciava
— Nem acredito que já faz um ano desde que Thais te pediu em casamento! — Ariadne mencionou despretensiosamente enquanto segurava a bebê no colo.Yara sorriu enquanto se admirava no espelho. O vestido de noiva azul e fluído e com silhueta de sereia estava mais do que perfeito.— Foi um dia e tanto, a condenação do Leonardo e você ainda estava grávida — ela comentou.A prima respirou fundo e admirou a bebê.— Nem me fale, e agora Jordana está aqui nos meus braços e acho que até quero mais um — Ariadne brincou.Alguém bateu na porta.— Pode entrar! —