Eu tinha me transformado em um demônio. Eu não sentia mais, eu só queria destruir aquela fonte de desobediência.
Tudo que eu precisava era de mais um golpe, e mais um, descarregar a minha raiva, ver aquela mulher ardendo em chamas. Era somente uma ordem, e Berith se engalfinharia com aquela mulher de preto, e logo aqueles cabelos brancos e aquela máscara de metal estariam cobertos de sangue.
Mas uma voz me chamava ao fundo... Eu escutava. Eu sentia... Sentir, era estranho... Do jeito que eu estava agora...
Eu via uma cena, daquele lugar, momentoa antes. Minha mãe discutia com Berith, por causa de mim... Eu não entendia boa parte da discussão.
- O que pretende fazer com o meu filho, Berith? Ela dizia.
- Libertá-lo dessas amarras mortais que você colocou sobre ele no pretexto falho de protegê-lo, Amy.
- Tu não tens este direito, Duquesa Berith. Disse ela para a mul
- Quando se aproximou tanto desse sentimento de medo? Quando deixou a sua coragem, Emeth, Cavaleiro da Ordem da Santíssima Trindade, 1ª Ordem do Dragão, A Face de Titânio! - Eu disse, lembrando-me do único nome que ela tinha me dado quando perguntei, há tanto tempo. – Tu és covarde ao tentar matar um garoto no meio da noite, depois de encantá-lo com seu charme... Tu és covarde ao lutar na sua forma feminina contra alguém que não toca em mulheres e bem o sabes, bem sabes, que tu és covarde por tentar levar à morte um menino que está sozinho no mundo... Tu és uma mulher demoníaca que se esconde atrás de um manto de violência e solidão para ganhar a confiança de quem queres destruir... Eu seguia, em latim, e ela olhava atônita para mim.- Por que... Porque me acusa, Ser das Trevas? Ela parecia apavorada, mas eu sentia que a sua for&c
Vamos dizer assim... A minha mãe provavelmente não gostou da minha cara quando eu nasci. Ou talvez, talvez ela tenha um gosto estranho mesmo. Bom, vamos deixar essa coisa de nome por enquanto...Eu sou um estudante até o momento, terminarei meu ensino médio e começarei uma universidade que não sei por que escolhi. Talvez pensar que posso ficar um dia inteiro preso dentro de um escritório reduza meus problemas. Apesar de que contabilidade é a coisa mais chata do mundo... A minha mãe queria que eu fosse "doutor" e fizesse medicina. Eu não poderia me sentir mais desconfortável na vida que com uma profissão em que eu teria que lidar incessantemente com público.Não é que eu não goste de pessoas, eu, aliás, sinto falta de poder interagir mais com elas. Mas eu diria que às vezes isso é meio difícil pra mim, não porque eu seja t&ia
Quando eu era criança, poucos dos meus colegas falavam comigo, boa parte deles dizia que andar comigo dava azar.Não sei se existe mais algum motivo além do que parece estar estampado na minha testa, mas isso é um tanto ruim, até porque, se perguntarem por aí, eu não era uma criança feia, pelo menos é o que diriam, mas mesmo assim, tem sempre quem anota algumas reservas.Quando eu entrei no jardim de infância me lembro de meu primeiro dia de aula. Eu estava radiante por poder brincar com outras crianças normalmente. Meus primos não chegavam muito perto de mim, na verdade, boa parte da família não fazia isso. Não que eu me importasse, eu acabei me acostumando com isso. Mas é parte da natureza humana sermos sociáveis, e no fim, isso de as pessoas ficarem longe é um pouco solitário.E na escola tudo parecia ótimo, antes da aula
E ao entrar no ginásio, nossas vidas se separariam inevitavelmente, porque era muito provável que nossos pais nos colocassem em escolas diferentes. A essas alturas, depois da segunda série, eu decidi que fugiria do cabeleireiro e minha mãe não cortaria mais meu cabelo com um cogumelo ridículo que fazia com que eu parecesse estar com um capacete. O problema é que apesar das reclamações no início, ela cedeu facilmente, e eu não cortei mais o meu cabelo, o que significa que ele estava um tanto comprido agora, e que ao entrar nessa nova escola, um magrelo como eu poderia ser ridicularizado como menina. Isso já seria mais um problema, eu pensava. Mesmo assim, eu já tinha me acostumado com a parte chata de deixar o meu cabelo crescer, que era o fato de ter que cuidar dele, não que um cabelo liso desse problema, mas demorava pra secar depois do banho, e eu me recuso a usar um secador de cabelo
Estávamos na primeira semana de férias de verão. No ano seguinte começaria o colegial. Tinham decidido que todos nós ficaríamos na mesma escola, o que eu fiquei feliz de saber. Aproveitamos o sábado à tarde para irmos à sorveteria.Todos iriamos ter três meses de férias em viagem, então, até o ano seguinte, essa seria a última vez que nos veríamos.- Porque está com essa cara desanimada, Jamal? Perguntou Marianna depois de alguns minutos.- Por que... - começa ele tristemente - não tinha mais sorvete de morango! Fala ele decidido. Ah, sim, Jamal era aficcionado por bolinhos, doces, geleias e sorvetes de morango.Eu estava pensando que apesar de tudo, nos últimos trimestres nossas notas tinham melhorado consideravelmente, e os ferimentos de brigas de que não participávamos somente aumentavam. Eu estava com um cur
Vimos Mari chegando. Aparentemente os alunos novos colocaram os olhos nela avidamente demais, Luís fez uma careta para isso. Ela era realmente muito bonita, com o tempo as sardas do seu rosto ficaram mais delicadas, e ela continuava usando aquelas chiquinhas no cabelo que ficava cacheado ao redor do seu rosto, mas ele estava mais comprido e pelo peso não fazia mais com que ela parecesse uma bola de cabelos vermelhos, caindo para trás dos seus ombros. Ela foi uma das que deve ter pensado que o uniforme da escola era prático. Estava de tênis, com a blusa branca de botões e o colete preto do uniforme desleixadamente aberto, afinal, pra quê diabos o uniforme tinha que ter um colete, mas enfim... E a saia rodada do uniforme, que antes mesmo de eu comentar, Luís perguntou quando ela chegou e tomou seu lugar atrás dele.- Ei... Mari... Tu encurtou a saia do uniforme? Ele realmente não tinha vergonha de perguntar uma
Lembro-me de quando estávamos na sexta série. Tivemos o maldito dia da profissão, e a comemoração desse dia seria catastroficamente trazer nossos pais para a turma e deixar que eles falassem de suas profissões. Ah, isso foi complicado. Eu só sei que eu simplesmente “esqueci” de avisar a minha mãe. Era menos problemático assim. Foi o que pensei.O pai da Mari tinha muitas fotos bonitas de vários lugares, como piloto de avião, ele tinha chance de viajar pra vários lugares, isso era uma vida agradável, foi o que pensei. O pai do Jamal era auxiliar de alguma coisa no escritóriodiplomático de Moçambique, era uma ocupação chata, foi o que pensei, mexer com papéis sem fim e andar de uma lado a outro atendendo telefonemas. O pai e a mãe do Rick eram ahm... Bom eles disseram tantas coisas difíceis que eu nem lembro direi
Até onde eu poderia supor, o intervalo ia muito tranquilo, não esperava algo muito diferente, afinal, era o primeiro dia.Bom, até surgir a visão do inferno, no meu conceito. Não que a Júlia não seja uma menina linda, uma morena transferida de outra escola. O Jamal achou ela a coisa mais linda do mundo, e realmente, seria perfeito se tudo fosse assim, tão simples, mas a Júlia se apaixonou por outra pessoa.Nesse tempo tranquilo de primeiros dias acabamos ficando amigos da Júlia, afinal, não custa nada criar uma proximidade entre ela e o Jamal, foi o que pensamos, a princípio. E assim, como eventualmente, no antes do início da aula, vimos a Júlia chegando, e sentando-se ao lado de Jamal, lugar que eu cedi, ficando ao lado do Luís, o que não era muito espaçoso com o tamanho dos ombros dele, e eu que já não era tão pequeno como quando