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QUANDO A VIDA SORRI PARA VOCÊ, RETRIBUA O SORRISO.

Marrento

— Olá, senhor Fox! EU Trouxe as suas coisas. — Observo a jovem enfermeira adentrar no quarto segurando uma bolsa escura na mão.  Minhas coisas. Que coisas? me pergunto com curiosidade. Porra, eu odeio estar perdido no tempo! Ela larga a bolsa em cima de uma poltrona e sai logo em seguida. Nervoso, eu desço da cama e vou até o objeto. A abro e para a minha surpresa encontro dentro dela algumas roupas limpas, um par de tênis novos, uma carteira com alguns cartões de crédito e alguns documentos falsos. Visto as roupas, calço o tênis e pego a carteira levando-a para o bolso traseiro. Os meus olhos param fixamente no celular largado no fundo da bolsa e novamente me pergunto como tudo isso veio parar aqui? Depois de pronto penso que já está hora de encarar o mundo. Do lado de fora do hospital caminho a esmo pelas calçadas, até perceber um carro grande e escuro parar do meu lado. Contudo, continuo andando, mas ele continua me seguindo.

— Senhor Fox? — Um homem usando um uniforme escuro e um quepe na cabeça me chama assim que abaixa os vidros. — Eu sou o Danilo o seu motorista. — Ele diz e eu praticamente grito um: puta que pariu. Um motorista? Isso é algum tipo de piada? — Eu estou aqui para levá-lo para casa — avisa. Paro de andar abruptamente e fito o homem desconfiado por alguns instantes e jogo a interrogação:

— Casa? — Ele encosta o carro no meio fio e confirma com a cabeça.

— Eu explico tudo no caminho — fala. Ainda desconfiado olho para os lados antes de finalmente entrar no carro luxuoso. — Nos conhecemos no avião, senhor Fox. — Ele diz e liga o motor do carro. — O senhor estava ferido, me pediu ajuda e eu o ajudei. E foi o senhor me incumbiu de cuidar de tudo enquanto estivesse hospitalizado.

— E, por que ajudou um homem desconhecido, Danilo? — Procuro saber pois sinto que algo está muito errado nessa história toda. Ele sorri.

— Porque o senhor me ofereceu um salário três vezes melhor do que o que eu recebia antes. — Arqueio as sobrancelhas.

— Ah! — Bom, é uma resposta plausível, não é? Penso, respiro fundo e olho para o lado de fora.

— Enquanto esteve hospitalizado fiz tudo como me pediu. Comprei uma casa, contratei alguns empregados e cuidei das suas finanças. — Apenas assinto. — Também paguei a conta do hospital e todos os cuidados extras que precisava.

— Certo... Danilo, não é?

— Sim, Senhor!

— O que mais fez enquanto eu estava no hospital?

— Comprei as empresas de automóveis que estavam indo à falência como me pediu. Um total de três empresas. — Solto um assobio apreciativo.

— Então agora eu sou um empresário do ramo automobilístico? — indago completamente pasmo com os resultados.

— Sim, Senhor! Também investi na bolsa de valores e posso lhe dizer que o seu dinheiro está rendendo pelo menos um milhão e meio praticamente por dia. — Cacete! Resmungo mentalmente.

— Caramba! Então agora também sou um multimilionário?

— Com certeza, Senhor Fox! — responde com um sorriso largo. Porra, estou começando a gostar desse cara! Penso satisfeito.

— Estou gostando de saber disso, Danilo! — falo e o olho com um sorriso de lado.

— Obrigado, Senhor Fox! — Apenas respiro fundo e volto a focar nas calçadas, e penso que agora entendo o hospital luxuoso, os cuidados especiais e tudo mais.

O carro para em frente a um condomínio de luxo que fica de frente a uma praia particular completamente deserta. Ele passa pelos portões de ferro pintado de branco e pressiono os lábios observando os muros extremamente altos, que revela algumas casas grandes e sofisticadas dentro de um terreno arborizado. São apenas quatro mansões imponentes dentro de um terreno que parece não ter fim. Todas têm dois andares e garagens que cabem até quatro carros dentro delas. O automóvel para em frente a última casa e eu saio encarando a linda e moderna faixada. A maioria das suas paredes são de vidros escuros e atônito caminho na direção do imóvel e abro as portas duplas que também são de vidro. Solto um assobio apreciativo. Isso aqui é um palácio! Rosno internamente. É pelo menos três vezes maior do que a casa que eu tinha na comunidade no Rio de Janeiro, e olha que ela nem era pequena! Fito com admiração a sala ampla com seus móveis modernos de vidro e de madeira, e as cores preta e branca em quase todos os detalhes da decoração. Tapetes brancos e felpudos, uma TV enorme em um painel elegante e sofás sofisticados. Confesso que estou acostumado com o luxo. O mercado negro sempre me deu tudo do bom e do melhor, mas isso não se compara nem de longe com o que eu deixei para trás.

— Olá, senhor Fox! Eu sou a Anita. Sou a esposa de Danilo e a sua governanta. — Uma jovem senhora, muito bonita por sinal fala adentrando o cômodo. Confuso, eu apenas faço um gesto de cabeça para ela. — Seja bem-vindo, Senhor Fox! Acredito que esteja fome? Eu posso lhe servir algo? — Ela pergunta solícita e eu chego a puxar a respiração com tanto falatório.

— Não, obrigado, Anita! Eu só quero descansar um pouco. — Ela volta a sorrir e concorda.

— Certo, Senhor Fox! O seu quarto já está pronto. É o quarto principal da casa — fala e assinto outra vez.

— Obrigado, Anita! 

Ansioso para ficar sozinho, eu sigo imediatamente para as escadas que tem um formato de espiral com um corrimão de aço inox e começo a subir os degraus de mármore negro devagar para não fazer muito esforço. Abro a primeira porta no corredor largo e cheio de portas, adentrando o cômodo logo em seguida. O quarto não tem uma decoração muito diferente dos demais cômodos, ele segue o mesmo padrão com fidelidade. Calmamente me deito na cama, sentindo o meu corpo dolorido finalmente relaxar. Porém, as lembranças da noite anterior a minha fuga inundam a minha mente com violência.

— Não posso entrar em Bogotá com todo esse dinheiro, Marrento. E eu só confio em você para fazer esse trabalho. Ponha isso em sua bolsa — Cicatriz pede com um tom firme, porém, baixo o suficiente para apenas eu escutar.

— O que tem aqui?

— São os cartões. Abri duas contas e em cada uma delas tem meio bilhão de dólares. Quando estivermos em território colombiano você fará a transferência para o meu nome. — Concordo com a cabeça.

— Pode deixar, Cicatriz!

— Ótimo! Não conte nada para ninguém. Esperaremos Jasmine chegar e quando ela entrar no avião estaremos livres disso aqui. Seremos os reis, filho! — Ele festeja e eu sinto o meu sangue ferver quando o ouço me chamar de filho. Eu o odeio e odeio ainda mais quando quer dar uma de bom pai.

— Certo! — digo tão somente e ele volta a sorrir, dessa vez orgulhoso.

— Quero que se case com a minha filha, Marrento e formaremos uma família poderosa. Seremos os reis de Bogotá, porra!

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