Marrento— Garçom, mais uma por favor! — peço sentindo a minha voz enrolar.— Pra você já chega, meu jovem, está na hora de ir para casa. — Rio debochado. Sério? Ele está ditando a porra do meu tempo?— Eu estou pagando, caralho e quero mais uma bebida! — rosno irritado. Levanto-me com dificuldade do banco alto e encaro o homem de perto. Ele faz um gesto com o olhar para os seguranças em pé na porta e segundos depois estou sendo arrastado para fora do estabelecimento, e jogado como o lixo que sou na calçada. Solto alguns xingamentos e me levanto cambaleante. E mesmo sentindo a minha cabeça girar, subo na moto e logo escuto o ronco do motor. Destino. Uma vez me falaram sobre ele. É algo predestinado. Você nasceu para aquilo e não tem como escapar dele. Eu nasci para ser um homem mal, para trazer o medo e espalhar o terror. A final, eu sou o Marrento a porra de um delinquente. Sou e sempre serei a porra de um traficante e um assassino. Não importa a droga do carro luxuoso na minha garag
MarrentoNo dia seguinte abro os olhos sentindo uma dor de cabeça infernal e me dou conta de que ainda estou deitado no tapete que fica perto da cama e em meio aos destroços de móveis e de vidros que quebrei durante a madrugada. Levanto-me devagar, me sento e me encosto na lateral da cama, esfregando o meu rosto e deslizo as mãos pelos cabelos em seguida. Lembro-me da noite passada, do evento de gala, do pequeno beijo roubado, a revelação de Fabiana e a bebedeira. O que eu fiz? Puta que pariu, o que eu fiz?! Levanto-me do chão com dificuldade e vou para o banheiro, tomo um banho frio e demorado, muito demorado. Por fim, visto uma roupa casual, calço chinelos de dedo e saio do quarto. Na cozinha encontro Anita e Fabiana, e inevitavelmente fito a garota que tem o olhar baixo e fixo em suas próprias mãos.— Bom dia, Senhor Alex! — Anita diz com sua costumeira animação.— Bom dia! — digo seco demais. Meus olhos ainda estão fixos na garota sentada no banco alto. — Como foi a festa ontem?
MarrentoAlguns dias…— Bom dia, senhor presidente! Acabamos de fazer a contagem dos veículos que serão exportados essa semana. Gostaria de verificá-los agora? — Fábio Stefano, um dos dirigentes de exportação da empresa pergunta entrando na minha sala.— Claro! Reúna o pessoal no pátio, por favor! Eu quero ter certeza de que estará tudo certo.— Claro, Senhor Fox!— E, Fábio?— Sim?— Não aceito imprevistos ou qualquer tipo de atrasos. Avise que cabeças irão rolar se isso acontecer. — O rapaz engole sutilmente em seco, mas assente e sai.Mandar é a melhor parte dessa minha nova vida. Dessa vez eu não sinto o medo apenas o domino e a sensação é incrível. Aqui não sou a porra de um pau-mandado, eu ordeno e eles obedecem com um diferencial, ninguém sai machucado de verdade. Respiro fundo quando a lembrança de um certo bichinho do mato invade a minha mente. Perceber que Fabiana melhorou bastante depois da nossa última conversa é satisfatório. Ela ainda não confia em mim e isso é um fato q
MarrentoEstou a horas trancado no meu quarto fazendo nada em especial além de andar de um lado para o outro igual um animal enjaulado e a ponto de explodir de ansiedade. Tenho vontade de ir até o quarto dela, mas não sei qual será a sua reação diante disso. Da última vez não foi algo muito agradável. Perto das onze da noite estou embolando de um lado para o outro da cama e impaciente me levanto, visto uma roupa confortável e decido ir de uma vez até lá. Chego perto da madeira e simulo algumas batidas na porta, mas a coragem não chega nunca então apenas encosto a minha testa nela e respiro fundo algumas vezes. No segundo seguinte encarando a madeira pintada de branco por um tempo e me encho de coragem para acabar logo com essa agonia. Dois toques. Dois toques leves e sutis e ela abre uma brecha da porta, encarando-me especulativa.— Senhor Alex? — Consigo sentir o receio fluir com intensidade na sua voz.— Oi! — digo e em seguida as palavras parecem fugir da minha boca. Vamos lá, Alex
Marrento Dentro do meu quarto começo a andar de um lado para o outro em afobação. Droga, ainda sinto a ardência nos meus lábios devido ao beijo que ela me permitiu lhe dar. O seu perfume parece ter se entranhado no meu corpo e invade as minhas narinas me fazendo queimar por dentro. Respiro fundo, levando as minhas mãos aos cabelos e agito os fios me sentindo encurralado. É como se as paredes do meu quarto se fechassem ao meu redor e de repente uma vontade insana de voltar para o cômodo ao lado me acomete. Não. Você precisa manter o controle, Alex! E com o meu corpo em chamas, me livro das minhas roupas e vou direto para o chuveiro. Tomei um banho frio e demorado em uma tentativa insana de me acalmar. Eu não podia pedir para ficar com ela, não depois descobrir tudo o que ela passou. Mais calmo, me jogo na cama e encaro o teto branco por alguns instantes. Penso no que acabamos de fazer. Um beijo. Um beijo que deveria ser simples e calmo, porém, tornou-se demorado e intenso, e fez o meu
MarrentoPasso a manhã inteira trancado no escritório de casa respondendo e enviando alguns e-mails, e perto da hora do almoço recebo um telefonema urgente do supervisor da fábrica. E para a minha completa frustração terei que desmarcar o nosso almoço. Isso é muito chato porque eu realmente estava ansioso para ficar sozinho com ela. Nós realmente precisamos conversar e ainda tem o fato de que quero conhecê-la melhor. Saio do escritório apressado, tomo uma ducha rápida, depois ponho uma roupa para ir à empresa o quanto antes. Do lado de fora, encontro Jordan e Danilo em uma conversa séria e me pergunto sobre o que eles estariam conversando, ou que eles têm tanto para falar um com o outro? Resolvo deixar isso para depois e sigo para o carro. Jordan percebe a minha presença e antes de se afastar, ele diz algo rápido para Danilo e vem em minha direção. No carro, encaro o meu segurança pelo retrovisor. Ele parece perceber e isso me deixa com o pé atrás. Se tem uma coisa que eu não deixei p
MarrentoApós me acomodar ao seu lado, Jordan se senta no banco do motorista e dirige adentrando o imenso jardim do condomínio, e durante o curto trajeto não falamos sobre nada. Ela se concentra em uma janela e eu na outra. E não demora para um campo aberto entrar no meu campo de visão. Daqui é possível ver algumas árvores altas e quando ele estaciona o carro peço para o meu segurança ficar fora do nosso alcance. Assim que ele se afasta começo a forrar os cobertores na grama e ponho a cesta de vime ao lado. Anita não exagerou quando disse que esse lugar era fantástico! Meus olhos percorrem o enorme campo verdejante com muitas flores campestres e a nossa frente tem um lago que corre livremente entre algumas rochas. Um pouco mais a nossa frente tem muitas árvores juntas e tem alguns arbustos de flores nativas espalhados por todo o lugar. Mas é quando me viro para olhá-la que fico maravilhado. Fabiana tem um sorriso diferente nos lábios. Ele parece brilhar e os seus olhos parecem fascina
MarrentoA nossa volta para casa foi igualmente a saída. Ninguém disse uma palavra e mais uma vez me senti incomodado com isso. Enquanto ela encara o lado de fora pela janela eu segui remoendo essa situação absurda. E assim que entramos em casa, Fabiana foi direto para a cozinha acompanhada do meu segurança que carrega as coisas do piquenique em suas mãos e eu vou para o meu quarto, puto da vida. Puto da vida, sim! Custava nada ela dizer alguma coisa? Como se sentiu ou se gostou. Seria um bom começo para mantermos um diálogo entre nós! Droga, eu quis gritar com ela, dizer que eu queria mais dela, mas porra! Não era para ser assim! Não era para se tornar o meu vício, ou para me sentir dependente. Era para ser algo casual e totalmente desprendido. Respiro fundo algumas vezes e me livro das minhas roupas. A água fria vai me ajudar a pensar melhor. Eu preciso me acalmar. Vamos lá, Alex, é só sexo, cara, nada além de sexo! Sem apegação, sem cobranças e sem sentimentos. Meu subconsciente me