SAMUEL MILLER
— Você tem certeza que vai mesmo fazer isso, meu filho? — Minha mãe perguntou, ao me ver fazendo minhas malas. — A senhora sabe que sim, mãe — respondi, decidido — aqueles monstros merecem receber um castigo e a Sarah merece receber justiça. — Pela sua cara, eu sei que minha mãe não está muito satisfeita com minha decisão, porém eu não vou mudar de ideia. Dez anos, foram dez longos anos planejando a minha vingança contra aqueles assassinos covardes, e hoje eu finalmente vou começar a cobrá-los. Um por um, eu vou fazer todos pagarem, principalmente a chefe da turma, a Jules Montreal, aquela m*****a vadia* vai sofrer. Meu nome é Samuel Miller Adams, hoje uso só o sobrenome da minha mãe nos negócios, então sou conhecido como o CEO Samuel Miller, tenho trinta anos e moro em Nova Iorque com a minha família. Eu cresci em São Paulo, éramos eu, minha mãe e minha irmã, éramos felizes, mesmo depois da morte do meu pai, que morreu em serviço, ele era tenente-coronel da Marinha brasileira, meu orgulho. Meus planos eram seguir os passos dele, tanto que me matriculei na academia, treinei e estava só aguardando concluir meu curso de primeiros-socorros para me alistar. Eu estava com tudo organizado, meu futuro planejado. Mas, de repente tudo mudou… eu tive que sair da minha cidade, deixei o meu país para tentar salvar a vida da minha irmã, a vida que aquela m*****a mulher destruiu. Eu passei dez anos planejando a minha vingança, eu jurei faze-los pagar e hoje eu estou finalmente no caminho para concluir meu objetivo. — A senhora não acha que eles merecem pagar pelo mal* que causaram? — Perguntei. — Samuel, eu concordo que a justiça deve ser feita, mas é que… — suspirou — eu me preocupo com você, não quero perder você. — Aproximou-se, me abraçando — todos são influentes, são poderosos, eu tenho medo do que são capazes de fazer, principalmente a família daquela garota. Eu sorri quando ouvi a preocupação dela, minha mãe não entende mesmo de negócios. — Mãe, os anos passaram e muita coisa mudou. Aquela família não é nada perto do que foram um dia. Eles mudaram de cidade e, com a morte do velho, os negócios não fluíram tão bem, e parte disso é culpa daquela mulher, ela é péssima! — Disse, com satisfação. A má administração dela vai me facilitar muito as coisas. — Mas, mesmo assim, eu duvido que sejam fracos — Suspirou, ainda preocupada. — Mãe, a senhora só está esquecendo um pequeno detalhe: nós não somos mais aquela pobre família humilde, hoje nós temos o dobro do poder de todos eles juntos — disse, orgulhoso. — Nossa empresa é uma das mais poderosas de Nova Iorque, e nós trabalhamos com vários negócios que fazem sucesso, nem se quiserem podem me atingir facilmente. — Tudo bem, meu filho, tome cuidado — suspirou. — Só tome cuidado, está bem? — Disse e beijou minha testa. Quando estava indo para o aeroporto, dei uma última olhada nos arquivos que recebi. Olhei cada página, com sangue nos olhos, tem tudo ali, cada passo que deram, cada negócio que possuem, família, amigos… tudo! A ficha completa de todos que destruíram a vida da minha irmã. O meu alvo principal é aquela m*****a Jules Montreal, que agora é Jules Montez. Ela é a líder do grupinho, foi ela quem arquitetou tudo, é ela a grande culpada. Eu tenho um plano muito bem organizado, e que já começou há meses atrás, todos os outros já caíram, e a Construtora Montez também já começou a sofrer os efeitos dele. Enviei uma mensagem para o Daniel: "Estou saindo de Nova Iorque, já está tudo preparado?" Ele respondeu: "Está sim, estamos ansiosos pela sua chegada. A galera do escritório já está aguardando aqui, todos preparados para começar." Eu finalizei com um: "Ok!" O Daniel é meu advogado e um grande amigo. Eu o conheci quando nos mudamos para Nova Iorque e foi com a ajuda dele, que já era fluente em inglês, que conheci o Jason Bishop e com a ajuda do Jason e o apoio do Daniel comecei minha primeira empresa. Nós crescemos nos negócios juntos, porque hoje ele também tem o escritório de advocacia mais requisitado de Nova Iorque. Dez horas depois, pousamos no aeroporto internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. A cidade maravilhosa. Estou finalmente de volta ao meu país. Peguei o carro, que já estava esperando por mim, e resolvi dar uma volta pela cidade antes de seguir para a empresa. Eu estava curtindo o passeio quando o meu telefone tocou, é o Daniel, deve estar se perguntando onde eu fui parar. — Onde você está? — Perguntou, assim que a ligação foi conectada. — Já estou chegando. Só quis dar uma olhada na cidade antes. — Expliquei. — Tudo bem, sem problemas, só estava preocupado que você tivesse errado o caminho. — Eu sou brasileiro, Daniel, eu jamais vou me perder aqui. Quarenta minutos depois, eu parei o carro na porta do prédio com uma fachada requintada. Quem olha de fora já tem a total certeza de que o dono disso tudo é muito rico e poderoso, é justamente isso que eu sou e é essa imagem que quero passar, uma imagem de poder e de que ninguém pode me intimidar. Assim que passei pela porta ouvi os cumprimentos das pessoas, aparentemente todos aqui já me conhecem e eu gosto muito disso. O meu escritório fica no último andar, na cobertura, eu fiquei impressionado com o ambiente, é realmente um espetáculo de decoração, o Daniel arrasou. — Finalmente você chegou! — Daniel, aproximou-se — então, gostou? — Perguntou, apontando para o escritório. — Ficou muito bom, parabéns! — Respondi, animado. — Eu realmente vou gostar de trabalhar aqui. — Disse, olhando a vista maravilhosa da janela. — Essa é a Rafaela, a sua assistente pessoal que já está tomando conta da sua agenda — ele apresentou-me à mulher loura com belas curvas, que estava ao seu lado. — Muito prazer, Senhor Miller — ela disse, com um sorriso exuberante. — O prazer é todo meu, Rafaela — respondi, também sorrindo. — E aí o que você já tem pra mim? — Perguntei. — Rafaela, você pode pedir nosso convidado para entrar, por favor! — Sim, é para já, senhor. Poucos minutos depois, ela voltou acompanhada de um homem de meia idade. — Pode se sentar, senhor Durval — Daniel disse, apontando uma poltrona à nossa frente — Esse, como você já deve saber, é Samuel Miller, o homem para quem você está trabalhando. — Sim, eu já o vi em algumas notícias. — Samuel, esse é o Antônio Durval, o nosso contratado que se passou por dono da empreiteira Durval e ele acabou de concluir o trabalho. — Muito bem. Muito obrigado pelo seu apoio — falei, apertando a mão do homem. — Foi um prazer, Senhor Miller. Sou eu que agradeço pela oportunidade de mudar de vida e oferecer um conforto maior à minha família. — Então, foi tudo concluído com sucesso? — Perguntei e ele confirmou feliz: — Sim senhor, do jeito que queria. Uma hora dessas ela está sofrendo pressão por parte do Conselho administrativo da empresa e, aparentemente, os acionistas não estão a favor dela. — Perfeito! Você merece até um bônus — Falei satisfeito. — Agora só falta avisá-la que não vou conseguir terminar as obras, que já declarei falência e o trabalho estará concluído de fato. — Ótimo, faça isso. Agora sim começamos oficialmente. O primeiro passo está dado e amanhã eu irei fazer minha segunda jogada: vou me aproximar daquela m*****a. Ela realmente achou que iria sair impune disso? Não mesmo! Eles mudaram de sobrenome e cidade para fugir do passado, mas o passado acabou de chegar para cobrar o que devem. […] — Finalmente nosso convidado vip chegou! — Leonardo Santorine, aproximou-se assim que me viu entrando. Eu fechei um negócio milionário com o Grupo Santorine. Para ter um acesso mais fácil ao alvo da minha vingança, eu investi uma grande quantia em dinheiro no novo projeto da Santorine, eles estão começando a investir em restaurantes e eu me tornei um dos acionistas. Hoje é o lançamento da nova loja de vinhos e também onde será divulgado o primeiro desenho do projeto do restaurante. — Convidado vip? Estou me sentindo importante agora — brinquei. — Mas, você é! — Afirmou — Tanto que tem vários empresários ansiosos para conhecer o famoso Samuel Miller — ele sorriu. Nós conversamos por um tempo, ele me apresentou algumas pessoas. Conversei com alguns empresários. Realmente sou bem famoso por aqui. Depois de dar uma circulada pelo salão, eu finalmente a vi, a mulher que destruiu a vida da minha irmã. Eu aproveitei que ela estava sozinha e me aproximei.JULES MONTEZ— Anda, levanta dessa cama, hoje é a inauguração da nova loja da Santorine vinhos e você vai! — Ela puxou minhas cobertas. — Por favor, mamãe! Eu não quero ir! — Reclamei, mas foi em vão. — Eu não estou afim de sair e também estou sem ânimo até para levantar desta cama. Quero dormir mais, aliás, eu nem dormi ainda — murmurei, bocejando. — Jules, você não precisa ficar presa ao passado pelo resto da vida, isso já acabou — minha mãe acariciou minha cabeça.— Mãe, eu estou tentando, mas eu simplesmente não consigo parar de sonhar com isso! — Falei, pensando nos pesadelos que me atormentam. — Você precisa apagar aquele maldito vídeo e parar de olhar aquilo. Jules, você só faz isso para se torturar, você gosta de ter insônia, de ter pesadelos, ter crise de pânico, do contrário você não ficaria olhando aquela porcaria até hoje! Dez anos, dez anos já passaram, Jules! Está na hora de seguir em frente e perdoar a si mesma. Nós pagamos uma indenização milionária para a famí
— Algum problema? — Perguntei.— Não, nenhum problema. Eu estou sozinho aqui, ao menos, por enquanto. Minha mãe e o resto da família estão em Nova Iorque, não gostam muito do Brasil — sorriu, um sorriso que não alcançou seus olhos.— Por quê? — Oi? — Perguntou. Ele pareceu meio distante agora. — Por que sua família não gosta do Brasil? — Fiz minha pergunta novamente. — É muito violento aqui. Eles não querem nem mesmo visitar. — Que pena — falei, sinceramente. — Realmente é uma pena. Eu tomei mais uma taça de vinho e senti minha cabeça começar a rodar, fazia tempo que não bebia álcool e acabei exagerando. — Eu acho que preciso ir ao banheiro — disse, enquanto me levantava. Eu tentei me manter ereta, mas falhei miseravelmente — me desculpe! — pedi, totalmente constrangida, pois tive que me apoiar nele para não cair de cara no chão. — Sem problemas — Sorriu, me estendendo a mão — eu ajudo você. O vinho em excesso já está fazendo efeito. —Disse, com um sorriso divertido. Eu s
SAMUEL ADAMS Durante minha conversa com aquela mulher, eu tive que usar muito autocontrole para não pegá-la pelo pescoço e extravasar todo ódio que sinto por ela, principalmente quando a vi sorrir tão animada. Felizmente eu tenho um autocontrole excelente, consigo seguir com meu plano perfeitamente. Mas, uma coisa é certa, eu vou ter o maior prazer em arrancar aquele sorriso do rosto dela e vou fazer isso lentamente, da forma mais dolorosa possível.— Então como foi tudo lá? — Daniel perguntou assim que entrei em minha sala. — Normal — respondi, girando a cadeira de um lado para o outro. — Normal, como assim normal? — Encarou-me, desconfiado. — É exatamente isso, foi normal, nada demais — dei de ombros. — Pode ir abrindo essa boca e me conta tudo, quero saber os detalhes desse encontro. — Disse, sentando-se na cadeira à frente da minha mesa. — Contar o que, cara?— Começa me dizendo o que achou da mulher, ela é tão bonita pessoalmente quanto é nas fotos? — Ela é bonita, mas n
JULES MONTEZ — É. Nos encontramos de novo, Samuel Miller — Respondi, com um sorriso. O homem na minha frente é a imagem da perfeição e elegância. Ele também estava sorrindo e me olhava de um jeito que fez todos os pêlos do meu corpo arrepiarem e, pela leve mudança em sua expressão, ele notou isso. — Então, já fez muitos negócios? Como é a sensação de estar em casa novamente? — Perguntei casualmente para tentar disfarçar o meu estado. Uma coisa é certa, esse homem me faz perder um pouco o equilíbrio. — Sim, fiz excelentes negócios. E você, Jules Montez, também está fazendo bons negócios recentemente? — Novamente ele disse meu nome daquele jeito…. Sei lá, é um jeito diferente, meio frio. Balancei minha cabeça, tirando esses pensamentos da mente, esse deve ser o jeito dele falar. Um homem que se estabeleceu nos Estados Unidos, é normal ele agir como as pessoas de lá, frias, meio distantes. Só estou sendo boba. — Algum problema? — Ele perguntou quando me viu calada e encarando-o.
— Jules, o cara é o homem do momento, é óbvio que está no centro das atenções e todos viram que assim que ele entrou aqui ele ficou olhando para você e depois chegou perto. Na festa também foi do mesmo jeito, é óbvio que ele gostou. Já você, eu te conheço muito bem e é visível sua cara de boba quando fala dele, ou quando está com ele. Eu estou tão feliz por você! — Ela comemorou.— Calma lá, Marina, não vamos colocar muita expectativa nisso — falei ao pensar em todos os problemas que tenho.— Por que não? Jules, você merece ser feliz, para de ficar enterrada em um passado que já foi. Esse homem é um deus grego, bilionário e como se tudo isso não fosse suficiente, ele também está caidinho por você. Aproveite, mulher! — Disse, com aquele jeito empolgado dela. — Como eu disse, não vamos criar muitas expectativas. Nós não sabemos se ele está realmente interessado, esse jeito dele conversar comigo pode ser algo natural dele, deve usar com todos. Marina, eu não preciso de mais frustração n
SAMUEL ADAMS — Eu estou tentando resolver um problema e não causar um! — O homem respondeu ainda furioso. Eu olhei a mulher e ela estava com uma mistura de surpresa e vergonha no olhar. — Eu estou indo naquele restaurante ali à frente — apontei para um renomado restaurante do outro lado da rua —, eu reservei um espaço privado para almoçar com um cliente, mas infelizmente ele teve um imprevisto e não poderá comparecer. Então, o que acham de me acompanhar em um almoço? A propósito, eu sou Samuel Miller — me apresentei, estendendo a mão para o homem. — Samuel Miller? — Encarou-me já mudando a expressão — Muito prazer, eu sou Flávio Santiago — apertou minha mão e vi um meio sorriso de satisfação surgir em seu rosto. — Isso mesmo. Então, vamos? — Retribuí o sorriso e olhei a mulher, que permanecia com a mesma expressão — Vai me dar a honra da sua companhia, Jules? — É… Eu sin…— Por favor! — A interrompi, antes que ela recusasse — Você não vai me fazer essa desfeita, não mesmo? — Sor
— Desculpe por isso. Olha você não precisa depositar nada para ele, eu estou resolvendo tudo e ele só está tentando me causar problemas — ela disse enquanto se forçava a me encarar. Ela estava visivelmente constrangida.— Eu já disse que posso fazer isso. Fique tranquila, esse valor não é difícil para mim, pelo contrário, é um valor muito pequeno. — Eu sei que esse valor não é nada para você, mas eu não posso aceitar que você faça isso. Primeiro porque nós nem nos conhecemos direito, segundo porque eu não tenho como ressarcir esse valor, pelo menos não por enquanto. E eu também não sei porque você está fazendo algo assim para mim. — Ela estava bastante nervosa, tanto que falou as palavras muito rapidamente. Nervosa e mais envergonhada que antes, tanto que abaixou a cabeça para evitar o meu olhar. — Eu estou fazendo isso porque gostei de você, Jules — segurei seu queixo erguendo sua cabeça até nossos olhares se encontrarem novamente — Nós podemos ser amigos, aliás, nós já somos ami
JULES MONTEZ Senti meu corpo inteiro acordar quando ele me olhou daquele jeito. É como se o desejo que tenho por ele fosse recíproco na mesma intensidade. Depois de colocar a mecha do meu cabelo atrás da minha orelha, ele acariciou o meu rosto e à medida que seus dedos vão deslizando na minha pele, seu olhar ficou mais intenso. Esse homem tem um controle sobre o meu corpo, me faz sentir coisas... nunca me senti assim com ninguém. Nem mesmo o Edu teve esse efeito sobre mim. — Então estamos combinados assim? — Perguntou, tirando-me dos meus pensamentos. Com certeza mais uma vez estava com cara de idiota. — Combinados com o que? — Perguntei e ele sorriu. — Jules, nós vamos fazer um negócio. Eu estou disposto a investir na sua empresa e podemos falar sobre isso amanhã, em uma reunião. O que acha? — Seu telefone apitou uma mensagem — eu preciso ir agora, tenho um compromisso. Nos veremos amanhã para tratar os termos do contrato? — Encarou-me, esperando a resposta. — Tudo bem. Nos ver