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É hora de começar

SAMUEL ADAMS

Durante minha conversa com aquela mulher, eu tive que usar muito autocontrole para não pegá-la pelo pescoço e extravasar todo ódio que sinto por ela, principalmente quando a vi sorrir tão animada. Felizmente eu tenho um autocontrole excelente, consigo seguir com meu plano perfeitamente. Mas, uma coisa é certa, eu vou ter o maior prazer em arrancar aquele sorriso do rosto dela e vou fazer isso lentamente, da forma mais dolorosa possível.

— Então como foi tudo lá? — Daniel perguntou assim que entrei em minha sala.

— Normal — respondi, girando a cadeira de um lado para o outro.

— Normal, como assim normal? — Encarou-me, desconfiado.

— É exatamente isso, foi normal, nada demais — dei de ombros.

— Pode ir abrindo essa boca e me conta tudo, quero saber os detalhes desse encontro. — Disse, sentando-se na cadeira à frente da minha mesa.

— Contar o que, cara?

— Começa me dizendo o que achou da mulher, ela é tão bonita pessoalmente quanto é nas fotos?

— Ela é bonita, mas nada demais — Falei, com um sorriso irônico. — Por tudo que ela fez, eu esperava mais — Ele riu com diversão.

— Já vi que teremos muita diversão pela frente. E aí, conseguiu chamar a atenção dela?

— Sim. Aliás, até me decepcionei um pouco.

— Por quê? Levou muito fora antes? — Perguntou, rindo.

— Muito pelo contrário, foi mais fácil do que imaginei, nem precisei me esforçar. — Respondi, lembrando-me da longa conversa que tive com a m*****a mulher.

— E isso é decepcionante onde? Você deveria estar comemorando o sucesso, está indo melhor que o esperado. Agora vamos esperar o próximo passo dela ou você vai continuar se aproximando?

— Vamos deixar correr naturalmente. Com minha sociedade com a Santorine eu já terei acesso livre a ela, não vou precisar fazer muito mais, ela e a irmã do Leonardo são amigas, isso significa que estão sempre nos mesmos lugares que eu também vou estar.

— É, essa sociedade foi uma jogada de mestre da sua parte.

— Foi sim — Sorri, satisfeito. — O Durval já deu a notícia da falência?

— Sim, ele me ligou avisando que já está finalizado.

— Ótimo! Agora é só esperar a queda da Construtora Montez começar — falei, com muita satisfação.

Depois que o Daniel saiu, fiquei olhando alguns arquivos, tudo estava realmente indo muito bem, tão bem que creio que não vou demorar muito para ter minha vingança completa. A Construtora Montez já estava com uma dívida razoável, depois que o Durval concluir o serviço, essa dívida vai triplicar. O prejuízo que ela terá nesse negócio é nada menos que novecentos milhões de reais, a maioria dos apartamentos já haviam sido vendidos e todo o dinheiro foi investido na própria construção; sem a obra finalizada, ela terá que devolver todo o dinheiro aos investidores, porém isso é impossível já que ela não tem nem cem milhões em caixa. Dei um pequeno sorriso, olhando as notas feitas pela minha equipe de investigação. Não será nada difícil conseguir fazê-la aceitar minha ajuda, e será menos difícil ainda tê-la nas minhas mãos. — É, Jules Montez, acho que você está bastante encrencada — girei minha cadeira de um lado para o outro — e seus problemas só estão começando. — falei, enquanto lia as últimas linhas da página.

— Senhor Miller, o senhor tem uma visita — a Rafaella disse assim que atendi a ligação.

— Quem é?

— O Senhor Leonardo Santorini. Posso deixar entrar?

— Sim, pode deixá-lo entrar. — Disse e encerrei a ligação. Estou bastante curioso para saber o motivo da visita repentina.

— Bom dia! — Ele cumprimentou todo animado, assim que passou pela porta. — Então, o que achou da inauguração? — Foi até a poltrona que indiquei e sentou-se confortavelmente lá.

Eu sei que esse nosso negócio e aproximação aconteceu por causa da minha vingança, porém eu gostei bastante de conhecer o Leonardo e sua família, são pessoas muito boas. Além é claro, de serem excelentes empresários. O grupo Santorini tem negócios nos ramos de construção civil e alimentação. Eles têm excelentes vinhos, tanto que estão fazendo sucesso até no exterior. Já me disponibilizei a fazer a ponte para que consigam negociar com o Jason, e, se essa conexão acontecer, será um grande passo para o Grupo Santorini. O Jason Bishop é o poder e uma máquina de gerar dinheiro e sucesso, em Nova Iorque, ele é quem comanda o giro de dinheiro nos negócios, principalmente em Manhattan.

— Eu gostei bastante. Parabéns pelo sucesso — disse e ele sorriu satisfeito.

— Foi realmente muito bom, aliás, sua presença foi a mais comentada pelas principais revistas de negócios. Já viu as notícias?

— Ainda não, desde que cheguei nesse escritório estou focado em contratos — menti.

— Depois olhe. O povo está bem empolgado com a chegada do magnata, o empresário de maior sucesso de Nova Iorque.

— Estão me superestimando demais, estou longe de ser tudo isso — Respondi com modéstia. Estou sendo sincero, eu sei que sou um empresário importante em Nova Iorque e que minha empresa tem uma ótima posição por lá, mas mesmo com todo o poder e sucesso do Grupo Miller em Nova Iorque, falta bastante para alcançar o topo do mais poderoso. Esse lugar é do Bishop, e eu me orgulho disso.

— Não seja modesto, Samuel, você merece essa fama toda. É muito bom para nós, reconhecer que um brasileiro jovem como você, conquistou tanto em um país como os Estados Unidos. Ser um empresário de sucesso nas avenidas movimentadas e do grande centro empresarial de Manhattan é para poucos, meu amigo.

— É, não foi nada fácil — falei, pensando na minha irmã Sarah. — Eu realmente tive que focar e trabalhar muito, mas, felizmente, eu encontrei as pessoas certas no meio do caminho. Então, está ansioso para trocar uma ideia com o Jason? — Ele sorriu de orelha a orelha quando ouviu o nome.

— Óbvio que sim. Você não imagina como ficou a empresa quando souberam que vamos fazer negócio com Jason Bishop, o empresário mais poderoso dos Estados Unidos. Eu diria que isso é como ganhar na mega-sena acumulada para qualquer empresário.

— É, isso é verdade. Só de ter o negócio ligado ao Bishop Corporation já abre muitas portas importantes, e não só nos Estados Unidos, mas também em outros países que eles têm negócios.

Nossa conversa durou quase uma hora. Nós falamos sobre negócios, sobre alguns empresários que estão querendo uma conexão comigo, e também falamos um pouco mais sobre a festa.

— Ah, eu vi você conversando com a Jules Montez. Ela também é CEO — ele disse, e eu tive que fingir um sorriso quando ouvi o nome da mulher.

— É, eu a conheci ontem e achei ela muito legal. A Construtora Montez é uma empresa grande? — Perguntei, para gerar assunto.

— Sim, ela é bem conhecida no Estado. O Senhor Montez era um excelente administrador e fez a empresa se sobressair bem nos anos anteriores. A Jules não tem tanta experiência como o pai e por isso parece que está enfrentando alguns contratempos na administração ultimamente.

— Sério? Ontem ela me pareceu muito competente — menti.

— É sim. A Jules é uma boa administradora, mas ao mesmo tempo ela não tem muito espaço entre os acionistas, ou melhor dizendo não tem o apoio deles.

— Por que ela não tem o apoio deles? Ela não é a dona da empresa?

— É sim, porém, ela e o pai não se davam muito bem, e o pai não fez questão nenhuma de esconder isso dos acionistas. Para falar a verdade, apesar de gostar do Marcos Montez como administrador, eu sempre achei um pai muito frio, sei lá. Eles só tem uma filha e ainda assim trata ela como se fosse uma inimiga.

Eu ouvi suas palavras, que para mim são uma novidade e tanto. Eu sempre soube dos problemas que a empresa enfrentava, mas nunca fiquei sabendo que entre o pai e a filha tinha problema. Esse é só mais um motivo para me deixar satisfeito. E também é mais uma carta na manga que eu posso usar na hora certa. Depois de trocar mais algumas palavras, o Leonardo me convida para um jantar na mansão Santorini, que será no próximo sábado.

O restante da semana, eu fiquei focado no trabalho no escritório, fiz várias conexões importantes, tanto para o sucesso dos meus negócios em solo brasileiro, quanto para o meu plano de vingança. Quanto mais poder eu conquistar aqui, mais controle eu terei sobre as empresas pequenas como a daquela mulher. Um passo importantíssimo que já estou planejando dar, é comprar as ações de todos os acionistas da Construtora Montez, assim eu poderei controlar as coisas lá de dentro também. Mas, isso é só depois de fazê-la cair.

Finalmente chegou o sábado. Hoje é o dia do jantar na mansão Santorini. Às dezoito horas terminei de arrumar e segui para o endereço que recebi via mensagem. O Leonardo fez questão de me lembrar do jantar me enviando uma mensagem pelo W******p. A residência fica no Leblon, em um condomínio excelente e caríssimo, como já era de se esperar. Envio uma mensagem avisando que cheguei, e o Leonardo vem me receber na porta. Assim que entro na grande sala já avisto a mulher. Diferente do dia da festa, hoje ela está com um macacão confortável, mas elegante, ele é justo ressaltando suas curvas, belas curvas, aliás, tem as costas nuas exibindo ainda mais seu corpo. É, ela está bonita. Ela também olhou para mim, enquanto eu estava fazendo a pequena avaliação nela.

— Então nos encontramos novamente, senhorita Jules Montez — falei, depois de caminhar até ela.

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