JULES MONTEZQuando ele saiu por aquela porta, meu coração doeu tanto, parecia que estava sendo esmagado lentamente. Eu sentei no chão e deixei as lágrimas saírem, chorei até soluçar.— Tia, o homem mau, machucou você? — A mesma pequena falante perguntou, acariciando meus cabelos.— Não. E ele não é um homem mau — respondi, forçando um sorriso.— Ele é sim, tem cara de bravo e brigou com você — rebateu, me fazendo rir.— É ele estava mesmo bravo, mas a culpa é minha, não dele — sorrio triste. Ela me perguntou o que eu fiz e eu resumi dizendo apenas que machuquei a irmã dele. Depois que ela saiu, eu liguei para minha mãe, também conversei com o Edu, ele ligou para o abrigo para saber de mim, então falei como terminou a "conversa". — Você vai insistir no divórcio? — Ele perguntou e eu afirmei que sim. — Mas ele não vai facilitar, ele não vai dar o divórcio sem brigar.— Eu sei.— Você está preparada para começar uma guerra com ele? Porque é isso que esse processo de divórcio será.— N
SAMUEL ADAMSAcordo e olho o espaço vazio na cama. Não gosto da sensação de falta, de abandono, que sinto, isso é ridículo! Eu não tenho que sentir falta dela! Levanto e vou direto para o banheiro, escovo os dentes e tomo um banho, mas a maldita sensação permanece. — Inferno! — Sussurro, passando as mãos pelos cabelos. Pego o telefone e passo o dedo na tela buscando o contato dela, mas assim que encontro me dou conta que o telefone está aqui, assim como todos os documentos pessoais e tudo dela. Essa é a casa dela, afinal.Depois de escolher um par de roupas e pegar um terno, pego minha bolsa com as coisas da empresa e me preparo para ir trabalhar, eu preciso de algo para ocupar a mente, e nada melhor que trabalhar, enfiar a cara nos contratos e reuniões com certeza vai me fazer pensar menos nessa porra toda. Assim que chego no alto da escada ouço uma comoção na sala.— O que está acontecendo aqui? — Perguntei, olhando a mulher parada perto da porta — Você está procurando a Jules? E
— Então você quer mesmo sair? — Perguntei, chegando atrás dela, que está encostada na porta do carro.— Ai! Quer me matar de susto!? — Gritou, colocando a mão no peito. — O que você faz aqui? — Questionou, olhando-me.— Eu é que deveria perguntar isso, não acha!? — aproximei-me dela — Jules, que história é essa de pegar suas coisas? Eu faço o possível para falar calmo, mas mesmo assim minha voz sai fria.— Eu não posso sair por aí sem documento de identificação, então, sim, eu preciso pegar minhas coisas que ficaram na sua casa — responde com a voz carregada de sarcasmo.— Minha casa? — digo, aproximo-me mais — o que você acha que isso aqui é, uma brincadeira por acaso? — Não, eu não acho mais nada, Samuel. — Respondeu, com raiva — Eu já achei que isso aqui fosse um casamento, que era de verdade, mas no final foi só um jogo para você, não é mesmo? — Mas esse casamento é de verdade, Jules. Você é minha esposa — falei, ainda tentando manter a calma.Ela ri, gargalha na verdade. Essa
JULES MONTEZ Eu não sei o que estou sentindo nesse exato momento. É difícil explicar para o coração que ele não pode ficar feliz com essa cena que acabou de acontecer, que isso não significa nada, pelo menos, nada de bom. Não nego que seria um sonho se essa atitude do Samuel fosse um sinal de que existe algo mais que apenas vingança dentro do seu coração, mas eu sei que não existe. Ele me odeia por tudo que eu fiz a sua irmã. Mas que foi bom ver aquela lombriga oxigenada sair com a cara no chão, isso foi. Eu não sei porque o Samuel fez isso, mas eu gostei. — O que aconteceu lá? Ele xingou você? — A Marina pergunta assim que saímos do estacionamento do prédio.— Não. — Sério? Não precisa mentir, Jules, eu vi sua cara quando cheguei. — Eu não estou mentindo, Marina. Ele realmente não me xingou ou fez nada do que imaginei que ele faria — bato com os dedos no volante. — Pelo contrário, ele teve uma atitude bem estranha — digo, pensando no jeito que ele tratou a Verônica.— Como assim?
Quando cheguei ao restaurante, o Fernando já estava me esperando, ele acenou, sorrindo, e veio encontrar comigo na porta da sala privada. Eu preferi um espaço privado, assim não tem chance do Samuel ou aquela amiguinha dele verem, o Fernando é o chefe do departamento jurídico da Construtora Montez, então, é melhor evitar mais especulações.— Como estão as coisas lá na empresa? — Pergunto assim que nos sentamos. — Você sabe que não está nada bem. Aquela mulher é horrível! — Responde, com uma careta.— Imagino. E a Camila, ela está conseguindo se adaptar? — Se adaptar? A pobre está quase surtando. Aliás, aquele homem que fez o investimento estava perguntando pela pessoa com quem ele fez negócio.— O Sérgio Sanches? Por quê? Ele também não está se adaptando com a nova presidente da empresa? — Questiono com um sorriso. De certa forma, é bom saber que estão sentindo a minha falta.— Eu não sei o motivo, mas que ele estava perguntando por você, isso a Camila fez questão de contar, mais pa
SAMUEL ADAMSEu olho o papel que acabei de receber e minha vontade é de amassar essa porra e fazer esse advogadozinho engolir. Não acredito que a Jules realmente deu entrada no divórcio, aquela idiota acha mesmo que vai conseguir se separar de mim? Não, ela não terá sucesso. Eu não vou deixar ela sair da minha vida de jeito nenhum!— Então ela te contratou para representá-la? — Pergunto ao homem, que está de pé na frente da minha mesa.— Sim, é exatamente isso. — Responde seco. — Eu já dei a entrada e estou aqui pessoalmente para entregar a proposta de acordo que minha cliente quer fazer.— É mesmo? Ela quer um acordo? — Questionei, irônico.— Sim. Aqui, essa é a proposta – me entrega uma pasta. — Minha cliente não quer nenhum tipo de conflito, ela está disposta a entregar todos os bens em seu nome, incluindo as ações da empresa, a casa…— Ela não quer conflito? — Interrompi-o — Se ela não quer brigar por que insiste nessa porra de divórcio quando eu disse que não quero? — Jogo a past
— A Jules está procurando um emprego? — Encaro-o e o desgraçado ri da minha cara, que deve ser a expressão mais horrível possível. Eu não acredito que a Jules procurou um emprego, o que ela acha que é?— Você deveria ver a sua cara agora — continua rindo — A resposta é sim, a Jules está procurando um emprego e já encontrou, eu acho.— Você está curtindo com a minha cara, não é? — Não, eu estou falando sério — pegou o telefone e me mostrou a tela — olha, esse é o currículo dela. — Como você conseguiu isso? — Questionei, tirando o telefone dele. Eu olho e mesmo assim não acredito, a Jules está mesmo procurando um emprego? E de secretária? — Você me disse para ficar de olho nas ações dela e eu estou. Coloquei uma pessoa para me passar as informações.— Que pessoa? — Um dos seguranças que trabalha na casa dela e ele disse que a Jules já recebeu uma resposta, na verdade ela acabou de receber, por isso estou aqui.— Resposta de quem, qual empresa? — Perguntei, um pouco ansioso demais.
Ela não respondeu, só me olhou, não gostei de ver a desconfiança e o medo nos seus olhos, ela também está ainda mais magra do que eu achei quando a olhei de longe. — Você é muito cara de pau! — Marina diz, colocando-se entre nós. — Então, vamos conversar aqui, ou você prefere evitar uma cena e ir conversar em outro lugar? — falei em tom de ameaça. Eu sei que se não for assim ela não vai aceitar. — Jules, você não precisa ir com ele. Nós não temos medo de escândalo, se quiser pode fazer sua cena à vontade! — outra vez é a Marina quem fala, a Jules continua calada e só suspira, mostrando cansaço. — Tem certeza disso, Jules? — Perguntei, aproximando-me dela, que se afasta. — Eu recebi a visita do seu advogado, não quer mesmo falar comigo? — mais uma vez falei com um tom ameaçador. Ela me encara com tristeza. — Tudo bem, Marina. Eu vou falar com ele. — Jules, não seja idiota! Ele quer ameaçar você, não está vendo?! Olha aqui seu…— O que está acontecendo aqui? — O Léo apareceu na po