SAMUEL ADAMSEu saí feito louco pelas ruas. A ansiedade aumentando a cada atualização do gps, avisando que estou me aproximando do endereço. Eu sei, não deveria ficar tão ansioso, mas a verdade é que eu estou, só de lembrar o jeito que a Jules saiu de casa, o estado dela e esse tempo todo que passou, eu fico mais ansioso ainda, já está escuro e ela saiu sem nem tomar o café da manhã. Estacionei do outro lado da rua quando o gps avisou que já cheguei ao meu destino. Olho o grande letreiro e sinto uma coisa estranha quando vejo as iniciais S.A. Lar S.A. será? Não, isso deve ser só coincidência. Entro e sou recebido por uma mulher que julgo ser a diretora. — Olá, bem-vindo! — Diz, com um sorriso — quer conhecer o projeto? — Eu estou procurando uma pessoa, me disseram que talvez ela estivesse aqui — digo e ela faz um gesto com a cabeça me convidando a entrar.— Fique à vontade. Quem você está procurando? — Jules, Jules Montez.— Ah, sim, ela está aqui sim. É uma pessoa maravilhosa, no
— E por acaso você já não cumpriu? Cara, você me enganou, me fez amar você, eu estou sofrendo — as lágrimas começam a descer pelo seu rosto. — Eu não tenho mais a minha empresa, que era tão importante para mim, não tenho mais nem onde morar, porque você vai cobrar cada centavo do empréstimo que me fez, o que mais você quer? — Você nem imagina, Jules? — Questionei, puxando-a para mim. A verdade é que nem eu mesmo sei o que mais eu quero.— Vingança. Você quer vingança, mas fora a minha vida, no momento eu não tenho mais nada. Samuel, você pode não acreditar, aliás, você não vai acreditar — sorri triste — mas eu sofri também. Nesses anos todos eu não tive um só dia de paz, eu não conseguia dormir sem estar dopada de remédios e mesmo assim ainda tinha pesadelos. Ok, eu mereço isso e muito mais, mas… — suspira — eu estou cansada disso tudo, agora…— Agora o quê? — Eu não tenho estrutura para continuar com isso, Samuel. A minha vida tem sido uma grande merda depois que eu ferrei com a vi
Entrei em casa e subi as escadas, na intenção de ir direto para o meu quarto, não estou com paciência para falar com ninguém agora. Mas quando estava no meio da escada fui parado pela voz da Sarah.— Você achou ela? Olho para e baixo e a Verônica está ao seu lado.— Achei — digo e vou continuar a subir, mas ela me chama de volta.— E aí, ela não vai voltar mais? — Vai, mas não hoje. — Samuel, o que houve lá? Você não parece nada bem. Aconteceu alguma coisa com a Jules? Eu suspirei antes de respondê-la. — Sarah, nós podemos não falar disso agora? Eu vou subir,tomar um banho e depois vamos preparar um jantar. O que acham? — Eu adorei. Tem tanto tempo que não como da sua comida. Pode ir lá, eu e a Verônica vamos organizando as coisas na cozinha até você voltar. Aliás, vocês não usam muito a cozinha aqui nessa casa, né! — ouço sua voz longe quando já estou no corredor.Assim que entrei no quarto, minha visão foi direto para a parte do closet que ficam as coisas da Jules. Passo as mã
JULES MONTEZQuando ele saiu por aquela porta, meu coração doeu tanto, parecia que estava sendo esmagado lentamente. Eu sentei no chão e deixei as lágrimas saírem, chorei até soluçar.— Tia, o homem mau, machucou você? — A mesma pequena falante perguntou, acariciando meus cabelos.— Não. E ele não é um homem mau — respondi, forçando um sorriso.— Ele é sim, tem cara de bravo e brigou com você — rebateu, me fazendo rir.— É ele estava mesmo bravo, mas a culpa é minha, não dele — sorrio triste. Ela me perguntou o que eu fiz e eu resumi dizendo apenas que machuquei a irmã dele. Depois que ela saiu, eu liguei para minha mãe, também conversei com o Edu, ele ligou para o abrigo para saber de mim, então falei como terminou a "conversa". — Você vai insistir no divórcio? — Ele perguntou e eu afirmei que sim. — Mas ele não vai facilitar, ele não vai dar o divórcio sem brigar.— Eu sei.— Você está preparada para começar uma guerra com ele? Porque é isso que esse processo de divórcio será.— N
SAMUEL ADAMSAcordo e olho o espaço vazio na cama. Não gosto da sensação de falta, de abandono, que sinto, isso é ridículo! Eu não tenho que sentir falta dela! Levanto e vou direto para o banheiro, escovo os dentes e tomo um banho, mas a maldita sensação permanece. — Inferno! — Sussurro, passando as mãos pelos cabelos. Pego o telefone e passo o dedo na tela buscando o contato dela, mas assim que encontro me dou conta que o telefone está aqui, assim como todos os documentos pessoais e tudo dela. Essa é a casa dela, afinal.Depois de escolher um par de roupas e pegar um terno, pego minha bolsa com as coisas da empresa e me preparo para ir trabalhar, eu preciso de algo para ocupar a mente, e nada melhor que trabalhar, enfiar a cara nos contratos e reuniões com certeza vai me fazer pensar menos nessa porra toda. Assim que chego no alto da escada ouço uma comoção na sala.— O que está acontecendo aqui? — Perguntei, olhando a mulher parada perto da porta — Você está procurando a Jules? E
— Então você quer mesmo sair? — Perguntei, chegando atrás dela, que está encostada na porta do carro.— Ai! Quer me matar de susto!? — Gritou, colocando a mão no peito. — O que você faz aqui? — Questionou, olhando-me.— Eu é que deveria perguntar isso, não acha!? — aproximei-me dela — Jules, que história é essa de pegar suas coisas? Eu faço o possível para falar calmo, mas mesmo assim minha voz sai fria.— Eu não posso sair por aí sem documento de identificação, então, sim, eu preciso pegar minhas coisas que ficaram na sua casa — responde com a voz carregada de sarcasmo.— Minha casa? — digo, aproximo-me mais — o que você acha que isso aqui é, uma brincadeira por acaso? — Não, eu não acho mais nada, Samuel. — Respondeu, com raiva — Eu já achei que isso aqui fosse um casamento, que era de verdade, mas no final foi só um jogo para você, não é mesmo? — Mas esse casamento é de verdade, Jules. Você é minha esposa — falei, ainda tentando manter a calma.Ela ri, gargalha na verdade. Essa
JULES MONTEZ Eu não sei o que estou sentindo nesse exato momento. É difícil explicar para o coração que ele não pode ficar feliz com essa cena que acabou de acontecer, que isso não significa nada, pelo menos, nada de bom. Não nego que seria um sonho se essa atitude do Samuel fosse um sinal de que existe algo mais que apenas vingança dentro do seu coração, mas eu sei que não existe. Ele me odeia por tudo que eu fiz a sua irmã. Mas que foi bom ver aquela lombriga oxigenada sair com a cara no chão, isso foi. Eu não sei porque o Samuel fez isso, mas eu gostei. — O que aconteceu lá? Ele xingou você? — A Marina pergunta assim que saímos do estacionamento do prédio.— Não. — Sério? Não precisa mentir, Jules, eu vi sua cara quando cheguei. — Eu não estou mentindo, Marina. Ele realmente não me xingou ou fez nada do que imaginei que ele faria — bato com os dedos no volante. — Pelo contrário, ele teve uma atitude bem estranha — digo, pensando no jeito que ele tratou a Verônica.— Como assim?
Quando cheguei ao restaurante, o Fernando já estava me esperando, ele acenou, sorrindo, e veio encontrar comigo na porta da sala privada. Eu preferi um espaço privado, assim não tem chance do Samuel ou aquela amiguinha dele verem, o Fernando é o chefe do departamento jurídico da Construtora Montez, então, é melhor evitar mais especulações.— Como estão as coisas lá na empresa? — Pergunto assim que nos sentamos. — Você sabe que não está nada bem. Aquela mulher é horrível! — Responde, com uma careta.— Imagino. E a Camila, ela está conseguindo se adaptar? — Se adaptar? A pobre está quase surtando. Aliás, aquele homem que fez o investimento estava perguntando pela pessoa com quem ele fez negócio.— O Sérgio Sanches? Por quê? Ele também não está se adaptando com a nova presidente da empresa? — Questiono com um sorriso. De certa forma, é bom saber que estão sentindo a minha falta.— Eu não sei o motivo, mas que ele estava perguntando por você, isso a Camila fez questão de contar, mais pa