Capítulo 3 – Que homem irritante!

Evelyn

Deus, o que aconteceu? Eu estava no cemitério... e agora estou aqui, no colo de um estranho.

Ele me olhava com uma expressão séria. Seus olhos eram intensos, indecifráveis, como se escondessem algo que eu não conseguia compreender.

— Por favor, pode me responder?

Minha voz saiu rouca, arranhada. Abaixei levemente a cabeça. Havia algo naquele olhar que me causava calafrios.

— Me chamo Alexander Sterling.

— Sterling? Das Empresas Sterling?

Ele apenas assentiu.

— Então foi por isso que estava no cemitério. Brandon prestava serviços para sua empresa.

— Não necessariamente.

Franzi o cenho, confusa com suas palavras. Mas o motivo dele estar na cerimônia não importava mais. O que realmente queria saber era por que eu estava ali... dormindo no colo dele.

— Por que me trouxe para cá?

Meus olhos estavam presos nos dele, mas sua expressão era uma máscara fria, impossível de ler.

— Preferia que eu a tivesse deixado lá? Deitada no túmulo?

O sarcasmo em sua voz me irritou. Se fosse em outro momento, eu o colocaria no devido lugar. Mas... hoje, não.

— Agradeço por isso, senhor Sterling.

Virei-me para a porta, abri-a e saí do carro. Assim que comecei a dar a volta, indo em direção à entrada de casa, senti uma mão forte segurando meu braço.

— Mas o que...

Antes que pudesse terminar a frase, vi que era ele novamente.

— Eu não autorizei que saísse do carro.

Sua voz era firme, carregada de autoridade, mas algo dentro de mim se acendeu. Ele já estava passando dos limites.

Respirei fundo, coloquei as mãos na cintura e estufei o peito antes de enfrentá-lo.

— Sou grata por ter me trazido para casa, mas isso não significa que pode mandar em mim.

Antes que ele pudesse responder, a porta atrás de mim se abriu. Meu coração disparou ao ver quem saía de lá.

— Jack? O que faz aqui?

Jackson me lançou um olhar sem graça, como se tivesse sido pego no flagra.

— Alex achou melhor verificar a casa antes de você entrar.

Franzi o cenho. O que ele queria dizer com isso?

— Gostaria que fosse mais claro.

Toda aquela situação estava começando a me incomodar. Primeiro, acordo no colo do senhor Sterling, agora Jackson sai da minha casa com a desculpa de “verificar”...

— Não vejo necessidade de tantas perguntas.

Olhei, incrédula, para Sterling.

— Pois eu vejo!

Minha voz saiu mais aguda do que eu esperava.

Ele ignorou meu protesto e virou-se para Jackson.

— Acompanhe-a. Assim que estiver acomodada, retorne. Aguardarei no carro.

Ele começou a se virar, e algo dentro de mim explodiu. Eu havia acabado de enterrar o amor da minha vida, tentei ignorar toda essa situação desconfortável, mas esse homem conseguiu despertar o pior em mim. Estufei o peito e comecei:

— Escuta aqui, senhor Sterling, não sei se é coisa de ego ou sei lá o quê... mas não sou sua funcionária, sua parente ou seja lá que tipo de pessoa está acostumado a lidar.

Ele me olhou de forma dura, mas não me intimidei.

— Já agradeci por me trazer até em casa, mas isso não lhe dá o direito de invadir meu espaço.

Ele tentou retrucar, mas o impedi mais uma vez.

— Tenha uma boa noite, senhor Sterling.

Virei-me para Jackson.

— Obrigada, Jack, mas daqui eu irei sozinha.

Segui para a porta da minha casa, subi os degraus, o salto ecoando no assoalho da varanda. Assim que entrei, fechei a porta sem nem mesmo olhar para trás.

— Que homem irritante! 

Murmurei para mim mesma.

Eu estava exausta. Precisava de um banho e de uma boa noite de sono.

Depois do banho, me deitei, mas o cheiro de Brandon tomava conta do quarto. Virei de um lado para o outro, sem conseguir dormir. Levantei-me e fui até a sala. Talvez assistir a um filme ajudasse. Brandon dizia que odiava ver filmes comigo porque eu sempre dormia na metade.

Estava no meu segundo filme. Recusei-me a assistir aqueles romances açucarados que só me fariam chorar. Mas minha escolha também não foi das melhores: coloquei um filme de ação, com um soldado fodão que não tinha medo de nada nem de ninguém. Claro que lembrei dele...

— Que ilusão... 

Suspirei, acomodando-me melhor no sofá.

Foi quando um barulho me assustou. Levantei-me num pulo e fiquei parada por um instante, esperando para ver se se repetiria. Talvez fosse algum animal. Havia muitos gatinhos de rua por ali. Quando o silêncio tomou o ambiente, me deitei novamente, mas o barulho voltou e dessa vez mais alto e mais perto.

— Que merda!

Fui até um dos esconderijos na estante e peguei uma das armas de Brandon. Tínhamos algumas espalhadas pela casa. Nunca entendi esse medo dele, essa mania de perseguição... ou talvez fosse só superproteção. Boerne era uma das cidades mais pacifistas do Texas, mas eu nunca discutia. Só rezava para nunca ter que usá-las.

Tentei seguir em silêncio, mas o assoalho rangia a cada passo, como se denunciasse minha presença na escuridão.

Ainda assim, continuei...

Quando cheguei perto das escadas, o barulho de algo caindo no meu quarto chamou minha atenção. Não era um gato.

Realmente havia alguém dentro da minha casa.

Lembrei-me do meu celular. Poderia ligar para o xerife. Ou para Abby. Mas ele estava no meu quarto. No mesmo lugar que o invasor.

Decidi subir as escadas. A cada degrau, meu coração batia mais forte. Como alguém tinha a audácia de invadir minha casa hoje, logo hoje, no dia em que eu havia enterrado meu noivo?

Suspirei e me aproximei da porta entreaberta.

Espera... é uma mulher?

Por um instante, fiquei paralisada. Ela revirava minhas coisas e as de Brandon como se procurasse por algo.

Parada ali, observando sua atitude, percebi que não carregava arma. Ou, se carregava, estava bem escondida.

Uma súbita coragem me tomou.

Empurrei a porta.

No mesmo instante, ela se virou para mim.

Apontei-lhe a arma.

Nossos olhos se encontraram.

"Atira primeiro e pergunta depois."

A voz de Brandon ecoou dentro da minha mente.

E foi o que fiz. Meu dedo apertou o gatilho sem hesitação. O som seco rompeu o silêncio.

Eu atirei.

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