EvelynPassei a noite inteira chorando depois que Alexander me trouxe de volta. Quando amanheceu, uma parte de mim insistia que nada daquilo era real. Brandon ainda estava vivo... não estava? Depois de descobrir que ele não era quem eu pensava, que me escondeu segredos que nem sequer tive tempo de desvendar, essa ideia já não parecia tão absurda.Mas Alexander me convenceu de que era só minha mente criando uma realidade paralela para amortecer a dor. E, depois de alguns dias, fui obrigada a aceitar: Brandon estava morto. Ele não voltaria. Nunca.As coisas em Boerne tinham se acalmado. Eu ainda não voltara, mas sabia que o pessoal do Sterling tinha resolvido tudo. Falei com os Anderson e com Abby. Sentia falta deles. Meu carrasco prometeu me deixar visitá-los em breve. Sim… carrasco. Era assim que eu chamava Alexander Sterling agora.Estava deitada na cama, encarando o teto e perdida em meus pensamentos quando batidas na porta me tiraram dos devaneios. A porta se abriu, e um rosto fami
AlexanderQuando Benjamin me contou a brilhante ideia de Emily de levar Evelyn para uma entrevista de emprego, fiquei irado. Ela não precisa disso. Eu sou responsável por suas despesas. Sou responsável por ela.Mas foi quando ela começou a ignorar minhas ligações que algo dentro de mim explodiu. Eu queria sair dali correr até essa tal galeria, jogá-la sobre meu ombro e levá-la para casa.Um sorriso brincou em meus lábios.— Não seria má ideiaMurmurei para mim mesmo.Enviei algumas mensagens, cancelei compromissos e peguei minhas chaves. Assim que abri a porta do escritório, lá estava ela.Linda.Os cabelos soltos, a maquiagem sutil… Mas o que realmente chamou minha atenção foi seu vestido. De alças finas, o decote evidenciava seu busto volumoso. O tecido descia colado ao corpo, destacando cada curva. Evelyn era cheia nos lugares certos.Não era o meu tipo de mulher.Mas, droga, ela estava linda. E isso me irritou. Não deveria, mas irritou.— Boa tarde, senhor Sterling.Senti o medo e
EvelynEstava feliz por Alexander ter me trazido até aqui. Isso mostra que talvez ele se importe. Mas assim que entrei, tudo neste lugar me atingiu. Achei que estava pronta para dizer adeus. Pensei que, depois de duas semanas...— Com licença — disse a todos, já segurando as lágrimas, e corri escada acima.Quando cheguei ao andar de cima, entrei no antigo quarto de Brandon, fechei a porta atrás de mim e deslizei as costas por ela, abraçando os joelhos.Me enganei... Acreditei que poderia enfrentar essas lembranças sem desmoronar. Mas quando, o cheiro dele me envolveu, como se Brandon ainda estivesse ali. Os porta-retratos me encaravam, testemunhas silenciosas do que foi e nunca mais será. O peso desse lugar caiu sobre mim como uma onda implacável, me puxando para o fundo.Como pude achar que estava pronta? A verdade veio como uma lâmina fria cortando minha pele. A dor ainda está aqui, crua e latejante, pulsando como um ferimento aberto que se recusa a cicatrizar....Comecei a sentir m
AlexanderEu não sabia que merda eu estava fazendo. O que exatamente foi aquilo? Ela sair me incomoda, um vestido me irrita, um choro dela me dilacera. Saber que ela ainda ama Brandon, então… me faz querer abrir a caixa preta da vida dele, só para que esse amor se transforme em ódio! Mas por quê? Esse não sou eu.Mulheres, para mim, sempre foram apenas prazer. Casuais, descartáveis. E, de preferência… modelos ou garotas ricas e mimadas, que se satisfazem com uma joia, uma bolsa ou um vestido de marca e nunca esperam por um telefonema depois.Não sou o tipo que leva para jantares, compra flores ou vai ao cinema. Nem na adolescência fui assim. Entrei no exército aos 17 anos, enquanto outros caras buscavam um ‘amor’. Eu buscava diversão. E, quando saí de lá, busquei poder. Consegui. Porque nunca me permiti distrações. Relacionamentos nos tiram do foco, limitam nossos objetivos. Tenho 29 anos e sou um dos homens mais bem-sucedidos de Houston. Conhecido no país inteiro. No mundo.Evelyn é
EvelynAcordei emaranhada em Alexander. No começo, isso me atormentava, fazia-me sentir uma traíra. Hoje... o sentimento mudou. Depois do que aconteceu ontem, pude ver que talvez, lá no fundo, mesmo que por uma pequena fração, Alexander se importe comigo. Comigo, Evelyn, e não apenas com o que represento em relação a Brandon. E entre nós... poderia estar surgindo uma... amizade?Com cuidado, me desvencilhei de seu aperto, desci da cama e segui para o banheiro. Assim que entrei, deparei-me com o box quebrado e me lembrei da resposta dele ontem: "Picos de estresse". Eu sabia que seu trabalho era perigoso e realmente estressante, mas... havia algo mais ali. Algo que ele não quis me contar.A Evelyn de Brandon não insistia. Ela aceitava respostas prontas e fingia que tudo estava bem. E foi o que fiz ontem. Mas agora... uma nova Evelyn despertava dentro de mim. Uma que se importa, que insiste, que não aceita segredos. Muito menos de um amigo.Terminei minha higiene e senti a determinação c
AlexanderQuando senti ela se sentar ao meu lado, meu coração disparou. Seu toque queimou cada pedaço da minha pele. Mas, ao perceber onde ela havia tocado e o que exatamente estava acariciando... a raiva tomou conta de mim. Era por Brandon. Sempre por ele.Ela disse que não, mas aquilo martelava na minha mente.Só que foi a menção de Rachel, minha Rachel, que me fez explodir. E, assim que as palavras saíram, um gosto amargo de fel tomou conta da minha boca:"Vocês dois não são dignos."Eu havia insinuado que Evelyn não era digna... Mas, no fundo, eu sabia a verdade. Assim como Rachel, ela também foi vítima de Brandon.Mas eu não sou bom em pedir desculpas. E não carrego arrependimentos.Então... deixei minhas palavras prevalecerem.Eu estava com raiva. Não dela, mas da situação. Rachel se foi. Brandon também. E agora... Evelyn.Meus olhos caíram sobre minha mão machucada, um lembrete gritante de que ela importava. Claro que sim. Esses cortes e pontos eram a prova disso.Levantei-me e
EvelynA viagem para casa foi silenciosa. Em um momento ou outro, David falava alguma coisa, apenas para deixar o clima mais leve e menos estranho. Isso ajudava, pois me tirava dos meus pensamentos. Mas, por mais que tentasse, hora ou outra minha mente me pregava uma peça e me levava até Alexander. Seu carinho e cuidado no dia anterior... para hoje se tornarem fúria e desprezo."Vocês dois não são dignos."Mas ser indigno? Isso é forte demais... Isso... Isso faz Brandon parecer uma pessoa má. E ele não era, certo? Ele só tinha seus momentos difíceis... só guardava coisas para si... só descontava em mim quando estava irritado. Mas ele nunca me machucou de verdade, nunca levantou a mão contra mim. Então por que essas palavras de Alexander não saem da minha cabeça? Por que uma parte de mim sente que ele pode estar certo?Chegamos, e David me pediu desculpas, pois algo havia surgido e ele não poderia ficar. Assenti e nos despedimos. Combinamos que eu começaria a trabalhar em quinze dias.
EvelynJackson, sempre paciente, esperou que eu me trocasse e me ajudou a arrumar minhas coisas para voltarmos para Houston. O caminho até o hospital foi torturante. Benjamin nos ligou para dizer que a cirurgia de Alexander havia terminado após horas de tensão e que logo ele seria levado para o quarto. Um alívio me tomou. Apesar do susto, ele ia ficar bem.Jack tentou puxar assunto, tentou aliviar o clima. Ele sabia os gatilhos que esse tipo de acontecimento causava em mim, pois foi exatamente assim que perdi meus pais. A lembrança daquele dia me atingiu como uma lâmina fria.Eu tinha acabado de me formar na Universidade do Texas, em Austin. Foram quatro anos longe dos meus pais, vendo-os apenas nos feriados ou nas visitas surpresas que faziam para mim. Austin não ficava tão longe de Boerne, e foi por isso que escolhi estudar lá.Quando voltei para casa, meus pais prepararam uma festa para mim. Alguns dias depois, já estava empregada. Os Anderson, que sempre foram amigos da nossa famí