EvelynMe tranquei no banheiro, como fazia sempre que Brandon perdia a linha.Não estava preparada para mais gritos, objetos arremessados ou culpa.Porque a culpa era sempre minha...Se eu não tivesse desobedecido...Deitei no chão gelado. O frio sempre me acalmava.Ele me trazia de volta à realidade.Ouvia Alexander entre um soluço e outro, mas meu foco ainda era o frio.Até que ele disse:— ...entrou na minha vida... e nunca me obedece...Essa não sou eu.Ou agora era?Deixei Alexander entrar.Eu via a sinceridade em suas palavras.Mas sempre tem essa voz...Às vezes, é só um sussurro.Mas está ali.E sempre diz a mesma coisa.Cedi a ele por alguns minutos. Achei que nossa conversa estava fluindo.Até que ele disse:— Evie, Brandon foi abusivo com você. Ele se aproveitou da sua dor.Agora...As vozes que antes eram sussurros se tornaram gritos, estridentes e agudos, dentro de mim.Sei que disse que talvez não o conhecesse como pensava.E que talvez... talvez não fosse amor.Mas daí
AlexanderConsigo lidar com qualquer situação: com terroristas, com abusadores malditos, com cretinos como Brandon. Mas com ela... com Evelyn... nunca sei exatamente como agir. Me descubro a cada dia. Há momentos em que gosto do que estou me tornando para ela, mas, ao mesmo tempo...Prometi curá-la de todos os seus traumas. E vou fazer isso acontecer. Só que resistir a ela hoje foi a coisa mais difícil que já precisei fazer. Toda vez que fecho os olhos, me vem a imagem dela, tão entregue para mim naquele quarto. Minha vontade era jogá-la na cama e mostrar para ela o que é ser minha. Mas aquelas palavras dela:“Eu quero você.”Elas tiveram um impacto dentro de mim. Eu também a quero. Ela já é minha. Só preciso consumar isso. Mas Evelyn não está pronta. E quando ela descobrir que o que teve com Brandon nunca foi amor... isso vai destruí-la.Inventei mil desculpas e me escondi na sala de reuniões. Minha cabeça era um turbilhão, meu corpo gritava por ela. O melhor seria me afastar, deix
EvelynAinda estava processando tudo que tinha acontecido entre mim e Alexander. O gosto dele ainda estava na minha boca e, toda vez que eu fechava os olhos, parecia sentir suas mãos em mim, e sua voz rouca dizendo: "Você já é minha."Tudo isso está fora da minha realidade. Eu acabei de enterrar meu noivo.Um noivo que Alexander odeia mais do que tudo, e eu nem sequer sei o motivo.E ainda tem essa história de me "curar"... Eu sei que tenho tido surtos com frequência. Nem quando meus pais morreram eu fiquei assim.Dei uma desculpa qualquer e me tranquei no quarto. Porque, claro, assim que entramos no avião, Alex fugiu de mim e se trancou na sala de reuniões, com uma desculpa qualquer. Mas eu não podia deixar as coisas assim. Eu precisava vê-lo. Sentir ele.Criei coragem e fui atrás dele, mas antes não tivesse feito isso. Ele estava conversando com aquela garota... Jordan.Eu ia bater na porta, quando a ouvi perguntar:— A sua garota... É a Evelyn Parker, né?Não era o certo, e eu nem
AlexanderEu estava errado. Completamente errado.Não nasci para relacionamentos. Não sei como agir, nem o que dizer. As coisas com Evelyn desandaram de vez. Ela me confrontou... Me forçou a falar da minha irmã.“Minha Rachel...”Esse foi o ponto final.Quando o avião pousou, descemos em silêncio. Evelyn ainda chorava, e todos ao redor estavam tensos.— Chefe, precisa de mim agora? — perguntou Jackson.Neguei com a cabeça.— Estão dispensados por hoje. Nos encontramos amanhã no escritório. — Olhei para Jordan. — Você vem comigo.Evelyn se despediu de Abigail. Jackson a levaria de volta para Boerne. Caminhamos em direção ao meu carro. Evelyn, sem emoção alguma, disse a Jordan que ela podia ir no banco da frente. Entrou no banco de trás e não disse mais uma palavra.O caminho até minha cobertura foi lento. Tortuoso. Eu evitava olhar no retrovisor... Não queria encontrar aquelas duas avelãs me encarando. Mesmo que fosse exatamente o que eu mais desejava.Assim que o elevador se abriu, Am
EvelynChegamos à cobertura e não perdi tempo. Ele me queria fora, e eu daria a ele o que queria. Mas é tão difícil saber que vou embora... que vou deixá-lo. Foi apenas um mês, mas tanta coisa aconteceu nesse tempo. Todos que eu amo me abandonam... Com Alex, não seria diferente.Foi tudo muito rápido, mas intenso, isso definia bem nosso relacionamento. Cheguei à sala e me despedi de Amélia, com uma pontinha de esperança de que ele viesse atrás de mim. Só que não aconteceu. A cada andar que descia era uma tortura. Quando cheguei ao térreo, minha bolsa enroscou na mala, derrubando algumas coisas. Ao me abaixar, o elevador voltou a subir.— Droga!Apertei o botão, na esperança de a porta se abrir, mas nada aconteceu. O elevador subiu novamente. Quando finalmente a porta se abriu, lá estava ele. Ainda sem camisa... e ofegante.— Alexander?Ele ficou me olhando fixamente. Quando a porta começou a se fechar, ele praticamente pulou para dentro comigo.— Alexander, o que está fazendo?Pergunt
AlexanderFaz uma semana desde que Evelyn e eu assumimos um compromisso. Tudo é novo para mim, nunca estive em um relacionamento antes. Mas, de certa forma, também é novidade para ela, já que o relacionamento com Brandon não era lá grande coisa.Ela continua na minha casa, e na minha cama, como deve ser. Mas ainda não demos aquele passo, e estou à beira da loucura. Ainda não é o momento para ela. Mas vai ser. Em breve.Jordan e ela têm criado um certo vínculo. A dor que Brandon causou em ambas, de alguma forma, as aproxima. Jordan ainda me traz algo familiar. Outro dia, olhando para ela, me lembrou Rachel. Sophia também lembrava Rachel. Se minha irmã estivesse aqui… teriam a mesma idade.Evelyn começou a trabalhar naquela galeria. Eu disse que não queria, mas ela, como sempre, me desobedeceu. Não gosto de vê-la perto daquele tal David. Eu vejo o jeito como ele a olha.As informações que Jordan colheu valem ouro. A garota é esperta, determinada, forte. Um diamante bruto, pronto para se
EvelynQuando aquele homem me tocou, senti vontade de vomitar. Mas isso não justificava a atitude de Alexander. Ele poderia ter matado o cara.Vim calada o caminho todo, e quando chegamos em casa, fui direto para o quarto. Alexander usou a mesma tática comigo: me ignorou. Mas eu não costumo deixar passar, e ele sabe disso.Só que ele tinha outros planos e, meu Deus, foram ótimos.Ainda não transamos, por mais que eu quisesse. Algo dentro de mim ainda me travava.Mas com Alexander eu não preciso do sexo... Como ele mesmo diz:"Eu sei te fazer se sentir bem."E como sabe. Seus toques, seus beijos, seu jeito possessivo, mas ainda assim carinhoso.Ele não faz com que as coisas sejam sobre ele, mas sim sobre nós. Às vezes, mais sobre mim. E é isso que torna tudo tão gostoso... e me faz querer sempre mais.— No que está pensando? — Alexander perguntou, me puxando para ele e beijando meu ombro.— Que ainda não conversamos sobre o que aconteceu.Me virei para encará-lo.— Te agradeço por me d
EvelynAinda estava sentada em frente ao espelho, olhando meu reflexo. Não tinha ânimo e nem forças para me levantar. Na verdade, eu tinha medo... Sabia que, assim que me levantasse e passasse por aquela porta, a realidade me atingiria em cheio.Levei meus olhos para a penteadeira à minha frente. A camisa que ele usara dois dias atrás ainda estava onde deixara. Um sorriso brincou em meus lábios, ao me lembrar de como sempre chamava sua atenção por deixar as roupas jogadas e insistia que as colocasse no cesto. Por um momento... Apenas por esse breve momento... Parecia que senti seus braços ao meu redor e sua voz rouca em meu ouvido:— Adoro quando fica toda mandona.Olhei para o espelho e o vi atrás de mim. Quando meus olhos encontraram os dele, o vi desaparecer. Não era ele... Era apenas uma lembrança. Brandon não está aqui, e nunca mais vai voltar.Meu sorriso, aquele que apareceu instantes atrás, foi levado junto com sua lembrança. Apertei meus lábios e deixei as lágrimas rolarem so